O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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domingo, 26 de maio de 2019

Brasília: velha menina



Brasília é uma cidade bonita,
mas também muito esquisita.
O céu dela é uma pintura,
numeradas são as suas ruas.

Vive na terra, mas é um avião:
asa norte, asa sul e pontão.
Viver nela é decolar sempre
rumo à originalidade da mente.

Kubitscheck foi um grande homem,
seu museu é um castelo de sonhos.
Visionário, resoluto e absoluto,
realizou essa cidade em tudo.

O museu do índio é encantador,
como uma bela viagem no tempo.
O encontro do português com o indígena
fez nascer essa brasilidade mista e linda.

Mas, pelas ruas, um clima seco:
faltam-lhe o ar, o amor e o chamego.
Algumas pessoas são mornas como o apocalipse:
com faces de "tanto faz" perdem o seu timbre.

E é nesse tédio que o Brasil andava para trás:
os políticos lavavam as mãos no "tanto faz".
Quando brilhará os olhos dessa gente?
Por que essa gente não é sorridente?

Onde está a paixão em Brasília?
Ou você verá alguém "alternativo",
ou você verá alguém engravatado.
Terra de "bichos-grilos" e revoltados.

A rebeldia era bem linda e produtiva
quando gerava poesia e rock and roll.
Agora só gera briga e apatia
nessa frieza distante e vazia.

Essa é a terra onde está todo mundo,
mas onde não vive quase ninguém.
Conheci também cidadãos simpáticos,
a parcela heroica que me faz bem.

Cada um vive em seu mundo,
cada qual no seu casulo.
Cada quadra é limitada,
cada vida é padronizada.

Brasília, Brasília, seja mais viva!
Vença as suas quadras, beije a mata,
incorporando mais chamego e paixão.
Do Brasil, tu és a menina do coração.

Não sejas assim tão velha e taciturna,
pois tu és jovem e cheia de formosura.
Que as belas igrejas limpem teus pecados,
sejas honesta sem perder o samba bravo. 

Poesia escrita por Tatyana Casarino. 

Imagem: Brasília em Cores -- Portal da Câmara dos Deputados. 




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