Mergulhando nas brumas frias
do orgulho escondido em mim.
Sinto-me passional e perdida
como uma voz que se arrebenta em si.
Noto um ar de orgulho vago,
escalando as entranhas como um gato.
Miando perdido como um gatinho,
apesar de parecer um leão rugindo.
É essa ânsia de ser diferente sempre
que consome as entranhas da gente
como o fogo apaixonado dos gênios.
Esse fogo destrói tudo há milênios.
As criaturas que se sentem especiais
são as mais perigosas dentre os mortais.
Queimam as almas diante de críticas,
não sabem dos freios e fantasiam...
Mergulhando nas trevas em mim,
descubro uma noite desconhecida.
Velhos pecados não morrem tão fácil,
velhas lágrimas não secam tão rápido.
Essa foi a noite mais dolorida,
porque invadi os limites do ser.
Arrebentei portas para rasgar fotografias,
pronunciei bobagens das mágoas rígidas.
O rancor apaga sempre o amor,
porque faz surgir o nosso orgulho.
Sinto-me mais do que quem me magoou,
sinto-me mais elevada e mais profunda.
No fundo, só queria o seu amor,
mas o nosso orgulho queimou a afeição.
Do alto do seu trono, o meu ego explodiu
e só sobrou vazio no meu coração.
Quando me sinto cheia assim,
o vazio toma conta de mim.
O vazio sucede o orgulho humano,
e o orgulho precede a ruína do profano.
Quem se sente cheio está vazio,
porque só o amor pode nos preencher.
E, quando o amor nos abastece,
a leveza toma conta do nosso ser.
Quem se acha muito sempre,
no fundo, está perdido e demente.
Quando me sentia virtuosa e iluminada,
rastejava nas trevas imaginárias.
Quem acha que está elevado usa o véu,
ainda está muito longe da luz do céu.
A luz verdadeira somente é acesa no coração
quando você se dá conta da própria escuridão.
É tomando consciência da decadência
que me elevo para a verdadeira beleza.
E a verdadeira beleza é a salvação,
a salvação é Cristo, minha redenção.
Somos orgulhosos e decadentes,
somos criaturas infladas em ação.
No fim, não passamos de pó e brasa:
a morte acaba com a nossa pretensão.
Vaidade das vaidades: nossa ruína.
A vaidade ri do nosso destino
como uma criança ri das travessuras.
Não existe criatura humilde e pura.
A luta contra o orgulho é eterna,
eterna como a luz do sol e da lua.
E a criatura que se ilude e pensa ser pura
esconde mil vaidades em sua caverna.
A vaidade está na ostentação dos tolos,
mas também está no medo dos tímidos.
A vaidade está na maquiagem da mulher linda,
mas ainda mais em quem se orgulha da cara limpa.
A vaidade está em quem persegue o dinheiro
e também naqueles que o desprezam.
A vaidade está naquele que é capitalista
e está ainda mais naquele místico que medita.
A vaidade está em quem tem plumas,
mas está ainda mais em quem as rejeita.
Não existe nada mais vaidoso que o hippie,
porque o orgulho ataca mais quem pensa ser humilde.
Aceitemos, pois, o nosso orgulho!
A humildade nada mais é que aceitação,
porque quando sei das minhas sombras,
posso ajoelhar e pedir redenção.
Desde que o pecado entrou no mundo,
porque um anjo se sentiu especial demais,
somos criaturas orgulhosas e decadentes.
Deus, tenha piedade do nosso orgulho doente.
O homem mais elevado do mundo
carregou a cruz mais pesada sob feridas.
Eis que os verdadeiros sábios da vida
são aqueles que se curvam e se humilham.
Sacrificando-se para salvar a humanidade,
elevou-se mais alto do que o sol alaranjado.
A morte deu lugar à bela vida da ressurreição,
as Suas chagam limparam os nossos pecados.
Perdoe-me, Senhor, pelo meu orgulho.
Perdoe-me, Senhor, por essa chama laranja,
que, às vezes, incha e o peito inflama.
Quero ser mais humilde, pequena e santa.
Assim como o Senhor venceu o sol alaranjado
com a sua luz mais branca do que a pureza,
inspira em mim o santo espírito da humildade,
essa humildade alva que brilha de beleza.
Poesia escrita por Tatyana Casarino.
Essa poesia retrata o orgulho como pecado capital e foi inspirada pelos ensinamentos do cristianismo. A Religião Católica e as suas lições sobre a natureza do pecado na vida humana foram as principais fontes de inspiração da poetisa, bem como as suas percepções e intuições acerca da natureza humana. O conceito de "ego" do Budismo também contribuiu para a criatividade da poesia.
A poetisa Taty Casarino pretende escrever uma poesia para cada pecado capital e, de maneira metafórica e artística, usar a linguagem abstrata para descrever algumas sensações referentes à luta que travamos contra o pecado. Além disso, cada poesia vai trazer uma cor associada a cada pecado. O orgulho, nessa poesia, está representado pela cor laranja.
Os sete pecados capitais de acordo com a tradição católica são:
*Orgulho;
*Luxúria;
*Ira;
*Preguiça;
*Avareza;
*Inveja;
*Gula.
Salienta-se que os pecados capitais são assim chamados, porque são a "cabeça" de todos os outros pecados. Capital é uma palavra influenciada pelo termo "Caput". E "Caput" é um termo do latim que quer dizer "cabeça". Curiosamente, no mundo jurídico, os artigos das leis possuem "Caput". O "Caput", em um artigo de lei, é a parte principal desse artigo. Sendo assim, ressalta-se que, para os estudiosos da lei, o "Caput" é entendido como o enunciado de um artigo de lei.
Tatyana Casarino. Especialista em Direito Constitucional. Advogada. Escritora. Poetisa.
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#Poesias Religiosas;
#Poesias dos Pecados Capitais.
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