Eu sentia cada microviolência
com toda a intensidade dos meus poros.
E cada gesto ruim era ultraviolência
para minha alma frágil e sensível.
Cada dor era um tsunami,
cada lágrima era feita de pólvora.
Cada gota de microviolência
era interpretada como ultraviolência.
Era doído ver cada olhar feio,
ouvir cada cochicho maldoso
e sentir a hipocrisia do nosso mundo.
Ainda não tinha o poder do freio profundo!
Eu podia sentir a sua ultraviolência
mergulhada nas águas de Hades.
Não me diga que sou sensível demais,
pois meu coração é granada pesada de beleza.
Eu dizia que o mundo era ruim
e chorava alto enquanto tremia,
extravasando ultraviolência em poesia
e pólvora invisível em lágrimas.
Estava errada? Estava errada?
Por trás do meu pecado de histeria,
existia um sonho profundo de pureza.
Tudo o que eu queria era paz,
a paz de um mundo com justiça e beleza.
Um olhar maldoso era uma bomba,
uma palavra era sentida como um míssil.
Uma pequena briga era como uma guerra,
uma contrariedade destruía qualquer festa.
Ultra sensibilidade é ultraviolência,
bomba nuclear é a nossa angústia interna.
Eu posso ouvir bem a sua ultraviolência
quando vejo a sua alma despida e incerta.
Viver no mundo da matéria densa
sempre será como dançar com a ultraviolência.
Você sente a densidade ferindo a nossa alma?
Você sente a luxúria ferindo a nossa beleza?
Entre energias densas e grosseiras,
os ultrassensíveis caminham e sangram.
Meu sangue escorre a cada angústia,
minhas lágrimas descem impuras.
Deixe-me chorar, deixe-me chorar,
deixe-me gritar, deixe-me gritar.
É assim que eu filtro, no mundo, as energias:
absorvendo as dores dos outros e chorando poesias.
Eu posso ouvir os sussurros secretos
das almas que sofrem em prantos.
Essa empatia santa é o dual veneno
que faz minha alma pecar em choro profano.
Sou humana demais para suportar
um vislumbre de mística expiação.
Cada poro de minha alma é esponja estranha
que traz impurezas ao meu puro coração.
Eu preciso chorar para me purificar
dessa ultra sensibilidade ultraviolenta.
A sensibilidade é um doce veneno
que causa tonturas de dor e beleza.
O mundo causava dor em mim,
e eu queria me esconder para sempre.
Tive de me agarrar em alguma coisa
para sobreviver em vez de perecer.
Foi então que eu me agarrei em Deus,
e Ele selou cada poro espiritual em mim
com o sangue derramado por Seu filho.
E, assim, tenho curado meu espírito aflito.
Eu posso sentir Deus me selando,
selando meus poros, me salvando.
Eu agarrei o meu caminho espiritual
com ultraviolência e amor sobrenatural.
"O Reino dos Céus é arrebatado à força
e são os violentos que o conquistam."
Caminho com belas armas espirituais
em direção aos prados de verdade e paz.
Luto com violência contra mim mesma,
contra os meus pecados e medos,
e chego cansada nos braços de Deus.
Desperto-me com a alma selada.
Alma selada, alma curada.
Caminho de corpo fechado agora
por este mundo cheio de dores densas.
Sinto minha alma selada nesta hora.
O mundo tem energias densas,
elas batem, voam, vêm e voltam,
mas não penetram mais em minha alma.
Minha alma agora é selada de beleza.
Arcanjo Miguel contra-ataca a ultraviolência,
cortando a energia densa com a sua espada.
Ele é o grande freio do mundo em brasas.
Meu corpo está sendo fechado, a alma selada.
Posso sentir São Jorge lutando agora
e matando o mal na ponta da lança.
Os guerreiros espirituais lutam por nós
e transformam almas sensíveis em seladas.
Eu tenho as percepções das emoções,
mas não me perturbo mais com elas.
Sem me ferir, capto as microexpressões faciais.
Capto as microviolências e não me ofendo mais.
Deus fechou os meus poros
e me deu a Sua plácida paz,
a paz que supera todo o entendimento.
Sinto que estou me curando por dentro.
Girando, mergulho em vórtices espirituais
nas águas de Hades, rei do submundo.
Renasço como a fênix nesse mundo,
transformando cinzas em múltiplos cristais.
Eu morri e continuo viva,
eu experimentei a morte de Hades
e amanheci na primavera de Perséfone.
Poros selados também são poesias.
De vez em quando, um poro se abre,
e eu, outra vez, choro louca e profana.
Isso não significa que eu caí na luta
nem que deixei a cura da seara santa.
As curas espirituais são diferentes,
porque as invisíveis cicatrizes vêm e vão.
Mas, quem cuida delas nunca dorme,
selando com santo bálsamo o nosso coração.
Se cada poro absorvia energias
e expelia raios e barulhos de trovão.
Hoje cada poro recebe carinho de Deus,
bálsamo espiritual de Santa unção.
Só Deus pode curar as almas sensíveis,
porque elas pertencem a Ele.
Só Deus pode selar todos os nossos poros
e ungir o nosso espírito com o Seu santo óleo.
Poesia escrita por Tatyana Casarino.
*Essa poesia é inspirada nas sensações das Pessoas Altamente Sensíveis (PAS) e na jornada espiritual da poetisa.
*Música para escutar durante a leitura da poesia e sentir toda a energia:
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