Um livro para quem já sofreu emocionalmente por tentar agradar os outros.
Um livro surpreendente do início ao fim. Eu esperava que esse fosse mais um livro de autoajuda com mensagens motivacionais do tipo "seja você mesmo", mas esse livro vai muito além disso.
É um livro profundamente filosófico que agrada (mesmo sem se importar com isso, hehehe) vários tipos de pessoas: quem gosta de autoajuda, quem não gosta, quem é espiritualista e quem não é espiritualista.
Não é um livro "místico" de autoajuda nem traz fórmulas mágicas. É um livro filosófico que apresenta a conversa entre um jovem triste e revoltado e um homem sábio.
No início, desconfiei desse estilo, pois não costumo gostar de livros que trazem diálogos puros fora da ficção. Mas, os diálogos são bem empolgantes, prendendo o leitor num estilo bastante "socrático" de dar luz ao conhecimento. É um livro que traduz filosofias simples e, ao mesmo tempo, profundas em uma linguagem de fácil entendimento.
Por meio de ideias racionais, somos lentamente convencidos, junto com o jovem da narrativa, que o homem sábio tem razão.
A questão de "não agradar" refletida no livro vai muito além do que precisamos fazer para deixar de ter o medo de desagradar, mas abrange ideias como: descobrir o seu papel no mundo, afastar-se da autossabotagem, descobrir os seus limites e não invadir as tarefas dos outros. O livro não é sobre a luta entre você e as pessoas que você inevitavelmente pode desagradar, mas entre você e você mesmo.
Para mim, o ponto mais interessante do livro é a forma como o sábio confronta algumas máximas da psicologia tradicional inspirada em Freud. Para derrubar a ideia de que somos frutos do nosso passado e dos nossos traumas, o livro traz uma linha psicológica bem diferente e que eu não conhecia: a linha de Adler, fundador da psicologia de desenvolvimento individual.
Segundo essa linha, somos mestres do nosso destino e sempre podemos optar pelo crescimento individual, independentemente dos nossos traumas. Não somos escravos dos nossos traumas nem condicionados pelo nosso passado. O livro é um apelo ao livre-arbítrio.
Apesar do livro defender que não é saudável invadir as tarefas dos outros e fazer tudo para eles com o intuito de ser "bonzinho" por acreditar na individualidade, o paradoxo desse livro é que ele traz uma noção de felicidade baseada no seu legado para o universo coletivo.
Muito embora você não precise bancar o bonzinho e agradável sempre, a ideia central está bem longe do egoísmo e apresenta uma ideia holística (no sentido amplo e não místico) de felicidade.
Taty Casarino.
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