Se não fossem as lágrimas,
jamais buscaria as graças.
Se não fosse a dor que sinto,
não alcançaria o esplendor do espírito.
A lágrima, o grito que queima,
a angústia e a ferida que doem.
São todos combustíveis da busca
do espírito que evolui e constrói.
Se não fossem as mágoas,
o perdão não teria peso de ouro.
Se não fosse a melancolia,
quem buscaria a mais pura alegria?
Se não fosse a provação,
quem buscaria a salvação?
Se não fosse a tentação,
quem seria virtuoso então?
Se não houvesse a velha sombra,
quem acenderia uma nova luz?
O Inimigo causa a perturbação,
que nos faz buscar a Deus na oração.
Se não houvesse o pecado,
quem seria bom e humilde?
Se é o nosso defeito que nos humilha,
quem buscaria a sabedoria?
Se não houvesse a fraqueza,
jamais teríamos a beleza.
A beleza de buscar a força,
a beleza de superar a tristeza.
É, na vulnerabilidade sombria,
que transmuto a minha energia.
De tanto chorar, aprendi a sorrir!
Só aprendi a vencer depois de cair!
É, por isso, que amo as minhas sombras,
pois foram elas que me ensinaram.
Elas me ensinaram a ter mais fé,
e, no fim de tudo, me iluminaram.
Eu me amo e me aceito como sou,
abraço a minha luz e a minha sombra.
Na integridade do meu belo equilíbrio,
encontro o meu mais poderoso abrigo.
Poesia escrita por Tatyana Casarino.
Fonte da imagem: Pinterest
Desde criança, sempre refleti sobre a existência do mal e da sombra. Eu costumava perguntar para todos: Se Deus é bom, por que o mal existe? O que eu não sabia era que o próprio Criador queria que eu encontrasse a resposta dentro de mim mesma. Assim, posso ser um "canal" de intuições e consolar os corações que possuem as mesmas inquietações que o meu.
Na minha caminhada, não encontrei uma resposta perfeita para essa pergunta clássica em nenhuma linha religiosa tradicional nem nas correntes filosóficas do mundo. Contudo, a Cabala, a alquimia, o esoterismo, a astrologia, a psicologia junguiana e a linguagem simbólica da poesia me ajudaram a descobrir uma resposta mais profunda para a minha antiga indagação: a sombra existe para que que a luz possa ser buscada.
Aceitar a sombra é entender que a vida está muito além do moralismo clássico e puritano que divide o bem e o mal em "caixinhas" separadas. Não se trata de relativizar o mal nem de concordar com ele. Trata-se de entender a existência da sombra com sabedoria para transmutar a nossa sombra em luz.
Quando amamos as nossas sombras, não nos tornamos pessoas más. Muito pelo contrário, ficamos mais conscientes, equilibrados e íntegros. Reprimir as nossas tendências e ocultar as nossas sombras são atitudes muito mais perigosas, pois causam problemas psicológicos e espirituais. Quem reprime muito a sombra pode sofrer com desordens, desequilíbrios psíquicos e "escorregar" em muitas explosões emocionais.
Somente o amor transforma sombra em luz. Amando a nossa alma com todas as nossas luzes e sombras internas, somos capazes de dominar as nossas ações para que os nossos gestos externos revelem apenas luz, respeito e amor por todos.
Estudar o esoterismo não me afastou do cristianismo nem do caminho da luz. Pelo contrário, eu amo ainda mais Jesus e acredito em Suas Palavras de Salvação e Cura com muito mais profundidade, emoção e entendimento. Eu acredito que o Senhor curou as minhas sombras e que foi o próprio Deus que me inspirou a encontrar respostas profundas para as minhas dúvidas.
Além do mais, a minha caminhada espiritual é marcada por experiências bem pessoais. Percebi que, se eu não tivesse lutado contra os meus medos nem contra os meus defeitos psíquicos no passado, eu não teria alcançado a luz, a coragem nem a criatividade que eu tenho hoje.
Ao longo da minha jornada, notei que a minha maior luz nasceu das batalhas contra as minhas maiores sombras. E, talvez, eu não teria tanta fé em Deus se eu não tivesse passado por provações e por sofrimentos emocionais no passado.
O desequilíbrio emocional me ensinou a buscar o equilíbrio. A dor me ensinou a buscar a Deus. E o temperamento melancólico me ensinou a buscar uma felicidade mais profunda e plena. No fim das contas, as minhas sombras me ensinaram o caminho da luz.
Tatyana Casarino.
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