Olá, pessoal! Hoje eu venho trazer a análise crítica do filme "Malévola", pois só há crítica boa com análise sincera (além do mais, só criticamos aquilo que gostamos, assistimos e entendemos bem, não é?). Como fã do universo nerd, dos Contos de Fadas e dos filmes da Disney, destacarei os pontos positivos e negativos do filme "Malévola" (2014), um filme estadunidense de drama e fantasia que representa, em verdade, uma réplica do filme "A Bela Adormecida" (1959), grande Clássico de Walt Disney Pictures.
Geralmente, em minhas análises críticas, eu costumo ser generosa com o autor e com a obra, destacando mais elogios do que críticas (eu escrevo aproximadamente dez elogios para poder mostrar uma leve crítica no final). Entretanto, hoje eu pesei a mão na crítica e escrevi os pontos negativos com o mesmo número dos elogios. Será que fui "malévola" nas críticas, minha gente? Lembrando que essa é a opinião sincera de uma fã (e eu apenas critico o que eu gosto).
Gente, eu sou muito sincera e costumo gostar mais dos clássicos. Se você gosta mais da modernidade da versão Live-action, eu respeitarei a sua opinião. Confiram o texto com empatia por essa perspectiva descrita (eu costumo ter empatia por perspectivas diferentes da minha também). Boa leitura!
Geralmente, em minhas análises críticas, eu costumo ser generosa com o autor e com a obra, destacando mais elogios do que críticas (eu escrevo aproximadamente dez elogios para poder mostrar uma leve crítica no final). Entretanto, hoje eu pesei a mão na crítica e escrevi os pontos negativos com o mesmo número dos elogios. Será que fui "malévola" nas críticas, minha gente? Lembrando que essa é a opinião sincera de uma fã (e eu apenas critico o que eu gosto).
Gente, eu sou muito sincera e costumo gostar mais dos clássicos. Se você gosta mais da modernidade da versão Live-action, eu respeitarei a sua opinião. Confiram o texto com empatia por essa perspectiva descrita (eu costumo ter empatia por perspectivas diferentes da minha também). Boa leitura!
Sinopse de A Bela Adormecida (1959):
Aurora é uma princesa que recebeu dons especiais na sua cerimônia de batismo, tais como beleza e voz agradável. Tais dons foram concedidos pelas suas madrinhas boas, as boas fadas Flora e Fauna. Ocorre que uma fada má, chamada Malévola, lançou uma maldição na princesa: a de que a princesa morreria ao picar o dedo no fuso de uma roca de fiar aos 16 anos. Aparentemente, Malévola lança esse feitiço na princesa por vingança: ela era a única fada que não foi convidada para a cerimônia de batismo da garota além de ser a criatura mais rejeitada do reino.
Por sorte, a boa fada Primavera, que ainda não tinha concedido seu dom para a menina (Flora, Fauna e Primavera eras as três fadas madrinhas oficiais de Aurora), decidiu usar o seu poder para dar a benção de amenizar o feitiço de Malévola: ao invés da garota morrer ao picar o dedo no fuso de uma roca, Aurora apenas cairia em um sono profundo e poderia despertar desse sono se recebesse um beijo de amor verdadeiro.
O pai de Aurora, o rei Estevão, fica desesperado com a maldição lançada contra a sua filha e decide queimar todas as rocas de fiar do reino. Além do mais, ele decidi esconder a sua filha no chalé das boas fadas. Criada como uma simples camponesa no lar simples das fadas e não como uma princesa, Aurora cresce em um bosque longe de seu castelo, de seus pais e de seu título de princesa para não levantar suspeitas sobra a sua identidade.
Disfarçada de camponesa Rosa, a princesa fica aparentemente afastada e protegida da influência de Malévola em sua vida. Certo dia, Aurora estava colhendo flores no bosque das fadas e ficou encantada com Phillip, um galante rapaz que completava as suas canções de amor e que costumava visitar os seus sonhos. Ela não sabia que esse galante rapaz, por sorte, era o príncipe que estava prometido para ela desde o seu nascimento.
No dia do aniversário de 16 anos de Aurora, ela descobre a sua identidade de princesa e retorna ao seu castelo para participar da cerimônia de aniversário. Chegando no castelo, ela é hipnotizada pela maldição dos 16 anos e é conduzida misticamente para uma roca de fiar esquecida em um velho quarto do castelo. Ela pica o dedo no fuso da roca de fiar e cai em sono profundo segundo a maldição. O único que pode salvá-la do sono profundo é o seu amado Príncipe Phillip que, com a ajuda das três boas fadas e armado com a Espada da Verdade e com o Escudo da Virtude, consegue derrotar Malévola. Malévola coloca vários obstáculos no caminho do príncipe e assume a forma de um dragão para lutar contra ele, mas o valente Phillip vence todos os obstáculos, mata o dragão e desperta Aurora de seu sono com um beijo de amor verdadeiro.
*Mudanças no enredo feitas em Malévola (2014):
*Em Malévola, o foco da história é o motivo da vingança de Malévola. Malévola não é simplesmente uma fada má com um motivo fútil de vingança: ela era uma fada boa que sofreu uma tremenda decepção amorosa com o rei Estevão, o pai de Aurora.
*Em Malévola, a própria Malévola coloca a condição do beijo de amor verdadeiro como antídoto para o seu próprio feitiço. Ela faz isso de forma irônica, porque não acredita em amor verdadeiro.
*Em Malévola, a própria Malévola cuida do crescimento de Aurora, já que as três fadas boas são atrapalhadas. Ao observar o crescimento da menina, Malévola acaba sentindo amor pela criança. Sendo assim, Malévola não é uma vilã estereotipada e sim uma personagem complexa.
*Em Malévola, não é o beijo do príncipe nos lábios de Aurora que desperta a princesa, mas o próprio beijo de Malévola na testa da garota. Em Malévola, é o amor fraterno que desperta a princesa do sono profundo, amor que salva a vida de ambas (a vida de Aurora e também a vida de Malévola que passa a ganhar sentido).
*Em Malévola, o pai de Aurora é o grande vilão da história: ele é um rei frio, calculista e que não demonstra amor pela filha quando ela volta ao castelo com 16 anos. Estevão também agiu mal com Malévola no passado ao cortar as suas asas e ser tremendamente traidor ao enganá-la com o seu falso amor.
*Em Malévola, Malévola é uma importante fada e guardiã do vale das fadas, um reino mágico formado por seres místicos.
Análise crítica de Malévola
Pontos Positivos do Live-action:
1) A complexidade da personagem Malévola.
Em Malévola, a personagem Malévola não é uma simples vilã estereotipada que age na maldade sem o telespectador saber o motivo. Ela não é má simplesmente por ter a índole má nem é aquela bruxa que dá gargalhadas loucas e estereotipadas. Essa personagem tem uma história por trás do seu jeito vingativo, a qual abrange decepções amorosas. Ela é uma personagem bem "humana", porque apresenta o bem e o mal dentro de si e varia da mágoa para a fraternidade em pouco tempo.
Apesar de lançar um feitiço na filha do Rei Estevão (o homem que arrancou as suas asas de fada e fez o seu coração sofrer no passado) e chamar a menina de "praga", ela sente carinho pela garota e salva a vida dela inúmeras vezes. Ela cuida melhor da menina do que as três fadas boas, as quais são atrapalhadas e confusas.
Malévola pode facilmente gerar empatia no telespectador, porque todo mundo conhece alguém que era bom no passado e que ficou amargurado por causa das decepções na vida. É um filme que sai do "lugar-comum" das lentes doces e ternas da Disney e mostra uma face mais sombria e amarga da realidade. Essa face amarga e realista abrange as decepções e os impactos das frustrações na personalidade de alguém que não obteve carinho ao longo de sua vida.
A amargura de Malévola é bem mais explicada na versão Live-action e sua vingança efetuada na maldição é bem mais convincente. Não ser convidada para uma festa não é tão convincente para lançar uma maldição contra uma criança inocente, mas a vilã ter sofrido uma decepção amorosa com o pai dessa criança demonstra um certo nível de maturidade na história.
Talvez essa fosse realmente a intenção do Live-action: sair da inocência dos filmes das princesas no passado e investir em aspectos mais realistas e modernos, adaptando as histórias às vivências mais adultas de muitos telespectadores para gerar empatia e mostrar que a Disney também conhece o lado sombrio da vida (sabemos que a maioria dos telespectadores do Live-action não é formada por crianças...).
2) Uma jornada de cura psicológica profunda e mística.
Para quem gosta de mergulhar em ricas análises mais profundas dos Contos de Fadas, é bom pensar no quanto "Malévola" demonstra uma cura psicológica para os nossos processos de cura interna. É um filme que pode servir como boa lição moral para quem já sofreu decepções amorosas, porque mostra que é a partir do amor-próprio e do amor fraterno que curamos as nossas "maldições" e não a partir do amor de um homem. Malévola e Aurora, duas personagens tão distintas, podem ser dois diferentes arquétipos de uma mesma mulher: o mal da amargura e o bem entusiasta que insiste na virtude mesmo após a decepção e é capaz de renascer, "acordar" e seguir em frente.
Sempre defendi os Contos de Fadas como instrumentos profundos (sob as capas do "lúdico" e do infantil) para transmitir mensagens morais. Não fico com as definições simplistas de Contos de Fadas como se eles apenas servissem como uma forma equivocada de idealização do amor. Grande parte das feministas culpa os Contos de Fadas como transmissores de valores conservadores por propagarem supostamente a fragilidade da mulher e o papel do homem como "salvador" ou príncipe encantado. Eu sempre discordei dessa crítica feminista e sempre critiquei inclusive o feminismo atual no meu blogue. Ocorre que foi interessante ver a Disney mostrar um filme onde a própria "bruxa" salva a princesa -- não por qualquer apelo feminista, mas por ver a redenção e a cura psicológica muito além do amor entre o homem e a mulher.
Não acho que "A Bela Adormecida" seja um modelo frágil da mulher em busca da "salvação" do príncipe encantado. Sempre vi a profundidade dos Contos de Fadas. Acredito que a elegância, a pureza, a delicadeza e a bondade das princesas são boas virtudes para as meninas cultivarem -- isso não transformará a garota em uma mulher frágil no futuro, mas sim em uma mulher de caráter.
A força, a garra e o poder positivo podem caminhar ao lado da delicadeza e da bondade. Não acho que a mulher precisa abandonar o seu lado princesa e delicada para ter "empoderamento". Acho que o poder nasce de dentro e está na perseverança de lutar pelos bons valores que acreditamos (e todas as princesas são ótimos modelos de perseverança, pois nunca vimos uma princesa frágil e vitimista por causa dos males das bruxas, assim como nunca vimos uma princesa desistindo de seus ideais na Disney). Também não vejo o príncipe encantado com maus olhos. É claro que não devemos idealizar o homem perfeito, mas as virtudes do príncipe encantado e dos bons personagens masculinos dos Contos de Fadas inspiram as crianças na persistência do caminho do bem.
Acontece que muitas pessoas interpretaram errado os Contos de Fadas e, ao invés de ficarem com os bons valores morais, idealizaram equivocadamente o príncipe encantado ou ficaram dependentes demais de um amor romântico para serem felizes. Ninguém percebe que, em verdade, os contos de fadas não tratam da salvação no amor romântico, mas da importância de cultivar virtudes e lutar contra o mal na jornada individual de cada um (quantos "dragões" da vida real matamos por dia inspirados na perseverança do bem?).
Infelizmente, muitas mulheres caíram no erro de depositar no parceiro a sua salvação e isso não é culpa dos Contos de Fadas nem será resolvido por qualquer feminismo -- isso só pode ser resolvido a partir de uma cura psicológica interior. Em Malévola, a Disney escancara esse problema e pede desculpas nas entrelinhas se algum dia incentivou a mulher a buscar o seu despertar no "príncipe". Malévola é o grande "mea-culpa" da Disney, a versão Live-action com a redenção de seus "pecados" (risos). Malévola diz bem claro para a telespectadora inteligente: Sua salvação não está no príncipe encantado, mas em você mesma!
Malévola representa a jornada arquetípica da mulher que conhece as suas sombras (Malévola) e a sua luz (a Bela Adormecida). Enquanto a mulher não toma consciência de suas virtudes e vícios, ela passa a vida inconsciente e sofre de forma vitimista os seus problemas como se estivesse "dormindo" diante deles. A mulher só "desperta" quando assume a responsabilidade da sua vida e transforma as suas sombras em luz. O beijo de Malévola foi bem místico: demonstrou a tomada de consciência do lado sombra como primeiro passo para a cura interior. Bem profundo, não é mesmo?
Além do mais, quando estamos no "sono profundo" do agir inconsciente, só despertamos com os conselhos duros de outra mulher. Essa mulher pode ser a nossa mãe ou a nossa melhor amiga que parece ser "Malévola" diante dos nossos olhos por dizer verdades duras e alertar a nossa consciência diante dos nossos erros. Mas, só podemos curar as nossas feridas se ouvirmos essas mulheres sábias que já passaram pelo processo de iluminação das próprias sombras e feridas. Essa é mais uma interpretação do quanto "Malévola" pode ser uma história profunda e rica em simbolismos e arquétipos femininos.
Astrologicamente, Malévola pode ser Lilith, o ponto sombrio do nosso Mapa Astral que requer tomada de consciência das nossas fraquezas, vícios e dificuldades para a nossa superação emocional e evolução espiritual. Quando resolvemos bem os pontos de frustração em nossa vida, deixamos de sentir o "vazio" emocional e passamos a ser preenchidos com luzes de sabedoria.
Se existe uma personagem que representa bem o arquétipo de Lilith, essa personagem é Malévola. Malévola é a mulher que não aceita ser humilhada e tem sede de poder. Ela é uma força estranha de compulsão inconsciente que age em busca de expansão e poder, assim como Lilith em nosso Mapa Astral. Lilith é a nossa fada madrinha má que concede uma experiência de frustração para nós dentro do Mapa Astral.
Enquanto Vênus concede beleza (como a fada Flora concede beleza à Aurora, por exemplo) e outros astros são "padrinhos" de bons acontecimentos e dons, Lilith é aquela que lança uma "maldição" num ponto específico de nossa vida (dependendo do signo e da casa onde ela está dentro do seu Mapa Astral). Ocorre que o feitiço acaba sendo transformado em bênção quando trabalhamos para a luz e tomamos consciência dos nossos pontos sombrios na vida emocional. Sendo assim, a luz nasce e alcançamos a libertação do mal de Lilith quando "despertamos" (assim como a Bela Adormecida acorda com um beijo) a nossa alma e tomamos consciência de nossas sombras e luzes no processo de cura dentro do autoconhecimento.
Quando curamos as nossas feridas emocionais, viramos mestres justamente nos assuntos que tínhamos feridas e passamos a curar as feridas de outras pessoas e a "despertar" outras pessoas. Exemplo de uma Lilith bem resolvida no processo de cura interior: uma pessoa que sofria bullying na infância e descobriu a sua cura na arte do amor-próprio e da valorização de sua autenticidade. Assim, ela passa a elevar a autoestima das pessoas ao seu redor e a defender todos aqueles que sofrem preconceito na sociedade. Já um exemplo de Lilith mal trabalhada seria a pessoa que desconta as suas feridas em outras pessoas (assim como Malévola descontou a sua decepção amorosa com Estevão lançando um feitiço na inocente Aurora), como aquele que sofreu bullying e resolve atacar o colégio que estudou (uma mesma experiência pode provocar o bem ou o mal na pessoa que sofreu a ferida vivencial).
O setor de Lilith no mapa astral é o setor onde as nossas asas foram cortadas (assim como as asas de Malévola foram cortadas), mas também é o setor onde mais podemos voar quando alcançamos a sabedoria e o despertar espiritual (profundo, paradoxal e complexo, não é?). Sempre podemos, com o nosso livre-arbítrio e fé em Deus, transformarmos as más experiências em sabedoria e luz. O bem o mal são dois caminhos que podem brotar da mesma fonte (e a escolha pela cura das feridas e pelo bem só depende de nós).
No âmbito mais superficial de interpretação, também podemos ver um apelo ao amor fraterno como cura de nossas feridas emocionais. Não foi através do beijo apaixonado do príncipe que Aurora despertou, mas através do beijo suave e materno da fada madrinha má que tinha cultivado amor maternal por ela. O grande mérito de Aurora não foi ter conquistado o coração de um príncipe, mas ter transformado o coração de Malévola. A partir de sua doçura, Aurora "derreteu" o duro coração de Malévola e trouxe a personagem para a luz. O feitiço foi curado pelo próprio amor da feiticeira que sentiu culpa diante do sono profundo da garota. Malévola encontrou no amor pela Aurora a redenção de seus erros e novos caminhos de luz e amor. Ambas foram instrumentos de processos alquímicos na vida uma da outra: Aurora mostrou novos caminhos de cura e amor para Malévola enquanto Malévola mostrou novos caminhos de sabedoria, autenticidade e poder no Vale das Fadas para Aurora.
3) A batalha final foi emocionante.
A batalha final de "Malévola" é bem diferente da batalha vista em "A Bela Adormecida". Em "A Bela Adormecida", temos uma batalha mais lúdica, clássica e tradicional entre o príncipe e Malévola. O príncipe derrota a Malévola antes de encontrar Aurora com a ajuda das três boas fadas e com as suas armas (a Espada da Verdade e o Escudo da Virtude). Ele crava uma espada no peito de Malévola, a qual estava na forma de um dragão.
Em "Malévola", a batalha final ocorre depois do despertar da Bela Adormecida, surpreendendo o público com a extensão do final. Malévola luta contra Estevão e o seu exército. Surpreendentemente, nessa altura da história e com a revelação da bondade de Malévola, o público fica torcendo pela Malévola, já que Estevão, o pai de Aurora, é um personagem ruim. A batalha final de Malévola foi emocionante, porque proporcionou uma boa vingança para ela do jeito certo: ao invés da vingança estar na maldição da Aurora, a sua verdadeira revanche estaria em humilhar a prepotência de Estevão, derrotá-lo com os seus poderes mágicos e recuperar as suas asas.
A batalha final de "Malévola" é bem diferente da batalha vista em "A Bela Adormecida". Em "A Bela Adormecida", temos uma batalha mais lúdica, clássica e tradicional entre o príncipe e Malévola. O príncipe derrota a Malévola antes de encontrar Aurora com a ajuda das três boas fadas e com as suas armas (a Espada da Verdade e o Escudo da Virtude). Ele crava uma espada no peito de Malévola, a qual estava na forma de um dragão.
Em "Malévola", a batalha final ocorre depois do despertar da Bela Adormecida, surpreendendo o público com a extensão do final. Malévola luta contra Estevão e o seu exército. Surpreendentemente, nessa altura da história e com a revelação da bondade de Malévola, o público fica torcendo pela Malévola, já que Estevão, o pai de Aurora, é um personagem ruim. A batalha final de Malévola foi emocionante, porque proporcionou uma boa vingança para ela do jeito certo: ao invés da vingança estar na maldição da Aurora, a sua verdadeira revanche estaria em humilhar a prepotência de Estevão, derrotá-lo com os seus poderes mágicos e recuperar as suas asas.
4) O corvo ganhou carisma.
No desenho animado, o corvo é simplesmente uma espécie de "leva e traz" de Malévola, um subordinado estereotipado do mal que não apresenta personalidade. Em "Malévola", porém, o corvo admite a forma humana e tem algumas leves reflexões morais diante das atitudes que precisa cumprir diante de Malévola.
Ele faz atos de maldade, mas também é autor de atos de bondade e cuida do crescimento de Aurora. Ele é um personagem mais complexo e carismático que se emociona ao longo da história. Apesar do jeito aparentemente "bobo", ele surpreende o público com astúcia e carisma. Seu caráter observador merece destaque e ele ganha muito mais relevância em Malévola.
*Pontos negativos do Live-action:
X
1) A Aurora e o príncipe ficaram infantis demais.
Há pessoas que comemoram o Live-action como uma forma de vencer o estereótipo de princesa e trazer "empoderamento" para a mulher. Longe de qualquer feminismo, não vi uma Aurora poderosa nem "empoderada". O que eu vi no Live-action foi uma Aurora infantil demais e apagada diante da vilã interpretada por Angelina Jolie. Achei a caracterização da Aurora pálida demais (fisicamente e emocionalmente) e sem qualquer trabalho de personalidade.
Vocês podem alegar que Aurora tem apenas 16 anos, mas, naquele século, as mulheres eram maduras com 16 anos. A Disney caracterizou Aurora e Phillip como dois adolescentes do mundo de hoje e não como uma princesa e um príncipe medievais. Eles estão mais para High School Musical do que para Live-action de princesas. Achei Phillip sem personalidade e sem postura de príncipe. Eles não têm a elegância da versão original. Na versão original, Phillip é galante e passa um bom tempo com Aurora cantando no bosque.
A versão original é mais romântica e elegante. Todo mundo critica o fato da versão original mostrar uma paixão à primeira vista que acontece repentinamente em um bosque, mas a versão original mostra uma construção de paixão pelo menos. Faltou melhorar a construção do romance dos dois na versão Live-action. Se querem mostrar um amor mais maduro, então mostrem! Mas a versão Live-action demonstrou uma história de amor vaga e empobrecida entre dois adolescentes que parecem mais figurantes do que personagens importantes.
Observação: Parece que a preocupação em recuperar a elegância dos personagens esteve presente em "Malévola 2" (Dona do Mal): o ator que interpreta Phillip foi substituído e Aurora ganhou um figurino mais elegante.
Há pessoas que comemoram o Live-action como uma forma de vencer o estereótipo de princesa e trazer "empoderamento" para a mulher. Longe de qualquer feminismo, não vi uma Aurora poderosa nem "empoderada". O que eu vi no Live-action foi uma Aurora infantil demais e apagada diante da vilã interpretada por Angelina Jolie. Achei a caracterização da Aurora pálida demais (fisicamente e emocionalmente) e sem qualquer trabalho de personalidade.
Vocês podem alegar que Aurora tem apenas 16 anos, mas, naquele século, as mulheres eram maduras com 16 anos. A Disney caracterizou Aurora e Phillip como dois adolescentes do mundo de hoje e não como uma princesa e um príncipe medievais. Eles estão mais para High School Musical do que para Live-action de princesas. Achei Phillip sem personalidade e sem postura de príncipe. Eles não têm a elegância da versão original. Na versão original, Phillip é galante e passa um bom tempo com Aurora cantando no bosque.
A versão original é mais romântica e elegante. Todo mundo critica o fato da versão original mostrar uma paixão à primeira vista que acontece repentinamente em um bosque, mas a versão original mostra uma construção de paixão pelo menos. Faltou melhorar a construção do romance dos dois na versão Live-action. Se querem mostrar um amor mais maduro, então mostrem! Mas a versão Live-action demonstrou uma história de amor vaga e empobrecida entre dois adolescentes que parecem mais figurantes do que personagens importantes.
Observação: Parece que a preocupação em recuperar a elegância dos personagens esteve presente em "Malévola 2" (Dona do Mal): o ator que interpreta Phillip foi substituído e Aurora ganhou um figurino mais elegante.
2) O bosque das fadas ficou totalmente "excêntrico".
Talvez o Reino de Moors de Malévola agrade o público mais "nerd" que gosta da fantasia mais excêntrica. Mas, sinceramente, eu não gostei da nova estética do bosque. Eu esperava um bosque com a estética no estilo "Disney" e não no estilo "Senhor dos Anéis" ou no estilo "A Lenda da Floresta" (filme famoso como Tom Cruise). Ora, eu esperava um bosque Disney, pois estava assistindo a um filme da Disney!
O medo de reproduzir os velhos bosques com estética romântica e princesas cantando com passarinhos (talvez a conservação dessa estética recebesse "pedras" dos "lacradores" modernos do mundo de hoje, mas agradaria bem mais o público romântico e fiel da Disney) fez a Disney cair no excêntrico e não no moderno. Com a ânsia de conquistar novos públicos modernos, a Disney está desagradando os velhos fãs.
Sim, nós gostamos de bosques bonitos e princesas cantando com passarinhos. Por que não pode mais haver bosques assim? Por que vai contra o "empoderamento"? Ora, creio que cantar com pássaros não vai deixar a mulher mais fraca, mas mais autêntica e sensível. Suspirar de amor é atributo dos fortes também! Romantismo e força podem caminhar juntos!
X
3) A doçura, a elegância e o romantismo da versão original foram esquecidos.
"Foi você o sonho bonito que eu sonhei...
Foi você eu lembro tão bem você na linda visão..."
Quem não se lembra dessa música romântica marcando "A Bela Adormecida" original? A versão original tem a doçura ímpar de antigamente -- e essa doçura se perdeu na modernidade. O medo da Disney de reproduzir a velha ternura não trouxe força para os personagens do Live-action, mas amargura e até mesmo "despersonalização". A Disney está perdendo o velho público quado abre mão da ternura para agradar os anseios modernos. Talvez a Disney esteja "sob nova direção" e nós não sabemos com precisão as intenções políticas e ideológicas por trás dos seus novos filmes.
É correto construir princesas mais fortes, mas acredito que elas não precisam perder a doçura original. Em "Malévola", Aurora perde a doçura e não ganha força (ao contrário, sua personagem fica mais pálida e empobrecida). Os brilhos da personalidade de Aurora estavam em sua elegância feminina, no jeito de andar delicado no bosque, na sua alegria espontânea e no sorriso doce diante dos personagens. Não vemos essas características com força na Aurora de Malévola.
Eu diria que a Aurora, em "Malévola", é mais cativante na infância do que na vida adulta, porque a menina Aurora "derrete" o público com a sua inocência perto de Malévola. Na versão Live-action, a Aurora perde um pouco a graça na vida adulta -- e eu não culpo a atriz por isso, pois parece tudo planejado dentro de um roteiro que quer mais enaltecer a vilã.
"Foi você o sonho bonito que eu sonhei...
Foi você eu lembro tão bem você na linda visão..."
Quem não se lembra dessa música romântica marcando "A Bela Adormecida" original? A versão original tem a doçura ímpar de antigamente -- e essa doçura se perdeu na modernidade. O medo da Disney de reproduzir a velha ternura não trouxe força para os personagens do Live-action, mas amargura e até mesmo "despersonalização". A Disney está perdendo o velho público quado abre mão da ternura para agradar os anseios modernos. Talvez a Disney esteja "sob nova direção" e nós não sabemos com precisão as intenções políticas e ideológicas por trás dos seus novos filmes.
É correto construir princesas mais fortes, mas acredito que elas não precisam perder a doçura original. Em "Malévola", Aurora perde a doçura e não ganha força (ao contrário, sua personagem fica mais pálida e empobrecida). Os brilhos da personalidade de Aurora estavam em sua elegância feminina, no jeito de andar delicado no bosque, na sua alegria espontânea e no sorriso doce diante dos personagens. Não vemos essas características com força na Aurora de Malévola.
Eu diria que a Aurora, em "Malévola", é mais cativante na infância do que na vida adulta, porque a menina Aurora "derrete" o público com a sua inocência perto de Malévola. Na versão Live-action, a Aurora perde um pouco a graça na vida adulta -- e eu não culpo a atriz por isso, pois parece tudo planejado dentro de um roteiro que quer mais enaltecer a vilã.
4) Fizeram de tudo para ofuscar a nobreza e a beleza das boas fadas.
A Disney sempre ensinou para as crianças que a beleza está no interior das pessoas (Ok, aprendemos bem isso, principalmente em A Bela e a Fera), mas os Contos de Fadas são bem claros em unir bondade e beleza nos personagens virtuosos. Geralmente, os personagens bons são bonitos por fora também, assim como os vilões são feios por fora e por dentro. Em Malévola, ocorre uma total inversão dos valores dos Contos de Fadas: contrataram a belíssima atriz Angelina Jolie para interpretar a Malévola e fizeram questão de deixar as boas fadas atrapalhadas, feias e sem brilho.
Tudo bem que elas também são atrapalhadas e engraçadas na versão original, mas elas têm elegância e brilho na versão original. A Disney fez de tudo para ofuscar as boas fadas com medo de que qualquer uma delas chamasse a atenção. Sabemos que "Malévola" foca na personagem que estampa o título do filme, mas não precisava focar apenas em Malévola e esquecer de todo o resto. Seria um filmo mais rico e completo se os outros personagens pudessem expressar o seu brilho, mostrando que são interessantes também.
Sempre achei as boas fadas Fauna, Flora e Primavera personagens fofas, cativantes e interessante, mas elas perderam totalmente a graça em "Malévola". Claro que elas precisariam ser mais atrapalhadas mesmo na criação de Aurora para a versão Live-action despertar a parte protetora e maternal de Malévola em relação à menina. Ocorre que as fadas poderiam ter cenas melhores. As fadas boas mereciam bem mais destaque do que tiveram. De qualquer forma, aquele brilho épico da versão original de mostrar as fadas ajudando o príncipe com a Espada da Verdade e o Escudo da Virtude se perdeu. Eu também senti falta do brilho das boas fadas agindo com precisão nas cenas finais.
Eu ainda prefiro a versão original com as boas fadas colocando o reino para dormir junto com a Bela Adormecida assim que a princesa desmaia para ajudar o príncipe chegar até ela (o príncipe era o único humano acordado no reino). Eu ainda prefiro dar boas risadas na cena da versão original onde as fadas brigam pela cor do vestido da Aurora. Queria ver as boas fadas mais cativantes. Fique tranquila, Disney, investir no carisma das boas fadas não teria diminuído o carisma esplêndido de Angelina Jolie, mas teria deixado o filme muito melhor com certeza.
Texto escrito por Tatyana Casarino.
*Observação:
Para o leitor que acha que eu possa ter "viajado" no item 2 dos Pontos Positivos (Uma jornada de cura psicológica profunda e mística), a atriz Angelina Jolie e o roteirista admitem que o filme é repleto de metáforas e simbolismos para jornadas psicológicas da personagem. Uma das interpretações da cena onde Malévola tem as asas cortadas, por exemplo, é a de que essa cena seria uma metáfora de uma violência sexual. Sendo assim, esse trauma seria a fonte da maldade e da amargura da personagem, a qual terá de escolher entre: tornar-se uma pessoa curada e amorosa ou tornar-se uma pessoa abusiva e vingativa. Logo, Malévola é um filme sobre as opções que temos diante de nossas feridas emocionais: curá-las ou ferir outras pessoas.
Leia o texto da entrevista com Angelina Jolie sobre as asas cortadas serem uma metáfora de violência sexual no filme:
https://www.uai.com.br/app/noticia/cinema/2014/06/18/noticias-cinema,156401/angelina-jolie-comenta-cena-de-estupro-em-malevola.shtml
A Disney sempre ensinou para as crianças que a beleza está no interior das pessoas (Ok, aprendemos bem isso, principalmente em A Bela e a Fera), mas os Contos de Fadas são bem claros em unir bondade e beleza nos personagens virtuosos. Geralmente, os personagens bons são bonitos por fora também, assim como os vilões são feios por fora e por dentro. Em Malévola, ocorre uma total inversão dos valores dos Contos de Fadas: contrataram a belíssima atriz Angelina Jolie para interpretar a Malévola e fizeram questão de deixar as boas fadas atrapalhadas, feias e sem brilho.
Tudo bem que elas também são atrapalhadas e engraçadas na versão original, mas elas têm elegância e brilho na versão original. A Disney fez de tudo para ofuscar as boas fadas com medo de que qualquer uma delas chamasse a atenção. Sabemos que "Malévola" foca na personagem que estampa o título do filme, mas não precisava focar apenas em Malévola e esquecer de todo o resto. Seria um filmo mais rico e completo se os outros personagens pudessem expressar o seu brilho, mostrando que são interessantes também.
Sempre achei as boas fadas Fauna, Flora e Primavera personagens fofas, cativantes e interessante, mas elas perderam totalmente a graça em "Malévola". Claro que elas precisariam ser mais atrapalhadas mesmo na criação de Aurora para a versão Live-action despertar a parte protetora e maternal de Malévola em relação à menina. Ocorre que as fadas poderiam ter cenas melhores. As fadas boas mereciam bem mais destaque do que tiveram. De qualquer forma, aquele brilho épico da versão original de mostrar as fadas ajudando o príncipe com a Espada da Verdade e o Escudo da Virtude se perdeu. Eu também senti falta do brilho das boas fadas agindo com precisão nas cenas finais.
Eu ainda prefiro a versão original com as boas fadas colocando o reino para dormir junto com a Bela Adormecida assim que a princesa desmaia para ajudar o príncipe chegar até ela (o príncipe era o único humano acordado no reino). Eu ainda prefiro dar boas risadas na cena da versão original onde as fadas brigam pela cor do vestido da Aurora. Queria ver as boas fadas mais cativantes. Fique tranquila, Disney, investir no carisma das boas fadas não teria diminuído o carisma esplêndido de Angelina Jolie, mas teria deixado o filme muito melhor com certeza.
Texto escrito por Tatyana Casarino.
*Observação:
Para o leitor que acha que eu possa ter "viajado" no item 2 dos Pontos Positivos (Uma jornada de cura psicológica profunda e mística), a atriz Angelina Jolie e o roteirista admitem que o filme é repleto de metáforas e simbolismos para jornadas psicológicas da personagem. Uma das interpretações da cena onde Malévola tem as asas cortadas, por exemplo, é a de que essa cena seria uma metáfora de uma violência sexual. Sendo assim, esse trauma seria a fonte da maldade e da amargura da personagem, a qual terá de escolher entre: tornar-se uma pessoa curada e amorosa ou tornar-se uma pessoa abusiva e vingativa. Logo, Malévola é um filme sobre as opções que temos diante de nossas feridas emocionais: curá-las ou ferir outras pessoas.
Leia o texto da entrevista com Angelina Jolie sobre as asas cortadas serem uma metáfora de violência sexual no filme:
https://www.uai.com.br/app/noticia/cinema/2014/06/18/noticias-cinema,156401/angelina-jolie-comenta-cena-de-estupro-em-malevola.shtml
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