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quinta-feira, 6 de agosto de 2020

A vocação do escritor e o início da escrita. Como começar a escrever?

A vocação do escritor e o início da escrita. Como começar a escrever?

           
                                 

   Olá, pessoal! Hoje eu vou inaugurar a coluna "Literatura em Ação" aqui no blogue. Trata-se de uma coluna com uma série de textos com dicas e conselhos para jovens escritores. Vale salientar que esses textos também serão comentados no Podcast "Literatura em Ação" disponível no YouTube e no Spotify. Nesse Podcast, eu e o colunista Mateus Bülow vamos abordar assuntos sobre o universo da escrita com o intuito de incentivar o jovem escritor a lapidar os seus talentos e a perseverar no caminho da literatura. O primeiro texto da minha nova coluna literária aqui no blogue abordará o início da escrita e os primeiros sinais mais inspiradores da vocação de escritor. Boa leitura!


A vocação do escritor e o início da escrita. Como começar a escrever?

                        

        Existe uma pergunta que ronda a cabeça de muitos jovens escritores: Qual é a diferença entre profissão e vocação? A profissão é a carreira que escolhemos livremente para desenvolver uma atividade e receber uma remuneração através dela. Podemos mudar de profissão segundo as nossas necessidades pessoais, o mercado de trabalho e a nossa vontade. A vocação é mais do que a simples profissão do indivíduo, pois a vocação é um chamado que engloba toda a sua vida, a sua missão na sociedade, os seus cinco sentidos, as suas aptidões psíquicas e o sentido mais profundo da sua existência. 
       A vocação é o encontro perfeito entre o que você ama fazer e o que as pessoas amam receber de você. A vocação é um encontro entre o que você tem prazer de fazer por causa de suas habilidades naturais e o que a sociedade mais precisa ganhar de você. A vocação é o encontro entre o que você tem de mais precioso para oferecer à sociedade e o que a sociedade mais precisa de você.
        Na vocação, você ganha não somente remuneração, mas satisfação pessoal. Ressalta-se que, na vocação, a sociedade também ganha valiosos efeitos, porque as suas habilidades também são luzes nos caminhos de outros indivíduos. Por exemplo, um professor competente e bem vocacionado é uma luz na vida dos seus alunos, porque está contribuindo com a formação intelectual deles através dos seus dons didáticos e educacionais. Um padre bem vocacionado é uma luz na vida da igreja e dos fiéis, porque realmente está cumprindo a sua missão ao orientar bem o povo da igreja. Um médico bem vocacionado leva mais cura, saúde e bem-estar para os seus pacientes. Um advogado bem vocacionado ajuda a construir uma sociedade mais justa. Um cozinheiro bem vocacionado proporciona ótimas experiências para o nosso paladar e assim por diante. 
              Muitas pessoas ficam confusas na hora de decidir por uma atividade, porque têm baixa autoestima e não confiam em si mesmas nem nas próprias habilidades. Outras pessoas ainda se sentem perdidas, pois não conseguem encontrar a sua missão no mundo e acham que não servem para nenhuma atividade. Existem ainda aquelas pessoas que se sentem ansiosas, porque gostam de várias atividades diferentes e não conseguem focar e perseverar em uma única atividade. Se você se sente confuso quanto à vocação, aconselho você a procurar um psicólogo para fazer testes vocacionais e trabalhar o seu autoconhecimento e a sua autoestima. Para descobrir a sua vocação, você precisa estar em contato com a própria alma e ter consciência da sua própria essência interior. 
                 O problema da maioria das pessoa é falta de autoconhecimento, pois muitas pessoas ficam no "piloto automático" do cotidiano e esquecem de observar com mais calma e espírito crítico a sua vida e o que se passa em seu interior. A primeira dica valiosa na descoberta da vocação é prestar atenção em si mesmo e nos seus cinco sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar. Os nossos cinco sentidos são dádivas da natureza que, infelizmente, ficam esquecidos na correria superficial e ansiosa do cotidiano. 

                          
            Você só será capaz de descobrir a sua vocação quando passar a desacelerar e a aproveitar as sensações e as reflexões inspiradas pelos seus cinco sentidos. Quantas pessoas se esquecem de saborear os alimentos, visto que comem rápido e mexendo no celular? O celular atrapalha o aproveitamento pleno da vida e prejudica as nossas descobertas de autoconhecimento. Afaste-se das distrações e da correria da vida e simplesmente preste atenção em si mesmo com honestidade e profundidade. Seja honesto consigo mesmo e pergunte a si mesmo sobre o que você gosta. Pergunte a si mesmo também sobre quais são as suas habilidades. 

                Nesse processo de autoconhecimento, esqueça a insegurança. Todo mundo tem uma estrela dentro de si, uma habilidade oculta, um talento nato e uma paixão adormecida. Ninguém é inútil na natureza. Tudo na natureza possui uma função e dá uma contribuição para o sistema do ciclo da vida. Preste mais atenção em si mesmo e no seu temperamento. De que forma você pode lapidar o seu temperamento e as suas habilidades para que eles tenham utilidade e brilho dentro de uma vocação? Faça essa pergunta a si mesmo e anote as boas sugestões despertadas sutilmente pela sua intuição mais profunda. 
                    Você já ouviu falar da teoria dos quatro temperamentos? Talvez a descoberta do seu temperamento predominante possa ajudá-lo a descobrir a sua vocação. Sempre existe aquela atividade certa para você que combina com o seu temperamento e com as suas características psicológicas. Existem quatro temperamentos: o melancólico, o fleumático, o colérico e o sanguíneo. Dependendo do seu temperamento predominante, existem algumas vocações que são mais prováveis para você. Por exemplo, a personalidade forte do colérico combina com posições de liderança na vida empresarial ou militar. A sensibilidade do melancólico, por sua vez, inspira habilidades para as artes e também para a filosofia. 
                   Quanto à relação entre a vocação e os cinco sentidos, eu diria que tudo começa pelo olhar. Uma pessoa com vocação para dentista vai reparar nos dentes e no sorriso de todos antes de qualquer outra coisa. Uma pessoa com vocação para psicologia, por sua vez, vai observar mais atentamente os comportamentos emocionais de cada indivíduo, analisando psicologicamente os gestos, as expressões e a linguagem de cada pessoa. Assim também ocorre com o escritor. Descobrimos a nossa vocação de escritor quando os nossos olhos veem a oportunidade de contar uma boa história em cada situação da vida. 
                      O primeiro sentido inspirado no escritor é a visão. Um escritor tem a visão diferente das outras pessoas. O escritor tem um olhar mais sensível para captar a "alma" de cada situação e perceber que cada pessoa pode ser um "personagem" fascinante na teia dos acontecimentos da vida. Um escritor costuma ter um olhar cheio de empatia que consegue se colocar no lugar de cada pessoa em cada situação. O olhar do escritor abrange diversas perspectivas, e tudo o que ocorre ao seu redor é transformado em "gatilhos" criativos dentro de sua mente. 
                  Para o escritor, a vida é uma grande história sendo escrita pelo destino e pelo nosso livre-arbítrio e todos nós somos personagens nas mãos de Deus ou do acaso em um grande e misterioso "palco". Para o escritor, cada história de vida seria digna para virar um livro. Afinal, se podemos registrar por escrito e tornar as histórias eternas, por que não fazer isso? A vontade de registrar a vida e os seus aprendizados é inata na alma de um escritor vocacionado. 
                 Quando você tem a vocação para ser escritor, o seu olhar é diferente. Você passa a ler os livros com olhos diferentes. Eles deixam de ser apenas fonte de cultura e entretenimento e passam a ser os seus mestres. Você lê uma história já pensando em como seria bom se você criasse uma história parecida. Você passa a ter olhos mais profundos para captar a inspiração do escritor por trás daquela história. Você deixa de ser um mero leitor e passa a ter um olhar mais "técnico", reparando na construção do enredo e na configuração da linguagem. Você passa a analisar o que tem por trás da construção de uma história, almejando aprender a construir uma história também. 
                   Quando uma pessoa com vocação para a escrita assiste a um filme, ela analisa o rumo dos acontecimento e passa a ter uma visão mais crítica e reflexiva sobre o roteiro e a atuação dos personagens. Seu olhar tem inspirações artísticas e técnicas naturalmente mesmo que ela não tenha conhecimentos técnicos de cinema. Uma peça de teatro inspira quem tem vocação para escritor a pensar sobre a criação de novas histórias. 
               Até mesmo uma telenovela desperta o olhar de uma pessoa com vocação para a escrita sobre a qualidade de um roteiro. Tudo vira fonte de inspiração para o olhar de um escritor vocacionado. Algo curioso no olhar de um escritor é a habilidade de formar metáforas em sua mente. Por exemplo, o escritor (principalmente o mais poético) vê uma mulher bonita com cabelos pretos e vestido branco e imediatamente fantasia uma metáfora da beleza da lua cheia vestida de branco e iluminando o céu noturno. O raciocínio do escritor tem o costume de misturar vida real com fantasia, pois metáforas, imaginações e analogias surgem mais facilmente em uma mente com vocação para a escrita. Ele vê uma pessoa na rua e fica imaginando como é a sua vida, quais são os seus sentimentos e como aquela pessoa poderia ser uma personagem de uma história interessante dentro da sua cabeça. 

                      
                  O segundo sentido inspirado no escritor é a audição. Quem tem vocação para escritor percebe a audição de maneira diferente. Quem tem alma de escritor revela prazer em ouvir histórias desde pequeno. É aquele neto que não se cansa das histórias do passado da sua avó e sente até mesmo satisfação em ouvir várias vezes a mesma história para perceber novos detalhes. O escritor vocacionado é aquele que ouve uma música prestando atenção na poesia da letra. Salienta-se que é um hábito muito comum, na vida de escritores vocacionados, sonhar acordado enquanto ouve uma música. Sonhar acordado com histórias fictícias na cabeça talvez seja um dos primeiros "sintomas" mais fortes dentro da vocação de um escritor. O escritor tem a audição aguçada. É aquele que ouve os diálogos das pessoas na rua e, mesmo sem conhecer ninguém e não entender sobre os assuntos, ele imagina como aqueles diálogos seriam interessantes dentro de uma história. Nem o mais leve cochicho passa despercebido para o ouvido atento de um escritor. 
                        O terceiro sentido inspirado no escritor é o olfato. O escritor vocacionado sente o cheiro de um bolo e já associa o cheiro com sentimentos e memórias da sua infância. Depois, vem a súbita vontade de escrever um texto sobre a sua infância ou até mesmo uma poesia no estilo da poesia "Meus oito anos" de Casimiro de Abreu (Oh! Que saudades que tenho. Da aurora da minha vida. Da minha infância querida...). O escritor vocacionado sente o perfume de uma flor e já fica com a vontade de criar versos, especialmente se ele também sente vocação para a poesia. O escritor vocacionado sente o perfume da mulher amada e fica inspirado para escrever uma poesia romântica. Até mesmo os cheiros e os perfumes trazem sensações poéticas que inspiram o escritor a criar novas metáforas. 
                           O quarto sentido inspirado no escritor é o paladar. O escritor vocacionado percebe o sabor de um alimento e já sente uma inspiração diferente. Ele bebe um vinho pensando em poesia. Ele não quer o vinho para ficar embriagado, mas sim para ficar poético e inspirado. Logo, o vinho aguça memórias românticas e sentimentos poéticos. É aquele que coloca um papel e uma caneta do lado da taça de vinho para escrever algo caso fique inspirado. A doçura do mel é sentida com  a reflexão sobre as doçuras da vida enquanto o alimento amargo é comparado com os desafios duros do cotidiano. O escritor vocacionado também tem uma mente filosófica que naturalmente gosta de pensar na vida com profundidade não somente através do raciocínio lógico, mas também a partir de metáforas poéticas. 
                              O quinto sentido inspirado no escritor é o tato. Por ser uma pessoa mais "mental" e por passar mais tempo com as ideias dentro da sua cabeça do que nas sensações do tato na vida real, o escritor demora a perceber o tato como um sentido que auxilia na sua inspiração e vocação. Mas, quando esse sentido desperta, ele desperta com muito poder no escritor. O escritor sente a água do banho na pele e já pensa em escrever uma cena com chuva e cachoeira. Ele sente um tecido macio em suas mãos e fica inspirado a criar metáforas sobre essa sensação. Todos os sentidos do escritor chamam a sua mente para criar e as suas mãos para escrever. 
                             A vocação é um chamado e, nesse chamado, todos os nossos cinco sentidos ficam em alerta. A palavra vocação vem do latim vocare que significa chamado. Mas, não basta sentir o chamado para escrever, é preciso arregaçar as mangas e escrever tudo aquilo que a cabeça imaginativa está pensando. Muitos não têm iniciativa para escrever por falta de autoconfiança, o que faz com que sociedade tenha a perda de vários escritores talentosos e vocacionados. Muitos não acreditam no próprio chamado e não se sentem dignos para a carreira de escritor, mas todo aquele que sente o chamado é digno da sua vocação. 

                   
                    Todo início vocacional requer um delicado equilíbrio entre humildade e autoconfiança. Devemos ser humildes para saber que precisamos de tempo para crescer dentro da nossa vocação e que é preciso muito trabalho e prática para alcançar uma boa qualidade na nossa atividade por mais que sejamos vocacionados e talentosos. Mas também devemos ser autoconfiantes para responder ao chamado vocacional e para saber que somos dignos do nosso chamado e que temos o nosso valor e a nossa importância dentro da nossa atividade. Se somos chamados para a escrita, isso naturalmente simboliza que somos capazes de escrever e que temos sim "alma" de escritor. 
                   Todo início vocacional também requer a nossa entrega absoluta ao chamado. Não pense em como será a opinião das pessoas sobre a sua escrita, não fique refletindo se você será um escritor de sucesso ou não nem especule o que virá depois que você aceitar o seu chamado. Entregue-se "cegamente" ao seu chamado e deixe a própria vocação ser a "professora" do seu destino. Simplesmente escreva e confie no desenvolvimento da sua escrita através da prática.
                 Quando falo sobre "vocação", "chamado" e "entrega absoluta", parece que estou fazendo referência à vocação religiosa (risos). Mas não estou fazendo referência à vocação religiosa e sim às vocações em geral, especialmente à vocação literária. Alguns poderão "torcer o nariz" quando ouvirem sobre a "entrega cega" ao chamado, porque vivemos em uma sociedade que gosta de pesar tudo com especulações e ter controle sobre tudo. É por isso que vivemos em uma sociedade ansiosa. Uma das maneiras de combater a ansiedade, no início da vocação, é entregar-se ao fluxo natural do seu chamado sem especulações. Faça a sua parte para ser um bom escritor: leia bons livros (um bom escritor deve ser um bom leitor necessariamente), estude a gramática, tenha respeito pela língua portuguesa e seja atencioso com a sua escrita. Entretanto, é interessante que você deixe o destino fazer a parte dele e que a sua própria vocação desabroche naturalmente e faça a parte dela. 
                  Muitas vezes, na nossa existência, precisamos colocar a razão acima da emoção para proteger a nossa vida, ter controle sobre os nossos atos, maturidade e responsabilidade. Contudo, existem situações peculiares onde as especulações da razão só atrapalham o nosso rumo e que sentimos a necessidade de colocar a intuição acima da razão para deixar que a intuição revele um caminho novo em nossa vida. 
             A vocação é uma dessas situações que requer a intuição como a nossa principal estrela-guia. Todos os inícios vocacionais exigem a nossa entrega absoluta, o nosso voto de confiança e até mesmo um impulso "cego" para que as nossas primeiras "sementes" vocacionais germinem em um território novo e desconhecido. Sem esse "impulso cego" e um ímpeto de coragem e autoconfiança, não conseguiremos iniciar nada diferente e especial. O início da escrita precisa de um "impulso cego", uma obediência "cega" ao seu chamado que leva você a transformar os seus pensamentos em palavras. 
            Não fique especulando se você é capaz de transformar pensamentos em palavras. Apenas siga o impulso de escrever, escreva e confie no seu chamado. As palavras sairão naturalmente de você e seguirão o seu próprio fluxo. Até mesmo a história de um livro segue misteriosamente o seu próprio fluxo, e muitos escritores relatam que apenas registraram o que a história "pedia" e que se sentiam viajando no desconhecido ao escrever. Não se preocupe com perfeição no início. 
              O perfeccionismo e a insegurança só atrapalham o impulso inicial da vocação. É nobre a preocupação com a sua evolução e qualidade da escrita, mas saiba que a sua evolução e a sua qualidade literária apenas virão com a prática e o tempo. Quanto mais você escrever, mais a sua escrita será aperfeiçoada. O aperfeiçoamento é natural e surge ao longo do caminho. Esqueça a ansiedade e entregue-se ao fluxo natural da sua própria vocação. Não seja inseguro nem deprecie a si mesmo. Se você foi chamado a escrever, você tem o seu valor. Portanto, esqueça a insegurança e seja ousado e criativo. Na vida, precisamos de boas doses de ousadia, criatividade e entusiasmo para iniciarmos o caminho de uma vocação. Todo início requer aquela energia da autoconfiança da juventude, não importando qual idade você tenha no momento.  

  
                      Como começar a escrever? A resposta é óbvia: escrevendo. Anote suas ideias, pensamentos e sentimentos em blocos de notas, agendas e cadernos. Sinta prazer no ato de escrever, deixe que o ato de escrever seja um momento só seu e entregue-se à escrita. Perceba a magia da escrita e siga a sua intuição naturalmente. Eu comecei a escrever textos e poesias em cadernos. Comecei a escrever à mão e depois passei a escrever no computador, utilizando o teclado para digitar os meus textos. Sugiro que você experimente as duas formas de escrever: escrever à mão pode instigar o fluxo entre pensamentos e palavras escritas no papel e escrever no computador ajuda o escritor a estruturar melhor o seu texto. Você vai sentir naturalmente o impulso de escrever se tiver vocação, razão pela qual eu sugiro que você sempre tenha caderninhos, blocos de notas e canetas à disposição.
                      Anote tudo o que surgir em sua mente sem especulações, pudores e dúvidas. Não bloqueie o seu fluxo criativo, porque é importante você deixar passar tudo o que estiver em sua mente para concretizar em palavras escritas os seus pensamentos. Depois, você filtra o que escreveu e estrutura melhor as suas ideias. Contudo, é interessante que, no início da sua vocação, você apenas deixe "fluir" com curiosidade e entusiasmo a sua escrita. Escreva poesias (a inspiração da poesia é inexplicável e só o poeta sabe identificar), escreva histórias e tenha o costume de ter um diários com os seus pensamentos e sentimentos do dia. 

                          
                    Não se preocupe inicialmente em revelar a sua escrita e em revelar os seus textos para as pessoas. Comece a escrever em segredo e deixe o seu talento crescer na discrição. Sobre a revelação dos seus textos para o mundo, eu comentarei na próxima oportunidade. Nem sempre os seus primeiros rascunhos de histórias serão os seus primeiros livros publicados. Você precisa ter paciência para desenvolver a sua escrita e aperfeiçoar a sua vocação com o tempo. No início, tudo o que você precisa fazer é desenvolver o hábito de transformar pensamentos e sentimentos em palavras escritas. Tire as ideias da cabeça e estruture os seus pensamentos no papel através da escrita. Um bom escritor é um alquimista, um mago que transforma invisíveis pensamentos e sentimentos em palavras visíveis e compreensíveis. No início, entregue-se à escrita e deixe o processo criativo fluir. As inspirações vão naturalmente trazer palavras para você. Deixe a sua caneta ser a "espada" desbravadora que abre novos caminhos de inspiração para você naturalmente.  
                        Início não combina com perfeição. Muitas vezes, ideias boas virão mescladas com ideias ruins e isso faz parte do fluxo dos pensamentos criativos. Você precisa aprender a garimpar as suas ideias, sendo esperto para encontrar o "ouro" das ideias boas nas águas turvas e desconhecidas da sua mente. Ainda comentarei sobre outras fases do processo criativo, mas hoje eu resolvi  focar na fase inicial da vocação. 
                     Já que escritores e poetas amam metáforas, usarei metáforas poéticas para explicar o início de uma trajetória vocacional. Todo início é como uma mata densa, desconhecida e escura que você enfrenta com um lampião e uma espada. O lampião é a sua vocação, que guia você no escuro de uma nova atividade, e a espada é a sua determinação em obedecer ao chamado da sua vocação e desbravar o caminho apontado pela luz do seu chamado. Não basta sentir o chamado da vocação, é preciso que você aceite o chamado e tenha um espírito corajoso, guerreiro, autoconfiante e determinado. 
                    Você precisa se entregar à vocação e lutar para desbravar o caminho que ela aponta. No início, a sua espada vai rasgar trechos da mata para desbravar o caminho. É natural que esses primeiros "rasgos" não sejam perfeitos, mas é importante que você saiba desbravar com coragem e continue desbravando o seu caminho. Somente a prática e o tempo vão dar experiência para você aperfeiçoar os seus passos nesse novo caminho. No início, é natural que você tropece, erre e cometa imperfeições. Afinal, você está andando no escuro de uma mata densa e desconhecida. Somente o tempo pode trazer luz e entendimento no seu caminho. Contudo, a energia guerreira e o ímpeto de desbravar são essenciais em todo e qualquer início. 
                            Comecei a escrever poesias com 16 anos. Hoje eu tenho 28 anos e as minhas poesias são bem melhores. Se você comparar as primeiras poesias que eu escrevi com as últimas, você verá o quanto eu estou escrevendo melhor e o quanto a minha escrita evoluiu com o tempo. Se você comparar qualquer texto antigo de um escritor com o seu texto mais recente, você verá o quanto ele evoluiu com o tempo. Somente o tempo e a prática podem lapidar o seu talento e aperfeiçoar a sua escrita. Isso vale para qualquer obra de arte também. Se você olhar para a primeira pintura de um artista, você verá que ela ainda não tinha a mesma qualidade das suas pinturas atuais apesar de já carregar talento e os traços do seu estilo. O início serve para despertar o seu talento e desenvolver o seu estilo. 
                          Não se preocupe com o português perfeito no início. Apenas seja prudente e evite cometer erros muito grotescos de português. É normal cometer um pequeno erro ou outro de português no início. É essencial que você tenha atenção para desenvolver uma linguagem charmosa, agradável, autêntica e estruturada que respeite o bom português. Para evitar erros grandes de português, estude gramática em livros de Português ou até mesmo no Google. Quando estiver em dúvida sobre a forma correta de escrever uma palavra, procure essa palavra no dicionário ou no Google. 
                         Nunca acrescente uma palavra em seu texto se você tem dúvida sobre a grafia e o significado dela. Não tenha preguiça de pesquisar sobre a grafia e o significado das palavras. Hoje em dia, o Google tira as nossas dúvidas em segundos. Na minha época, eu tirava as dúvidas através do dicionário. 

                 
                       O dicionário é o seu melhor amigo no início e pode ser o seu melhor amigo para o resto da sua vida literária. Tenha também o hábito de folhear o dicionário e buscar palavras novas por curiosidade, pois isso vai desenvolver o vocabulário da sua escrita. É bom você ampliar o seu vocabulário e conhecer palavras mais sofisticadas para tornar a sua escrita mais elegante. Um caminho equilibrado entre a linguagem formal e a coloquial pode ser uma boa ideia para o início da sua escrita. É interessante que o seu texto seja elegante e, ao mesmo tempo, compreensível para o leitor. 
                       É recomendável que você procure um professor de Português para pedir conselhos a respeito de gramática e estilo de escrita. Se eu pudesse direcionar algum conselho para o jovem escritor, eu diria que o estudo do uso da vírgula e o estudo das conjunções são os mais importantes para um escritor iniciante. Saiba colocar a vírgula no lugar certo e saiba usar bons elementos de ligação entre as suas frases para investir no desenvolvimento da sua escrita. 
                       Por fim, eu diria que cada um deve descobrir o caminho da sua vocação por si só. Nesse caminho, não existe mapa, mas apenas a sua coragem (espada) e a luz da sua vocação (lampião). Enfrente a mata densa e desconhecida do terreno literário e seja feliz. A vida é muito curta para não abraçarmos com entusiasmo a nossa vocação. 
                       A vocação dos escritores pode ser muito nobre, pois, além de levar entretenimento e cultura, a escrita bem inspirada por uma vocação legítima também pode levar sábias reflexões morais através das histórias contidas nos livros para a sociedade (comentarei sobre a missão nobre da escrita em outra oportunidade). Um escritor bem vocacionado é um presente para a sociedade, visto que instiga o ciclo da cultura, forma novos leitores, consolida a inteligência de um povo e até inspira o surgimento de novos pensadores e escritores. Ouça o seu chamado e siga o fluxo da vida. Que tal tentar escrever o seu primeiro texto ou a sua primeira poesia hoje? Que tal seguir as inspirações dos seus cinco sentidos? Confie na sua vocação e tenha coragem para desbravar o que ela apontar pelo caminho. 


Texto escrito por Tatyana Casarino. Especialista em Direito Constitucional, advogada, escritora e poetisa. 


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