Não há paz na escola,
não há amor na escola,
não há amigos na escola,
não há compreensão na escola.
Então, você se levanta para ir à escola,
o lar da injustiça, o inferno infantil.
E, quando pensa que tocou a luz,
a escuridão rouba seu jardim pueril.
Sombras rodopiantes sobre a professora,
os colegas maldosos são como vampiros.
A índole humana escancarada e desumana,
a maldade que corrói desde a tenra infância.
Não há luzes na escola,
não há anjos na escola,
não há conforto na escola,
não há paz na escola.
Presa na tortura indecifrável
de ir ao inferno escolar todos os dias.
Presa na angústia incalculável
de uma alma assustada e incompreendida.
Um colega ri, zombando de ti,
sua boca escancarada mostra o sangue
que escorre de seus dentes de vampiro.
O medo da escola é um abismo!
Mergulhada na escuridão do medo,
incompreendida, isolada, inconformada.
O medo dos vampiros invisíveis
que sugam as energias iluminadas.
Mergulhada no abismo da solidão,
encostada num ponto afastada da turma.
A professora é tirana, soturna,
os colegas angustiam o seu coração.
Presa em círculos psicodélicos.
Por que a maldade tornou-se normal?
Por que anormal é quem chora por ela?
Os bons não são fracos, os bons são belos.
Os pedagogos sempre olham torto,
aquele que chora é sempre esquisito.
Dizem que eu preciso de psiquiatra,
mas não há remédio para espírito aflito.
Renego toda a ciência e pedagogia,
renego a psiquiatria desmedida.
Digo com o peito arfado e queimado:
Venço essa luta sem remédio desalmado!
Mergulhada na própria escuridão,
o medo forma mil labirintos.
E, quando doeu meu pobre coração,
o inferno escolar foi infinito.
Você vê seu amigo apanhando,
ouve o choro dos inocentes.
Mas, ninguém compreende seu pranto
e você passa a ser um chorão indecente.
Julgada de fraca no meio dos bárbaros,
tive de aprender a mostrar a própria força.
Força que floresceu no meio de lágrimas,
e que pela fraqueza foi bem irrigada.
Mas, quando sou frágil é que sou forte*,
pois sou protegida por Aquele que venceu a morte.
Com o sangue Dele, curei as minhas chagas,
tornei-me forte e bem-aventurada na graça.
Quando conhecemos os vales do inferno,
rezamos com mais fervor pelos céus.
Minha jornada de inferno escolar e infantil
queimou minh'alma e purificou o seu brilho.
Venci a escola, venci o inferno,
venci o medo, venci a injustiça.
E hoje sou mulher adulta e livre
que sabe que a justiça divina vive.
Ser advogada é lutar pela luz mais alva,
a luz que não vi na anarquia da escola.
O ser humano precisa de leis virtuosas
para não cair em anarquias tortuosas.
A escola revela que há índole no espírito,
prova maior de que nascemos bons ou maus.
Não há tábula rasa* nem construção social*
no pranto dos anjos e na maldade dos vampiros.
Entrei na escola montada em um unicórnio preto
e conheci a escola como castelo mal-assombrado.
Mas, saí dela em uma carruagem na cor violeta,
pois transmutei aquela dor em poesia e beleza.
Poesia gótica escrita por Tatyana Casarino.
Tatyana é advogada, especialista em Direito Constitucional, escritora e poetisa.
*Quando sou fraca é que sou forte: Referência à passagem bíblica sobre o espinho na carne de Paulo:
"Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar.
Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim.
Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim.
Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte."
2 Coríntios 12:7-10
Filósofo John Locke
*Tábula rasa: Teoria desenvolvida pelo filósofo John Locke, o qual defendia que a alma era uma "folha de papel em branco". Essa tese contraria a corrente que afirma que já nascemos com "índole" e influenciou o empirismo e o ceticismo. Eu, porém, defendo a índole e a personalidade inata na poesia.
*Construção social: Teoria desenvolvida por determinadas correntes do pensamento que dizem que o meio e os estereótipos sociais influenciam no comportamento humano. Na poesia, defendo o oposto: defendo a existência da índole e digo que a "prova" da existência da índole é manifestação da bondade e da maldade ainda nos primeiros anos da escola. Sendo assim, nem toda criança é um "anjinho" corrompida pelo meio social, porque, sem dúvidas, há crianças que já carregam a índole da maldade ao cometerem bullying com outras crianças.
*Explicação da poesia: Essa é uma poesia lúdica com elementos da fantasia e metáforas de vampiros que explica boa parte dos meus sentimentos na época em que eu sofria de fobia escolar. Por causa do aspecto social, por vezes, hostil e do clima desagradável de bullying em sala de aula, eu tinha medo de frequentar a escola. Sempre gostei de estudar, mas o medo do aspecto social da escola era terrível para mim, visto que conhecemos os dissabores das relações sociais ainda na escola. Esse meu medo foi meu "espinho na carne", mas eu honro e agradeço os ensinamentos desse medo em minha vida, porque foi a partir da fraqueza desse medo que conheci a superação, a força e que alcancei a sabedoria e a maturidade mesmo na juventude ao trabalhar aspectos psíquicos de autoconhecimento, autoexpressão, criatividade e coragem.
A escola é o primeiro pedaço de sociedade que as crianças conhecem. Cuidem bem da escola para que ela seja um ambiente agradável e repleto de fraternidade e respeito. Como advogada, descobri que não adianta ter apenas leis se queremos uma sociedade melhor. Uma sociedade melhor é aquela que cumpre o preceito de Cristo: Amem-se uns aos outros como eu os amei (João 13:34).
No mundo jurídico e social, é fácil julgar e prender os adultos... O difícil é ensinar uma criança a ser uma boa cidadã desde cedo, curando as suas chagas emocionais e colocando o respeito em sala de aula acima de tudo. Se queremos cidadãos melhores, vamos investir nas crianças, derrubando o bullying na sala de aula e aumentando o respeito entre professores e alunos (respeito de ambas as partes, porque existem alunos com personalidade "abusiva" e "tóxica", assim como existem professores com personalidade "abusiva", "tirana" e profissionais despreparados também).
Na minha vida, a escola somente começou a ficar mais agradável a partir da sexta série. Da pré-escola até a quinta série, tive muitos dissabores escolares, mas venci todos eles. Apesar da poesia ressaltar o lado ruim da escola em uma hipérbole poética (exagero poético) e metafórica, também tive bons colegas, bons professores e bons profissionais em minha vida. Nunca cometi bullying com outras pessoas, mas já sofri bullying em sala de aula, especialmente na quarta série e presenciei o sofrimento de outras crianças também (devo dizer que os meninos sofrem mais quando são sensíveis).
Na minha vida, a escola somente começou a ficar mais agradável a partir da sexta série. Da pré-escola até a quinta série, tive muitos dissabores escolares, mas venci todos eles. Apesar da poesia ressaltar o lado ruim da escola em uma hipérbole poética (exagero poético) e metafórica, também tive bons colegas, bons professores e bons profissionais em minha vida. Nunca cometi bullying com outras pessoas, mas já sofri bullying em sala de aula, especialmente na quarta série e presenciei o sofrimento de outras crianças também (devo dizer que os meninos sofrem mais quando são sensíveis).
Além do mais, respeito a psicologia apesar de ser contra a medicação psiquiátrica sem necessidade (nunca fiz uso desse tipo de medicação). Fiz terapia quando criança em uma excelente psicóloga, conheci a homeopatia e o poder da espiritualidade também. Passei por Igrejas Católicas e Centros Espíritas na minha jornada infantil e descobri a cura espiritual como caminho de fortalecimento emocional e paz interior. Sou Católica, porque tive mais identificação com a Igreja Católica, mas honro e agradeço o ensinamento e o cuidado de cada religião em minha vida. Também tive estrutura familiar, amor familiar e uma mãe sábia e conselheira.
Contudo, penso nas crianças que não tiveram a mesma sorte que eu tive de ter estrutura familiar e assistência espiritual e psicológica. Tenho compaixão por quem passa por problemas emocionais sem a estrutura que eu tive, porque sei que é difícil ser incompreendido. Por isso, como advogada, luto por uma sociedade melhor que saiba ser compreensiva e amável com as crianças sensíveis.
A sensibilidade é uma honra quando bem direcionada. Desejo que você transforme seu medo em coragem e sua sensibilidade em força. Por trás de toda pessoa forte, existe uma história de superação. Por isso, não inveje quem caminha de cabeça erguida hoje, mas procure receber inspirações de suas boas energias de força, resiliência e superação. Hoje eu caminho de cabeça erguida e sei que o caminho é o da autoexpressão equilibrada com humildade. Expresse a sua criatividade sem medo de ser feliz, pois a expressão da criatividade cura a alma. Transforme seus velhos medos em belas poesias, eis que essa transmutação é o auge da luz interior.
*Estilo da poesia: Muitos poetas e escritores não gostam de classificar as suas poesias e textos em gêneros por acreditarem que os rótulos atrapalham a dimensão pluralista da literatura. Contudo, não me sinto ofendida com classificações feitas com boas análises e acredito que denominar nossos estilos literários pode facilitar a identificação do leitor. Classifico essa poesia como "gótica" pelo seu lado sombrio e obscuro. Contudo, não faço qualquer apologia ao goticismo e confesso que até as minhas poesias mais sombrias incentivam a cura emocional, a fé em Deus como o caminho e a luz.
Essa poesia gótica não tem o erotismo dos vampiros como nas minhas poesias góticas anteriores que retratavam os vampiros como símbolos literários e metáforas das tentações de luxúria e ira. Essa poesia gótica da postagem de hoje retrata as crianças maldosas que cometem bullying com as outras como "vampiros" que sugam as energias da escola e o medo como o maior "sugador" de nossas energias psíquicas. A poesia é um processo alquímico de transformar sombra em luz. Ao invés de colocar a sombra e o pecado do mundo debaixo do tapete, o verdadeiro incentivador da luz, da virtude e do amor expõe os dois de forma lúdica para despertar a consciência do leitor sobre a importância do caminho da coragem e do amor. O autoconhecimento é o caminho da libertação dos nossos medos.
*Estilo da poesia: Muitos poetas e escritores não gostam de classificar as suas poesias e textos em gêneros por acreditarem que os rótulos atrapalham a dimensão pluralista da literatura. Contudo, não me sinto ofendida com classificações feitas com boas análises e acredito que denominar nossos estilos literários pode facilitar a identificação do leitor. Classifico essa poesia como "gótica" pelo seu lado sombrio e obscuro. Contudo, não faço qualquer apologia ao goticismo e confesso que até as minhas poesias mais sombrias incentivam a cura emocional, a fé em Deus como o caminho e a luz.
Essa poesia gótica não tem o erotismo dos vampiros como nas minhas poesias góticas anteriores que retratavam os vampiros como símbolos literários e metáforas das tentações de luxúria e ira. Essa poesia gótica da postagem de hoje retrata as crianças maldosas que cometem bullying com as outras como "vampiros" que sugam as energias da escola e o medo como o maior "sugador" de nossas energias psíquicas. A poesia é um processo alquímico de transformar sombra em luz. Ao invés de colocar a sombra e o pecado do mundo debaixo do tapete, o verdadeiro incentivador da luz, da virtude e do amor expõe os dois de forma lúdica para despertar a consciência do leitor sobre a importância do caminho da coragem e do amor. O autoconhecimento é o caminho da libertação dos nossos medos.
Texto de Tatyana Casarino.
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