O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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segunda-feira, 25 de novembro de 2019

O guerreiro bravo


"Desde a época de João Batista até o presente, o Reino dos Céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam". Mateus 11,12. 

"Se você quer encontrar a nascente, tem que subir contra a correnteza." São João Paulo II

"Somente os peixes mortos nadam a favor da correnteza, os vivos vivem para contrariá-la". São João.

"Quanto mais se luta, mais se demonstra o amor a Deus." Santa Teresa D'Avila.

"Não sou um guerreiro que combateu com as armas terrestres, mas com a Espada do Espírito que é a palavra de Deus." Santa Teresinha do Menino Jesus.

"Não penseis que vim trazer paz à Terra; não vim trazer paz, mas espada." Jesus em Mateus 10:34.   



O deus da guerra soprou barro,
lama, granada, som e caos.
Perdido no meu próprio mosaico,
a minha espada é o meu farol.

Como uma estrela perdida no céu,
canto o meu hino de vitória e sangue.
O sangue é o meu amparo, meu troféu,
minha vitória escrita com dor e fome.

Sou o vazio da saudade da ordem,
sou o lutador da justiça no caos.
Construindo ordem no caos, eu luto!
Dê adeus a tudo o que é muito seguro.

Como Perseu perseguindo a Medusa,
assim eu persigo a cabeça da injustiça.
Gritando, sangrando, lutando com dor,
no meio da guerra, quero a lua pura.

Ouço o grito dos oprimidos,
a fome dos que estão esfomeados
e a angústia dos angustiados.
Minha espada quer libertá-los.

Ouço os gritos dos injustiçados
latejando em minha mente ardente.
Escolho o Direito, mas é só o começo.
Somente a justiça divina é coerente.

A justiça dos homens é falha,
como um reflexo pálido de outra justiça.
As leis humanas são ordem e caos,
jamais alcançarão o Santo Graal.

As altas cortes de justiça humanas
não passam de serpentes da Medusa.
Quem quer que olhe diretamente para elas
é transformado logo em uma pedra.

Para fazer justiça no mundo humano,
é preciso decapitar a própria "Justiça",
mas sem olhar diretamente em seus olhos.
É preciso ser um juiz Perseu ou um santo.

A justiça humana é vendada,
mas não por ser cega e igualitária.
A venda serve para que seus olhos de maga
não hipnotizem os seus pupilos na sua saga.

É preciso ir além da literalidade,
é preciso ouvir os gritos do povo.
Muitos juízes são cegos e surdos
diante dos anseios da realidade. 

Fechados em sua pompa cultural,
sentem-se os defensores da liberdade.
Quando libertam os lobos, sentem-se bonzinhos,
pois não enxergam os humildes cordeirinhos.

Para fazer justiça, é preciso ser bravo:
decapitar monstros já consolidados,
driblar os olhos hipnóticos da culta Medusa
e ouvir o grito da nossa honestidade pura. 

A ira de Perseu é o farol do justiceiro,
a estrela Algol é a energia do guerreiro.
Essa energia é o chicote de cordas de Cristo
ou o carro de Faetonte caindo no abismo?*

Tudo depende de como você governa a ira,
pois, na alta astrologia da sacerdotisa,
não são mais as estrelas que regem a alma.
Agora é a alma que governa as estrelas. 

Davi tomou essa feroz energia da poesia
para lutar, vencer e matar o grande Golias.
Tudo pode ser canalizado com justiça
quando ousamos fazer luz na vida. 

No governo da tua alma, verás beleza,
a beleza da justiça resplandescente.
Tudo é cor, luz e amor na alma ardente,
pois bebeste das estrelas transparentes.

Poesia escrita por Tatyana Casarino.

       



  Essa é uma poesia astrológica baseada em uma das estrelas fixas do Mapa Astral da poetisa que inspirou a sua vocação no Direito: a estrela Algol. O mito, por trás da força dessa estrela, retrata a figura ancestral de uma mulher que tem muita raiva de qualquer injustiça. O propósito da energia dessa estrela é enfrentar o mundo para corrigir as suas falhas e vencer pela justiça.
 Ocorre que, dentro dessa estrela, também há muita ira e uma energia selvagem que pode tanto gerar coragem positiva quando destruição. Muitas pessoas têm medo do aspecto "violento" de Algol e dizem que essa é uma estrela maléfica. 
   O objetivo da poesia é justamente mostrar o lado benéfico e justiceiro de Algol pautado no mito de Perseu que compõe a sua constelação. Desmistificando Algol, vemos a sua energia de pura valentia e justiça que pode ser canalizada para o bem. 
   Aproveitando essa energia de justiça conferida pela estrela, vamos fazer justiça para a própria estrela e contar ao público o seu lado positivo (hehehe). Essa estrela que é tão injustiçada e temida nos círculos astrológicas e apontada como a estrela dos "desastres", também é a energia positiva das superações e está presente nas vitórias dos justiceiros. Bem "aspectada" e bem governada, essa estrela traz sucesso, boa sorte, posições de liderança, poder e pode ser muito benéfica. 
     Obviamente, essa energia selvagem descontrolada pode gerar desastres e, ao invés de fazer justiça, ela pode gerar conflitos de toda ordem, guerras sangrentas, vingança e explosões físicas e emocionais. Por outro lado, bem governada, ficaremos com uma energia incansável e destemida dentro da alma e pronta para fazer a alma lutar pelo que é mais importante (isso não é uma dádiva?). 
      Toda energia precisa de um pouco de ira (é como o fogo que aquece uma lareira ou o combustível de uma máquina). Nem sempre a ira é má. Até mesmo Jesus Cristo fez uso da ira para expulsar os mercadores do templo, já que eles estavam usando a casa de Deus para fazer negócios e roubar o povo. Diante da corrupção e da injustiça, Jesus sentiu ira por aquela hipocrisia pecaminosa e fez uso de um chicote de cordas para ser ouvido e expulsar os comerciantes do templo além de derrubar mesas. 

             
     

       *Jesus tinha zelo pelo templo de Deus e ficou indignado ao ver que estavam profanando um lugar sagrado. Acontece que Jesus nunca perdeu o controle. Mesmo na ira, sua atitude era santa e absolutamente justa e controlada. A ira justificada de Jesus não gerou violência nem machucou qualquer pessoa. A ira de Jesus serviu para colocar ordem no caos e foi a única maneira de fazer justiça em um lugar caótico. Podemos sempre ter nossas condutas inspiradas por Jesus, canalizando a ira para fins justos e usando meios absolutamente controlados. Nessa jornada de evolução, precisamos desenvolver autocontrole emocional e sabedoria. 
       Por outro lado, caso a energia da ira fique desgovernada, cairemos no abismo como Faetonte. Na mitologia grega, Faetonte era filho de Apolo e pediu ao pai a autorização para conduzir o carro do sol. Apolo, embora tenha recusado inicialmente o pedido do filho, autorizou Faetonte a conduzir as rédeas do carro do Sol, proporcionando-lhe a rota que deveria seguir. Todavia, Faetonte não conseguiu manter essa rota, subindo demasiadamente e provocando oscilações nos astros e descendo a ponto de colocar a terra em risco de destruição. 


                        

          

             Para prevenir maiores desastres, Zeus acertou Faetonte com um raio e, então, Faetonte foi lançado ao rio Erídano. O mito de Faetonte tem uma advertência moral e filosófica a respeito da importância do autocontrole. Precisamos ter maturidade para saber controlar as rédeas do carro do sol, ou melhor, precisamos de maturidade para governar a própria alma. 
              E, para governar a própria alma, não precisamos sacrificar a ira dentro de nós ou considerá-la como algo sujo e temido. Não precisamos colocar nossas forças vorazes debaixo do tapete. Suprimir certos aspectos da nossa personalidade pode até ser perigoso e a Psicologia está aí para afirmar que a supressão demasiada pode ser a origem de fobias mal resolvidas e neuroses. Quando a energia vem à tona, ela pode vir de modo mais destruidor. 
       Portanto, ao invés de suprimir a ira, podemos canalizar o nosso temperamento forte para a construção de boas obras. Afinal, necessitamos de força para a iluminação. Ao contrário do que muitos pensam, ser bom não é ser pacífico. Ser bom é abrir mão da zona de conforto e até da paz em prol do bom combate. Ser bom é ser firme na boa "violência". Sim, existe uma violência que é boa: a violência que ataca a injustiça. 
               A violência ruim é aquela que fere, machuca, ataca a dignidade humana e burla a lei divina. A violência boa, por outro lado, defende a dignidade humana e busca a ruptura dos paradigmas que impedem a evolução. Para levar a luz em um mundo de escuridão e violência, é preciso uma boa dose de força e ira, não é mesmo? 

                             

                

              Não pense que o inferno é dos violentos. O inferno está reservado para os indecisos, para os acomodados, para aqueles que não saíram de cima do muro e que nadaram confortavelmente a favor da corrente. O céu é dos violentos, dos que urraram para nadar contra a correnteza, dos que fizeram o bem mesmo sob ameças e injustiças, dos que não deixaram de brilhar mesmo quando o mundo tentou apagar a sua luz. O céu é para os valentes. Como dizia Renato Russo: "Disciplina é liberdade, compaixão é fortaleza, ter bondade é ter coragem..."
               Que você encontre a liberdade do bom uso das energias ao disciplinar as suas tendências astrais, fortaleza na compaixão e coragem dentro da sua bondade. Eu desejo a você, leitor, o fogo do bom combate e o urro da boa violência. Que o rugido das boas feras possa atacar as más feras e expulsar as injustiças. Não fique calado diante do mal. Lute para que o bem vença. Por fim, uma frase de Martin Luther King: "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons."

Tatyana Casarino. 


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