Versos do espírito que venceu o medo.
Quando estive cega pela
vaidade,
doce e amarga compulsão
infernal
de simpatia e agradabilidade,
dancei de luto pelo abismo e
umbral.
As belas pernas amantes de
procissão
não andavam mais por tristeza.
Um azul escuro no coração
blindou a alma e sufocou a
beleza.
O medo do que os outros
pensam,
o medo de não ser
compreendida,
tudo isso formava uma dor
enorme
antes da verdade ser vista.
E eu dancei de sapatos
vermelhos
dentro do meu inferno pessoal.
Cansada de todas as lutas,
senti uma dor obscura e fatal.
O cansaço da alma no deserto
é a sede do nosso oásis
interior.
Onde está o seu prazer
espiritual?
Onde está a fonte da sua energia vital?
Já estava escrito nas estrelas
que o nosso destino era a autodescoberta.
Dançando no deserto, vi a
areia
que faz a vida ser mais
aberta.
A dança dos sete véus na
clareira,
a procura por Deus na igreja,
a oração feita na natureza.
Tudo isso é a busca por
beleza.
Devemos ser apenas nós mesmos
com plena loucura e
autenticidade.
Não devemos agradar a todos,
mas agradar somente a verdade.
A verdade nua e crua da alma,
o espírito selvagem, sem
maquiagem,
e o canto da poesia que vive
em nós.
O resto é preocupação vazia e
será pó.
A cura para o medo de
desagradar
jamais está numa valentia
fictícia,
mas em transformá-lo em
prazer.
A autenticidade deve ter
satisfação cínica.
Uma boa dose de espírito
rebelde
e de doce consciência
tranquila
enfrentam uma multidão de
chatos
e vencem todas as injustas
críticas.
Afinal, que graça teríamos na
paz?
Que graça teríamos se fôssemos
compreendidos?
A vida gosta de adrenalina e
luta,
e a oposição fortalece a nossa
busca.
Estes são os versos do
espírito,
o espírito que venceu o medo,
o espírito que renasceu das
cinzas
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