Festa de luxo, homem de fraque,
uísque, vinho, champanhes e drinques.
Ele olha para mim como num filme,
agarra minha cintura e me beija firme.
Seu beijo tem sabor de mar e brisa,
eu sinto o sal de sua boca e sua saliva.
Seus cabelos lembram as ondas do mar,
seus olhos tão profundos como o oceano.
Ele beija meu pescoço antes de caminhar,
cada passo seu exala fumaça e mistério.
É como se atravessasse um jardim de ópio
rumo à lua em seu novo e doce despertar.
Eu sigo o homem que vai para o mar,
meu vestido vermelho beija a sua fumaça.
Vejo o homem se despir no luar e chorar,
brilha a beleza de sua liberta lágrima.
Oh! Como é belo um homem que chora,
eu amarei a sua sensibilidade em meu ventre.
Nesta eternidade que não te consola,
beijo seus lábios de sedas quentes.
Os homens sensíveis moram no mar,
lá é a sua tenda oculta do sensível luar.
Lá eles choram sem culpa nem pudor,
revelando toda a ternura e o amor.
O fraque dele flutuava na água,
eu molhei os meus pés no mar silente.
As pernas dele viraram uma cauda,
repleta de escamas azuis fluorescentes.
Vi suas feridas atrás de escamas,
vi suas lágrimas atrás da lua,
vi suas lutas atrás das cascas.
Sua alma de tritão estava nua.
Meu vestido vermelho parecia uma tulipa
que flutuava no mar enquanto eu nadava.
Abracei o tritão com força e muito amor
enquanto a energia do mar nos rodopiava.
Seus ombros largos me fazem te amar,
meu homem tem a forma ondular do mar.
É como um caranguejo que me envolve,
com suas pinças feitas da luz da lua.
Eu amo a sensibilidade até o fim dos tempos,
nossa cortina de fumaça é translúcida.
Você quer me transcender, baby?
Essa é a viagem das águas turvas.
Suas águas são puras e turvas,
ópio, ócio, prazer, amor e dor.
Eu mergulho nessas águas suas,
num psicodélico e doce amor.
Eu amo a sua inspiração para sempre,
beijo os lábios de Netuno docemente.
Enfrento essa cortina de fumaça espelhada,
bêbada de amor e sóbria na dor nas asas.
Você é minhas asas, minha expansão,
a expansão de um amor sem limites.
Quais são os limites de um amor?
Quais são os limites da resignação?
Por você, eu mergulho na neblina,
sinto o êxtase da névoa romântica.
Você é o tritão que canta lindas poesias,
sinto o infinito do mar na minha mente.
Ninguém resiste ao canto do tritão,
e eu fui atraída para o seu infinito.
Mergulho num campo sutil da atmosfera,
comunico aquilo que vem do coração.
A água é testemunha do nosso amor,
a neblina é a nossa roupa no escuro.
Eu amo um homem que é metade peixe,
dentro do mar cheio de mistérios profundos.
Poesia escrita por Tatyana Casarino.
Essa poesia tem múltiplos significados, em especial um significado astrológico sobre a influência de Netuno no Mapa Astral da poetisa e um significado de protesto a favor da manifestação da sensibilidade masculina. As sereias sempre foram o símbolo máximo da manifestação dos sentimentos e da sensibilidade, já que a água é o elemento mais psíquico esotericamente. Entretanto, o mundo sensível não está presente somente na alma feminina, mas também na masculina. Durante muitos séculos, os homens foram obrigados a esconder a sua sensibilidade por causa das pressões sociais.
A sociedade exige sempre as características solares dos homens: força, autoconfiança e liderança (características que mulheres também podem expressar com competência). Ocorre que as características lunares e netunianas (referentes à lua e ao planeta Netuno, astros sensíveis para as astrologia) não podem ser sufocadas nos homens sob risco do desenvolvimento de vícios (álcool e drogas, por exemplo) e até mesmo suicídio (o índice de suicídio é maior entre os homens).
É preciso acolher os homens sensíveis, entender que a sensibilidade é um componente importante da personalidade e que a verdadeira força está em saber conduzir a sensibilidade com maestria e sabedoria (não está em escondê-la). Essa poesia é uma homenagem aos homens dos signos de água (Câncer, Escorpião e Peixes) e a todos os homens com o mundo psíquico desenvolvido.
Sempre escrevi sobre as sereias, tratando do mundo psíquico com muita delicadeza, misticismo e feminilidade por ser mulher. Contudo, na poesia de hoje resolvi inovar e apresentar um homem da água, um tritão sensível que esconde suas feridas da alma atrás de cascas e escamas e que ama uma mulher da terra.
Muitos podem associar essa poesia ao filme ganhador de Oscar "A forma da água", mas eu sinceramente não me inspirei nessa história, pois ainda não vi este filme. O que me inspirou mesmo foi a Astrologia. E, embora eu tenha transformado essa poesia em uma história de amor (e ela pode ser interpretada assim), a poesia nasceu da ideia de representar poeticamente o meu Mapa Astral e a minha "paixão" pelas inspirações trazidas por Netuno em um ponto da minha Carta Natal.
Eu tenho Netuno na Casa 3 do Mapa Astral (casa mental e comunicativa) e essa é uma das influências astrológicas que me dá o dom de fazer poesia. Há um sentimento peculiar na hora que a inspiração chega.
Para mim, é quase "palpável" o sentimento místico, transcendental e etéreo de Netuno. É como se fosse um "transe" leve, saudável e natural que vira poesia. E o mais incrível é que eu não faço uso de qualquer droga ou bebida para alcançar esse estágio (sou totalmente careta nesse quesito, totalmente contra qualquer droga).
Esse estágio de transe imaginativo me alcança naturalmente, e eu o canalizo de modo saudável nas minhas práticas religiosas e artísticas. Porém, na maior parte do tempo, sou uma pessoa focada, estudiosa e realista (deve ser a influência forte de Capricórnio e Touro no meu Mapa Astral) que se permite ter "escapadas" fantasistas para equilibrar a vida (a vida não teria graça sem um pouco de fantasia, não é mesmo?).
O excesso de fantasia é prejudicial, pois nos impede de aproveitar a vida real que é muito mais maravilhosa. Entretanto, o excesso de realismo também é prejudicial, pois pode tornar a pessoa dura, seca, cética e vulnerável aos excessos e aos vícios quando a falta latente de fantasia bater na porta (a pessoa corre o risco de vivenciar Netuno na droga). Gosto do equilíbrio entre realidade e fantasia. É preciso sentir a doçura de Netuno naturalmente.
Essa doçura netuniana me encanta, e eu representei a energia astral do planeta Netuno através de um tritão belo e sensível que canta poesias no mar e seduz a mulher que ouve seus versos. Curiosamente, o deus grego do mar, Poseidon, é conhecido pelos romanos como Netuno. Para os astrólogos, Netuno é o arquétipo da sensibilidade, da espiritualidade, da poesia e de um amor sem limites, já que seria a oitava superior do planeta Vênus, o planeta do amor.
Texto escrito por Tatyana Casarino.
*Essa poesia faz parte da série "Poesias do meu Mapa Astral".
*Essa poesia representa Netuno na Casa 3 do Mapa Astral.
Confira outros poemas astrológicos:
*Lua de Centauro -- Representação da minha Lua em Sagitário na Casa 2
*Assim (re)nasce uma Fênix -- Representação do meu Plutão em Escorpião na Casa 1:
Nenhum comentário:
Postar um comentário