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sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Resenha: A Cura do Ressentimento






Livro: A Cura do Ressentimento.
Autor: Padre Léo.
Editora: Loyola.
Número de Páginas: 171.

A saúde emocional do coração está no perdão.


     Baseado em trechos bíblicos e em passagens da vida de Jesus Cristo, o padre Léo ensina como devemos preservar a saúde emocional do nosso coração e dos nossos relacionamentos, já que não há relações humanas sem conflitos e dissabores. Até mesmo Jesus enfrentou problemas de relacionamento: perseguições, injúrias, injustiças, rejeições e conflitos no contato com o povo de seu tempo, seus amigos, familiares e seus próprios seguidores e apóstolos. 
   A solução diante dos dissabores humanos não é esperar por um relacionamento perfeito nem se isolar do mundo, mas saber perdoar os outros e limpar as mágoas do nosso coração a partir de algumas atitudes, tais como: uma profunda fé em Deus, amor incondicional, compreensão da alma humana e uma segurança inabalável na dignidade de nossa verdadeira essência. 
      Muitas mágoas nascem do medo de termos nossa imagem manchada diante do outro, razão pela qual somente a franqueza pode libertar as nossas relações sociais. Além do mais, o mais importante é o que Deus sabe de nós e não o que os outros pensam sobre nós. Quando estiver em dúvidas sobre o que fazer diante de uma mágoa, olhe para as atitudes de Jesus Cristo e inspire-se a viver como Ele em sua verdade, pureza, leveza, amor e perdão.
          Uma das maiores chagas emocionais do cristão é a mágoa, sentimento que pode corroer o coração bondoso dos cristãos, causando angústia e manchando a sua alma que é tão generosa, sentimental, amorosa e bonita. Por que deixar a mágoa manchar uma alma tão bonita e cheia de nobres anseios e sentimentos, querido cristão? Pensando em lapidar esse defeito e ajudar na santificação, sugiro o livro "A Cura do Ressentimento" do querido padre Léo. Aposto que você vai aprender a perdoar após a leitura desse livro (se você ler com atenção e disposição para colocar as lições em prática). 
        

*Minha experiência de leitura e sugestões de prática de leitura:

                          

 Esse é um livro para trazer reflexões profundas e momentos de meditação e oração -- não é um livro para ser consumido rapidamente sem reflexão. Embora seja um livro curto e acessível, prolongue a leitura o máximo que você puder, "saboreie" as palavras, reflita espiritualmente sobre o que está sendo exposto. Não é um simples livro, mas um conjunto de textos e trechos bíblicos que santificam. 
  Medite em cada palavra, abra o seu coração e coloque as suas mágoas aos pés de Jesus Cristo durante a leitura. Esse é um livro que só vale a pena ser lido se houver conexão entre as palavras do padre e o seu coração. Pode ser um livro aparentemente simples, mas é uma leitura profundamente espiritual. É o tipo de livro para ser lido com atenção, transparência e verdade. 
    Particularmente, eu me arrepiei em muitos trechos, sublinhei muitos outros e chorei pela alegria de estar curando as mágoas e os medos de minha alma ao ler alguns capítulos que falavam diretamente ao meu coração. Eu sempre me surpreendo com a sabedoria de Jesus Cristo e, nesse livro, eu chorei diante da beleza da sabedoria de nosso Senhor. 

                      
      

       Chorar ao ler um livro é o ato mais curador no sentido psicológico e espiritual que você pode fazer além de ser o maior sinal da profundidade de um livro e do quanto ele tem o poder de curar a sua alma. Durante a leitura, meu choro não foi tristeza, mas alegria, redenção e cura. Na minha experiência de leitura, senti um efeito intenso de "catarse", purificação da minha alma e fui tomada por profundas sensações espirituais. Esse é um livro transformador que deixou a minha alma mais leve e sábia após a leitura e o aprendizado. 
     Alguns pensamentos que tive: "Como o nosso Senhor é infinitamente sábio!" -- Eu pensava durante a leitura. "Jesus é o maior psicólogo da alma humana!" -- Eu exclamava. "Como Jesus foi repleto de pureza!" -- Eu pensava. "Deus ensinou tudo através de Jesus!" -- Eu raciocinava. "Talvez a maior prova da divindade e da grandeza de Jesus esteja no que Ele ensinou sobre perdão, poque o ser humano é naturalmente rancoroso." -- Outro pensamento que veio à mente. "Precisamos de Deus para perdoar e somente combateremos as nossas mágoas pela fé." -- Mais um pensamento que surgiu em minha mente. Enfim, eu tive diversos "insights" durante a leitura. Confesso que foi uma das leituras mais especiais e marcantes de toda a minha vida. 

                         
   

        Li esse livro durante a quaresma de São Miguel Arcanjo (a quaresma ocorreu entre os dias 15 de Agosto e 29 de Setembro -- o dia de São Miguel e dos Arcanjos) e o propósito da leitura foi a de curar o meu coração e perdoar todos aqueles que me magoaram durante a quaresma. A Cura do Ressentimento trará uma leitura mais proveitosa se for feita com propósito e durante algum período especial do catolicismo. Peça uma graça antes da leitura, peça para Deus curar as suas mágoas e faça orações por todos os que já magoaram você no passado. Esse é um livro católico cuja leitura fica mais forte com o acompanhamento de propósitos e de orações. Pedi algumas graças a São Miguel Arcanjo e fortaleza espiritual além de prometer ser uma cristã melhor e mais merecedora das graças divinas ao limpar as mágoas do coração. 
     A melhor maneira de ser uma pessoa mais digna de graças divinas é purificar o coração -- e a melhor maneira de purificar um coração é perdoando. Como você quer ser abençoado pelo Nosso Senhor se é uma pessoa "pesada" e rancorosa? As graças nem podem penetrar num coração cheio de rancor. O veneno do rancor não combina com a pureza do Nosso Senhor e até abre brechas para o Inimigo (o demônio mesmo) agir em você (Deus o livre!). 
      Se você quer ser merecedor das graças de Cristo, do amor de Nossa Senhora e da proteção de São Miguel Arcanjo, comece perdoando. O perdão deixa o coração livre, puro, terno e compassivo. O perdão ajuda você no combate espiritual. Vale afirmar que o padre Léo alerta muito sobre as armadilhas do Inimigo. E acredite: a mágoa é a porta mais fácil para o demônio agir em seu coração. Através da mágoa, você acaba se tornando uma pessoa rabugenta, irada e começa a pecar através da cólera dirigida contra o próximo. 
            Se aprendi a perdoar após a leitura do livro? Sim. Se já me tornei santa e isenta de qualquer mágoa? Não hehehe. Ainda sou bastante humana e sei bem do meu ponto frágil, do meu calcanhar de Aquiles e dos meus pecados emocionais. Sei que o perdão é um exercício contínuo e que devo seguir orando, vigiando e pedindo a graça de ter um coração cada vez mais puro onde o perdão seja cada vez mais fácil. 
          Ainda sou surpreendida por pensamentos de mágoas do passado, mas as lembranças de mágoas não me atormentam nem me desesperam mais como antes. Tenho uma postura mais serena diante da mágoa. Afinal, perdoar não é esquecer, mas lembrar seja lá do que for e seguir puro, confiante, amoroso, firme e receptivo ao mundo e às pessoas (nunca mais pensarei em isolamento hehehe apesar de seguir cultivando pequenos momentos de introspecção e recolhimento). E principalmente: aprendi a transformar raiva em compaixão. Desejo o bem a todos os que me magoaram e desejo imensamente que essas pessoas sejam pessoas melhores e mais sábias com a graça de Deus. 
          Uma curiosidade desse livro: É bem melhor repreender o irmão na hora que ele agiu errado do que levar a mágoa desse momento turbulento provocado pelo irmão ao coração. Cultivar o perdão não é ser "bonzinho" e deixar que os outros façam tudo com você. Não! Definitivamente não! Não confunda misericórdia com subserviência. Só devemos abaixar a cabeça para Deus e para mais ninguém. Diante dos outros, devemos impor respeito e andar de cabeça erguida para sermos respeitados. Cultivar o perdão é cultivar o equilíbrio nas relações, impondo limites ao outro e repreendendo o outro com educação e autocontrole quando ele errar. 

                           

         

        Até mesmo Jesus fazia questão de repreender os outros quando eles estavam errados de forma firme, justa, valente e até mesmo "brava" -- nunca abrindo mão do autocontrole. Jesus apresentava um autocontrole digno mesmo diante das situações revoltantes e sua ira era santa, eis que não se transformava em mágoa nem machucava os que estavam ao seu redor. No episódio onde Jesus expulsou os mercadores do templo, ele usava um chicote de cordas e teve de aplicar uma comunicação mais firme para ser ouvido e respeitado naquele momento. Mas, o seu chicote não machucou ninguém e seu equilíbrio permitiu que ele repreendesse sem cair no descontrole emocional que geralmente acomete os seres humanos. 
        Jesus, além de ser o nosso salvador e o grande Mestre de tudo, é também a nossa estrela-guia no que tange ao equilíbrio emocional. Se você almeja ter uma vida equilibrada, uma autoestima equilibrada, bons e equilibrados relacionamentos e um coração livre de ressentimentos, leia esse livro. E, caso você encontre alguém que tenha um atitude descontrolada e desequilibrada diante de você, perdoe o seu irmão e mantenha-se equilibrado e controlado. Ainda que o outro não tenha capacidade de fazer o mesmo por você nem tenha um coração compassivo como o seu, faça o bem e tenha compaixão. 
       O verdadeiro cristão não pergunta o que o outro faria no seu lugar, mas como Jesus agiria em seu lugar. O único modelo do cristão é Jesus. Essa é a lição mais difícil de ser aplicada. Essa é a única lição que combate o ressentimento: saber que nem todos serão bondosos como você, mas que vale a pena ser bom mesmo no meio dos seres ruins. 
          Diante do descontrole emocional de alguém, não se contamine e não caia no mesmo padrão de ira da pessoa. Saiba ter uma reação calma, pois só a sua serenidade pode "desarmar" o seu irmão. Como diz a Bíblia, uma resposta calma aplaca a ira. Não sejamos, pois, ignorantes como os que agem pela ira. Vamos evitar o círculo vicioso do ressentimento, quebrando esse círculo com o caminho reto de amor e perdão de Jesus. 

                             

           

            Portanto, vamos buscar no Evangelho as respostas para as inquietações de nosso coração. Vale salientar que, para perdoar, lembre-se que você também é um pecador e que não tem o direito de atirar pedras no próximo quando ele erra. Afinal, "aquele que não tiver pecado atire a primeira pedra. (Jo:1-11). Eu sempre me lembro desse trecho bíblico na hora de exercer o perdão. 
         Se eu já errei com atitudes de descontrole emocional, por que não poderia perdoar o meu irmão (entende-se aqui irmão em Jesus, ou seja, o outro ser humano, o próximo, o amigo e até mesmo o adversário), caro leitor? Todos nós já erramos, pois ninguém é perfeito. 
           Do mesmo modo que queremos ser perdoados por Deus e pelo próximo, devemos perdoar os nossos irmãos e irmãs. Até mesmo Aquele que nunca errou nem pecou (Jesus) foi um bálsamo de amor e perdão para os pecadores. Então, se sou discípula dele, é assim que devo ser: um bálsamo de amor e perdão no mundo. E, para sermos bálsamos de amor, devemos dominar o nosso coração, dominar a nossa língua e termos cuidado com o próximo para não machucarmos o coração do outro com qualquer desvio. 
          Devo cuidar do coração do outro do mesmo modo que gostaria que cuidassem do meu coração. Nossos corações são frágeis como a superfície de uma maçã e podem se ressentir com qualquer aperto. Apenas o caminho do amor liberta e cura os nossos corações de seus ressentimentos e fragilidades. A fortaleza de Jesus é o bem que cura nossa fragilidade humana. 
           O caminho do amor e do perdão é difícil, mas totalmente possível com a graça de Deus e traz um bem enorme para o nosso próprio coração. O primeiro a se beneficiar com o perdão não será o próximo, mas você mesmo ao conquistar um coração repleto de Deus e saúde emocional. 

Resenha escrita por Tatyana Casarino. 




*Os trechos bíblicos mais trabalhados pelo livro acerca do valor do perdão:

"Pelo semblante se conhece a pessoa; pelos traços do rosto, a pessoa sensata. A roupa da pessoa, o seu sorriso e o jeito de andar, tudo revela de quem se trata." (Eclo 19,26). 

"É melhor repreender do que guardar raiva." (Eclo 20,1).

"Uma resposta calma aplaca a ira, a palavra dura atiça o furor. A boca dos insensatos fervilha a estupidez. Quem é raivoso atiça as brigas; quem é paciente acalma as discussões." (Pr. 15,1-2.18). 

"Mais vale quem domina o coração do que aquele que conquista uma cidade." (Pr 16,32). 

"Um homem sábio sabe conter a sua cólera e tem por honra passar por cima de uma ofensa." (Pr 19,11).

"Inimizades, brigas, ciúmes, ódio, discórdias, partidos, invejas. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus."

"Antes, sede uns com os outros bondosos e compassivos. Perdoai-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou, em Cristo."(Ef ,32).

"Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem." (Lc 23,24).

"Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem. Desse modo, sereis filhos de vosso Pai do Céu. (Mt, 5,43-45).

"Se teu irmão pecar, repreende-o; se se arrepender, perdoa-lhe. Se pecar sete vezes no dia contra ti e sete vezes no dia vier procurar-te, dizendo, estou arrependido, perdoar-lhe-ás" (Lc 17,4).

"Então Pedro se aproximou dele e disse: 'Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?' Respondeu Jesus: 'Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete." (Mt 18,21-22).

"Mesmo em cólera, não pequeis. Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento. Não deis o lugar ao demônio" (Ef 4,26-27). 

"A língua não dominada é um mal irrequieto, cheia de veneno mortífero." (Tg 3,2.5-12). 





        *Na cruz, Jesus expiou as nossas culpas e os nossos pecados. Não há motivos para alimentar culpas e ressentimentos dentro de nós nem para culpar os outros. A reclamação dos irmãos é uma atitude que nos afasta de Deus. Devemos abençoar os nossos irmãos e sempre olhar para cruz a fim de curar o nosso coração. -- Reflexões que tive após a leitura desse livro. 




Trechos bonitos do livro escrito pelo padre Léo:

"Uma das coisas que mais me impressionam no Evangelho é que ele não esconde os problemas dos relacionamentos de Jesus. Jesus nunca pecou, mas teve problemas de relacionamentos com os fariseus, com o povo, com os discípulos e amigos, com seus pais terrenos e até mesmo com o Pai celeste." Pg 57. 

"Jesus é normal!! Só que ele sente mas não se ressente. Eis o grande segredo." Pg 58.

"Jesus é sempre livre!" Pg 62.

"A oração precisa ser um desabafo da alma. Precisamos aprender a derramar nossa alma na presença do Altíssimo." Pg 64.

"Jesus sabia conviver até com os que lhe eram contrários. Sua convivência era sempre equilibrada." Pg 64.

"Mesmo quando conhece as fraquezas de uma pessoa, Jesus não a abandona. Ele continua a insistir e a acreditar nas pessoas. Jesus continua a acolher e a respeitar até mesmo os que não merecem ou não se dão o respeito. A liberdade de ação em Jesus é o grande remédio para a cura do ressentimento." Pg 65.

"Além do perdão, o texto de São Mateus nos fala em reconciliação como condição para que Deus aceite a nossa oferta. A grande diferença entre perdão e reconciliação é que o perdão só depende de mim mesmo. Posso perdoar uma pessoa que já morreu. Posso perdoar alguém que não quer me perdoar. O perdão é uma atitude do meu coração, uma decisão de minha vontade. Para a reconciliação, precisa-se que a outra parte esteja disposta a perdoar também. Reconciliar-se é voltar a viver em paz com alguém. É voltar a caminhar junto com a pessoa. O esforço nesse caso é muito maior, bem como a dificuldade.
  A reconciliação exige uma caminhada espiritual, já que não depende somente de mim. Muitas vezes, nos é impossível reconciliar-nos com alguém: a pessoa não quer ou não pode (morte, distância, ignorância...). Nesse caso, devo declarar o perdão, rezar pela pessoa, abençoá-la e continuar serenamente a minha vida. Deus não exige de nós aquilo que não podemos fazer." Pg 115.


              


"A maçã é uma fruta frágil. Qualquer pressão maior na hora de apanhar e ela estraga. Sua casca é bastante fina e pouco resistente. Não se pode apanhar maçãs com a ponta dos dedos. Uma pequena pressão dos dedos e a fruta já se ressente. Um pequeno apertão é suficiente para estragar a tão preciosa fruta. Então, é preciso cuidado ao apanhá-la. Deve-se segurar a fruta toda, com a palma da mão, com um esforço leve. Cada pessoa é uma maçã. Aliás, cada um de nós tem áreas ou temperamentos mais assemelhados com a maçã." Pg 23.

"Ao identificar a fruta do paraíso com a maçã, talvez a tradição popular estivesse fazendo uma bonita profecia. A vida é um dom muito precioso. Nossos relacionamentos -- com Deus, com os outros, com o mundo e com nós mesmos -- são maravilhosos e frágeis como deliciosas e delicadas maçãs."Pg 24.


Texto postado por Tatyana Casarino.

Tatyana Casarino é Advogada, Especialista em Direito Constitucional, Poetisa e Escritora. 

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