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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O significado místico de A Bela Adormecida

O significado místico de A Bela Adormecida

   

       
        Já postei aqui no blog o significado místico de "A Bela e a Fera"(minha história favorita) e agora venho postar o de "A Bela Adormecida". Bem, um conto de fadas, embora seja direcionada a crianças e ao público jovem, jamais se resume em uma simples história "bonitinha" para agradar as crianças. Há sempre, por trás de cada conto, mensagens ocultas, simbolismos e valores morais que são passados de forma lúdica e inconsciente por meio de uma rica linguagem onírica e repleta de fantasia. Há também um escritor adulto repleto de valores e crenças por trás de um conto infantil.
      Sabe-se que, originalmente, os contos de fada não eram escritos para crianças, mas passaram a ter viés moralista e a serem direcionados a esse público em um determinado momento histórico a fim de transmitir valores que os pais não sabiam como repassar de forma didática ou lúdica.
        No que tange ao conto de "A Bela Adormecida", em especial, há muitos símbolos místicos ocultos que representam o despertar da consciência espiritual do herói.
               
         Para as crianças, há simplesmente uma luta entre o bem e o mal (príncipe e princesa X dragão e bruxa). Se estas conseguirem entender o enredo lúdico e torcer para que o bem vença e o final feliz aconteça, algum ensinamento moral já é passado: a de que o bem triunfa por ser belo, honesto e nobre, e a de que o mal acaba em tragédia(morte do dragão). Sendo assim, alguns valores morais já são passados automaticamente às crianças, infiltrando em seus inconscientes a batalha pelo bem, incentivando a persistência e a perseverança nesta luta em suas vidas enquanto adultas.
          Para os olhares adultos mais atentos e perceptivos espiritualmente, este conto de fadas não se resume em uma simples luta entre o bem e o mal para que a princesa e o príncipe vivam felizes para todo o sempre, mas se trata de um despertar de consciência espiritual.
            "A Bela Adormecida" não é uma princesa que está dormindo docemente, mas nossa consciência espiritual que está adormecida no fundo da alma enquanto a escuridão de nosso ego nos comanda.
             O amor, a tolerância, a serenidade, a capacidade de amar a vida, a resignação, a força, a capacidade em viver o aqui e o agora e o nosso vínculo direto com Deus: tudo isto faz parte de nossa divindade interior, de nossa "consciência".
             Todo sofrimento representa uma consciência que está adormecida, e o resultado é o de uma pessoa ansiosa, depressiva cuja alma enfraquecida não consegue ver a luz consciente. Toda a nossa busca pessoal por felicidade e paz de espírito se resume na busca pelo despertar interior.
             Tanto a bruxa quanto a princesa são os arquétipos femininos presentes na alma do herói. A princesa é sua consciência, sua divindade interior, sua sabedoria. E, a sabedoria, é um arquétipo feminino por não nascer da lógica masculina mas sim do chackra bem desenvolvido do coração. Ela é a luz, a lua, aquela que o nutre como uma "mãe".
               A bruxa, por sua vez, é o arquétipo feminino maléfico: a destruidora, a ceifadora, a lua negra. Aquele que frustra e atormenta o herói. É a angústia e a usurpadora que entra em ação enquanto ele não desperta sua consciência.
               Se ele não despertar sua consciência, jamais se sentirá preenchido, e essa é a razão pela qual os seres humanos são eternamente insatisfeitos e sentem uma espécie de "vazio" interno. Esse vazio é saudade de Deus, é a sede por consciência e pelo "alimento materno" desta e do preenchimento da divindade.
             O herói precisa escolher: despertará sua consciência e viverá "feliz para sempre" ou continuará a sofrer? Então, por ser nobre e virtuoso, ele opta por lutar pela luz. E, nessa batalha, ele possui: um cavalo branco, uma espada e um escudo.
             O cavalo simboliza o instinto e a cor branca remete à pureza. Cavalo branco, então, significa instinto bom, guia interno do bem que o guiará na jornada da virtude pelo despertar espiritual.
            

            As fadas(mensageiras da luz) quando lhe salvam da masmorra da bruxa e o libertam para salvar a princesa, entregam-lhe: a espada da verdade e o escudo da virtude. Através da verdade e da honestidade, ele lutará(espada) por sua força e luz, sendo protegido diante das influências negativas do plano astral através da sua própria virtude(pensamentos bons e nobres aspirações/escudo).
             O dragão(seu ego) faz de tudo para que ele não possa despertar a sua consciência, mas o herói o enfrenta com firmeza, coragem e esperança a fim de vencer o mal e fazer o bem triunfar.
             

             Quando, finalmente, consegue derrotar seu ego(dragão) comandado pelas trevas da inconsciência (bruxa), ele vai encontrar sua consciência(princesa) e a beija para despertá-la. O beijo é como um "estalo", um efeito "eureka" como a de alguém que acabou de descobrir algo muito importante e estimulante. No caso de herói, ele acabou por descobrir sua própria luz e consciência.
                   

                 O despertar da "Bela Adormecida" representa, então, o despertar da consciência iluminada, a união da alma com o espírito e a libertação em relação à matéria, ao ego e à angústia das trevas.
                  


         O livro "O Poder do Agora" de Eckhart Tolle, que já foi primeiro lugar na lista do The New York Times, retrata justamente a respeito do despertar da consciência humana e como nos libertarmos das perturbações mentais e das armadilhas de nosso ego. Uma das principais armadilhas do ego é relacionada ao tempo. A ansiedade se refere ao medo de problemas futuros e a culpa ou mágoa são frutos do passado. O presente, o agora, é a única Vida pura em que devemos nos concentrar. As contrariedade de Agora podem ser resolvidas, e geralmente, os problemas do presente são sempre menores na vida real do Agora do que em nossa mente fora do tempo.
                    
             Que nós possamos despertar nossas consciências a fim de obtermos uma vida mais feliz, plena e realizada em todos os sentidos, derrotando o sofrimento, que é uma ilusão, para usufruir a liberdade da alma em poder ser o que ela é realmente: luz.
              Texto de Tatyana Casarino, escritora, poetisa, estudante de direito e eterna aprendiz de estudos filosóficos, místicos, simbólicos e espirituais.
                  

              "Assim como a lótus brota de dentro da escuridão de lama para a superfície da água, florescendo somente depois que se elevou acima da água e por permanecer imaculada sem se contaminar nem com a terra nem com a água que a nutriram, da mesma forma a mente, nascida do corpo humano, desabrocha suas verdadeiras qualidades depois que se elevou acima das torrentes lodosas da paixão e da ignorância, e transforma as forças obscuras das profundezas em brilhantes e puros néctar da consciência iluminada" (Govinha, pg 89, in Philip Kapleau: Os Três Pilares do Zen).

                 

Taty Casarino
 
 
              

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