Numa floresta clara, seu peito arde de brasa. Sinto seu coração espiritual dançar a cura emocional. Quero mostrar minha alma, ficar despida até os ossos. Quero contar meus traumas dessa e de outras vidas. Deixe-me mostrar minha alma, quero queimar quimeras e medos. Quero viver uma nova vida, desejo agora renascer das cinzas. Os sinos das catedrais tocam, feche os olhos e mergulhe na poesia. Sinta a luz, o som e a sinestesia, nós queremos as brumas dessa sina. Mergulhe no mar e sinta o perfume, doce sereia de perfume salgado. Os cabelos de mulher formam seu retrato, seu príncipe é o marinheiro desse barco. Quando navegamos nas águas, sentimos as emoções e as taças. Comunicamo-nos com os anjos, por meio de orações e cristais. Seu olhar psicodélico me beija, quero ouvir seus desabafos de novo. Quando a lua beijar as estrelas, será transformada em humana a sereia. Deixe-me mostrar a minha alma, revelar cada escama da minha cauda e cada estrela prateada e alva. Deixe-me estar despida até os ossos. Deixe-me sair da concha onde moro, já cansei do mar e quero a terra. Deixe-me sair das ondas do mar, eu preciso andar e respirar seu ar. Deixe-me correr livremente entre as árvores, eu quero a liberdade que nunca tive no mar. Liberdade é mais que uma palavra solta no ar, liberdade é a energia da alma, o sopro do amar. Deixe-me comer do fruto proibido nas estações, e conhecer o bem e o mal por mim mesma. Deixe-me ter o meu próprio livre-arbítrio, e tomar decisões por minhas próprias razões. Excesso de segurança traz insegurança, medo, frieza, amargura e letargia. Deixe-me correr o risco de me machucar, cantar, dançar e celebrar a minha vida. Deixe-me revelar quem eu sou e tudo que posso, ainda que eu seja criticada, apontada e julgada. Deixe-me revelar a alma até os labirintos e os ossos antes que eu seja apenas ossos e mais nada. Deixe-me viver intensamente o quanto eu quiser, antes da morte chegar no seu inevitável tempo. Deixe-me amar quem eu realmente quiser, a proteção virá clara da minha fé. Deixe-me correr o risco de me machucar lá fora, o medo do mundo lá fora já me machuca por dentro. Não me diga que eu não posso mostrar a alma, pois os poetas devem mostrar seus sentimentos. Independência é mais que uma palavra, independência é a dignidade do coração. Minha fraqueza não vai curar na reclusão, só o ar da vida lá fora trará a fortaleza. O sangue que move o corpo ainda é quente, mas o confinamento na concha é silente. Dentro e fora da concha, sereia e mulher: um dia ainda terei a liberdade que eu quiser. Dentro da concha, no fundo do mar, sou sereia, mas minha liberdade um dia trará as minhas pernas. Pernas livres que andarão sobre toda a terra, pernas livres que darão nobres passos de beleza. Poesia escrita por Tatyana Casarino. Tatyana Casarino é Especialista em Direito Constitucional, escritora e poetisa.
Essa poesia utiliza a lenda da sereia que se transformou em uma mulher como metáfora para a liberdade. Ao trocar a cauda por pernas, a sereia deixa de viver na concha do fundo do mar e passa a andar com independência sobre a terra. Essa poesia retrata anseios por liberdade em tempos de isolamento social e alerta sobre o nosso dever de apreciar a vida sem medo.
Afinal, se a morte é inevitável e a vida é curta, por que adiar a nossa felicidade e a realização dos nossos sonhos? Por que temos medo de revelar a nossa essência? A poesia defende a expressão da alma despida e destemida, o livre-arbítrio, a independência (principalmente a interna e a emocional) e a liberdade plena do nosso coração na construção de nossa vida.
Você pode conferir mais poesias com a temática arquetípica das "sereias" da autora Tatyana Casarino ao clicar no seguinte link:
Eu vejo brumas de mar beijando o céu cor-de-rosa. Golfinhos celebram as estrelas, a água tem sua beleza. No meu caminho para a casa, eu posso ver um sol líquido. Uma chama viva por baixo d'água guardada por nove anjos divinos. No meu caminho para a casa, eu posso ver um sol líquido emendando a terra e o paraíso. Todo o vigor do fogo em estado líquido. Caranguejos andam para trás buscando o sol da meia-noite O sol toca as estrelas prateadas que são, pela lua, norteadas. Como o astro-rei beija a rainha? Despojado de seu trono claro, esse sol líquido beija o noturno. Ele transforma sentimento em fato. Quando o rei beija a rainha, o punhal de fogo sente a ferida. Dessa combinação, nasce a poesia, bálsamo de profecia e intuição. Não pare agora, meu sol líquido, de penetrar no mundo da lua. O astro do fogo toca o desejo da água como a paixão na alma de um menino. Sinos de igreja tocam do ventre rasgado, um bebê respira pela primeira vez e inspira a profundidade do luar. Sua primeira impressão é chorar. Os anjos derramam lágrimas, lágrimas de pérolas da lua. Sua alma atravessará a fartura após enfrentar a emocional angústia. O corpo virado para a lua, recebendo o brilho das estrelas. No meu nascimento, as melhores energias, anjos e estrelas abençoaram a travessia. O destino não é uma surpresa para quem estuda as estrelas. Emoção profunda do oceano, ondas de pureza me abençoando. Esta jornada só está iniciando, e eu já conheço o começo da vida. Esse sol líquido é minha sabedoria, bálsamo do brilho e da beleza divina. Quando o sol beija o caranguejo, as igrejas tocam o sino de alegria. As estrelas de julho são as mais bonitas e brilham mais a cada nova vida. O sol é sempre mais precioso em julho quando seu calor ameniza o inverno. Assim é o canceriano sábio e terno que ameniza esse mundo amargo e térreo. Você quer nascer sob o sol de julho? É como receber a flecha do cupido e padecer de amor e angústia. Mas, não há bênção mais bela e pura. Você quer nascer sob o sol de julho? As estrelas de caranguejo dançam, regendo lares e famílias maravilhosas. A esperança de julho é a mais formosa. Porém, penetrarás em mistérios obscuros. De dia, serás inocente como a Core*, de noite, serás profunda como Perséfone * e chorarás assustada pelas sombras. É por essas e outras razões que choramos: os cancerianos choram sempre de espanto, porque sua inocência se depara com o desencanto. Sua intuição percebe sombras que dão pranto. Para não ser enganado com sua inocência, Deus deu ao canceriano profunda intuição. O canceriano já não sofre tristes desenganos, mas chora assombrado pelo que vê desde então. Criança pura de Deus é o canceriano, cheio de saudade da pátria celestial. Todos os pecados espantam essa alma, que nasceu para inspirar o angelical. Seja uma flor de lótus, oh! canceriano! Não chore mais pela lama do mundo nem se contamine com o obscuro. Seja corajoso, iluminado e profundo! Seja desconfiado e protetor mesmo, mas saia da casca de vez em quando.
O mundo quer conhecê-lo de dentro para fora,
terá fama ao tirar os seus segredos da cartola. O meu sol líquido derrama bênção na nona casa, a casa da filosofia, da religião e da advocacia. Uma casa que é regida por Sagitário e sua poesia terá de viajar pelas águas cancerianas nessa vida. Logo o meu sol entra na décima casa, a casa do labor intenso de Capricórnio. No Meio do Céu, é só sucesso, sorte e vigor quando encontra Vênus, a rainha do amor. Poesia astrológica e simbólica escrita por Tatyana Casarino.
*Explicação da poesia: Essa poesia retrata o meu seguinte posicionamento astrológico: Sol em Câncer na Casa 9 do Mapa Astral (a casa filosófica de Sagitário). Quem estuda astrologia sabe o que significa cada "casa" astrológica (são 12 casas dentro de uma roda zodiacal, a qual é sempre dividida em 12 partes que lembram "pedaços de pizza") e você pode pesquisar sobre esse assunto em livros astrológicos ou até mesmo em sites da internet. De forma metafórica, a poesia traz símbolos que traduzem os sentimentos dessas energias arquetípicas dos signos e dos elementos que influenciam o meu Mapa Astral.
O sol sempre foi ligado aos arquétipos de fogo (como o vigor do signo de Leão, por exemplo). Ter o Sol em Câncer é um belo paradoxo, já que Câncer é um signo regido pela Lua (o arquétipo oposto do sol) e pelo elemento água (o elemento oposto ao fogo). Sendo assim, a poesia "brinca" com esse paradoxo de maneira metafórica e simbólica ao dizer que o sol da essência dos cancerianos é uma espécie de "sol líquido". Independentemente de você crer ou não em astrologia, não creio que seja errado esse estudo ainda mais como forma de conhecimento simbólico -- conhecimento tão rico e necessário para os poetas. Sabe-se que a inspiração poética é beneficiada com o estudo de metáforas, símbolos e arquétipos. Outros arquétipos que beneficiam o autoconhecimento e a inspiração poética são os arquétipos das "deusas" em diversas mitologias. O estudo dos mitos é até mesmo celebrado em tratamentos psíquicos (podemos lembrar das teorias de sincronicidade, símbolos e inconsciente coletivo do psicoterapeuta analítico Carl Gustav Jung).
Hades e Perséfone.
Deus grego do submundo e rainha do submundo.
Hades fica encantado pela delicadeza e beleza de Perséfone e leva a deusa para morar no submundo. No submundo, ela conhece a profundidade, a sabedoria e os mistérios da vida e da morte. Assim como Eva, ela come a fruta proibida do conhecimento do bem e do mal do submundo. Ao invés de ser a maçã, na mitologia grega essa fruta é a romã.
Core e Perséfone, nomes citados nessa poesia, são uma deusa apenas. Perséfone é a deusa do submundo na mitologia grega, bem como é considerada a deusa da agricultura, das flores, dos frutos, das ervas e da fertilidade. Esse mito de Perséfone explicaria as estações do ano, pois a fertilidade da terra nos meses do outono, da primavera e do verão correspondem aos meses em que ela passa na superfície da terra ao lado da sua mãe -- assim como os meses de inverno refletem o período em que ela fica ao lado de Hades no submundo. O canceriano teria essa mesma flutuação de humor: ora é quente, ingênuo, pueril, sociável, criativo e primaveril e ora é fechado, rancoroso, sombrio, introspectivo e melancólico. É como se o canceriano experimentasse o arquétipo da ingênua Core (nome da deusa quando ela está na superfície) e, ao mesmo tempo, conhecesse as sombras do mundo e ficasse perplexo diante delas tal como Perséfone. O medo do mundo, o rancor diante dos males imprevistos que sofreu e o lado sombrio da vida ferem a sua sensibilidade e o seu caráter impressionável, razão pela qual o canceriano gosta de criar uma "casca" de proteção ao seu redor. Ocorre que o medo pode transformar-se em prudência, astúcia e sabedoria sem impedir as belíssimas e alegres manifestações criativas do canceriano no mundo exterior (O mundo quer conhecê-lo de dentro para fora / terá fama ao tirar os seus segredos da cartola). O caminho ideal para o signo de Câncer é encontrar um equilíbrio entre extroversão e introversão ou entre seu lado "Core" e a sua face "Perséfone". O sol brilha quente e primaveril, mas também pode ser sensível e assumir um misterioso "estado líquido" quando está no signo de Câncer. Texto escrito por Tatyana Casarino, Especialista em Direito Constitucional, Advogada, Escritora e Poetisa.
Sempre a velha canção de que toda vaidade acaba. Como cinzas voando no vento, toda a glória não vale nada. Toda a beleza será enterrada, toda inteligência será muda, toda a vida será transformada. O amor vence essa disputa. A beleza um dia acabará, os louros serão todos esquecidos. E tudo o que o povo lembrará será se você foi um bom amigo. Cinzas ao vento são teus sentimentos, nessa fornalha de amor que não acaba. Todo o dinheiro não comprará nada, pois a vida não pode ser comprada. Todo o ouro que existe no mundo não pode comprar mais um segundo. O tempo e avida são joias eternas que só o coração alcançará seu vale profundo. Todos nós somos poeiras no vento, todo o passado é poeira no vento. Não restarão belezas, luxo e dinheiro, só serão cobrados nobres sentimentos. Há amores de infância que acabaram, amizades que viraram poeira no vento. Há sonhos de infância que não acabaram: transformaram-se em objetivos do adulto atento. A criança que chorava ao vento é o adulto que sorri com as flores. O nosso melhor amigo é o tempo que transforma em glórias as nossas dores. Eu sou a voz forte que canta hoje assustando quem me achava fraca. Frágil não é quem mostra as lágrimas, mas quem se esconde por trás das máscaras. As lágrimas formam um redentor esteio que desde criança aprendi a abraçar. Transformar a sua dor na beleza do cisne é a glória eterna do patinho feio. Quem duvidava da minha força não conhece o tamanho da minha coragem. Hoje essa poesia pode correr o mundo e anunciar o meu espírito selvagem. Há um copo de vinho sobre a mesa da mesma cor que o colar de escorpião. Milhares de rubis brilham em união clamando às estrelas mais uma certeza. Olho as estrelas e clamo amor, mas seu semblante é sempre sério e os seus olhos estão sempre tensos. Por que eles não abrem os sentimentos? Tento dar o melhor de mim, tento ser uma mulher virtuosa, tento trazer orgulho e honra frutuosa, mas até o meu perfume é erva danosa. Eu só queria que tudo fosse mais leve, que olhasse as estrelas como são belas. Queria tirar o peso dos seus ombros rígidos e dizer-te que a vida não precisa ser uma guerra. Não importa se escolho ser frágil, se uso perfume doce e enjoado. Não importa se decidi ser sorridente, e se não pareço ser tão valente. O que importa é que admiro vocês, o que importar é que sou mulher. E, graças a Deus, posso chorar na tristeza ao invés de ficar brava e sem beleza. O que importa é que eu venci, então vamos esquecer tudo. Até o meu perfume será poeira no vento e só restará o meu nobre sentimento. Por que a vida precisa ser uma guerra se tudo virará pó e cairá por terra? Por que seus olhos são sempre fúria se tudo não passa de ilusórias fagulhas? Tudo o que causa irritação dentro de ti não passa de poeira no vento, poeira. Tudo o que causa estresse em seu coração não passa de poeira no vento em vão. Você mesmo me ensinou a vigilância. Mas, de manhã, quando o galo canta, ele sabe que tudo é poeira no vento. Só queria mais temperança em nosso peito! Poeira no vento, poeira no vento, até meu perfume enjoado que irrita vocês será poeira dissolvida no vento mais uma vez quando não mais existir toda essa vida. A maior parte das coisas que te irrita será poeira no vento amanhã ou depois. Não vamos perder tempo com brigas, pois o amor é a missão de nossas vidas. Poeira no vento é o teu estresse, poeira no vento é o nosso trabalho, poeira no vento é a tua irritação. Poeira no vento é a nossa distração. Minha beleza é poeira no vento, minha inteligência é poeira no vento. Minhas qualidades são poeiras no vento, meus defeitos são poeiras no vento. Sua beleza é poeira no vento, sua inteligência é poeira no vento. Suas qualidades são poeiras no vento, seus defeitos são poeiras no vento. Tudo o que sou é poeira no vento. Por trás da minha doçura tão terna, existe a humildade amarga da terra. Um rastro de frieza por trás do sentimento. Sinto uma parte cética dentro de mim, um gelo oculto pelas velas da fé. Uma casca dura cobrindo o meu coração, protegendo minha ternura da loucura. Alguma coisa acontece e eu sinto a poeira, a poeira da minha parte mais "terra". A poeira oculta pela parte terna, a poeira da bílis negra de Saturno. Eu me sinto bem mais madura hoje depois de ficar tempos na concha trancada. Recolher-me-ei em minhas poeiras para transformá-las em pérolas faceiras. Alguns me acham orgulhosa, outros ainda me acham terna. Quase ninguém vê meu lado "terra", uma sólida humildade na realidade. É verdade que, por trás da Pollyanna terna, existe uma realista seca que você nem imagina. Alguém sem vendas profanas vê a terra, do pó eu vim e para o pó eu vou com essa poesia. Quando o galo canta de manhã, ele canta para soprar a poeira da terra. Ele está vigilante e vê a nossa realidade, ele sabe que a morte é a nossa verdade. Vocês mesmos me ensinaram a vigiar e me fizeram ser como o galo a cantar. O galo não perde tempo com distrações, pois tudo está dentro do pó a voar. Não vamos mais perder tempo, o relógio não volta nenhum segundo para trás. Então, por que começar a se irritar? Vamos revelar nossos nobres sentimentos. Poeira no vento é o que nos irrita, poeira no vento é tudo o que está ao redor. Poeira no vento será essa poesia e tudo o que há na terra de melhor. Poeira no vento é a nossa torre, poeira no vento é o nosso sustento. Poeira no vento é a nossa ira, poeira no vento é a nossa fantasia. Eu não me tornarei seca nem fria, apenas não gastarei lágrimas com o pó da sorte. Serei terna e amorosa com quem precisa, pois só o amor vencerá a poeira da morte. Minha beleza será poeira no vento, minha inteligência será poeira no vento. Meu perfume será poeira no vento. Só será eterno o amor, nobre sentimento. Nada dura para sempre nessa terra, mas ainda creio na força do Inefável. Quando acendo a vela da fé no Imutável, posso ver tudo o que está além da poeira. Meu corpo será poeira no vento, meus cabelos serão poeira no vento. Meu perfume será poeira no vento, só restarão minha alma e seu sentimento. Essa poesia é lembrança de mortalidade, sopros da minha profunda humildade. Mas também guarda o desejo de ser grande e de fazer a alma voar além do alcance. Poesia escrita por Tatyana Casarino.
Essa poesia foi inspirada na música "Dust in the Wind" da banda Kansas e que já foi interpretada por muitos outros cantores no cenário musical. Uma das versões mais famosas é a interpretação da cantora Sarah Brightman. Essa poesia fala sobre a importância da humildade basicamente, já que traz a lembrança do caráter mortal e frágil do ser humano. Sabe-se que a palavra "humildade" tem origem na expressão grega "HUMUS" que quer dizer "terra".
Sendo assim, lembrar-se do pó da terra como a nossa origem e o nosso fim caracteriza a nossa humildade, tendo em vista que a Bíblia diz que "Do pó viemos e ao pó voltaremos (GN:3:19)". Não obstante, muitas vezes, a nossa soberba e as ilusões mundanas fazem com que a nossa mente se esqueça da nossa característica mortal.
Quando nos esquecemos do que é realmente importante em uma vida finita e frágil, acabamos perdendo tempo com os anseios do ego e com as nossas irritações bobas diante de pequenos estímulos. Ocorre que o tempo não volta para trás a fim de que possamos aproveitá-lo melhor. Não percebemos o quanto perdemos tempo com irritações mesquinhas (estou me incluindo nessa, porque sou humana por trás da sabedoria dessa poesia) enquanto poderíamos amar o próximo melhor e conviver com as pessoas com mais tolerância, respeito, perdão e humildade.
É claro que o nosso trabalho é importante! Sabemos que o pão de cada dia é essencial e que as tarefas do mundo exterior exigem responsabilidades que estressam a nossa alma. Porém, o mais importante na vida é amar. A felicidade do amor salva o ser humano da sombra da morte que ronda a sua vida, pois somente o amor faz a vida valer a pena de verdade. Jamais poderemos deixar a vigilância de lado, pois é preciso perceber o que está ocupando o tempo precioso de nossas vidas. Será que estamos preenchendo bem o nosso tempo aqui na terra? O nosso tempo não é infinito e não pode ser perdido com bobagens, estresse e irritações.
Não podemos perder a memória da nossa finitude nem entregar toda a nossa vida nas preocupações e nas ansiedades mundanas, porque tudo o que está ao nosso redor será um dia apenas poeira no vento. Devemos cuidar do que será eterno: a nossa alma.
O que mora dentro de sua alma? Qual sentimento você está cultivando? Qual é o seu maior legado na história do amor? Quando você partir desse mundo, as pessoas lembrarão de você como um bom amigo? Ainda que você não acredite na eternidade da alma, você deve saber que as lembranças que você deixará serão eternas. E todas as lembranças eternas envolvem o amor e a forma como tratamos as pessoas ao nosso redor. Vale salientar que a nossa aparência será esquecida, mas nossa essência será lembrada.
Nesse sentido, não podemos perder tempo com a vaidade, pois a beleza, a inteligência e as qualidades serão apenas poeira no vento com o tempo. O que não vira poeira no vento é a beleza da sua alma eterna, a qual é determinada pela sua humildade e pelo amor que você espalhou diante do mundo.
Lembrar-se da morte parece algo mórbido, mas é algo essencial para trazer mais alegria e amor para a sua vida. "Memento mori" é uma expressão em latim que significa "lembre-se de que você é mortal". Quando temos consciência que vamos morrer um dia (algo que parece óbvio, mas que o nosso orgulho faz questão de esquecer), vivemos com mais zelo, amor, atenção e felicidade. Ao mesmo tempo que temos mais humildade por causa da nossa fragilidade humana, também ganhamos magnificência. Nossa vida passa a ser grandiosa, intensa e vibrante, porque não queremos mais perder qualquer segundo dela.
O grande paradoxo da iluminação baseada na sabedoria e na consciência da nossa mortalidade é o seguinte: sabemos que somos pequenos, finitos, frágeis e que seremos pó em breve e, ao mesmo tempo, ganhamos a responsabilidade de expandir a nossa alma. Descobrimos a necessidade de sermos grandiosos no amor, de sairmos de uma vida morna para abraçarmos uma vida espiritual vibrante. E tudo isso com a consciência vigilante, os "pés no chão", a lembrança da mortalidade humana e da humildade como essência. Passamos a mirar as estrelas do que é realmente eterno e importante sem tirar os pés do chão, da terra onde o pó guarda a nossa história.
Eis o grande equilíbrio entre humildade e magnificência, equilíbrio que o ser humano perdeu. Ora, sabe-se que o ser humano se perde no orgulho ou na autocomiseração. Ninguém mais parece saber do equilíbrio existente entre expansão, amor-próprio, expressão dos talentos, expressão do amor ao próximo, vida vibrante e humildade.
Nessa quarentena mundial que estamos vivendo por causa do Coronavírus (COVID-19), estamos tendo a oportunidade de refletir sobre humildade e magnificência. Com a sombra da morte rondando o mundo, o ser humano está assustado por ter se lembrado da sua natureza frágil e mortal. Chegou a hora de pensar em como podemos melhorar a nossa vida, aproveitar melhor o nosso tempo e amar melhor a nós mesmos e os nossos amigos e familiares.
Quantos projetos não abandonamos por medo do mundo lá fora? É preciso viver com mais coragem no mundo lá fora quando tivermos liberdade novamente. Não podemos ter medo de crescer aos olhos do mundo, de receber críticas e de expressar os nossos talentos. A vida é uma só e o nosso tempo é limitado. Vamos expandir a nossa alma e viver tudo intensamente enquanto ainda temos tempo.
Lembre-se: todo dia quando o galo cantar é uma nova oportunidade para viver melhor o seu tempo. No leito de morte, o maior arrependimento das pessoas não envolve os seus erros, mas aquilo que elas deixaram de fazer por medo. Não tenha medo de ser grande, de ser sonhador e de ser vibrante. A vida é curta demais para ser morna. Seja vibrante e forte antes que tudo seja poeira no vento. Além do mais, não perca o seu tempo com bobagens e irritações, pois tudo passa. Vamos viver a vida com mais amor e aproveitar cada dia como se fosse o último.
Tatyana Casarino.
Confira a música Dust in the Wind na voz de Sarah Brightman:
*Observação dos símbolos que lembram o caráter mortal do ser humano e que inspiraram a poesia:
Existem alguns símbolos que lembram a finitude do nosso tempo e a necessidade de vigilância:
*A Caveira -- Muitos iniciados em conhecimentos esotéricos e até mesmo Santos importantes da história da Igreja Católica (São Jerônimo, São Luiz Gonzaga e Santa Maria Madalena) são retratados ao lado de figuras de crânio. O crânio já foi um símbolo muito mal interpretado, mas não há nada "diabólico" nele. Pelo contrário, ele é o símbolo máximo da nossa mortalidade e do nosso desejo de transcender a matéria e se elevar para Deus e para os nossos propósitos espirituais e virtuosos. Até mesmo santos gostavam de lembrar da sua condição mortal e de suas penitências ao contemplar esse símbolo.
Leia um interessante e curioso texto de uma inteligente freira (isso mesmo, a autora é freira!), onde ela recomenda que cada cristão tenha um crânio sobre a mesa do trabalho a fim de lembrar-se da morte e Daquele que transformou a morte em vida na Ressurreição: Jesus Cristo. Leia o texto "Como uma caveira em cima da sua mesa vai mudar a sua vida":
Observação curiosa: O Rock and Roll gosta de usar a caveira e o crânio como símbolos de rebeldia diante de tudo o que é mundano, porque somos todos mortais. A consciência sobre a mortalidade traz a vontade de libertar a nossa personalidade do sistema e ter uma vida mais autêntica, mais vibrante e "Rock and Roll". Interpretadas como sombrias muitas vezes, as letras do Rock podem ser muito inteligentes e repletas de filosofia e autoconhecimento. O Rock reflete muito sobre a morte e os sentimentos humanos.
Dica: Uma banda bem filosófica em suas letras é a banda Epica.
Confira a música "The Phantom Agony":
Qual é o sentido da vida?
E qual o significado se todos nós morremos no final?
Versos da música The Phantom Agony da banda Epica.
*A ampulheta. A ampulheta é um grande símbolo da passagem rápida do tempo e da nossa finitude. Já que temos relógios mais modernos hoje em dia, a ampulheta virou enfeite em lojas de decoração. Muito além do seu valor estético e decorativo, você pode filosofar com uma ampulheta sobre a mesa e pensar sobre o seu curto tempo de vida.
*O galo. O galo é um animal que virou símbolo de vigilância pelo seu canto matinal. Ele é um animal forte e altivo cujo canto desperta o ser humano do seu sono. Simbolicamente, ele também pode servir como metáfora para o nosso despertar espiritual e para a nossa vigilância em relação ao tempo.