O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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quarta-feira, 4 de maio de 2016

Déception Éternelle




Déception Éternelle

*Decepção Eterna (tradução do francês para o português)

Convida-me para a laje que eu vou,
pra laje que eu vou, pra laje que eu vou.
Eu prefiro amigo pobre, porque rico é um horror.
Enquanto a justiça analisa, o desespero já sentenciou.

Convida-me para a laje que eu vou,
pra laje que eu vou, pra laje que eu vou.
A alta sociedade anda muito falsa,
e eu não quero sujar o meu amor.

Dentre os ricos, há tanta ilusão e falsidade
que eu me pergunto: "quanto custa a verdade?"
Descobri, pois, que a verdade anda muito cara,
sinto muita dor diante dessa inútil fanfarra.

Por trás do terno e da gravata,
o véu revelado expõe o terror
da suja flor dos vulcões de corrupção.
Eis aqui a decepção em massa.

Vejo que caíram todas as máscaras
e, do fundo do mar, revelou-se a podridão
da vaidade e do poder sem compaixão.
Estamos perdidos num céu sem estrelas.

Estamos perdidos num céu sem estrelas.
Estamos sem luzes, sem guias, sem rumo,
cambaleando em um abismo de revelações,
dolorosas sentenças, tristezas verdadeiras.

Não há nada que possa suavizar
a brasa da revolta fogosa brasileira.
O sistema sangra, o povo chora, a justiça grita,
e não há nada que possa estancar tal hemorragia.

A justiça tenta em vão cicatrizar as chagas
de todas as opressões, dores e mágoas,
mas o fel do estelionato é mais profundo
como os destroços de um navio no oceano.

As disputas são como bravas sereias
a rondar os destroços em busca da verdade.
No futuro, dos destroços, restará o pó,
e estaremos perdidos num céu sem estrelas.

No futuro, a verdade será expelida por vulcões,
e estaremos embriagados pela hipocrisia.
o sei o porquê de tanto ódio e histeria
se, futuramente, choraremos por novas decepções.

Poesia escrita por Taty Casarino.





Fleurs sans nectar




Fleurs sans nectar

*Flores sem néctar (tradução do francês para o português)

Quem vocês pensam que são?
Pensam que são melhores do que os outros,
porque têm dinheiro no bolso!
Cretinos, imbecis e cínicos!

Todos os ricos metidos são ridículos,
altamente ridículos, iludidos e cínicos.
Cultivam a aparência, a fama e o status,
porém se esquecem de cultivar a essência e os abraços.

Há um caixão esperando por vocês
a sete palmos debaixo da terra!
Sou pobre, mas sou muito feliz.
Minh'alma é bela, uma poetisa nunca erra.

As suas belezas serão devoradas pelas traças,
e os vermes vão corroer as suas roupas de grifes.
Chegará um dia que só restarão as suas almas.
Nesse dia, o que sobrará de vocês?

Quem serão vocês? Almas vazias?
A vacuidade existencial é cínica.
Gosto de rir ironicamente da sociedade,
mar de estrumes, vazias beldades.

Sou pobre, mas sou muito feliz,
eis que minh'alma é cheia de riquezas
como o amor, a paz, a beleza,
a compaixão, a poesia e a inteligência.

Sou pobre, mas sou muito feliz,
eis que sou amada verdadeiramente
por pessoas leais e honestas
que fazem da breve vida uma festa.

Sou pobre, mas sou muito feliz,
eis que tenho amigos e causas justas
que adocicam esta brava luta
entre o meu eu lírico e a vida dura.

Tenho essência, valores e amor,
vivo a vida com sabedoria e paixão.
Haverá, pois, um sorriso em minha face no caixão,
eis que verdadeiramente amei com todo o coração.

Poesia escrita por Taty Casarino.



quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Perdidos no sistema



Há caminhos que são retos,
há caminhos sinuosos,
e há ainda caminhos estilhaçados
como um mosaico de mil pedaços.

Vermelho, violeta e dourado,
em todas as cores, revelam-se mosaicos
de vida, de experiência, de concreto e abstrato.

Sonos leves, acordes pesados,
sons que vibram intensamente,
alma grandiosa, elétrica e vibrante.

Às vezes, sinto-me perdido,
sim, eu estou perdido.
Estou jogado no penhasco da vida,
sou um arlequim sem bússola.

Sou um palhaço sem circo
que ri da vida no meio da estrada.
Sou uma voz sem eco
que se comunica pelo silêncio violento.

Sou um mendigo que passa,
sou o indigente que você despreza,
sou o pivete que pede a sua esmola,
sou a professora sem escola.

Sou a fome que corrói os dias
daqueles que você desconhece.
Sou o assalto que bate em sua porta,
sou o crime que você escarnece.

Sou o pobre que você não vê,
sou o barraco sem número
perdido no meio da favela.
Sou o buraco na ruela.

Sou o buraco na ruela
que faz você desviar do perigo
por medo de cair no abismo.

Sou o olhar descrente
sobre o mar faminto
que a mídia propaga
para os lobos dementes.

O capitalismo é um lobo
e os pobres são as ovelhas.
Cordeiros do sacrifício,
luzes do diário martírio.

De vez em quando, você grita
ao ver um lobo roubando.
Ocorre que o lobo ladrão
um dia foi uma ovelha sem educação.

As ovelhas viram lobos do crime,
porque um dia o sistema, o grande lobo
devorou as suas almas e as corrompeu.
Num mar de lama, jaz a esperança.

Perdidos no sistema,
ovelhas que são lobos,
lobos que são ovelhas,
vítimas viram algozes.

Perdidos, perdidos,
sem rumo, sem destino,
sem bússola, sem escola,
sem comida e famintos.

Poesia de Taty Casarino

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Versos de um menino de rua





Constituição, a senhora diz que eu tenho direito à moradia.
Mas, eu sequer tenho onde dormir.
A senhora diz que eu tenho direito à vida,
mas eu sequer tenho o que vestir.

A senhora diz que eu tenho direito à educação,
mas eu sequer tenho o que comer.
E, estudar de barriga vazia,
não me faz aprender.

A igualdade perdida
desse sistema capitalista grita,
mas não é ouvida.

Os direitos sociais são pedaços de papel?
Então, queime-os na fogueira corrupta da indiferença,
atire-os no penhasco da desigualdade.
Nesse mundo, não há espaço para a lealdade.

Mas, eu ainda creio nas forças de suas normas, Constituição.
Eu ainda creio que um dia eu terei
tudo aquilo que a senhora me assegura.
Nesse dia, não estarei mais na rua.



Tatyana Casarino



*Poesia feita para um trabalho da faculdade de Direito sobre Direitos Sociais