O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Alma ultrassensível ou ultraviolenta?





 Eu sentia cada microviolência

com toda a intensidade dos meus poros.

E cada gesto ruim era ultraviolência

para minha alma frágil e sensível.


Cada dor era um tsunami,

cada lágrima era feita de pólvora.

Cada gota de microviolência

era interpretada como ultraviolência.


Era doído ver cada olhar feio,

ouvir cada cochicho maldoso

e sentir a hipocrisia do nosso mundo.

Ainda não tinha o poder do freio profundo!


Eu podia sentir a sua ultraviolência

mergulhada nas águas de Hades.

Não me diga que sou sensível demais,

pois meu coração é granada pesada de beleza.


Eu dizia que o mundo era ruim

e chorava alto enquanto tremia,

extravasando ultraviolência em poesia

e pólvora invisível em lágrimas.


Estava errada? Estava errada?

Por trás do meu pecado de histeria,

existia um sonho profundo de pureza.

Tudo o que eu queria era paz,

a paz de um mundo com justiça e beleza.


Um olhar maldoso era uma bomba,

uma palavra era sentida como um míssil.

Uma pequena briga era como uma guerra,

uma contrariedade destruía qualquer festa.


Ultra sensibilidade é ultraviolência,

bomba nuclear é a nossa angústia interna.

Eu posso ouvir bem a sua ultraviolência

quando vejo a sua alma despida e incerta.


Viver no mundo da matéria densa

sempre será como dançar com a ultraviolência.

Você sente a densidade ferindo a nossa alma?

Você sente a luxúria ferindo a nossa beleza?


Entre energias densas e grosseiras,

os ultrassensíveis caminham e sangram.

Meu sangue escorre a cada angústia,

minhas lágrimas descem impuras.


Deixe-me chorar, deixe-me chorar,

deixe-me gritar, deixe-me gritar.

É assim que eu filtro, no mundo, as energias:

absorvendo as dores dos outros e chorando poesias. 


Eu posso ouvir os sussurros secretos

das almas que sofrem em prantos.

Essa empatia santa é o dual veneno

que faz minha alma pecar em choro profano. 


Sou humana demais para suportar

um vislumbre de mística expiação.

Cada poro de minha alma é esponja estranha

que traz impurezas ao meu puro coração.


Eu preciso chorar para me purificar

dessa ultra sensibilidade ultraviolenta.

A sensibilidade é um doce veneno

que causa tonturas de dor e beleza.


O mundo causava dor em mim,

e eu queria me esconder para sempre.

Tive de me agarrar em alguma coisa

para sobreviver em vez de perecer.


Foi então que eu me agarrei em Deus,

e Ele selou cada poro espiritual em mim

com o sangue derramado por Seu filho. 

E, assim, tenho curado meu espírito aflito.


Eu posso sentir Deus me selando,

selando meus poros, me salvando.

Eu agarrei o meu caminho espiritual

com ultraviolência e amor sobrenatural.


"O Reino dos Céus é arrebatado à força

e são os violentos que o conquistam."

Caminho com belas armas espirituais

em direção aos prados de verdade e paz. 


Luto com violência contra mim mesma,

contra os meus pecados e medos,

e chego cansada nos braços de Deus.

Desperto-me com a alma selada.


Alma selada, alma curada.

Caminho de corpo fechado agora

por este mundo cheio de dores densas.

Sinto minha alma selada nesta hora.


O mundo tem energias densas,

elas batem, voam, vêm e voltam,

mas não penetram mais em minha alma.

Minha alma agora é selada de beleza.


Arcanjo Miguel contra-ataca a ultraviolência,

cortando a energia densa com a sua espada.

Ele é o grande freio do mundo em brasas.

Meu corpo está sendo fechado, a alma selada. 


Posso sentir São Jorge lutando agora

e matando o mal na ponta da lança.

Os guerreiros espirituais lutam por nós

e transformam almas sensíveis em seladas.


Eu tenho as percepções das emoções,

mas não me perturbo mais com elas.

Sem me ferir, capto as microexpressões faciais.

Capto as microviolências e não me ofendo mais. 


Deus fechou os meus poros

e me deu a Sua plácida paz,

a paz que supera todo o entendimento.

Sinto que estou me curando por dentro.


Girando, mergulho em vórtices espirituais

nas águas de Hades, rei do submundo.

Renasço como a fênix nesse mundo,

transformando cinzas em múltiplos cristais.


Eu morri e continuo viva,

eu experimentei a morte de Hades

e amanheci na primavera de Perséfone.

Poros selados também são poesias.


De vez em quando, um poro se abre,

e eu, outra vez, choro louca e profana. 

Isso não significa que eu caí na luta

nem que deixei a cura da seara santa. 


As curas espirituais são diferentes,

porque as invisíveis cicatrizes vêm e vão.

Mas, quem cuida delas nunca dorme,

selando com santo bálsamo o nosso coração. 


Se cada poro absorvia energias

e expelia raios e barulhos de trovão.

Hoje cada poro recebe carinho de Deus,

bálsamo espiritual de Santa unção. 


Só Deus pode curar as almas sensíveis,

porque elas pertencem a Ele.

Só Deus pode selar todos os nossos poros

e ungir o nosso espírito com o Seu santo óleo. 


Poesia escrita por Tatyana Casarino. 





*Essa poesia é inspirada nas sensações das Pessoas Altamente Sensíveis (PAS) e na jornada espiritual da poetisa. 


*Música para escutar durante a leitura da poesia e sentir toda a energia:

















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