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quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Resenha: Contos de Fome e de Sangue



         


Livro: Contos de Fome e de Sangue.
Autora: Gisela Biacchi.
Editora: Novo Século.
Número de páginas: 127.

                                



  "Ler é viajar no possível mundo do impossível, que um dia pode se tornar real. Este livro te leva a uma viagem sobre eventos sinistros que acontecem no apartamento ao lado ou, até mesmo, dentro de tua própria casa. Este livro te guiará pela mente de pessoas aparentemente normais e te fará sentir suas mais primitivas emoções. Um fascínio sobrenatural que nos seduz desde nossos ancestrais.
  Ao ler estes contos de suspense, te convido a mergulhar em histórias sombrias, escutando músicas extraordinárias. Mas lê sem pressa. Saboreia cada gota de emoção lentamente. Também te convido a reunir os bons amigos em torno de uma fogueira. Desliguem os smartphones. Contem histórias. Riam. Divirtam-se. Roteirizem e filmem. Soltem a imaginação e sejam felizes".

Gisela Biacchi, a autora.

   Gisela Biacchi é formada em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria, Mestre em Integração Latino-americana e autora de diversos artigos jurídicos publicados no Brasil e no exterior. Além da experiência na advocacia e no magistério, Gisela atua em outras áreas, como o setor de aviação civil (seu trabalho em Brasília/DF) e a literatura. Seu entusiasmo por escrever e ilustrar é admirável e sua narrativa possui personalidade e elegância.


                 


  "Contos de fome e de sangue é um livro escrito com uma linguagem incrível e irresistível, que nos leva a viajar em delírios, construindo tudo o que lemos em nosso imaginário. Simplesmente imperdível."


Helder Queiroz, publicitário e roteirista.


                    



A escuridão de nossos instintos representada através de lobos e vampiros.

             




   Este livro é a reunião de 12 (doze) pequenos contos sombrios que navegam no mundo de personagens passionais, mulheres sedutoras, homens intensos, lobos e vampiros. O suspense permeia toda a obra, a qual possui uma interessante linha gótica inspirada na subcultura gótica das manifestações artísticas e culturais dos anos 80 e 90. Além disso, a obra é repleta de cultura, arte e música, incluindo fotografias e sugestões de músicas para embalar a imaginação do leitor.
   As referências culturais estão presentes nas cativantes notas de rodapé que comunicam ao leitor, de modo simpático, informações históricas, geográficas, mitológicas e literárias -- tudo para deixar a obra mais realista e palpável apesar da ficção bastante delirante e imaginativa. Navegando entre o gótico, o romantismo e o barroco, o livro expressa as mais profundas e intensas sensações de seus personagens e consegue equilibrar um eletrizante suspense com aspectos mais humanos e filosóficos.
   A narrativa de alguns contos é focada em encontros entre personagens intensos e, por vezes, sensuais. Por outro lado, há contos mais focados no suspense e no mistério do mundo dos vampiros. Dá para perceber a forte influência da filosofia de Thomas Hobbes cujo lema perpetua a frase do dramaturgo romano Tito Mácio Plauto: "o homem é o lobo do homem". Também há algumas referências ao Drácula de Bram Stocker.
    Por fim, é interessante ressaltar que, após os contos, há roteiros técnicos para novos cineastas ao final do livro. Esses roteiros foram analisados e criticados pelo cineasta e produtor de cena Mario Eduardo Finard cujas sugestões resultaram em uma versão final do diretor para o roteiro de "Era uma vez".






Minha experiência de leitura:

  Minha experiência de leitura foi bem emocionante, já que eu gosto do universo cultural gótico algum tempo. O livro provoca muitas sensações no leitor, pois ele é denso, eletrizante e vibrante. Apesar de ser uma leitura forte em alguns aspectos, a autora sabe escrever de modo suave e elegante. Sendo assim, além de se divertir com o conteúdo, dá para apreciar a forma da escrita e até mesmo aproveitar as notas de rodapé. 
  
   Como pontos positivos, destaco: 

 *A facilidade da leitura -- Os contos são curtos e podem ser lidos tranquilamente dentro do cotidiano atarefado de qualquer leitor;
  *A elegância da escrita -- A autora tem potencial literário e, além de escrever corretamente, possui elegância e personalidade ao escolher as palavras;
  *O charme do universo gótico -- Não podemos negar que o lado sombrio dos vampiros exala algo hipnótico, sedutor e charmoso apesar das muitas angústias narradas nesse universo;
  *A interdisciplinaridade cultural -- Muito mais que um livro. Nesses contos, encontramos o cruzamento entre diversas manifestações artísticas, tais como fotografia, música e cinema. Como fã de Arte, apreciei bastante essa conexão cultural com diversas fontes artísticas, já que o livro é repleto de fotografias, sugestões de músicas e até mesmo roteiros para jovens cineastas. 
   *O bom suspense -- Pensei que sentiria medo ao ler (sou bastante medrosa e sou do tipo de pessoa que não vê filmes de suspense nem filmes de terror), mas eu consegui apreciar o suspense e aproveitar todo o charme "gótico" e sedutor da obra. Ao invés de medo, sentimos emoção, curiosidade e avidez para descobrir o desfecho de cada história.  
   *A riqueza cultural -- A autora é bem culta e ensina muitos aspectos culturais, históricos e geográficos de cada época e de cada país que é palco dos contos. Eu gostei muito do enriquecimento cultural.
   *Linguagem poética -- A autora extrai poesia do mundo sombrio e há um charme "poético" em sua narrativa. Almejo que a autora possa lançar poesias um dia, pois ela tem tudo para fazer sucesso na poesia também. 
   *O elemento surpresa -- Saber surpreender o leitor é uma arte que poucos autores conseguem alcançar. Nesse livro, cada conto é imprevisível, o que deixa o mistério com sabor irresistível de qualidade literária. 
   *Caráter imagético -- Cada conto se exprime por imagens na mente do leitor. A autora é extremamente talentosa para produzir imaginação.
  *Sinestesia -- Em cada conto, o leitor mergulha em uma maravilhosa sinestesia, pois há a relação de planos sensoriais diferentes (tato, audição, visão, paladar e olfato). Eu adoro quando a literatura mexe com os nossos sentidos. Isso é muito divertido! 


         



Como pontos negativos, posso escrever algumas críticas construtivas, almejando sempre a evolução da narrativa:

  *Pouco desenvolvimento dos personagens -- Talvez boa parte do mistério da obra esteja no fato de que não sabemos direito quem é cada personagem. A autora construiu muito bem a personalidade de cada sujeito, mas o leitor fica com vontade de saber mais a respeito de cada personagem. Talvez isso seja um ponto positivo e não negativo, pois esse mistério permeia a obra com charme. Mas, deixo aqui a minha dica para os próximos livros da autora: o leitor pode querer contos maiores e com maior desenvolvimento dos personagens na próxima vez. 
  *Frases curtas -- Essa não é uma crítica dura, pois eu adoro frases curtas. É melhor escrever frases curtas do que longas e entediantes demais. Porém, autores iniciantes precisam desenvolver frases maiores e mais ricas. Isso faz parte do processo de cada escritor, razão pela qual autores iniciantes estão perdoados por não construírem frases mais ricas. Nos próximos livros, a autora pode usar mais conjunções e diversificar o texto com frases mais extensas e bem trabalhadas. Ao invés de frases curtas, conectar várias expressões em uma frase mais longa pode ajudar a manter o ritmo de mistério.


Resenha escrita por Tatyana Casarino.

Tatyana Casarino é Especialista em Direito Constitucional, Advogada, escritora e poetisa. 

*Confira a Playlist do Leitor no Spotify (lista das músicas sugeridas na obra para embalar a sua imaginação):


*Confira mais informações do livro no Skoob:

https://www.skoob.com.br/contos-de-fome-e-de-sangue-1024446ed1026708.html



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