Não posso ser pura luz e sonho,
nem sei ficar apenas na realidade.
Quando a caridade dói nos ossos,
sinto a alta perplexidade do mundo.
Não sei ser pura luz,
nem posso mergulhar nas trevas.
Há, em mim, intenções tão belas
e pensamentos tão profundos...
Queria derreter minh’alma
nos braços do amor e ser elevada.
Mas, o ego humano tem feridas
que nos oprimem pelo peso das mágoas.
O rio dos santos é límpido,
puro, claro e até cristalino.
O espírito perfeito está longínquo,
e a bondade humana some no abismo.
Às vezes, a santidade parece uma utopia,
e a evolução espiritual uma doce ilusão.
Os seres humanos são pecadores perdidos,
pobres espíritos andando em círculos.
As lágrimas encontram o caminho,
a tristeza gosta de visitar o espírito.
A alegria está perdida no antigo labirinto,
porque foi sufocada entre dores e espinhos.
Quando desbravo o caminho do meio,
posso ter prazeres doces e altos deveres.
Quando encontro o oásis do equilíbrio,
posso ter luzes, sombras, anseios e virtudes.
Mas, a vida, geralmente, é um deserto.
Estamos numa ilha de pecados e ilusões,
cercados por vulcões e contos incertos.
Restam poucos poetas e corações.
Se quiser me corrigir, oh! vida,
corrija-me depressa e com amor.
Não me corrija assim tão irritada
como se eu fosse uma criança mimada.
O ser humano carrega a alma cansada pela vida,
e o espírito ferido por essa jornada tão brava.
Por que nós perdemos a empolgação da adolescência?
Por que nós perdemos a criança e a sua inocência?
Não seja assim, oh! vida!
Tão sarcástica e tão sombria!
Na aurora do tempo, dos nossos dias,
não há espaço para palavras vazias.
Como adultos, vivemos sozinhos e resilientes,
esperançosos, cansados, atrasados e melancólicos.
Entre ginásticas mentais tão diplomáticas e negócios,
precisamos expor verdades como crianças vitoriosas.
No caminho do meio, eu passo entre luzes e sombras,
amores, dores, livros, leis, seriedade e brincadeira.
Não sou a adulta perfeita nem pretendo a luz total,
caminho para alegrar a criança interior com um ideal.
Por trás do terno e da gravata, existe um menino.
Por trás de toda advogada, uma menina justiceira.
Por trás de um adulto sério, uma criança sonhadora.
Por trás de um caminho, montanhas inteiras.
Entre o sonho e a seriedade, o real e o ideal,
ensine a sua criança a ser feliz no presente.
Colha flores e espalhe novas sementes de amor.
O futuro é o encontro da alma com a verdade interior.
Poesia escrita por Tatyana Casarino.
Essa poesia indica o conflito entre o sonho e a realidade. Os versos apontam o caminho do equilíbrio entre as luzes e as sombras do espírito humano. Contudo, além de buscar o equilíbrio, é preciso acolher a nossa "criança interior" e acender o brilho da esperança na alma para uma vida íntegra e plena. Quando acreditamos no nosso ideal novamente, podemos espalhar sementes de amor pelo mundo.
Tatyana Casarino.
*Fonte das imagens: Pinterest.
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