Perambulando na floresta.
Seus cabelos castanhos
são como o caule marrom,
marrom de caule selvagem,
caule de árvores da margem.
Seus olhos verdes profundos
são como as folhas das
árvores,
árvores perigosas selvagens,
árvores que cantam da margem.
Sua pele rósea e macia
é como o couro da loba,
a loba que amamenta a cria
antes e depois do meio-dia.
Estive vagando na floresta
à procura de mãos, de mãos.
Você perde os pés e as mãos
quando não sabe dizer “não”.
Comi as frutas douradas
que estavam com sabores
divinos.
Sabores de saberes do instinto,
instinto de almas amadas.
A doce espreita da donzela
que foge do diabo na floresta
à procura de mãos, de mãos,
é o círculo dos céus no chão.
Fugindo do diabo e dos
espinhos,
mergulhada no espiral
interior,
a bondade civilizada roubou
minha energia
que precisa ser brava e
selvagem à luz do dia.
Quando Deus salva a donzela,
é o diabo que deixa a floresta.
Com a floresta mais
purificada,
vejo pés e mãos nessa estrada.
A sombra de uma loba
é escura e dourada.
A sombra de um cálice
é vinho de pó e estrada.
Uma peregrinação no escuro
guiada por uma vela ínfima
é pobre, mas ainda é bonita.
A bússola da alma é a vida.
Perambulando na floresta,
aprendo que só Deus me vê.
O mundo sempre nos julga
errado,
e ninguém é igual a você.
Perambulando na floresta,
sinto medo das pessoas,
sinto amor aos lindos bichos.
A essência do instinto é pura
e bela.
Perambulando na floresta,
preservo as minhas energias,
recalculo a rota da vida.
O espaço é sagrado na alma!
Perambulando na floresta,
descubro que não salvo a
ninguém.
e que sou mais frágil e
vulnerável
do que aqueles que um dia
guiei.
Perambulando na floresta,
enxugo as minhas lágrimas
para sorrir outra vez nessa
estrada.
A vida é uma jornada brava!
Poesia escrita por Tatyana Casarino.
*Essa poesia foi inspirada no conto "A Donzela sem mãos" citado dentro do livro "Mulheres que correm com os lobos", em um capítulo que resgata o divino poder do arquétipo feminino quando a mulher decide ter o controle da própria vida, não ser mais submissa e dizer "não".
A ausência de mãos na donzela é um símbolo das opressões vivenciadas pela mulher -- tanto as intrapsíquicas (internas) quando as sociais (externas). Nesse sentido, a recuperação das mãos da donzela é o arquétipo da recuperação do poder feminino.
*Obs:
*Sugestão de música:
"A Forest" do grupo musical "The Cure" é uma música de Rock Psicodélico que tem tudo a ver com a poesia. Confira:
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