Olá, pessoal! Tendo em vista que estamos perto do Dia das Crianças, o blog vai apresentar um texto sobre curiosidades da Disney: 10 ideias originais das produções Disney que foram abandonadas. Quem preparou esse texto foi o nosso colunista Mateus Ernani Heinzmann Bülow. Boa leitura!
10 Conceitos Originais da Disney que foram abandonados.
Quem vê os estúdios de animação lançando filmes todos os anos pode até imaginar que o processo é simples, quando as ferramentas certas se encontram disponíveis. Nada mais longe da verdade: no caso das animações, o processo leva de quatro a cinco anos, às vezes dez ou vinte; e estamos falando das melhores hipóteses.
Se a indústria da animação fosse uma guerra, os conceitos abandonados seriam as baixas de combate. Inúmeros fatores explicam as mudanças ocorridas nos roteiros, nas artes conceituais, nas músicas... Às vezes as mudanças ocorrem para melhor, enquanto outras poderiam ser úteis no produto final, caso fossem inseridas a tempo; entretanto, nós nunca saberemos com certeza.
A história das animações é um assunto fascinante, e pensando nisso fiz essa lista com diversos conceitos abandonados pela Disney, uma das mais antigas indústrias no ramo do entretenimento. Aqui nós veremos personagens deixados para trás, artes conceituais abandonadas, filmes inteiros remodelados desde o princípio, e até um game que teve de “maneirar” em seu visual, em nome da aceitação do público. Boa leitura!
1-Um Gaston mais Cavalheiresco e as Irmãs de Belle.
Filme: A Bela e a Fera (1991).
Após o sucesso estrondoso da Branca de Neve em 1937, Walt Disney começou a coletar inúmeros contos de fadas para servir de base à sua próxima produção, e um dos escolhidos foi A Bela e a Fera. Entretanto, Walt adiou seu projeto após ver a adaptação da história feita pelo francês Jean Cocteau em 1946, descrita por ele como “insuperável”, e uma versão animada apenas surgiria em 1991, com diversas alterações.
Quando fazemos a comparação entre o início e o fim do processo, duas mudanças radicais saltam aos nossos olhos, envolvendo o vilão Gaston e personagens que não aparecem na versão de 1991. No primeiro roteiro de 1988, são descritos dois rapazes que disputavam o amor de Belle, sem sucesso. O primeiro deles era bem alto e magro, enquanto o segundo tinha aparência mais corpulenta.
Em um roteiro de 1989, surgiu o “Marquês de Gaston”, de aparência bem distinta do vilão que conhecemos: o sujeito lembra muito o estereótipo do “Dândi” do Século XIX, e sua função era parecida com os pretendentes de Belle no roteiro de 1988. O maior responsável pela mudança foi o presidente da Disney na época, Jeffrey Katzemberg, que sugeriu transformar o vilão no homem mais popular da vila, bem como numa crítica dos habituais heróis dos contos de fadas.
Outras figuras a serem cortadas no desenvolvimento foram as irmãs de Belle, que serviriam como as principais antagonistas no lugar do “Marquês de Gaston”. Na cena da taverna da vila, as três jovens loiras sonhadoras e admiradoras de Gaston foram baseadas nas irmãs que não aparecem na versão final.
2-Um Príncipe mais Ativo.
Filme: Branca de Neve e os Sete Anões (1937).
A animação não é um processo simples, e na longínqua década de 1930 o trabalho era mais duro que hoje. Um dos maiores desafios era criar personagens humanos mais realistas, tanto na aparência como nos movimentos, e essas limitações seriam levadas ao limite durante a produção do primeiro longa-metragem totalmente animado da história.
Nenhum personagem foi mais difícil de animar que o Príncipe, e isto influenciou a participação dele na história. Originalmente ele teria mais cenas após Branca de Neve sumir do castelo, mas as limitações da época não permitiriam a realização desses trechos, restando apenas esboços e artes conceituais.
O par romântico da Branca de Neve precisava superar muitos desafios impostos pela Rainha Grimhilde: sentindo inveja da afeição do rapaz pela enteada, a Rainha Má aprisiona o Príncipe nas catacumbas, mas ele consegue escapar após derrotar esqueletos vivos. Outro trecho excluído foi a travessia da floresta, onde o Príncipe necessita da ajuda de diversos animais nos pântanos de areia movediça.
Walt Disney desistiu de inserir as cenas e limitou a participação do personagem ao início e fim da história. No entanto, um quadrinho promocional da época mostrava as aventuras do Príncipe, além de alterações nas cenas que passaram nos cinemas. Uma das mudanças ocorreu no primeiro encontro do Príncipe e da Branca de Neve no jardim: o rapaz se disfarça como um boneco que a jovem criou usando um balde e os esfregões.
3-Reino do Sol.
Filme: A Nova Onda do Imperador (2000).
Um dos filmes mais engraçados da Disney até hoje é A Nova Onda do Imperador (Emperor’s New Groove, em inglês), sobre um monarca do Império Inca que precisa aprender na marra a se tornar uma pessoa melhor e menos egocêntrica, com a ajuda de um pastor de lhamas. Curiosamente, o primeiro projeto da história era mais sério e tinha um nome bem diferente: Kingdom of the Sun, ou Reino do Sol.
A inspiração foi o livro O Príncipe e o Plebeu, do autor americano Mark Twain (1835-1910), sobre dois jovens de diferentes extratos sociais que mudam de lugar por um dia. Nessa versão, Kuzco se chamava Manko, e Pacha tinha a mesma idade do monarca, além de ser igual na aparência física, exceto por uma tatuagem. A vilã da aventura é a feiticeira Yzma, que se aliou ao demônio Supay para obter o controle do Império Inca e voltar a ser jovem.
Em comparação com o que tivemos nos cinemas, Reino do Sol era muito pesado, falando de sacrifícios humanos e criaturas agindo por detrás das sombras. O alívio cômico da trama seria um amuleto falante encarregado de impedir a ascensão de Supay, e duas garotas (uma princesa e uma camponesa) auxiliariam Manko/Kuzco e Pacha. Em um trecho, Manko/Kuzco seria transformado em lhama, a única semelhança com o produto final.
A produção de Reino do Sol foi turbulenta, e os dois diretores não se entendiam: enquanto Roger Allers desejava tornar a história mais épica, Mark Dindal focava no humor. A semelhança com um trabalho anterior da Disney também não ajudava: em 1990, a empresa lançou um filme curto de 25 minutos chamado “O Príncipe e o Mendigo”, basicamente uma releitura do livro clássico de Twain com Mickey interpretando os personagens do título.
Roger Allers abandonou a produção em 1998, e Mark Dindal teve de unir forças com o produtor Randy Fullmer na conclusão, quase como a aliança de Kuzco e Pacha na história. Diversos personagens foram cortados e o tom do filme mudou definitivamente do épico para a comédia. A inspiração do novo roteiro foi As Roupas Novas do Imperador, tornando-se a segunda vez em que a Disney utiliza trabalhos do dinamarquês Hans Christian Andersen como referência, depois da Pequena Sereia.
Reino do Sol não chegou a ver os cinemas, mas o filme completo ainda existe. No início de 2021, diversos internautas lançaram a campanha #ReleaseTheAllerCut, inspirados no sucesso da campanha do Snider Cut da Liga da Justiça. Se eles obterão sucesso na empreitada, apenas o sol pode dizer...
4-Tartaruga e Grifo.
Filme: Alice no País das Maravilhas (1951).
Como visto anteriormente, diversas mudanças em roteiros de animações envolvem cortes no elenco. Quando se trata da adaptação de uma história muito longa, você pode ter certeza que ocorrerão desfalques no caminho, e um dos filmes animados recordistas nessa categoria foi Alice no País das Maravilhas, onde nada menos que 27 personagens existentes na obra original de Lewis Carrol tiveram de ficar de fora. Para poupar tempo, nós falaremos apenas de dois: A Tartaruga e o Grifo.
Os personagens se chamam Mock Turtle (“Tartaruga de Imitação”) e Gryphon no texto de Lewis Carrol, e fazem parte dos poemas dentro da história, como Jabberwocky e Humpty Dumpty. Nos roteiros desenvolvidos em 1930 e 1940, ambas as figuras apareciam na história, mas seu papel era secundário. O Grifo tinha aparência igual à sua contraparte mitológica, misturando partes de águia e leão, enquanto a Tartaruga possuía a cabeça de um boi e um gorrinho parecido com o do Pato Donald.
https://www.youtube.com/watch?v=S1kLJtZOXk0
Devido à ausência de tempo, Walt Disney decidiu usar apenas um dos poemas curtos do livro, e escolheu A Morsa e o Carpinteiro, provavelmente pela simplicidade. Entretanto, esta mudança não seria o fim para o Grifo e a Tartaruga, pois eles apareceriam ao lado da Alice numa propaganda da gelatina Jell-O em 1956. Os maneirismos e gestos deles na propaganda denunciam suas possíveis personalidades, caso aparecessem na tela: o Grifo soa aristocrático e solene, enquanto a Tartaruga parece tímida e curiosa.
5-O Despertar dos Soldados do Rei de Chifres.
Filme: O Caldeirão Mágico (1985).
Um dos piores períodos da Disney ocorreu entre 1968 e 1987, logo após a morte do criador da empresa. Nessa época, diversos estúdios de animação rivais surgiram à frente, alguns deles capitaneados por antigos empregados, como Donald Bluth. Foi nessa “Era de Trevas” que a Disney resolveu apresentar histórias mais maduras, e o pontapé inicial dessa pretensa nova fase foi O Caldeirão Mágico de 1985, baseado na saga das Crônicas de Prydain, escrita pelo americano Lloyd Alexander.
Como estamos falando de uma produção considerada menor dentro do extenso catálogo da Disney, eu farei um resumo do enredo: na terra mística de Prydain, um jovem criador de porcos chamado Taran precisa impedir o Rei de Chifres de obter um caldeirão capaz de ressuscitar os mortos. Ao seu lado, Taran conta com a princesa Eilonwy (que parece a Aurora da Bela Adormecida mais jovem), o trovador itinerante Fflewddur, e uma criatura peluda (e irritante) chamada Gurgi.
Os direitos de uso dos livros foram obtidos em 1971 e a produção começou em 1973, passando por um verdadeiro “inferno astral”: os animadores mais jovens se entusiasmaram com a proposta de um “filme maduro da Disney”, e nem sempre seguiam ordens superiores, dificultando a comunicação. Diversas cenas cortadas envolviam violência explícita e até nudez: os capangas do Rei de Chifres celebram a captura do Caldeirão com uma bebedeira e mulheres dançando seminuas.
Uma das mudanças mais conhecidas foi realizada por Jeffrey Katzemberg no clímax da aventura, quando os soldados mortos despertam e atacam outros guerreiros. No trecho de 12 minutos cortado pelo próprio Katzemberg, os guerreiros atacados pelos zumbis são dissolvidos e reduzidos a ossos. A remoção de última hora impediu o filme de receber uma classificação PG-13 (o equivalente no Brasil seria “Recomendado para Maiores de 14 Anos”), mas isso não salvou a produção de críticas severas.
Devido ao tom pesado e sombrio, O Caldeirão Mágico não foi um sucesso na época de lançamento, sendo considerado até hoje um dos maiores fracassos do estúdio, e apenas recebeu um VHS em 1998. Ironicamente, o Caldeirão Mágico possui um círculo fiel de admiradores e defensores, em boa parte devido às alterações abruptas, que segundo eles foi a responsável por “arruinar” a obra.
6-Guerra entre Leões e Babuínos.
Filme: O Rei Leão (1994).
Em comparação com todas as produções anteriores da Disney, O Rei Leão se sobressai na ausência de uma obra original servindo de inspiração, surgindo de uma ideia original, com pitadas leves do Hamlet de William Shakespeare e do Épico de Sundiata, um poema importante na cultura Mandinka da África Ocidental. Com isso em mente, podemos imaginar as idas e voltas no enredo e nos personagens.
A ideia que se tornaria a saga de Simba surgiu em 1988, durante uma conversa entre Jeffrey Katzemberg (olha ele aí de novo!), Roy Disney (sobrinho de Walt) e Peter Schneider, onde os três bolaram uma história se passando na África, envolvendo animais. Diversos títulos apareceram nas pranchetas, como King of the Beasts (“Rei das Bestas”) e King of the Jungle (“Rei da Selva”), antes de alcançar o nome definitivo. Curiosidade extra: o autor do primeiro roteiro foi Thomas Disch, mais lembrado como o criador da Torradeira Valente.
A aventura escrita por Disch era bem diferente do trabalho final: os vilões da trama eram babuínos que desejavam se apossar das Terras do Orgulho, liderados por um macaco violento e orgulhoso chamado Scar. Timon e Pumba conheciam Simba desde sua infância, e o protagonista era mais orgulhoso, impulsivo e arrogante, bem parecido com Kuzco na Nova Onda do Imperador. Como os babuínos seriam os malvados da história, Rafiki nessa versão era um Guepardo.
Boa parte das alterações ocorreria após uma viagem ao Quênia, onde os animadores se encarregaram de observar animais típicos da região para aprender seus movimentos e comportamentos. Os babuínos cederam espaço às hienas após os animadores perceberem que faria mais sentido usá-las na trama, e Rafiki se tornou um babuíno porque já havia felinos demais no elenco.
7-O Ataque dos Hunos a uma Vila Chinesa, e os Poderes de Shan Yu e seu Falcão.
Filme: Mulan (1998).
Um dos vilões menos lembrados da Disney é Shan Yu, o líder brutal dos invasores hunos em Mulan. Geralmente os fãs do filme destacam outros detalhes relevantes como o desenvolvimento da protagonista, as cenas de humor ou as músicas (“Vamos à Batalha! Guerrear... Vencer... Derrotar os Hunos é o que vai valer!”). Os hunos e seu líder se parecem mais com “acessórios” do que antagonistas da história.
Uma cena excluída poderia ter alterado a recepção de Shan Yu no extenso rol dos vilões da Disney, ou ao menos fazê-lo parecer ainda mais ameaçador aos olhos do público. O trecho em questão ocorre numa vila destruída pelos cavaleiros hunos, antes da chegada do exército chinês.
Shan Yu demonstra seu humor doentio durante o ataque, ao soltar um passarinho da gaiola, apenas para seu falcão agarrá-lo em pleno voo; o vilão aproveita para soltar essa tirada macabra: “Liberdade tem um preço”. Devido à violência explícita, com direito a pessoas trancafiadas em cabanas incendiadas, e também à necessidade de encurtar o filme, essa passagem não chegou aos cinemas.
Outro detalhe cortado junto à invasão da aldeia envolvia uma estranha habilidade de Shan Yu: no roteiro original, o líder huno conseguia ver tudo o que seu falcão conseguia ver, como se ambos tivessem um laço telepático ou coisa parecida. A ideia foi reciclada em outra personagem do infame remake da Mulan, lançado em 2020 (falamos dessa tragédia nesse mesmo blog), onde o vilão é auxiliado por uma bruxa com poderes de falcão.
8-O (Quase) Retorno de Cruella De Vil.
Filme: Bernardo e Bianca (1977).
Durante boa parte de sua existência, a Disney não tentou fazer continuações de suas obras consagradas, limitando-se a colocar personagens em mais de um filme. Um exemplo foi Você Já Foi à Bahia?, com o retorno de Donald e Zé Carioca, que apareceram em Alô Amigos. Entretanto, essas produções são antologias de histórias separadas, sendo difícil avaliar como “continuações”, mesmo com a repetição de personagens.
Na década de 1970, o estúdio produziu Bernardo e Bianca, com base em dois livros da inglesa Margery Sharp chamados The Rescuers e Miss Bianca. Assim como o Caldeirão Mágico, Bernardo e Bianca/The Rescuers não é um filme muito conhecido do público mais jovem, então farei um resumo ligeiro: dois ratinhos membros de uma organização secreta responsável por resgatar crianças em perigo assumem a tarefa de salvar uma menina e um diamante chamado Olho do Diabo.
A vilã da história é uma contrabandista chamada Madame Medusa, e o filme se passa numa região pantanosa dos Estados Unidos. Um aspecto curioso da produção é que a antagonista poderia ter sido outra, já conhecida do público: Cruella De Vil, que apareceu em 101 Dálmatas, de 1961. Diversas artes conceituais mostravam a adoradora de peles de animais usando roupas espalhafatosas feitas de couro de crocodilo, em referência ao típico animal do sudoeste americano.
Cruella acabou fora de Bernardo e Bianca porque a Disney não tinha interesse em fazer continuações, nem trazer uma vilã de volta à ativa. Os desenhistas voltaram à prancheta e bolaram Madame Medusa, baseados em uma antagonista de Miss Bianca chamada Duquesa Diamante. Em comparação com sua contraparte literária, Medusa é mais errática e selvagem, e herdou alguns traços de Cruella: as duas mulheres são histéricas, obsessivas, vaidosas e dirigem mal, para o azar de quem estiver no caminho.
Apesar do desinteresse da empresa em fazer continuações na década de 1970, este não seria o fim para os ratinhos aventureiros: Bernardo e Bianca receberiam uma continuação em 1990, sendo a primeira obra da Disney a oficialmente ter mais de um filme na mesma franquia. A continuação chama-se Rescuers Down Under, e ganhou a tradução de Bernardo e Bianca na Terra dos Cangurus.
9-Vikings em busca de Atlântida.
Filme: Atlantis – O Reino Perdido (2001).
Atlantis não alcançou abrangência comparável de obras anteriores da Disney, o que é uma pena. A produção se esforçou na concepção do universo escondido sob o oceano, ao ponto de criar uma linguagem fictícia para os atlantes, e buscou referências arquitetônicas em diversas culturas do mundo, como a Índia, o sudeste asiático e o Tibete. Curiosamente, a primeira cena da história a ser produzida falava de uma cultura antiga que não apareceu no filme: os Vikings.
No prólogo original, um grupo de navegadores nórdicos detentores do Diário do Pastor (o livro usado por Milo ao decifrar os segredos de Atlântida) buscava a cidade perdida. Os marinheiros falam num idioma nórdico antigo, com legendas para os espectadores. A aventura dos vikings tinha um final trágico, com o navio deles sendo atacado pelo Leviatã, o monstro responsável por defender Atlântida de ameaças externas.
O prólogo dos vikings possui apenas dois minutos de duração, e foi a primeira cena realizada pela equipe de produção. John Sanford, responsável por supervisionar os roteiristas, acreditou que era preciso criar mais empatia do espectador pelos Atlantes, que apareceriam na metade do filme. Com isso, outro prólogo de dois minutos foi realizado, mostrando o afundamento de Atlântida, junto ao sacrifício da mãe de Kida; a plateia de testes demonstrou mais interesse no prólogo focado no destino de Atlântida do que nos vikings.
Apesar de não fazer mais parte da história, o prólogo dos vikings aparece na sessão de vídeos extras dos DVDs de Atlantis, e até mesmo em alguns games baseados na história. De certa forma, a influência nórdica não desapareceu completamente no enredo, pois Milo afirma que um dos possuidores do Diário do Pastor foi um navegador chamado Thorfinn Karlsefni, o único sobrevivente de uma expedição viking às Américas.
10-Mickey Corrompido pelo Solvente, e Oswald como o Vilão.
Game: Epic Mickey.
Essa lista será finalizada com um game produzido para o Nintendo Wii, do qual já falamos na lista dos 10 Games da Disney, do mesmo autor. Como já comentamos o enredo de Epic Mickey nesse artigo anterior, trataremos apenas de mecânicas excluídas do produto final, ao lado de artes conceituais escabrosas que não apareceram no jogo, devido ao receio da Disney em arriscar demais.
A produção do game iniciou-se em 2003, e as artes conceituais serviram de importante ferramenta ao marketing de Epic Mickey. O aspecto sombrio e macabro chamou a atenção de muitos jogadores e críticos, inclusive aqueles que desprezavam a Disney por ser “infantil demais” (se eles vissem o artigo 10 Cenas de Horror da Disney, nesse mesmo blog, talvez pensassem melhor...). Boa parte do visual horripilante é cortesia do artista Warren Spector, que também serviu como produtor geral de Epic Mickey.
Dois conceitos excluídos antes da completude do jogo diziam respeito aos personagens mais importantes: Mickey e Oswald. Na versão original, o ratinho conseguia soltar os poderes de Tinta e Solvente (Paint e Thinner, em inglês) das próprias mãos, o que mais tarde foi substituído por um pincel mágico. Outra mecânica abandonada envolvia a aparência do protagonista: caso Mickey usasse o Solvente com mais frequência, ele ficaria monstruoso e ameaçador, refletindo o aspecto “destruidor” desse elemento.
A Disney botou o freio diante da arte conceitual de Warren Spector e sua equipe, temendo a aparição de um Mickey “malvado”. A empresa tinha histórico para defender seu ponto, devido à má recepção de um curtinha animado chamado Mickey e o Cérebro em Apuros (Runaway Brain, no original em inglês) em 1995, onde o ratinho tem a personalidade trocada com uma paródia do monstro de Frankenstein. O público da época não reagiu muito bem a uma versão macabra do mascote da empresa.
Outro aspecto usado extensivamente como propaganda foi o retorno do coelho Oswald à Disney, após a recuperação dos direitos autorais do personagem em 2006. Na primeira versão do game, Oswald serviria como o maior antagonista da história, e seu objetivo era se vingar de Mickey, devido ao ressentimento causado pela fama do “irmão mais novo”. O último chefão do jogo seria Oswald “infectado” pela Tinta maligna.
Mais uma vez a direção geral da Disney achou que Spector e sua equipe foram longe demais, e se intrometeram no rumo da produção. Para não reapresentar Oswald como vilão, os roteiristas alteraram parte das motivações do coelho: apesar de ainda sentir inveja de Mickey, Oswald junta forças com o ratinho, e ambos lutam para defender Wasteland contra o monstro Shadow Blot (“Sombra de Tinta”).
Estas são apenas algumas alterações feitas pela Disney na produção de suas histórias, até hoje muito apreciadas por inúmeros espectadores e jogadores. E o que o leitor acha disso tudo? Algum conceito original apresentado na lista poderia ter melhorado o produto final, caso permanecesse inalterado?
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