O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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quarta-feira, 15 de junho de 2022

Perambulando na floresta.

 

Perambulando na floresta.




 

Seus cabelos castanhos

são como o caule marrom,

marrom de caule selvagem,

caule de árvores da margem.

 

Seus olhos verdes profundos

são como as folhas das árvores,

árvores perigosas selvagens,

árvores que cantam da margem.

 

Sua pele rósea e macia

é como o couro da loba,

a loba que amamenta a cria

antes e depois do meio-dia.


Estive vagando na floresta

à procura de mãos, de mãos.

Você perde os pés e as mãos

quando não sabe dizer “não”.

 

Comi as frutas douradas

que estavam com sabores divinos.

Sabores de saberes do instinto,

instinto de almas amadas.

 

A doce espreita da donzela

que foge do diabo na floresta

à procura de mãos, de mãos,

é o círculo dos céus no chão.

 

Fugindo do diabo e dos espinhos,

mergulhada no espiral interior,

a bondade civilizada roubou minha energia

que precisa ser brava e selvagem à luz do dia.

 

Quando Deus salva a donzela,

é o diabo que deixa a floresta.

Com a floresta mais purificada,

vejo pés e mãos nessa estrada.

 

A sombra de uma loba

é escura e dourada.

A sombra de um cálice

é vinho de pó e estrada.

 

Uma peregrinação no escuro

guiada por uma vela ínfima

é pobre, mas ainda é bonita.

A bússola da alma é a vida.

 

Perambulando na floresta,

aprendo que só Deus me vê.

O mundo sempre nos julga errado,

e ninguém é igual a você.

 

Perambulando na floresta,

sinto medo das pessoas,

sinto amor aos lindos bichos.

A essência do instinto é pura e bela.

 

Perambulando na floresta,

preservo as minhas energias,

recalculo a rota da vida.

O espaço é sagrado na alma!

 

Perambulando na floresta,

descubro que não salvo a ninguém.

e que sou mais frágil e vulnerável

do que aqueles que um dia guiei.

 

Perambulando na floresta,

enxugo as minhas lágrimas

para sorrir outra vez nessa estrada.

A vida é uma jornada brava!


Poesia escrita por Tatyana Casarino. 





*Essa poesia foi inspirada no conto "A Donzela sem mãos" citado dentro do livro "Mulheres que correm com os lobos", em um capítulo que resgata o divino poder do arquétipo feminino quando a mulher decide ter o controle da própria vida, não ser mais submissa e dizer "não". 

 A ausência de mãos na donzela é um símbolo das opressões vivenciadas pela mulher -- tanto as intrapsíquicas (internas) quando as sociais (externas). Nesse sentido, a recuperação das mãos da donzela é o arquétipo da recuperação do poder feminino. 


*Obs: 


*Sugestão de música:


"A Forest" do grupo musical "The Cure" é uma música de Rock Psicodélico que tem tudo a ver com a poesia. Confira:







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