Eu me olho no espelho,
vejo além de mim.
O espaço entre o silêncio
e o lapidar do espírito imperfeito.
Naquela noite, as estrelas
pulsaram tão belas, tão belas,
quanto as luzes que piscam
na escuridão do meu inconsciente.
Como Julieta adormecida,
suspiro pelas rosas de Romeu
num futuro não muito distante
de sonhos que são genuínos e meus.
O olhar da criança que fui
pulsa no horizonte dessa dança.
A criança que sorri, feliz, feliz,
feliz por eu ter chegado aqui.
O olhar da senhora que serei
pulsa na maior parte da balança.
A alma saturnina* e aliviada
por tudo o que sou e conquistei.
Quando a criança e a senhora
se unem num mar de sonhos,
posso sentir a poesia da realidade,
beijando o passado, o futuro e o agora.
Num mar de sonhos, naveguei,
fiquei feliz por tudo o que realizei.
Nasci com sonhos que cresceram,
vivi com poesias que amadureceram.
Uma vida guiada pelos anjos
e abençoada pela sorte grande.
Uma vida de crença e esperança,
uma vida de realização e bonança.
Essa é a vida que lutei para construir,
como um castelo erguido bem devagar.
Colocando um tijolinho sobre o outro,
realizei os meus sonhos e cheguei lá.
Essa é a vida da longa infância,
de uma senhora ao lado da criança interior.
Eis a luz de alcançar glória e autoestima na dor,
de vencer a angústia para beijar o amor.
Poesia escrita por Tatyana Casarino
*Saturnina: palavra que faz referência ao planeta Saturno, o qual representa a maturidade e os desafios da vida conforme a Astrologia.
Essa poesia foi inspirada na seguinte frase que eu escutei certa vez: "há apenas duas pessoas que você deve agradar -- o seu eu de oito anos de idade e o seu eu de oitenta anos de idade, porque a sua criança interior deve se orgulhar do adulto que você se tornou e, na velhice, você precisa de alívio e felicidade pela vida que teve".
Não sei quem é o autor dessas palavras, mas elas me tocaram profundamente, pois representam a minha filosofia de vida e tudo o que eu acredito. Infelizmente, vivemos numa sociedade barulhenta e cheia de padrões que não se alinham aos verdadeiros anseios da nossa alma. Precisamos silenciar a mente para ouvir o nosso coração e as aspirações da nossa criança interior.
Na hora da partida, o único encontro será entre a nossa alma e Deus. Não haverá sociedade, julgamentos das outras pessoas nem padrões mundanos quando a jornada da vida terminar. Sendo assim, devemos ouvir a nossa alma, pois o anseio dela é eterno e será analisado pela nossa consciência diante de Deus.
Nossa jornada é solitária no fim das contas, e isso pode ser libertador. A felicidade vem de uma alma que provou o sonho inocente da sua criança interior e que levou o alívio divino para a sua maturidade.
Tatyana Casarino.
*Fonte das imagens: Pinterest.
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