O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Perdidos no sistema



Há caminhos que são retos,
há caminhos sinuosos,
e há ainda caminhos estilhaçados
como um mosaico de mil pedaços.

Vermelho, violeta e dourado,
em todas as cores, revelam-se mosaicos
de vida, de experiência, de concreto e abstrato.

Sonos leves, acordes pesados,
sons que vibram intensamente,
alma grandiosa, elétrica e vibrante.

Às vezes, sinto-me perdido,
sim, eu estou perdido.
Estou jogado no penhasco da vida,
sou um arlequim sem bússola.

Sou um palhaço sem circo
que ri da vida no meio da estrada.
Sou uma voz sem eco
que se comunica pelo silêncio violento.

Sou um mendigo que passa,
sou o indigente que você despreza,
sou o pivete que pede a sua esmola,
sou a professora sem escola.

Sou a fome que corrói os dias
daqueles que você desconhece.
Sou o assalto que bate em sua porta,
sou o crime que você escarnece.

Sou o pobre que você não vê,
sou o barraco sem número
perdido no meio da favela.
Sou o buraco na ruela.

Sou o buraco na ruela
que faz você desviar do perigo
por medo de cair no abismo.

Sou o olhar descrente
sobre o mar faminto
que a mídia propaga
para os lobos dementes.

O capitalismo é um lobo
e os pobres são as ovelhas.
Cordeiros do sacrifício,
luzes do diário martírio.

De vez em quando, você grita
ao ver um lobo roubando.
Ocorre que o lobo ladrão
um dia foi uma ovelha sem educação.

As ovelhas viram lobos do crime,
porque um dia o sistema, o grande lobo
devorou as suas almas e as corrompeu.
Num mar de lama, jaz a esperança.

Perdidos no sistema,
ovelhas que são lobos,
lobos que são ovelhas,
vítimas viram algozes.

Perdidos, perdidos,
sem rumo, sem destino,
sem bússola, sem escola,
sem comida e famintos.

Poesia de Taty Casarino

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