Quando vejo belos bosques,
flores coloridas, riachos,
pássaros cantando e estrelas,
sinto o que é o amor espiritual.
É um sussurro latente na alma,
é um sopro misterioso no espírito,
é uma felicidade doce e calma
de amar sem precisar de abrigo.
Amo como quem ama a bela flor,
mas não deseja arrancá-la do jardim.
Amo como quem ama o mais alto céu
sem nunca ter visto um belo serafim.
Amo como quem ama o mar
sem a necessidade de mergulhar,
porque o mar ninguém pode possuir.
É preciso admirar as ondas e sorrir.
Amo como quem ama as estrelas
sem poder tocá-las nem beija-las.
O brilho delas no belo céu noturno
já evidencia um amor bem profundo.
Amo como quem ama o fogo
sem poder tocá-lo nem abraçá-lo
sob o risco de morrer queimado.
Só admiro a luz que ilumina os prados.
Amo como quem ama o sol
sem poder olhar diretamente para ele.
Somente a vista de tudo o que ele ilumina
já é o suficiente para amá-lo incondicionalmente.
Amo como quem ama a lua
sem poder congelar as suas fases.
A lua, que é sempre tão serena, muda,
e é preciso aceitar todas as suas faces.
Amo como quem ama a alma
que mora invisível por trás da pele.
Não é mais preciso tocar o corpo,
porque ela está além de tudo o que reveste.
Amo como quem ama o universo
sem poder conhecer o seu infinito.
O amor não cabe em lugar algum,
mas a sensação cabe num verso bonito.
Poesia escrita por Tatyana Casarino.
A poesia retrata o amor espiritual, um modo de amor que está acima do amor pessoal e carnal. Nesse tipo de amor, o próprio sentimento já é a maior recompensa de quem ama e não há qualquer necessidade de posse, contato físico, reciprocidade nem compreensão.
O amor divino é puro, incondicional e supera qualquer entendimento. Esse amor idealizado é como um mistério que aquece a alma de quem ama. A poesia ressalta que há muitas maneiras de amar além daquelas que nós conhecemos e aponta, através de metáforas, todas as maravilhas da natureza que podem ser amadas e apreciadas de longe.
A pintura que acompanha a poesia, obra do artista inglês Edmund Blair Leighton, retrata uma cena romântica que combina com a ideia do amor espiritual: a donzela se despede do cavaleiro e deixa que o seu amado cumpra a sua missão. Sendo assim, percebemos que amar é permitir que o outro cumpra o seu destino, a sua jornada e a sua missão sem atrapalhá-lo com sentimentos mesquinhos como ciúme e posse. O verdadeiro amor agrega luz à missão do outro em vez de apagar a chama que ilumina o seu caminho.
Os conceitos de amor espiritual estão presentes em correntes filosóficas e religiosas ao redor do mundo. A ideia do amor desprendido e capaz de sacrificar o ego pelo bem do espírito do outro pode ser encontrada tanto no cristianismo quanto no budismo.
Além do mais, até mesmo a astrologia fala sobre tipos de amor quando estudamos o significado simbólico de Vênus (planeta do amor) e de Netuno (planeta da espiritualidade e do amor espiritual). Alguns signos também são mais propícios ao amor espiritual, tais como Câncer (o meu signo hehehe) e Peixes.
Eu sempre gostei de estudar filosofia e espiritualidade, assim como sempre gostei de refletir sobre o verdadeiro significado do amor. As fontes de diferentes formas do conhecimento me inspiraram a escrever essa poesia, bem como os meus momentos de meditação sobre o amor. A doçura que senti sobre o amor foi transformada em versos com muita sensibilidade.
Como advogada, fico triste ao ver tantos divórcios, tantos casos de Polícia, tantos amores tóxicos e tanta violência falsamente chamada de "amor" nos tribunais e nos programas policiais. O verdadeiro amor não machuca, não mata nem é mesquinho. Como poetisa, traduzo o que penso sobre o amor em versos.
*Nome da pintura: God Speed
Significados da expressão "God Speed":
Deus te acompanhe!
Boa viagem!
Felicidades!
Tatyana Casarino.
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