TPM: A professora da mulher para novos significados de autoestima.
Olá, pessoal! Esse é mais um texto sobre Sagrado Feminino que escrevo aqui no blogue. Boa leitura!
Olá, pessoal! Esse é mais um texto sobre Sagrado Feminino que escrevo aqui no blogue. Boa leitura!
Os nossos defeitos, no período menstrual, afloram em grandes dimensões. Sentimos culpa pelo estresse incompreensível e pelos ataques de descontrole emocional que surgem com mais frequência na Tensão Pré-Menstrual (TPM). Umas mulheres colocam toda a culpa na TPM e outras puxam toda a culpa para si mesmas, mas nenhum dos dois caminhos é saudável. Será que existe um caminho equilibrado onde admito a responsabilidade diante das minhas atitudes na TPM, evoluo com consciência e, ao mesmo tempo, pratico a autocompaixão tão necessária nesse período?
Culpar a TPM e não olhar para a própria responsabilidade seria um equívoco infantil, mas puxar toda a culpa para si (detonando a própria autoestima) não conserta os nossos erros. A culpa leva ao desespero emocional e o desespero somente atrai mais erros. A única maneira de corrigir verdadeiramente os nossos erros é aceitar os nossos defeitos, amar as nossas imperfeições e ter a consciência de que estaremos à flor da pele na TPM. Somente teremos força e energia para corrigir os nossos erros com o amor-próprio, a autocompaixão e a luz da consciência. A culpa e o desespero apenas sugam as nossas energias, impedindo a alma de mudar e levando a mulher a cometer mais erros em um círculo vicioso.
Em verdade, a mulher fica mais conectada com o mundo espiritual na TPM e mais vulnerável aos ataques psíquicos e espirituais. Por isso, é preciso redobrar a vigilância e a oração. Quase todo equívoco cometido na TPM é decorrência da falta da devida vigilância ou da oração que harmoniza a alma. Não é à toa que a alma da mulher é mais inclinada ao místico do que a alma cética dos homens -- as mulheres sabem que precisam rezar mais, porque o céu e o inferno disputam a sua presença mais ardentemente desde Eva.
Não podemos culpar as mulheres se elas ficam irritadas, sérias e tristes na TPM. Imagina só, em uma hipótese absurda e em um mundo paralelo, se meninos engraçados menstruassem? Teríamos uma série de condutas obscenas, episódios de humor sádico, gracinhas mal-educadas com o sangue e a banalização desse período sagrado. A menstruação não combina com o masculino nem mesmo com o bom humor e a alegria. É preciso ser feminina, séria, brava e melancólica para passar por esse período.
Não amaldiçoemos a TPM. Ela não é nossa loucura, mas nosso discernimento. Deus é perfeito. Deus criou a natureza da mulher propensa a ficar brava e triste antes de menstruar para não banalizar o aspecto sagrado desse período. Deus foi perfeito quando criou as peculiaridades psicológicas da mulher para harmonizar as suas potências biológicas. Loucura não é ficar triste na TPM sem motivo aparente. Loucura seria sangrar (ou estar prestes a sangrar) rindo a achando graça. A tristeza e o recolhimento do período menstrual são discernimento.
Nosso corpo se preparou para receber um bebê. Na ausência de um bebê, sangramos a potência da vida. Mesmo quando não geramos um filho, geramos vida nova dentro de nós todos os meses. Sangrar na menstruação é purificar a velha vida do mês passado e ficar nova para o próximo mês.
Mesmo quando não geramos um filho, geramos uma vida nova -- ainda que seja uma vida nova para nós mesmas. A mulher está sempre nascendo de novo. Diante disso, é completamente natural receber uma nova vida com nervosismo e choro. Se, ao sangrarmos, estamos recebendo nova vida, é natural ficarmos tensas antes da vida nova chegar. Um bebê, quando nasce, não chega sorrindo para a vida -- ele chora, fica nervoso, sente dor ao respirar pela primeira vez e sente saudade do útero materno.
O choro faz parte da nossa essência mais primitiva. Quando estamos diante de um novo ciclo, ainda que seja um ciclo bom, a vida nova causará nervosismo. Pode parecer incompreensível, mas, antes de receber nova vida, é completamento natural chorar. A mulher vive mais que os homens estaticamente. Motivos científicos devem explicar isso, mas espiritualmente a renovação das potências de vida dentro de uma mulher são mais fortes -- e isso poderia explicar a nossa longevidade inclusive.
A tristeza não é um estado mau em si. A tristeza na TPM pode ser discernimento. Quem rotulou a tristeza como um mau sentimento foi a nossa sociedade ocidental. A nossa sociedade ocidental é a que mais recrimina a tristeza e, no entanto, é a mais depressiva -- eis a hipocrisia da nossa sociedade. A sociedade vende drogas lícitas, ilícitas, remédios psiquiátricos e outros falsos bálsamos para abafar a tristeza quando, em verdade, deveríamos abraçar a tristeza. Somente através da aceitação da tristeza é que podemos alcançar a verdadeira felicidade. A pessoa verdadeiramente madura emocionalmente é a que sabe lidar de maneira sábia com os seus sentimentos ruins e não aquela que se força a estar bem o tempo todo.
Além do mais, a verdadeira felicidade da alma não é a ausência da tristeza nem um contentamento eterno formado por uma alegria perene (esse tipo de estado de contentamento não existe), mas a estabilidade do amor-próprio diante das nossas falhas e vulnerabilidades. Se é possível ser feliz na TPM? Talvez não seja o período mais alegre do mês, porque ficaremos amuadas, melancólicas, irritadas e mais vulneráveis. Mas, se ao invés de cairmos em cobranças perfeccionistas típicas de nosso lado crítico feminino e abraçarmos a nossa sombra feminina e a nossa vulnerabilidade, é possível ter uma TPM mais confortável, lúcida, criativa, sábia e até mesmo mais emocionante positivamente.
A aceitação da nossa vulnerabilidade e da nossa sensibilidade talvez seja a nossa verdadeira força. Pode ser que nossa maior força não esteja na superação, mas na resignação diante do nosso lado "sombra" (o conjunto de defeitos e vulnerabilidades que fica aflorado na TPM). Todo sentimento que chega até nós não é bom ou mau em si -- todo sentimento é simplesmente um mensageiro. Os sintomas da TPM são apenas mensageiros que querem, em verdade, aumentar a nossa autoestima. Eles somente detonam a autoestima daquela mulher que fica desesperada diante deles por não saber amar a própria vulnerabilidade. Ficamos revoltadas quando pensamos que a TPM quer detonar a nossa autoestima. Contudo, se tivermos olhos mais profundos para ler a sua mensagem espiritual e psíquica, veríamos que a TPM quer aumentar o nosso amor-próprio.
Vocês já pararam para pensar na mensagem que a TPM quer levar até a mulher? Se a TPM pudesse contar em palavras para você o que ela quer, ela diria: "Mulher, tire um tempo só para você, coloque a sua alma em primeiro lugar, abrace os seus defeitos, faça as pazes com a sua vulnerabilidade, recupere o seu poder pessoal e aceite que você não é perfeita. Ame as suas imperfeições e o seu lado sombra, porque eles também fazem parte de você". Talvez esse bilhete viesse com a assinatura de Lilith (risos), a lua negra, o arquétipo da deusa sombria do inconsciente feminino.
Mas, a maioria das mulheres não percebe a profundidade da mensagem por trás da TPM. A maioria não sabe que ficar mais irritada com as pessoas que costumam despertar a sua generosidade significa que a irritação apenas quer que a mulher aprenda a ter um tempo só para si. Cuidar de si mesma não é egoísmo, mas o verdadeiro bálsamo de qualquer cura emocional. A mulher é naturalmente mais generosa, mais cuidadosa com todos, mais maternal com todos e acaba se esquecendo de cuidar de si mesma. Se ela adota uma postura de esquecimento dos próprios instintos, os instintos gritarão com ela mesma sob a forma da ira, da irritação e da angústia. Às vezes, precisamos explodir emocionalmente para lembrarmos que precisamos dar atenção aos nossos instintos e às emoções da nossa alma.
E a mensagem mais sábia da TPM talvez seja fazer a mulher olhar para os próprios defeitos. Costumamos passar o mês colocando aquilo que nos incomoda para debaixo do tapete. Na TPM, é a hora de vermos a sujeira debaixo do tapete. Se fôssemos mais francas com aquilo que nos incomoda, talvez não tivéssemos tanto sofrimento na TPM. Mas como costumamos negligenciar a nós mesmas para agradar os outros, precisamos sentir irritação e tristeza para darmos atenção a nós mesmas. Os maus sentimentos são apenas mensageiros da necessidade de autoconhecimento, descanso emocional e amor-próprio.
A mulher tende a ser perfeccionista -- ela precisa se sentir bonita por fora, pacífica por dentro, agradar as pessoas, ser produtiva e fazer tudo certinho para sentir-se bem. Ocorre que não somos perfeitas. A necessidade de abraçar a imperfeição vem sob a forma de TPM. É preciso ressignificar a autoestima na TPM. A autoestima não é sobre sentir-se linda e maravilhosa todos os dias como os coaches vendem por aí -- ninguém se sente assim todos os dias. Autoestima é amar a nós mesmas com os nossos defeitos. A autoestima é achar charmosa uma cicatriz. A autoestima é consolar a si mesma quando tudo der errado. A autoestima é pensar positivo de si mesma e estar do próprio lado em seus piores dias. A autoestima está presente quando rimos das nossas falhas.
Em especial, ter autoestima significa abraçar a si mesma e estar do próprio lado em todas as situações. É saber dar valor para a própria visão de mundo ainda que tenhamos respeito e empatia pelas visões e modos de viver dos outros. É saber construir as próprias convicções e falar a partir do que a própria alma sente. Autoestima é abraçar a si mesma após uma falha ao invés de se recriminar. E é provável que falharemos mais na TPM. A autoestima vem para transformar culpa em responsabilidade, corrigindo as nossas falhas com boas obras.
Salienta-se que a culpa teria a função nobre de corrigir falhas, porém não é isso que ela faz. A culpa acabou virando um sentimento masoquista e sufocante que detona a nossa autoestima, deprecia a nós mesmos e causa desespero na alma -- e esse desespero levará a novas falhas e novas culpas (culpa e desespero não levam a lugar algum). Para corrigir as nossas falhas, precisamos de consciência e serenidade e não de desespero. A culpa e o desespero não corrigem as falhas e acabam sendo sugadores das energias da alma. Fique com a nobre missão de corrigir as suas falhas, mas expulse a culpa de seu coração.
É fácil amar as nossas virtudes. É fácil sentir-se orgulhosa após uma vitória. É fácil amar o espelho quando estamos estilosas, maquiadas e produtivas. O difícil é amar os nossos defeitos. O difícil é ter autocompaixão diante dos vícios da alma. O difícil é apoiar a si mesma após uma derrota. O difícil é amar o espelho quando estamos pálidas, com olheiras, com dores mamárias, cara lavada, cólicas, melancolia e irritação. Contudo, a maior nobreza da autoestima surge quando conseguimos estar ao nosso lado diante das nossas nossas imperfeições que gritam dentro de nós.
Esteja ao seu lado. Faça um pacto consigo mesma. A autoestima é a reconciliação com a nossa própria alma, ou seja, ela é como se fosse um casamento com a nossa própria essência. No casamento, juramos amar o outro na alegria, na tristeza, na saúde e na doença. Na vida, para termos saúde emocional e maturidade espiritual, também precisamos jurar a nós mesmas que amaremos a nós mesmas na alegria, na tristeza, na saúde e na doença.
Não se recrimine na tristeza, não queira se castigar após uma falha e não se desespere se você sofreu uma explosão emocional na TPM. O seu pior castigo já foi a própria falha. Fique do seu lado, pois você sabe que não agiu por mal. Mas isso não significar que você "lavará as mãos" diante das falhas e colocará toda a culpa na TPM. Estar do seu próprio lado significa que você não vai desistir da vida nem desistir de si mesma por causa dos maus sentimentos que a TPM provoca em você. Estar ao próprio lado significa encarar humildemente que você é uma eterna aprendiz e que é possível corrigir as suas falhas com boas obras futuras e mais sabedoria e vigilância da próxima vez. Estar ao próprio lado significa perdoar a si mesma por suas imperfeições e continuar sentindo que merece a felicidade e a evolução espiritual.
O maior conselho que eu poderia dar para você, cara leitora, seria o seguinte: ame os seus defeitos. Sei que parece um conselho louco e impossível, mas ele pode ser vivido e tem poder transformador. É difícil amar os nossos defeitos, mas eles somente serão transformados de verdade a partir do amor e não da culpa. O amor tem um poder transformador extremamente produtivo na alma enquanto a culpa é puro masoquismo improdutivo.
É o amor-próprio que transforma a nós mesmos e não a culpa nem a cobrança. A autoestima verdadeira é sobre estar ao nosso lado independentemente do que tenhamos feito na TPM e de quantas rasteiras tenhamos recebido das falhas do nosso temperamento aflorado nesse período. Devemos estar ao nosso lado até quando erramos e devemos aprender a defender a nós mesmas diante dos tropeços.
Precisamos ser mais "advogadas" de nós mesmas (não no sentido jurídico, mas no sentido emocional) e não acusadoras. Devemos ser mais consoladoras de nós mesmas e menos críticas de nós mesmas. Costumamos esperar amor e consolação dos outros quando erramos, mas será que damos amor e consolação para nós mesmas? Costumamos ter medo de críticas e sentir raiva quando os outros criticam a nossa vida e o nosso trabalho, mas será que percebemos que a nossa própria cabeça tende a criticar a nós mesmas? As piores críticas são aquelas que a nossa própria cabeça cria contra nós. Portanto, precisamos aprender a amar a nós mesmas e consolar a nós mesmas após as nossas falhas. Precisamos ser nossos próprios advogados emocionais e não acusadores masoquistas de nós mesmos.
Afirmo que precisamos ser nossos "advogados emocionais", porque sou advogada e gosto do termo (risos). No curso de Direito, aprendemos que todo cidadão tem direito à defesa -- mesmo o pior criminoso. Por que você não teria o direito à defesa diante das suas falhas, cara leitora? Saiba defender a si mesma! Certamente, as suas falhas na TPM são menores do que você pensa e não são nenhum crime. É verdade que cometemos mais erros na TPM e sentimos culpa por causa disso, mas devemos ser mais leves com a nossa alma. Devemos ser compassivas com as nossas falhas, porque somente o relaxamento emocional da autocompaixão trará a paz de espírito para mudar a nossa conduta na TPM, tirando a nossa alma do estresse e levando o nosso espírito para a luz da consciência.
Precisamos aprender a conviver com os nossos defeitos e não abalar a nossa autoestima por causa deles, porque nunca seremos perfeitos. Não somos ilimitados, porque sempre teremos as nossas "deficiências" emocionais e feridas emocionais. Uma querida amiga com deficiência visual costuma dizer que a palavra "deficiência" é relativa e que todos nós temos as nossas limitações independentemente de sermos fisicamente "perfeitos" ou não. Em verdade, costumamos sentir amor e compaixão diante das pessoas com deficiência e somos mais compassivos com os defeitos dos outros enquanto esquecemos de sentir compaixão e amor pelas nossas próprias limitações, "deficiências" e imperfeições.
Devemos ressaltar que existem questões onde seremos mais virtuosos e eficientes e outras questões que teremos dificuldades e "deficiências", mas não podemos sentir desespero por causa disso. Não seremos virtuosos em tudo. Sendo assim, aceite com amor as suas imperfeições e tenha compaixão por suas limitações. Ter compaixão não é ter pena, assim como ter autocompaixão não é ter pena de si mesmo. Ter compaixão é irradiar ternura e compreensão diante das limitações humanas.
Vejo que está faltando mais compaixão pela natureza imperfeita do ser humano inclusive dentro dos círculos religiosos. A religião deveria ter ensinado sobre compaixão diante da limitação, mas, diversas vezes, falha com o seu dever em relação à compaixão. Grandes mestres religiosos vierem ao mundo ensinar sobre a compaixão, mas os religiosos continuam focando mais na "iluminação" do que na sabedoria dos erros. A religião virou um instrumento de evolução, santificação e perfeição que foge cada vez mais do erro e da limitação humana. Logo, a religião criou ainda mais culpa e tabus diante dos nossos erros.
Os espíritas pregam a compaixão e caridade, mas pregam mais ainda a evolução espiritual. Quando os espíritas erram, eles se sentem culpados como se estivessem falhando na sua própria "evolução". Eles não sabem que os erros são os verdadeiros professores da nossa evolução espiritual. Vejo cristãos com pavor do erro, da falha e do pecado. Vejo cristãos soberbos que se consideram "santos" e "iluminados", mas eles não se lembram que Jesus veio buscar os oprimidos e veio ensinar os pecadores e não os justos.
Vejo que muitos cristãos refletem mais os fariseus do que os próprios ensinamentos de Cristo, especialmente na hipocrisia soberba de seguir mais a forma do dogma do que a substância amorosa de Cristo no coração. Talvez a nossa culpa diante do erro seja fruto do orgulho, porque o erro mostra que somos humanos imperfeitos. Talvez deveríamos aprender mais com Santa Teresinha do Menino Jesus que defendia a humildade como a verdadeira chave da santidade.
Através dos ensinamentos dessa santa, percebemos que a santidade não está em querer ser uma grande alma repleta de virtudes e realizações, mas na entrega absoluta da nossa vida à misericórdia de Deus. Somos, em verdade, pequenas almas imperfeitas que precisam dos cuidados de Deus para caminhar na vida. Não conseguiremos caminhar sozinhos devido às imperfeições da alma. É a consciência da nossa imperfeição e da nossa necessidade de Deus a parte mais nobre da espiritualidade e não a virtude nem o anseio de perfeição, santidade ou "evolução espiritual".
Não afirmo que é errado desejar evoluir ou desejar a santidade. Apenas afirmo que a evolução não é a parte mais nobre da nossa religiosidade. A parte mais nobre da nossa religiosidade é a resignação diante de algumas imperfeições humanas, visto que a resignação gera a confiança absoluta Naquele que é o único detentor da perfeição -- Deus (essa é a nobreza da fé que precisa da nossa humildade).
Algumas pessoas até se decepcionam com a religião quando percebem que os seus erros perturbam a sua vida de vez em quando e que não existe vida perfeita. Algumas pessoas se desiludem quando pensam em grandes transformações espirituais e grandes curas espirituais dentro das religiões. Mas é justamente na resistência e na perseverança diante dos maus momentos que a fé deveria crescer dentro de nós. Talvez a verdadeira cura não está na ausência da imperfeição, mas no encontro da forma correta de lidar com as nossas imperfeições.
Santa Teresinha estava certa quando afirmava que não passamos de eternas crianças (e toda criança chora, erra e faz bagunça de vez em quando) necessitadas do cuidado de Deus. Deus, como um bom Pai, não deixaria de amar o seu filho quando vê seu filho errando, mas ofereceria seu cuidado, ensinamento e misericórdia. Um bom Pai até oferece uma reprimenda, mas é sempre pelo bem do filho. E o desejo de ver o filho bem provém da misericórdia.
Quando sentimos as nossas limitações de forma mais intensa, esse é um verdadeiro momento de esperar por Deus. Santa Teresinha afirmava uma frase poética: "Meu pé vacila, Senhor, mas tua misericórdia é minha força". A santidade não está na perfeição, mas está em suportar com brandura nossas imperfeições como dizia Santa Teresinha. O verdadeiro segredo da santidade é a humildade diante das nossas imperfeições, pois somos almas pequeninas que necessitam da bondade de Deus.
Na TPM, a mulher tende a falhar mais, a sentir com mais intensidade as próprias limitações e a ter um encontro desagradável com os seus próprios defeitos. Quando tudo isso acontecer, mulher, não se desespere. Abrace a si mesma com autocompaixão e admita com brandura as suas imperfeições. Esse é realmente um momento sagrado onde você deve se conectar com Deus. Permita que a TPM seja a sua professora para ensinar a você novos significados de autoestima. Autoestima não é sentir-se linda e maravilhosa o tempo todo, mas abraçar a si mesma com toda as suas imperfeições. Seus defeitos não tiram o brilho das suas qualidades, mas mostram que você é humana, precisa cuidar de si mesma e necessita também do cuidado de Deus.
A menstruação pode ser um período místico e romântico. Não estou romantizando a cólica nem a dor, mas dizendo que o período menstrual, em geral, ostenta certo charme e mistério. Um ser humano que sangra todo mês em determinada lua ostenta algum mistério -- e esse mistério é só seu, mulher. A sociedade moderna é cética, afasta o místico da existência e faz propaganda de pílulas para você. Entretanto, o caminho da sua alma está em sua intuição e não no que a sociedade moderna prega. Permita sentir o poder da alma feminina nesse período.
Permita que a TPM resgate o seu poder pessoal. Transforme a sua irritação em autoafirmação e defenda os seus desejos. Você também merece cuidados. Dedique um tempo só para você. Transforme a sua melancolia em sabedoria. Sinta o poder criativo que a melancolia traz à alma e canalize esse estado em arte, escrita e representações de sua intuição. Quando estamos leves e felizes, deixamos passar despercebida a sabedoria da profundidade emocional.
A melancolia não é totalmente má, porque ela traz mais profundidade emocional para você se você observar bem o seu ritmo. A irritação também não é totalmente má, porque ela acentua em você o desejo de defender a si mesma. Você não precisa passar por esse período chorando e brigando com os outros. Se você já passou por esse período com essas falhas, perdoe-se por isso. Contudo, seja mais responsável para saber extrair pérolas da melancolia sem cair em lágrimas desnecessárias. Além do mais, saiba defender as próprias vontades de forma educada sem brigar com os outros.
É importante que você defenda as próprias vontades sempre para que a irritação não seja obrigada a lembrar você disso na TPM. Não seja submissa aos outros, mulher! Valorize sempre a si mesma! Saiba ser generosa com equilíbrio, ou seja, saiba exercer seu lindo lado solidário e maternal com os outros sem esquecer de agradar a si mesma também e reservar momentos para reabastecer as energias da própria alma. Se você viver de forma mais equilibrada, sua TPM também será mais amena e harmoniosa.
Muitas pessoas falam que a autoestima tem a ver com beleza, especialmente para a mulher. Concordo que cuidar da aparência é ótimo e ajuda a elevar a autoestima da mulher, mas o mais importante é cuidar da nossa alma por dentro. É preciso sentir-se bela por dentro e saber ver a beleza das nossas características essenciais e da nossa sensibilidade. É preciso até mesmo abraçar o lado "feio" da nossa alma e entender que não existem flores sem espinhos. Se a alma de toda mulher é uma flor, certamente encontraremos muitos espinhos dentro de nós também. O novo significado de autoestima ensinado pela TPM tem a ver com a aceitação dos nossos espinhos. Ao aceitar os espinhos, a mulher suportará com brandura as próprias imperfeições ao invés de sentir desespero e culpa diante das sombras do período menstrual.
Diante do nosso temperamento inevitavelmente aflorado durante a TPM, devemos aprender a aceitar os nossos defeitos para seguirmos a vida com autoestima. Permita que as sombras da TPM sejam transformadas em luzes de entendimento e criatividade. Canalize a sensibilidade aflorada em reflexões e eleve as suas reflexões ao invés de cair em autocobrança.
Se você gostou desse texto, saiba que ele foi escrito por uma mulher durante a sua TPM. E, se não fosse a minha TPM, eu não teria descoberto tantas pérolas de sabedoria para transmitir para vocês. Rubem Alves dizia que ostra feliz não faz pérola, porque é preciso ter dentro de si um grão de areia que a faça sofrer. Se a TPM parece uma pedra no seu sapato ou uma areia na sua concha, transforme esse sofrimento em pérola. É possível transformar qualquer dor em pérola e ver a beleza da flor em cada um de seus espinhos também -- basta você querer expandir a sua consciência. Expanda a sua consciência ao invés de reclamar da TPM. A reclamação estreita a sabedoria enquanto a aceitação da TPM e das nossas imperfeições expande a nossa consciência.
Texto escrito por Tatyana Casarino.
Tatyana Casarino é Especialista em Direito Constitucional, Advogada, escritora e poetisa.
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