O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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domingo, 5 de abril de 2020

Azul da cor da serpente




Eternos sinais marcam a presença
dessa era pelo pecado corrompida.
O eterno dilema entre Eva e a maçã
é a nossa perigosa e louca sina.

Soprem no ar o peito de Eva,

jurem que ela corrompeu Adão.
No paraíso, a mulher foi vaidosa,
mas, na terra, é do homem essa prosa.

Na terra, o homem lança a prosa,

a prosa da sua louca luxúria.
Sua lábia venenosa corrompe a alma
e viola a castidade das Evas.

Com seu canto firme, ele assobia,

e seu assobio invoca serpentes azuis.
O homem é como um lobo caçador,
um predador astuto que provoca dor.

A luta contra a luxúria é brava!

Preservar a castidade no mundo do pecado
é conservar um cristal no meio do tiroteio. 
O cristal segue virgem, mas a alma sangra no meio.

É como uma flor de lótus azul

que surge por cima da lama.
Nascida da lama, conserva a pureza,
a castidade é a suprema beleza.

As oportunidades para pecar são infinitas,

mas a alma prefere a castidade bonita.
Mirando as estrelas, sentimos o sagrado.
O corpo abriga as estrelas quando está imaculado.

Atravessamos os vales escuros das serpentes,

escalamos montanhas e penetramos no abismo:
tudo isso sem o cristal ser corrompido.
O cristal surge intacto no mundo decadente.

O paraíso era azul como o céu,

repleto de frutos e flores infinitas.
A maçã azul era a fruta proibida,
ficando tingida de sangue após a mordida.

Uma serpente azul clara disse à Eva:

"Experimente o sabor do paraíso."
Mordendo a maçã, Eva conheceu o mal,
o prazer, o bem, o pranto e o riso.

Com o conhecimento secreto da verdade,

não havia mais inocência e santidade.
Deus mandou Adão e Eva para o mundo:
para subir ao céu, precisamos de humildade.

E hoje carregando a cruz da humildade,

seguro esse cristal azul da castidade.
A castidade gera espanto nos incrédulos:
"Como alguém pode ser casto num mundo cego?"

A preservação da castidade é força.

É como ser uma guerreira na batalha,
uma batalha entre a flor e a serpente.
Vence quem resiste e não quem tem espada.

Posso não ser muito ativa aparentemente,

mas sou forte quando se trata de resistir.
Aguento a penitência com muita paciência,
sou brava e forte quando se trata de resiliência.

Como um touro que resiste à bandeira,

como a força fria da terra que apaga a fogueira,
assim é a luz da castidade bela e guerreira,
que venceu o sangue da velha maçã mordida.

Bendita seja a flor de lótus no mundo

que comprova a vitória da nossa pureza.
A pureza venceu a lama e a sujeira,
a pureza é a beleza das estrelas.

A maior contradição da pureza

está na cor azul brilhante do cristal.
O cristal que é tão frágil e tão forte,
é azul da cor da serpente da morte.

Poesia escrita por Tatyana Casarino. 


              




    Essa é uma poesia de Taty Casarino que representa a luta contra a luxúria, um dos pecados capitais de acordo com a tradição católica. Nessa poesia, há o retrato da luta entre a castidade e a luxúria. A preservação da castidade em um mundo marcado pelo pecado e com diversas oportunidades para a imoralidade e para perdição é o tema descrito nos versos com a emoção de uma verdadeira guerra. 
     E, nessa luta entre as virtudes e os vícios, vence quem sabe resistir melhor. Muitas vezes, o que é visto como passividade pode ser, em verdade, a maior demonstração de resiliência, força e garra. A virtude da castidade, uma virtude quase esquecida no mundo atual, dá força, vigor e energia para o corpo e para a alma. Quando reservo as minhas energias na castidade, sinto a criatividade fluir em mim com sabedoria. 
    A pureza beneficia a retidão da alma, bem como a disciplina. Descobrimos que o prazer está nas pequenas coisas e que não precisa ser necessariamente sexual. Na castidade, descobrimos outros prazeres simples que foram esquecidos: o prazer da contemplação, do estudo e do crescimento. A castidade preserva o corpo para que a alma fique íntegra.

                         
     

       O sexo não é visto como algo "sujo", mas sagrado. E é justamente pelo caráter sagrado do sexo que ele deve ser preservado de toda forma de banalização. Somente uma joia tão valiosa quanto o amor pode conquistar uma joia tão valiosa quanto a castidade. 
       A banalização do sexo faz com que as pessoas percam o seu valor e virem objetos umas das outras. Quando observo o valor das estrelas e o valor da alma, percebo o quanto o corpo é valioso e merece ser protegido diante das armadilhas do mundo. O corpo é templo da alma. Ao guardar o corpo, guardo a joia da alma e descubro o meu alto valor espiritual. Se é possível conservar a pureza em um mundo marcado pelo pecado? Sim. É só observar a flor de lótus: ela conserva a pureza e a beleza, mesmo tendo emergido da lama. 

Tatyana Casarino. 

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