Descendo as escadas do internato,
lágrimas embaçam meus olhos,
a professora me deixou de castigo injustamente,
e eu fiquei assim:
simplesmente triste,
profundamente constrangida.
Essa angústia que corta minh'alma,
arrebenta-me por dentro,
órfã, sozinha, perdida,
sonho com um lar para abrigar meu ser,
nutrir minh'alma e me esconder do mundo.
Eu tenho medo de permanecer aqui,
tudo é áspero e frio demais
para esta sensível alma que Deus me deu.
Eu tenho medo de viver aqui
com este nobre e pobre coração,
que arde de angústia
enquanto a tristeza minh'alma pulsa.
Corro em direção às árvores,
pela primeira vez na vida,
faço algo fora do comum:
fujo da aula, não por ser sapeca,
mas por estar profundamente com medo.
Eis que encontro aquele menino:
tão esperto, tão danado, destemido.
Cabeludo sapeca que mata aulas
sem remorso e sem medo.
Eu amo estudar,
mas ele parece amar brincar,
amar a luz do sol,
as orquídeas perdidas
e as amoras saborosas.
Ele me levou à lagoa,
me carregou dentro d'água,
e me abraçou docemente.
Queria um dia ter lágrimas nos olhos,
mas de sorrisos e alegrias
como expressa Destemido,
que é, por dentro, muito mais lindo.
Vamos lavar a nossa angústia
nesta doce cachoeira,
ensina-me a viver
como se fosse uma brincadeira.
Tatyana Casarino
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