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sábado, 31 de agosto de 2019

Resenha: Ho'oponopono -- O Segredo da Cura Havaiana




Livro: Ho'oponopono -- O Segredo da Cura Havaiana.
Autores: Dr. Luc Bodin e Maria-Elisa Hurtado-Graciet.
Tradutora brasileira: Sonia Fuhrmann.
Editora: Vozes Nobilis.
Número de Páginas 106.


    A purificação do inconsciente é o grande segredo da cura psíquica, espiritual e corporal. 

   Muitas pessoas já devem ter contato com Ho'oponopono através da internet, porque há muitas meditações no YouTube com as expressões clássicas da técnica: "Sinto muito, Perdão, Obrigado (a) e Eu te amo." Muitos influenciadores digitais holísticos, terapeutas e coaches transmitem informações sobre essa cura havaiana em suas redes sociais, o que facilita a divulgação da técnica para todos os cantos do mundo. 
     A internet está repleta de informações sobre a Ho'oponopono, mas, se você é como eu e gosta de ter um embasamento bibliográfico antes de aplicar qualquer filosofia simpática ao seu espírito na sua vida, esse livro é para você. Informar-se com mais profundidade sobre o tema através de um livro sempre será melhor (e acredite que será mais prazeroso e emocionante também) do que simplesmente buscar conceitos soltos na internet. 

                      
   

      Assim que entrei em contato com Ho'oponopono pela primeira vez através da internet, eu me simpatizei com a sua filosofia muito embora ainda não entendesse direito seu significado. Para saber mais a respeito do que significa essa cura havaiana e quais são as suas origens e os seus efeitos, eu fui até a livraria mais próxima a fim de procurar um livro do tema e encontrei este aqui: Ho'ponopono -- O Segredo da cura havaiana. 
    Neste livro originalmente francês (Ho'oponopono: le secret des guérisseurs hawaïens), os autores Dr. Luc Bodin e a Maria-Elisa Hurtado-Graciet explicam que a expressão "Ho'oponopono" significa "corrigir o que está errado" ou "tornar correto". Trata-se basicamente de uma técnica que utiliza palavras-chave com a intenção de limpar falsas crenças do inconsciente, purificando o nosso aparelho psíquico para que ele se harmonize com as boas e verdadeiras energias da vida. 
     Morrnah Simeona, uma curandeira havaiana, aperfeiçoou o Ho'oponopono, transformando um antigo ritual de resolução de problemas comunitários em um tratamento de cura interior que visa a reconciliação consigo mesmo e/ou a comunicação clara com a nossa "divindade interior". 
     Originalmente, o Ho'oponopono era um processo comunitário de antigos vilarejos havaianos que consistia em reunir as pessoas a fim de que elas pudessem superar os seus problemas e conflitos. Quando as pessoas tinham qualquer tipo de conflito entre si, elas pediam perdão umas às outras pelos pensamentos errados que haviam tido. 
       Tratava-se basicamente de uma resolução pacífica de conflitos e, como advogada, eu fiquei encantada ao refletir sobre a possível aplicação dessa técnica em meios comunitários como forma de reduzir a violência e tornar a justiça mais célere, especialmente ao focar mais na conciliação e no perdão do que no litígio (reflexões inevitáveis da leitora advogada que ficou "viajando" ao imaginar Ho'oponopono numa audiência de conciliação - risos).

              
         

      Contudo, o livro não foca no setor social, jurídico ou comunitário e sim no Ho'oponopono enquanto técnica interior e "psicológica" da pessoa em reconciliação com ela mesma. Nesse sentido, o Ho'ponopono aplicado para si mesmo é uma magnífica e profunda transformação baseada no amor próprio, na autocompaixão e no autoperdão (que lindo, não é mesmo?). E, como sou apaixonada por processos psíquicos internos de autocura (especialmente os diferentes e os mais "holísticos"), passei a amar Ho'ponopono após a leitura desse livro e a recomendar a técnica para muitos amigos. 
       Essa passagem de Ho'oponopono comunitário para Ho'oponopono individual e interior ocorreu graças às inspirações e às intuições da curandeira havaiana Morrnah Simeona. Esta curandeira viu nessa técnica uma maneira de purificação, harmonização pessoal e, consequentemente, de saúde (considerando que toda doença é a manifestação de algo desarmônico em nós). 
    A nova versão de Ho'oponopono criada por Morrnah é praticada de modo solitário, ou seja, sem a necessidade da intervenção de outras pessoas. Trata-se de um processo de arrependimento, revisão interior e reconciliação consigo mesmo, o que também implica a boa comunicação com nossa "divindade interior". 
     Ao praticar Ho'oponopono, desenvolvemos uma profunda relação com o Eu interior, a quem devemos pedir que limpe nossos pensamentos errados incessantemente. A partir desse processo, colocamos a mente em segundo plano e temos acesso ao Eu profundo, o qual tem a capacidade de determinar as ações mais corretas e apropriadas a serem tomadas por meio da intuição e da inspiração (Ho'oponopono deixa o praticamente mais intuitivo e, como já sou intuitiva por natureza, senti a minha intuição mais afiada ainda). 


               
      
      O principal objetivo dessa técnica é encontrar a paz interior, pois, consoante a curandeira havaiana, a paz começa dentro de nós, e cada pessoa está no mundo para trazer a paz e encontrar a paz ao redor dela. Segundo Morrnah, as pessoas estão sobrecarregadas de memórias do passado (muitas delas são inconscientes), as quais se reproduzem em novas situações ruins no momento presente, gerando medo e estresse. 
       Ao ler este livro, podemos chegar à seguinte conclusão: nenhum problema é realmente novo, pois tudo tem a sua origem em velhas memórias e pensamentos errados que trazem desarmonia ao nosso inconsciente há tempos. A solução mais inteligente para romper o círculo vicioso do nosso inconsciente é limpar as nossas memórias através das palavras-chave (frases que são mantras de purificação): Sinto Muito, Perdão, Obrigada e Eu te amo. 
      Estas palavras são dirigidas ao nosso interior a fim de purificar as memórias erradas e transmutar os maus pensamentos em bons pensamentos, boas inspirações, harmonia e luz. 
     Quando dizemos "Sinto Muito" e "Perdão" não estamos assumindo a "culpa", mas tomando consciência de que os acontecimentos errados do mundo exterior são frutos dos pensamentos errados de nosso interior. Essas frases são como um pedido de desculpas pelos acontecimentos desarmoniosos produzidos por nossos pensamentos equivocados, já que não sabíamos da existência de velhas memórias negativas e não foi de propósito que provocamos os nossos problemas. 
    Nesse sentido, pedimos perdão a Deus pelos pensamentos errados que criam acontecimentos desagradáveis em nossa vida e, naturalmente, cortamos o nosso vínculo com as memórias erradas. O perdão é um elemento libertador e essencial, porque permitirá a nossa vitória sobre as memórias. Os pensamentos errados deixam de controlar os acontecimentos para que o Eu Superior tenha mais domínio sobre a vida, a qual passará a atrair harmonia com base em pensamentos verdadeiros e agradáveis. 
      Quando dizemos "Obrigado", enviamos gratidão à vida, à oportunidade de estarmos limpando as nossas memórias erradas e ao Eu Superior por estar limpando as nossas memórias erradas. Agradecemos também à divindade interior que está limpando a nossa alma e a Deus por permitir que nós tivéssemos a consciência dessas memórias para poder libertá-las. 
    Quando dizemos "Eu te amo", enviamos amor para nós mesmos, para nossas memórias erradas a fim de que elas sejam transformadas em luz e para Deus. É unicamente por amor que podemos transmutar as nossas memórias erradas em luz. Essas palavras-chave permitem que a luz divina entre em nós e transmute as emoções e os pensamentos negativos ligados às memórias erradas. 
    Depois que as energias são transmutadas em nosso interior, sentimos uma imensa paz interior e, consequentemente, teremos mais situações de paz e acontecimentos de harmonia na vida exterior. 

                

       

        Uma dica de meditação prática contida no livro para experimentarmos Ho'oponopono pela primeira vez seria dizer: "Sinto muito, não sabia que tinha essas memórias. Peço perdão à vida e a mim mesmo. Obrigado (a) por me indicar o problema que eu tinha sem saber. Eu te amo. Eu amo a vida, o meio que me cerca, as pessoas ao meu redor, minhas próprias memórias, sem esquecer de amar a mim mesmo (a)." 
          Um dos elementos mais interessantes na prática de Ho'oponopono é a entrega. Não é por meio da mente que curaremos a própria mente em Ho'oponopono e sim tendo fé na luz harmoniosa e acreditando que o Eu Superior limpará as suas memórias erradas se você solicitar que elas sejam purificadas e dizer as palavras-chave. Muitas vezes, você não precisará saber quais são essas memórias erradas especificamente e o porquê dos problemas que elas trazem na sua vida externa. Você não precisará de raciocínios mentais ou verbais para sua cura. 
         O silêncio de uma meditação intuitiva e com o propósito de purificação pode simplesmente curar o seu interior. Você se sentirá naturalmente melhor e evoluirá sem perceber (risos), pois estará purificando as suas memórias ainda que não saiba racionalmente como funciona essa purificação. É preciso simplesmente se entregar ao processo intuitivo de transmutação de pensamentos e emoções em luz. 
     Diferentemente de muitas linhas tradicionais da terapia em que o terapeuta leva muito tempo para ajudar o paciente a descobrir a raiz de seus problemas e trazer à tona todos os traumas e memórias ruins, a técnica havaiana de Ho'oponopono não exige que você saiba racionalmente as origens de seus problemas. Basta que você peça ao Eu Superior que purifique as memórias erradas e elas serão purificadas com a energia do perdão, da gratidão e do amor. 
       Esse é um assunto muito polêmico e delicado, pois muitos veem com maus olhos a substituição da terapia convencional por Ho'oponopono. Ocorre que, em nenhum momento, o livro incentiva essa substituição. O livro aborda esse tema com respeito às terapias convencionais e sugere que Ho'oponopono seja uma técnica complementar à terapia tradicional, pois os profissionais de psicologia são importantes no tratamento de males psíquicos e, muitas vezes, são essenciais -- especialmente no caso de transtornos mentais. 
       Contudo, se você não tem transtornos mentais nem problemas psicológicos mais graves e almeja simplesmente purificar diariamente o seu interior e ter mais harmonia em sua vida, o Ho'oponopono pode ser ótimo para você, principalmente se você responde bem a tratamentos mais "holísticos" e/ou "espirituais". 
          Talvez, se ensinássemos Ho'oponopono desde cedo para as nossas crianças e todos tivessem um inconsciente puro e livre de memórias equivocadas, sem dúvidas, não haveria mais doenças físicas nem mentais (não haveria mais médicos nem psicólogos). E, se aplicássemos Ho'oponopono nas comunidades, assim como no ritual de sua origem, não haveria mais lides na Justiça (não haveria mais advogados, promotores nem juízes). Entretanto, estamos ainda bem distantes desse mundo ideal de perfeição e harmonia. E ainda precisaremos muito de médicos, psicólogos, advogados e de todas as demais profissões. 

                   

             

                  O que resta a cada um é aplicar Ho'oponopono no seu cotidiano não para atingir a perfeição (sempre teremos uma memória equivocada ou outra para limpar e o processo é contínuo), mas para evoluir um pouquinho mais e tornar a sua vida gradativamente mais harmoniosa. 
              Um dos aprendizados desse livro é que nossa identidade humana é composta por quatro elementos: o subconsciente (ou Unihipili), o consciente (em havaiano Uhane), o superconsciente (Aumakua) e Deus (ou inteligência divina). 
              O subconsciente é a nossa criança interior, a parte emocional do nosso ser. Logo, é a parte de nós onde todas as memórias estão estocadas. No "estoque" de memórias, além das memórias individuais, guardamos as memórias de nossos pais, dos ancestrais e das vidas passadas (para quem acredita em vidas passadas). O consciente, por sua vez, é a nossa "mãe" psíquica que corresponde ao mental ou intelecto. Na parte consciente, somos capazes de fazer escolhas.
           O superconsciente é o nosso "pai" interior, o qual também é considerado o "ser superior" em nós. Essa parte corresponde à alma e faz parte de nós, ainda que se encontre em outra dimensão. Essa parte é livre das memórias e está sempre em contato com Deus.
            Deus ou inteligência divina é a parte mais sublime e transcendental de nós. Essa inteligência divina se encontra em cada ser e conecta toda a humanidade.  Essa parte também é denominada de "Deus em nós". A limpeza das memórias será feita por ela, mas somente será acionada se fizermos expressamente o pedido de purificação das memórias equivocadas guardadas em nós, visto que há a lei do livre-arbítrio. 
            Diante dos problemas da vida, a pessoa tem duas opções: deixar-se guiar pelas memórias erradas e ser uma marionete das sujeiras do inconsciente ou dizer "basta" com a força interior e reconhecer (ainda que duramente no início do processo) que tudo o que vê em sua vida é produto de memórias antigas, as quais podem ser transmutadas com vontade, disposição e entrega à inteligência divina. 


                           

             

          Todos os problemas, na verdade, são frutos de criações humanas. E, ainda que não tenhamos a intenção de criar problemas, nosso poder criador mal utilizado reproduz as sujeiras do inconsciente. A solução mais correta é harmonizar nosso inconsciente e direcionar para o bem o nosso poder criador. Praticar Ho'oponopono (meditar com as palavras-chave "Sinto Muito, Perdão, Obrigada e Eu te amo") purifica nosso inconsciente e liberta nossa vida das memórias equivocadas. 
           Ao praticar Ho'oponopono, a pessoa entra em contato com o seu ser superior (ou alma) para pedir que a sua parte divina limpe as memórias equivocadas. E o trabalho da pessoa termina aí, pois não há nada mais para fazer. A partir desse momento, começa o trabalho da divindade interior e a pessoa deverá apenas confiar no processo, desprender-se e entregar-se à limpeza divina. 
             Com o passar do tempo, a pessoa sentirá naturalmente mais confiança no processo de limpeza interior e autoconfiança também. Intuitivamente, terá a certeza de que chegaram as melhores soluções para os seus desafios após a sua purificação. As soluções costumam chegar mais rápidas e claras quando há o processo de limpeza correto. Não é mágica. É Ho'oponopono.  
              O livro traz uma série de meditações e, apesar de ser um livro curto, é um livro de intensos e profundos aprendizados. Nessa resenha longa, destaquei os principais elementos, reflexões e ensinamentos de Ho'oponopono.

                       

           

           Por fim, merecem destaques minhas duas últimas reflexões (a partir de agora pensamentos da leitora): o perfeito alinhamento que existe entre Ho'oponopono e a Teoria das Janelas da Memória do Doutor Psiquiatra Augusto Cury e a analogia interessante entre Ho'oponopono e as religiões tradicionais. 
          Dr. Cury reconhece que existem janelas inconscientes na nossa memória. Os registros de nossas memórias tem relação com o córtex frontal do cérebro e têm o poder de aprisionar ou de libertar o ser humano. Nos livros de autoajuda que já li do Augusto Cury, ele divide as janelas das memórias entre "killer" ("janelas assassinas") e "light" (janelas iluminadas). As janelas killer "assassinam" nosso bem-estar e qualidade de vida enquanto as janelas light nos convidam a viver melhor. 
             As janelas "killer" são criadas por memórias ruins e traumatizantes e são responsáveis por nossos males psíquicos e sentimentos ruins. As janelas "light" são aqueles registros de memórias que nos remetem ao prazer, a alegria e a vontade de viver. Cury nos convida, em seus livros de autoajuda, a driblarmos as janelas "killer" e a cultivarmos cada vez mais janelas "light" em nós mesmos e nas pessoas ao nosso redor através de pensamentos positivos e boas ações. 
         Somos responsáveis não somente pela nossa saúde mental, mas também pela saúde mental das pessoas aos nosso redor. Quando maltratamos alguém, por exemplo, estamos criando janelas killer nessa pessoa. Quando, ao contrário, tratamos bem alguém, elogiamos com sinceridade, oferecemos nossa amizade verdadeira ou praticamos uma boa ação para alguém, estamos criando janelas light nessa pessoa. Recomendo os seguintes livros do Cury: 12 semanas para mudar uma vida, Gestão Emocional e Mulheres Inteligentes, Relações saudáveis. Em quase todos os livros dele, veremos a teoria da inteligência multifocal que contém a teoria das janelas da memória. 
            Quais são as suas memórias boas? E quais são as suas memórias ruins? Talvez seja a hora de unir a ciência psiquiátrica tradicional e suas teorias (como as teorias do Doutor Cury) e a técnica holística havaiana para nos libertar das más memórias que tanto nos angustiam. Ho'oponopono cai como uma luva para a teoria das janelas da memória, pois seria uma técnica de limpeza das memórias killer. Adoro fazer analogias e paralelos entre diversos livros que leio e foi natural comparar esse livro de Ho'oponopono com os livros de Cury que falam das janelas das memórias. 


                            

             


              E dá para fazer muitas analogias e comparações saudáveis entre Ho'oponopono e diversas outras teorias da ciência ou até mesmo outras crenças religiosas. Na religião cristã tradicional, mais precisamente a católica, também trabalhamos as palavras-chave "Sinto Muito, Perdão, Sou grato e Te amo" só que de outra forma. Quando pedimos perdão pelos nossos "pecados", também estamos nos desculpando pelas nossas memórias erradas e pelas máculas de nosso interior ou inconsciente. 
                Quando rezemos o tradicional Pai Nosso, dizemos: "perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido". Essa frase da oração cristã é um convite ao perdão. Quando louvamos a Deus na igreja, estamos em plena gratidão (é como se disséssemos "sou grato" a Deus). O "Eu te amo" também é cultivado pela religião cristã: "Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças" e "Amarás o teu próximo como a ti mesmo." 

                          

          

         Vou encerrar a resenha por aqui, porque as semelhanças entre Ho'oponopono e as outras fontes de sabedoria (ciência, religião cristã e etc) são infinitas. Tudo está interligado e aponta uma verdade bem clara: o perdão, a gratidão e o amor são capazes de curar o ser humano. Ho'oponopono é uma verdadeira flor de lótus que surge da lama do inconsciente para nos purificar. 


Resenha escrita por Tatyana Casarino 
           
                 

         
    

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