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quinta-feira, 18 de abril de 2019

Resenha de Páscoa -- O que significa o Santuário de Schoenstatt?

                                              

     Trata-se de um ciclo de palestras realizado na Família de Schoenstatt, em Santiago do Chile, nos meses de maio e abril de 1973. Tal palestra foi ministrada pelo Padre Hernán Alessandri Morandé. O livro é um compilado escrito das gravações das palestras originais. 
    Esse livro relata inicialmente as principais críticas feitas aos santuários em geral, explicando que essas partem do pensar mecanicista do mundo advindo tanto dos naturalistas (seres humanos apegados à matéria e ao mundo visível) quanto dos sobrenaturalistas (espiritualistas dualistas que separam o material do divino por acharem aquele pecaminoso). 

                              

Santuário de Brasília. 
      

          O santuário enquanto edifício material representa o Corpo material de Cristo e a ponte para o encontro com Deus. O Santuário é a mais perfeita união entre o mundo sensível e o mundo divino ou entre o mundo natural e o sobrenatural, eis que o mundo natural deixa de ser rejeitado pela religiosidade (como é rejeitado pelos puristas na visão de mundo natural "pecaminoso") e passa a ser a sua própria "ponte" santa. 
     Diferentemente dos dualistas que abominam os elementos sensíveis e separam esses elementos do divino, em busca de um sobrenaturalismo puro (como, por exemplo, o viés teológico de Lutero e os protestantes que abominam imagens), o Santuário Católico oferece a união entre os elementos sensíveis (obras humanas, imagens, símbolos, edifício e lugar físico)  e os elementos divinos (as graças de Nossa Senhora, o Corpo de Cristo, a transformação espiritual e o encontro com Deus) para demonstrar que toda a ordem criada pode ser um meio de encontro com Deus, dentro de uma visão orgânica e ampla da vida. Muito mais do que um lugar físico, o Santuário carrega uma filosofia que pretende ser espalhada para todos os seres humanos do planeta: a visão orgânica do mundo. 
          E o que é a visão orgânica de mundo? É o maior contraponto da visão mecanicista de mundo. Na visão mecanicista de mundo, o natural e o sobrenatural estão terminantemente separados, dividindo o mundo entre os naturalistas (as pessoas que negam o sobrenatural pela ausência da fé ou pela supervalorização de recursos meramente humanos) e os sobrenaturalistas (são aquelas pessoas que negam o natural por pensar que os elementos sensíveis são desprovidos do aspecto divino e, por isso, eles seriam pecaminosos em algum nível). 
            Tanto os sobrenaturalistas quanto os naturalistas ficam sós, desiludidos de tudo, sem Deus e sem as forças que d'Ele procedem e que permitiram infundir verdadeira vida na história, consoante Morandé. Ao desprezar a dignidade dos elementos sensíveis e do mundo criado, o sobrenaturalismo privou o ser humano dos meios de acesso simples que levavam à intimidade com Deus. O resultado disso não foi uma salvação purista ao abandonar todos os símbolos, mas uma visão de Deus cada vez mais abstrata e distante do homem moderno. 
             Os vínculos com Deus não ficaram mais "puros", mas acabaram sendo cortados, tendo em vista que o sobrenaturalismo "mutilou" as "pontes" mais clássicas para o caminho divino (e que são muito importantes para o ser humano tanto do ponto de vista psicológico quanto do espiritual): os lugares, as coisas e as pessoas. Destruíram-se os laços entre os lugares, as coisas, as pessoas e as atividades humanas a partir do momento que esses laços não foram mais vistos como pontes que conduzem o homem até Deus. 
              Por outro lado, uma visão extremamente naturalista acaba chegando em uma idolatria nada saudável dos elementos sensíveis quando estes são vistos como fins em si mesmos, supervalorizados e isentos da visão de que são "caminhos" para Deus. Enquanto o sobrenaturalista despreza as criaturas, o naturalista supervaloriza as criaturas e se esquece de suas condições como pontes para o divino. 
              Sobrenaturalistas rejeitam o sensível e naturalistas rejeitam o divino: ambos estão com certos aspectos da vida "mutilados" dentro de si mesmos, equivocados e contribuem para a má saúde psicológica do homem moderno -- que ora foge do divino, ora se refugia em um caminho "purista" e ora deixa acontecer a pulsão de suas paixões inconscientes sem a devida educação moral (por isso, os vícios sexuais desenfreados, o vazio  existencial e as compulsões modernas tomam conta de uma sociedade infeliz). 


                                      

As diversas filiais de Schoensttat no Brasil: mesmas medidas e fidelidade apostólica. Todos os Santuários de Schoenstatt são um só, pois cada um deles remete ao primeiro Santuário criado por Kentenich. 
                 

                   A filosofia da visão orgânica da vida defende a união entre o sensível e o divino, ou seja, entre a ordem natural e a ordem sobrenatural. Quando enxergamos a dignidade de cada criatura, temos consciência da grandeza e da dignidade de Deus. E vice-versa: quando nós nos aprofundamos na beleza do Criador, passamos a ver a ordem natural com toda a sua verdadeira beleza e dignidade além de vermos, nas criaturas, as iluminadas pontes para Ele. A ordem natural não afastará o homem de Deus e, por tal razão, não precisamos temer o contato com o sensível. Pelo contrário, é através dos elementos sensíveis que o homem construirá as sua pontes para a sabedoria divina. 
                       O próprio amor humano (incluindo as suas expressões sensíveis e corporais que não são pecados quando conduzidas com equilíbrio e servindo de ponte para a dignidade divina) pode cantar sua condição de reflexo do amor a Deus e de caminho para Ele. O mal ocorre quando o homem considera tudo o que é sensível como fonte de pecado e corta as inúmeras pontes que Deus colocou na ordem humana para chegar até Ele. O mal também surge quando o homem supervaloriza os elementos naturais e se esquece de se apoiar no amor a Deus, diluindo e subvertendo os elementos sensíveis pela ganância de transformar as metas materiais em metas últimas. 
                  A ordem natural, em si, não é fonte de pecado e sim de aprendizados e ponte para Deus (ora, afinal de contas, o Criador que fez a ordem natural e todas as suas criaturas). O pecado nasce na quebra das pontes entre a ordem natural e a divina e nas subversões. Utilizar símbolos e elementos sensíveis como pontes para o sagrado não é idolatria como dizem os puristas, mas sim uma forma de trilhar a união entre os simples artefatos humanos e Deus. A idolatria estaria na subversão ou na supervalorização dos elementos sensíveis como fins em si mesmos e não mais como pontes para o amor a Deus. 

                                     

Santuário de Santa Maria/RS.
                         

                    Para o pensamento orgânico defendido pelo livro, o homem moderno deve recuperar a capacidade de captar toda a realidade em volta dele como um caminho para Deus. Viver organicamente é desenvolver-se de acordo com todas as dimensões e potencialidades humanas de seu ser a fim de chegar até Deus por meio de todos os caminhos, de todos os vínculos humanos, de todas as coisas, de todos os lugares, de todas as pessoas e de todos os acontecimentos. Sendo assim, o ser humano que pensa, vive e ama organicamente é capaz de transformar cada instante de sua vida num encontro vital com Deus, pois vê a Deus atrás de tudo. 
                          Cada acontecimento carrega, portanto, sinais de aprendizados divinos que podem fortalecer as pontes entre o humano e o divino ou entre o sensível e o sagrado. Pensamento orgânico da vida: Eis o pensamento que carrega a vida de significado e pode salvar a humanidade da depressão, do vazio e da fraqueza espiritual. Os maiores obstáculos para a visão orgânica de humanidade (além da mente mecanicista que é o seu contraponto) são as políticas marxistas (subvertem a ordem natural) e as capitalistas "selvagens" (supervalorizam o material em detrimento da moral). Os schoenstatianos sempre foram "proféticos" ao prever as batalhas políticas da vida contemporânea (lembrando que o livro foi escrito há tempos, ou seja, muito antes dos conflitos políticos atuais). 
                      O ser humano que vive a mentalidade orgânica da vida é capaz de chegar bem perto de Deus e alcançar um grau alto de "divinização" e, ao mesmo tempo, permanece profundamente integrado à ordem humana, professando grande respeito e admiração por tudo o que é criado (ele enxerga pontes entre o humano e o sagrado que somente a visão orgânica pode propiciar).  Portanto, o ser humano imbuído dos preceitos orgânicos citados e ciente das pontes entre o mundo sensível e sobrenatural é alguém cheio de força, pois recebe a força de Deus a cada instante de encontro com Ele. Essa força trazida pelo viver orgânico é capaz de moldar a história da humanidade de modo fecundo e vitorioso. 

                                     

Josef Kentenich foi um padre católico alemão. Ele foi o fundador do Movimento de Schoenstatt em 1914 na Alemanha. Era absolutamente contra o nazismo, o qual era fruto do pensamento idealista e mecanicista que o padre combatia. Foi aprisionado durante um mês em um quarto sem ventilação pelos nazistas por ter se declarado contrário ao nazismo na seguinte frase: "Minha missão é revelar o vazio interior do nacional-socialismo, a fim de assim poder derrotá-lo." O padre também sofreu no campo de concentração de Dachau, onde havia outros sacerdotes presos (em torno de 2.600 sacerdotes). A religião católica foi perseguida durante o nazismo, visto que seus ensinamentos de fraternidade, união e visão orgânica de mundo não combinavam com a cruel ideologia nazista. O padre sobreviveu ao campo de concentração e, a despeito de sua saúde física abalada, preservava uma serenidade inabalável por conta de sua fé. Ofereceu seus períodos de sacrifício ao Capital de Graças do Santuário de Schoenstatt.  



Kentenich jovem.

                        

                      Vale ressaltar que o viver orgânico é muito mais do que uma "filosofia", pois não se restringe ao aspecto intelectual: não se trata de ideias bonitas, mas de um íntegro viver, um amor a Deus que parte do coração, do corpo e da alma. Trata-se de cumprir o preceito bíblico de amar a Deus com toda a sua alma e coração. O livro também critica o intelectualismo do mundo moderno, o qual contribuiu para a visão mecanicista e desprezou importantes mecanismo sensíveis para o caminho até o divino. 
                  Schoenstatt representa essa superação do intelectualismo: o Santuário parte do amor maternal de Nossa Senhora e de sua terna sensação de "aconchego" para desenvolver o caminho divino. O santuário não parte do intelecto, mas diretamente do coração. Além do mais, Schoenstatt é um santuário pequeno, representando muito mais do que aconchego, mas também a simplicidade de sua missão espiritual. Sabe-se que o tipo de santidade que Deus pede aos schoestatianos é desprovido de manifestações grandiosas, milagrosas ou excepcionais. É o que o autor denomina de "santidade do dia-a-dia", isto é, uma santidade expressa no cumprimento mais perfeito possível dos deveres de cada dia. 


                                         

Os interiores dos Santuários também seguem o mesmo modelo (os Santuários são iguais por fora e por dentro em todos os lugares do mundo): uma imagem de Arcanjo Miguel, a imagem da Mãe Rainha e um simples altar. 
                           


                      Na santidade schoenstatiana, a única coisa extraordinária é o imenso amor com que se procura cumprir, da melhor maneira possível, com os deveres ordinários da vida. Deve-se efetuar as tarefas do cotidiano com amor extraordinário. Por isso, o lema schoenstatiano é: "Fazer extraordinariamente bem as coisas ordinárias". Essa é a síntese do viver orgânico: não buscar na espiritualidade o refúgio da realidade nem supervalorizar o cotidiano em detrimento da transcendência, mas penetrar no humano para poder transcender e amar o cotidiano real com o coração repleto fé e de vínculos com Deus. Através do cumprimento de deveres na realidade, podemos viver uma santidade comum se formos íntegros em nossas tarefas humanas. 
                            Segundo o autor, o santo do dia-a-dia aparece, portanto, como uma resultante típica da espiritualidade da Aliança de Schoenstatt: é a pessoa que tem grande abertura para a graça divina e para o atuar de Deus e, ao mesmo tempo, apresenta o máximo desdobramento de atividade e iniciativa humanas. É a aplicação vívida do lema: "Nada sem Vós -- Nada sem nós." Esse lema significa que nada acontece sem a graça de Deus, mas que tudo também depende do esforço humano e da comunhão entre humano e divino. 
                           Conforme o inteligente santo chamado São Francisco de Sales (citado bastante por Padre Kentenich e que não pode ser confundido com outro iluminado santo chamado São Francisco de Assis), é assim que o ser humano deve se comportar: "Confia em Deus como se tudo dependesse Dele, mas atua com tanta energia e responsabilidade como se tudo dependesse de ti." Nesse sentido, nascem os princípios teológicos do Capital de Graças, pois Deus e Nossa Senhora abençoarão o Santuário de Schoenstatt na medida em que os seres humanos se esforçarem para cumprir seus deveres de amor e santidade. Essa é a Aliança de Amor que liga os schoentatianos às graças do Santuário. 
                              Portanto, não importa tanto o que uma pessoa faz, mas como ela faz, pois são levados em consideração o amor, a docilidade e a entrega à vontade de Deus. Desse modo, aquele que está descascando batatas com amor e varrendo o pátio com fé pode ser mais santo e influenciar de maneira mais grandiosa a sociedade através de sua simplicidade verdadeira do que o político que somente discute teorias e se descuida da prática de cuidar de sua pátria ou de sua família. 
                            Para reconhecer o atuar divino por trás das ações humanas, aliás, citam-se as leis de Kentenich: a lei da porta aberta e a lei da resultante criadora. Quando a pessoa inspirada por Deus encontra portas abertas em todos os seus passos e enxerga frutos excepcionais nascendo de suas decisões, ela não está com "sorte" e sim profundamente aliada à vontade divina. Aplicando estas leis à história de Schoenstatt, haverá a confirmação de que o Santuário é fruto de uma notória intervenção de Deus. 
                        O livro também conta a história da criação do Santuário de Schoenstatt pelo Padre Kentenich através do Documento de Fundação de Schoenstatt de 18 de Outubro de 1914 na Alemanha. Kentenich era diretor espiritual de um grupo de jovens e, inspirado por Deus, foi movido a transformar uma capelinha abandonada em um Santuário cheio de Graças. Deus atuou através de Kentenich de modo simples e silencioso, sem grandes ações ou milagres na região. Schoenstatt não é um Santuário famoso por acontecimentos sobrenaturais nem por aparições extraordinárias, mas pela simplicidade da união entre o humano e o divino. Apesar de sua simplicidade, Schoenstatt guarda um grande poder: é capaz de transformar em santuário vivo todo aquele que vivencia o encontro com Cristo dentro dele. 
                         Existem muitos outros tipos de santuários ao redor do mundo e muitos são famosos pelos milagres e curas físicas que efetuam nos católicos visitantes. Schoenstatt, porém, não é conhecido por suas curas físicas, mas pelas curas morais, psicológicas, emocionais e espirituais que efetua no coração de cada ser humano que é abrigado por ele. 
                           É o Santuário que cura corações angustiados, que transforma ignorantes em sábios e ateus em apóstolos imbuídos pela missão de sua fé. Quem visitou o Santuário sabe da paz interior que experimentamos lá dentro. Essa "sensação" de paz dentro de uma igreja verdadeira não pode ser comprovada pela ciência do mundo mecanicista, mas é inegável que todos podem experimentá-la a partir do viver orgânico. 
                          Salienta-se que as três graças derramadas por Nossa Senhora no Santuário de Schoenstatt são: A graça do abrigo espiritual e de um profundo arraigamento, a graça de uma profunda transformação espiritual e a graça de uma vívida fecundidade apostólica. O número três está presente na trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), nas três graças de Schoenstatt e na denominação de Nossa Senhora: Mãe e Rainha três vezes admirável de Schoenstatt. 
                         Todo aquele que vai até Schoenstatt se sente abrigado espiritualmente, como se estivesse dentro do coração de Jesus ou no colo da mãe Maria, e se cura da sensação de "estar perdido" no mundo típica dos dias de hoje. Por causa dessa sensação de "lar" que o Santuário propõe é que houve a proliferação de filiais em todo mundo: qualquer schoenstatiano que saísse de sua terra natal iria naturalmente almejar a construção de uma filial a fim de se sentir abrigado. 
                         O schoenstatiano também sente uma profunda vontade de mudar, de se empenhar com amor nos seus deveres cotidianos e de reformar o seu coração, expulsando todos os vícios que levam à angústia e ao afastamento de Deus e renovando uma aliança com Deus por meio da virtude e da paz no coração.


                                            

As portas dos Santuários também seguem o mesmo padrão. Veja a beleza da porta! Este é o Santuário de Atibaia. 
                              



                           Por fim, ao sair do Santuário, é inevitável sentir uma vontade de propagar a sua fé, a visão orgânica de mundo e professar a teologia católica e o amor a Jesus e a Maria, razão pela qual a fecundidade apostólica é uma graça notável dentre aqueles que têm fé no Santuário de Schoenstatt. 
                               Esse é um livro que vale muito a pena ler, pois o católico fica sabendo mais a respeito do significado do Santuário, sua história e seu funcionamento. O leitor tem acesso, inclusive, às palavras originais do documento de fundação do Santuário além de ser instruído para construir um Santuário (se assim for a sua missão). 
                 É um livro de uma riqueza teológica fantástica e surpreendentemente agradável (pensei que fosse enfadonha a leitura, mas me sentia empolgada a cada página desse livro). A partir da leitura, eu aumentei não somente meu conhecimento intelectual, mas também pude compreender melhor a teologia católica, a importância dos elementos sensíveis enquanto pontes para o divino e fiquei com o meu coração ainda mais vívido de fé e vinculado ao Santuário de Schoenstatt. 
                                  A leitura é muito agradável, pois faz o leitor entrar em contato com as graças do Santuário, tira muitas dúvidas teológicas implícitas no leitor e reacende um debate profeticamente moderno sobre o nosso mundo e como curá-lo. Realmente, vale a pena uma leitura orgânica hehehe, ou seja, bem ao estilo do que o livro prega: não basta ler somente com os olhos e a mente, mas também com o corpo, a alma e o coração. Verdadeiramente este é um livro que me transformou numa pessoa melhor, em uma católica mais instruída e numa cristã mais forte. Se você tem espírito de peregrino, este livro é para você! Termino essa resenha com o lema schoenstatiano: "Vem, conhece e anuncia!"

Texto escrito por Tatyana Casarino

*Observações:

Trecho mais bonito do livro:




Padre Hernán Alessandri Morandé, o autor do livro "O que significa o Santuário de Schoenstatt?" 



"De acordo com o pensamento do Padre Kentenich, a função própria da ordem sensível -- em relação ao encontro do homem com Deus -- é a de garantir que a graça divina toque e penetre o homem em sua totalidade, penetrando também sua sensibilidade e seus sentimentos, atingindo até seu coração e seu subconsciente, para obter assim um tipo de cristão que realmente possa cumprir com a exigência bíblica de amar a Deus com toda a alma e com todo o coração. Se se desprezarem os meios sensíveis, não se garantirá este efeito total. O que se terá é um cristão frio e formalista, que tem certas ideias cristãs e se esforça para cumprir certos preceitos cristãos, mas que não pode verdadeiramente amar a Deus com todo o seu ser, porque ninguém pode amar somente com a cabeça e a vontade.

Este é o porquê da falta de impulso vital de nosso cristianismo atual: carece de força porque não penetrou todo o homem, porque seu desprezo pelos meios sensíveis o incapacitaram de penetrar todas as regiões profundas da alma humana, cuja importância é tão bem ressaltada pela psicologia moderna. 

O Pe. Kentenich afirma que um homem não está vitalmente formado em Deus enquanto a graça não penetrar o recôndito mundo de seus instintos, de seus impulsos afetivos e de seu subconsciente."

Páginas 78 e 79 do Livro "O que Significa o Santuário de Schoenstatt?" de Pe. Hernán Alessandri Morandé. 






*Santuários de Schoenstatt visitados pela Taty:

Há diversos Santuários espalhados pelo mundo, mas eu conheço dois santuários brasileiros: 




*Tabor da Filialidade Heróica (fundado em 11 de Abril de 1948) em Santa Maria/RS. Santa Maria, aliás, foi a cidade gaúcha pioneira no que tange à construção de um Santuário de Schoenstatt brasileiro. 

Em Santa Maria/RS, curiosamente, há sempre uma irmã schoenstatiana rezando dentro do santuário, o qual é cercado por uma beleza misteriosa. Morei nessa cidade durante boa parte da minha vida, desde a infância, e sempre me senti atraída profundamente por este santuário (minha fé floresceu bem cedo)... Mas, somente a partir da leitura deste livro, minha fé schoestatiana criou raízes mais sólidas e eu pude ter uma visão mais madura sobre o santuário. 

 Minha visão mais teológica de Schoenstatt aumentou o meu entendimento das razões pelas quais o Santuário precisa da presença de irmãs e de orações: é assim que o Capital de Graças (o trabalho ofertado pelos Schoestatianos à Mãe Rainha para merecer suas bênçãos no local) sobrevive dentro da Aliança entre o sensível e o sobrenatural. 

   Curiosamente, o Santuário de Santa Maria/RS sempre fez parte de minha vida. Todos aqueles que me visitaram nessa cidade conheciam o Santuário (é um dos pontos turísticos e religiosos principais da cidade). Além disso, participei de dois ensaios fotográficos nos jardins desse Santuário: o ensaio fotográfico de formatura (minha turma de Direito resolveu ser fotografada nessa região para colocar imagens nos cartões de convite à formatura) e um ensaio fotográfico de amizade (eu e duas amigas tiramos fotos por lá para guardamos de recordação, pois eu sairia de Santa Maria para morar em outra cidade). 

*Tabor da Esperança (fundado em 19 de Março de 2000) em Brasília/DF. 




   Ambiente agradável, verdejante como o de Santa Maria/RS, e repleto de muita paz espiritual. Não encontrei irmãs no Santuário, pois visitei o local em uma manhã de dezembro muito tranquila. Saí de lá com uma profunda paz no coração. A sensação de paz realmente mexe com os sentidos da gente em todos os níveis: sobrenaturais, sensíveis, instintivos, intelectuais e afetivos. 

  Há diversos bancos, árvores e pássaros pelo local. Perto do Santuário, há uma pequena loja que vende livros, santos e produtos católicos. Entrei na loja e a primeira coisa que eu vi foi este livro sobre o significado de Schoenstatt. Senti uma intuição muito forte de que eu deveria comprar este livro. Segui meus impulsos e comprei o livro no mesmo instante junto com uma imagem de Arcanjo Miguel e um calendário de 2019 (visitei o Santuário em Dezembro de 2018). 

   Li o livro durante as minhas férias nos meses de dezembro (2018) e janeiro (2019). Foi uma leitura muito agradável que me trouxe lágrimas de alegria e sorrisos. Um livro emocionante que merece ser apreciado e estudado. Sublinhei diversos trechos, usei canetas coloridas e marcadores de texto, marquei as páginas mais importantes com etiquetas coloridas -- tudo com capricho e amor. Li o livro com a alma mesmo -- do modo mais orgânico e pleno possível hehehe. 
    
    Depois de ler o livro, pesquisei mais informações sobre ele na internet e não achei -- acredito que a resenha de meu blogue seja pioneira. Também não vi o livro no Skoob (site de cadastro de livros), pois ele é tão antigo que não tem código de barras (o ISSN). Nunca vi este livro em livraria alguma nem na internet, razão pela qual sinto que fiz bem em seguir meus impulsos e comprá-lo na loja católica, pois ele parece ser muito raro. 


*Imagens do meu livro: 



*A imagem do Arcanjo Miguel e a capa do livro (comprados na loja católica que fica no local do Santuário de Brasília). 



*Em algumas páginas do livro, há fotografias das diversas filiais do Santuário de Schoenstatt espalhadas pelo Brasil. 







Calendário de 2019 comprado na loja católica ao lado do Santuário de Brasília/DF. Em cada mês, há uma frase inspiradora e otimista. No mês de abril, está a seguinte mensagem: "Em qualquer parte da terra um homem estará sempre plantando, recriando a vida, recomeçando o mundo." Cora Coralina. 








Tatyana Casarino. 

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