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domingo, 31 de março de 2019

Tatyana Romanov -- A princesa misteriosa morta na Revolução Russa. -- Parte III

**Curiosidades da breve vida adulta de Tatyana Romanov: 


                       


   Nas postagens anteriores sobre a princesa russa Tatyana Nikolaevna, descrevi as características pessoais de Tatyana, sua infância ao lado das irmãs e os desafios de sua juventude. Na postagem de hoje, mostrarei um pouco mais da vida da bela Grã-duquesa ao descrever seu breve período como adulta. 
   Na vida adulta, a Grã-duquesa Taty já era a mais conhecida dentre as irmãs Romanov, tendo em vista o seu perfil disciplinado, amável e cordial. Além do mais, ela era a mais sociável da família e procurava amizades duradouras com pessoas da sua idade muito embora sofresse restrições na vida social por conta do jeito rígido de sua mãe. 
     Consoante a Baronesa Sophie Buxhoeveden, a princesa Tatyana era amável, simpática e sociável além de ter grande apreço por seus amigos apesar de não ser autorizada a convidar qualquer amiga para visitar o seu palácio. Mesmo sendo simpática, Tatyana demonstrava um lado fortemente misterioso e introspectivo, o qual era captado pelas pessoas ao seu redor. 

                      

       
      No site Wikipédia, encontramos o seguinte trecho a respeito de Tatyana Romanov (trata-se de descrições acerca da princesa feitas pela baronesa citada em linhas anteriores): "A Grã-duquesa Tatyana era charmosa como a sua irmã Olga, mas de um jeito diferente. Ela havia sido descrita como orgulhosa, mas eu nunca conheci alguém menos orgulhosa do que ela. Com ela, tal como com a mãe, a timidez e as reservas eram características, mas, assim que a conhecessem melhor e ganhassem a sua admiração, essa timidez desaparecia e a verdadeira Tatyana aparecia. Ela era uma criatura poética, sempre à procura do ideal, e a sonhar com grandes amizades que poderiam pertencer-lhe. O imperador amava a sua devoção, eles tinham muito em comum, e as irmãs costumavam rir, e diziam que, se um favor era necessário, "Tatyana deve pedir ao Papá para isso ser concedido." Ela era muito alta, magra, com um perfil em "medalhão" (rosto oval e delicado), profundos olhos azuis, e cabelos castanhos-escuros... uma amável rosa virginal, frágil e pura como uma flor." 
           Uma característica curiosa de Tatyana Romanov, que demonstrava a sua humildade, era a sua informalidade. Ela não fazia questão de ostentar o seu título de Grã-duquesa e preferia ser tratada com simplicidade e chamada pelo seu próprio nome ou apelido. Uma amiga da imperatriz Alexandra Feodorovna (mãe de Tatyana Romanov) chamada Chebotareva dizia adorar a doce Tatyana quase como uma filha e que a simplicidade dela era impressionante. De acordo com Chebotareva, Tatyana, que trabalhou como enfermeira na Primeira Guerra Mundial, ficou nervosa e tímida diante de um grande número de enfermeiras por não saber quem ela poderia cumprimentar. 
           A informalidade de Tatyana também encantou o filho de Chebotareva, o Gregório. Certa vez, Tatyana telefonou para Chebotareva para convidá-la a comparecer em sua casa, mas seu filho que atendeu o telefone. Tatyana o chamou pelo apelido informal -- Grisha -- e ele ficou chateado por ser tratado daquela maneira tão informal (ele não sabia que era a voz da Grã-duquesa Tatyana em seu telefone). 
           Surpreso por ser chamado através de seu apelido, Gregório pediu que ela se identificasse. Ele não acreditou quando Tatyana revelou que era a Grã-duquesa ao dizer-lhe: "Sou Tatyana Nikolaevna". Ao perguntar outra vez quem era ela, Tatyana respondeu-lhe de modo discreto: "Sou a segunda irmã Romanov". Ela não ostentou seu título e não disse "sou a Grã-duquesa" em momento algum. Apesar de sua aparência elegante e refinada, ela era humilde -- mesmo que parecesse orgulhosa à primeira vista diante daqueles que não a conheciam pessoalmente. 

                                  

Olga e Tatyana 

                

               Há outra ocasião curiosa que ocorreu durante a guerra com Tatyana. Quando uma mulher que geralmente levava Tatyana e Olga do Hospital (onde elas trabalhavam como enfermeiras) até a casa delas não conseguiu buscá-las e enviou-lhes uma carruagem sem vigilante, as irmãs Romanov foram às compras sem qualquer conhecimento de como funcionava o comércio. Vestidas com as fardas de enfermeiras, ninguém as reconheceu no centro comercial da cidade e elas entraram em uma das lojas. 
            Mesmo sendo moças ricas, não sabiam usar o dinheiro e ficaram perdidas naquele dia. Acabaram voltando para a casa sem compras e, no dia seguinte, pediram à Dona Chebotareva que as ensinassem como lidar com o dinheiro. As moças recebiam tudo o que precisavam em casa, e a vida reclusa de princesa não propiciou aprendizados comerciais nem experiências no mundo exterior às moças Romanov. 
                Após a descrição dessas curiosidades acerca da breve vida adulta da princesa Romanov mais elegante e delicada, vamos a partir desse momento relatar os momentos mais tristes de sua vida: o seu exílio e a sua execução.


                                     


             
     *Exílio e Execução 


                             

Foto das irmãs Romanov. Da esquerda para a direita: Maria, Tatyana, Anastásia e Olga. Tatyana está sentada, e sua postura e queixo erguido demonstram mais refinamento, elegância e delicadeza. Ela era a mais elegante dentro as irmãs. A postura relaxada das outras irmãs Romanov não demonstram o mesmo brio de Tatyana. 



       O cotidiano de luxo e orações das princesas acabou no verão de 1918 (o verão do hemisfério norte é no mês de julho), ano em que toda a família imperial foi sacrificada pelos revolucionários bolcheviques. Sabe-se que tal cotidiano foi retratado detalhadamente no seguinte livro --"As irmãs Romanov: a vida das filhas do último tsar" da historiadora britânica Helen Rappaport. Salienta-se que Helen Rappaport descreveu cada princesa de forma distinta e verdadeira, escapando dos estereótipos dos livros de história comuns e das produções cinematográficas famosas a respeito da vida delas. 
        Consoante Rappaport, Olga era curiosa, altruísta, sensível e suspirava por soldados de bigode. Tatyana Romanov era elegante, delicada, muito bela e discreta (ela herdara a beleza e discrição da mãe, a imperatriz Alexandra). Maria era tímida, um pouco desajustada e generosa. Anastásia, ao contrário da forma como os filmes a retrataram, era rebelde, desobediente, geniosa e sincera. 
        Na época do Império, Tatyana Romanov era a princesa mais famosa por ser a mais diplomática e refinada. Todavia, após a morte da família Romanov, Anastásia ganhou mais fama devido ao mito de sua sobrevivência. Entretanto, Anastásia está longe de ser a princesa delicada dos Contos de Fadas romantizada pelas produções cinematográficas, inclusive pela bela animação Anastásia da FOX (1997). Anastásia não era a mais delicada nem a mais refinada. Diferentemente do "par grande" Romanov (Olga e Tatyana, as irmãs mais velhas), Anastásia era travessa, rebelde e fazia a tsarina Alexandra rir.
           A epígrafe do livro da historiadora Helen Rappapor foi inspirada na seguinte passagem bíblica: "Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor (Coríntios 13)". Talvez foram estes pilares espirituais que permitiram a união e a força da família Romanov mesmo no exílio. Havia uma resignação impressionante da família diante de seu destino, e os Romanov não teriam tanta calma no meio do caos da Revolução se não fossem as suas crenças religiosas. 
                Durante a pesquisa da historiadora, ela se impressionou com a profunda fé da religiosa família Romanov e no quanto essa fé viva propiciava-lhes maior resignação, serenidade e união. Sendo assim, o estudo das crenças dos Romanov é essencial para compreender como eles reagiram à revolução, ao exílio e ao destino trágico. Sabe-se que, quando Alexandra se casou, ela substituiu sua fé protestante pela religião ortodoxa. Mas, como tudo nessa vida é dual e repleto de bem e de mal, o misticismo dos Romanov também deixou-lhes vulneráveis às manipulações de magos charlatões, como o tenebroso Raspustín. 

                                    

Os filhos Romanov da esquerda para a direita: Maria, Alexei, Olga, Anastásia e Tatyana. 

                 
            Se, por um lado, a fé da família promoveu união e resignação, o misticismo, por outro lado, permitiu que a família fosse vulnerável a Raspustín. Em busca da cura do Alexei (o filho caçula hemofílico dos Romanov, o único garoto dentre as moças Romanov), os monarcas se refugiaram no misticismo russo e caíram nas mãos de um mau curandeiro, o Raspustín, um homem misterioso, de caráter duvidoso e manipulador (maus curandeiros que mancham a imagem do misticismo, abusam sexualmente de pacientes e manipulam as pessoas ao redor existem até hoje em todos os lugares do mundo...).  
              A czarina Alexandra o considerava um "mensageiro de Deus" pelos supostos poderes de cura atribuídos a Raspustín, mas muitos dizem que Raspustín era um mago negro oriundo de práticas satânicas (um verdadeiro mensageiro do diabo). Considerado santo por uns e demônio por outros, o fato é que Raspustín é o personagem russo mais famoso e controverso da história (pesquisem sobre ele e tirem as próprias conclusões). Dizem que quem vê cara não vê coração, mas Raspustín tem um semblante sombrio e rosto de pessoa má. Muitas vezes, o rosto transparece sim o estado de espírito de alguém, já que os olhos são as "janelas da alma" como dizem por aí (pesquisem imagens dele e tirem as próprias conclusões). 


                                  

As irmãs mais velhas e melhores amigas: 
Olga Romanov (a loira) 
e Tatyana Romanov (cabelos castanhos escuros). 

              

               Quanto ao exílio da família Romanov, sabe-se que este ocorreu depois da Revolução Russa de fevereiro de 1917. Após um curto período em Tsarskoye Selo, os Romanov foram enviados para uma residência privada em Tobolsk. A mudança drástica na vida da família e o futuro incerto afetaram profundamente a princesa Tatyana Romanov, bem como todo o seu núcleo familiar. 

                                    

Tatyana como enfermeira e o paciente Dmitri Malama. 

                 
            No exílio, Tatyana Romanov escrevia cartas para a amiga da família, Dona Chebotareva, e expressava preocupação pelas colegas enfermeiras que trabalharam com a princesa na Primeira Guerra Mundial e com um paciente que ela havia cuidado (esse paciente poderia ser muito mais que um amigo, hein? Hum...). Gregório Tschebotarioff, filho de Chebotareva, reparou na firmeza e na energia da escrita de Tatyana Romanov. Ele refletiu que a letra dela evidenciava sua forte e encantadora natureza, e compreendia o quanto Tatyana era carismática e promovia a estima das pessoas ao seu redor, especialmente da czarina Alexadra (senti uma pontada de admiração misturada com paixão desse tal de Grisha diante de Tatyana hehehe...). 
              É importante ressaltar que o tutor inglês de Tatyana Romanov, Sydney Gibbes, dizia que a sua estudante emagreceu bastante durante o seu aprisionamento e parecia a cada dia mais distante e mais misteriosa no exílio do que quaisquer outros dias de sua vida. 

                                    

Nikolai II, o pai da família Romanov. 


Alexandra Feodorovna, a mãe da família Romanov. 

            
                Quanto aos últimos dias dos Romanov, os diários do próprio Czar Nikolai Romanov II podem revelar alguns fatos ao público. No exílio, a família real russa viveu trancafiada em uma mansão altamente vigiada por guardas no Urais. Os bolcheviques resolveram executar os membros da família Romanov quando perceberam o avanço do exército branco. 
                  Salienta-se que Nikolai Romanov manteve diários durante a maior parte de sua vida, escrevendo de maneira escrupulosa e quase monótona. No tempo que era monarca, chegava a escrever notas detalhadas de eventos como jogos de cartas e jantares. No exílio, descrevia a casa que servia como espécie de cárcere privado para a família real. "É uma casa boa" -- Escreveu Nikolai Romanov em 30 de abril de 1918, depois dos bolcheviques o transferirem para Ekaterimburgo (1.700 quilômetros a leste de Moscou). A casa Ipatiev era uma mansão limpa, arrumada e extremamente vigiada pelos guardas.
               Mikhail Medvedev, um dos guardas bolcheviques da família (e também carrasco dela), escreveu que a mansão era como uma fortaleza: tinha duas cercas altas ao redor, um sistema de postos avançados no interior e armas automáticas. Nesta casa, a família real passou os seus últimos 78 dias e morreu sob uma rajada de tiros na noite de 17 de julho de 1918. 
                       Os Romanov viajaram muito depois de serem capturados. Assim, que Nikolai II teve de abdicar do trono em 1917, o governo interino enviou a família para a cidade de Tobolsk na Sibéria (2.200 quilômetros a leste de Moscou). Contudo, após os bolcheviques tomarem o poder, instalou-se a guerra civil russa e as forças do Exército Branco começaram a ameaçar a região. Diante disso, Lênin decidiu transferir os Romanov para os Urais, onde a força bolchevique era mais forte. 
                            A partir daquele instante, o tratamento recebido pela realeza tornou-se mais severo. A diferença de tratamento estava no seguinte fato: Em Tobolsk , eram os ex-soldados do exército tsarista que os mantinham, porém em Ekaterimburgo era a Guarda Vermelha quem estava no comando -- formada por ex-proletários revoltados, conforme relata o historiador Ivan Silantiev. 
                            Consoante o ex-funcionário do tsar Terenti Tchemodurov, os guardas vermelhos que vigiavam a família real eram completamente indecentes, rudes, arrogantes e provocadores. Tais guardas provocavam medo e nojo além de fumarem o tempo todo. Curiosamente, esses guardas pintaram imagens cínicas nas paredes do banheiro da casa onde a família real estava presa. 


                                        

Tatyana Romanov 

                          

                           Os últimos dias dos Romanov na casa Ipatiev foram terríveis: as princesas Romanov dormiam no chão e o caçula Aleksêi não podia andar no ambiente caótico por sofrer de hemofilia. Profundamente religiosos, os Romanov oravam todas as manhãs antes de começarem a se ocupar com qualquer tarefa que distraísse suas mentes daquela pavorosa situação. 
                         Os membros da família podiam andar no pátio, mas apenas uma hora por dia. Quando Nikolai perguntou o porquê, um oficial da Guarda Vermelha respondeu-lhe: "Para que isso pareça mais como uma prisão para você." A julgar pelo seu diário, Nikolai permaneceu calma diante das provocações e concentrou-se em pequenas coisas do cotidiano, como descrever o almoço atrasado que recebiam. 
                       Alexandra Feódorovna, mulher de Nikolai, também concentrava-se em pequenas tarefas cotidianas. Curiosamente, uma dessas tarefas consistia em costurar as joias da família (diamante e pedras preciosas) dentro de vestidos e casacos da família a fim de que guardassem seus recursos financeiros para o futuro (ela ingenuamente acreditava que a família receberia a liberdade no futuro e viveria em paz em qualquer lugar longe dali). Portanto, as mulheres da família (Alexandra, Olga, Tatyana, Maria e Anastásia) passavam o tempo costurando joias dentro das roupas da família real. 
                     Uma falsa notícia sobre a libertação da família prisioneira acendeu uma ingênua esperança nos Romanov, os quais passaram a véspera de sua execução vestidos com as roupas que pretendiam fugir (as mulheres inclusive usavam os vestidos e casacos com joias por dentro). Entretanto, o boato era apenas uma armadilha bolchevique. 
                       "O tempo está bom e quente, não temos notícias do lado de fora."-- Escreveu Nikolai em seu diário sobre o último verão de sua vida. Os tchekistas cogitaram matar a família com granadas nos quartos enquanto eles dormiam, mas não queriam fazer muito barulho. Também cogitaram matar os Romanov com facadas enquanto eles dormiam, mas desistiram de tal ideia. Por fim, resolveram executar a família numa espécie de "paredão" (parede do porão da casa onde eles estavam presos). 
                          Os tchekistas acordaram os Romanov e seus criados na noite de 17 de julho e disseram-lhes para descer as escadas, inventando que seria por questões de segurança diante da chegada das forças do Exército Branco em Ekaterimburgo. Depois de todos os Romanov estarem no porão, Iurovski declarou que os partidários de Nikolai estavam tentando libertá-los e que era seu dever acabar com a dinastia de 300 anos do poder Romanov. Após esta declaração, os tchekistas começaram a atirar. 


                                  

Tatyana Romanov era introspectiva e adorava ler. 

                  


        Diante dos tiros contra os Romanov, o imperador morreu instantaneamente. Contudo, suas filhas tiveram o azar de sofrer mais ainda na hora da morte -- os tiros batiam nos diamantes costurados dentro de suas roupas e elas não morreram rápido. Sendo assim, os tchekistas colocaram um ponto final em suas vidas com baionetas e facas e não pararam com a monstruosidade fatal até que todos os membros da família real russa estivessem mortos. 
               Por fim, mais uma curiosidade cruel: nem os animais de estimação da família Romanov foram poupados. A família tinha cães e gatos no momento do exílio. Os gatos, segundo relatos, foram salvos e adotados por pessoas de bom coração. Já os cachorros não tiveram a mesma sorte: eles foram levados nos diversos trajetos dos seus donos e ficaram aprisionados na mesma casa do exílio Romanov. 

                              

Aleksêi adorava animais e tinha um gato chamado Kot' ka e um cachorro chamado Joy. O menino não tinha muitos amigos, e seus animais de estimação eram sua fonte de carinho e felicidade. Como o garoto sofria de hemofilia e não podia se machucar, as garras de seu gato haviam sido retiradas (mas ninguém contou esse fato ao príncipe). 


Nikolai II brincando com Joy. 


Anastásia e Jimmy, Tatyana e Ortipo, Aleksêi e Joy. 

                   
                Sabe-se que a família tinha três cães: Joy, Ortipo e Jimmy. Ortipo pertencia à Tatyana Romanov (presente do suposto namorado Dmitri), Joy era de Aleksêi e Jimmy de Anastásia. Os cães foram os únicos leais amigos que levaram um pouco de carinho e conforto à família Romanov em seus últimos momentos de vida. Anastásia segurava Jimmy no porão ao ser executada (o animal morreu junto com a dona) e Ortipo (um cachorro muito "fofo" segundo o diário de Tatyana) estava do lado de fora da casa, mas acabou sendo morto por um tiro ao irritar os guardas com seus latidos. 

                                  

Tatyana, Ortipo e Anastásia. 


A família Romanov e o cachorro Joy. 


                   O único que sobreviveu foi Joy. Esse cão de sorte raramente latia e não despertou a ira do Exército Vermelho. Mikhail Letiomin, um dos oficiais do Exército Vermelho, teve piedade do cachorro e o adotou no tempo em que guardava a casa abandonada. Quando o Exército Branco tomou a cidade, o oficial à serviço do Exército Branco, Pável Rodzianko, viu Joy na rua e o reconheceu (o oficial conhecia bem a família real). Joy conduziu o oficial até Letiomin, o qual foi preso por ser do Exército Vermelho. Pável Rodzianko, por sua vez, em memória do príncipe Aleksêi, protegeu o cão e o levou consigo até o Reino Unido, onde Joy foi entregue a George V, um primo de Nikolai II.
             O cachorro Joy foi o único membro da família a ter final feliz: conseguiu um lugar na corte, teve uma longa vida e foi enterrado no cemitério de cães da realeza do castelo de Windsor. 

                                  

O cachorro Joy.


Tatyana Romanov e a mãe Alexandra Feodorovna. 

                
                  Quanto à Tatyana Nikolaevna Romanova, ela se manteve simpática até mesmo com os guardas do exílio e exerceu papel de liderança e diplomacia nos últimos momentos da vida da família. Muitas vezes, Tatyana Romanov era enviada pelos pais para questionar os guardas sobre as regras ou sobre o que lhes aconteceria. Ela também era responsável por consolar a família, entretendo a mãe com leituras e o irmão mais novo com jogos. 
                  Ela tentava trazer um pouco mais de leveza naquela situação tão tensa do exílio. Ela adorava confortar a família e tinha disposição para servir as pessoas ao seu redor de maneira doce e gentil. Seu passatempo predileto era ler para a sua mãe (Tatyana tinha uma carinho imenso pela mãe e dizem que, no íntimo do coração da czarina, Tatyana era a sua filha favorita). 

                                    



                    
                    Na tarde de 16 de julho de 1918, o seu último dia completo de vida, Tatyana sentou-se ao lado de sua mãe e leu excertos bíblicos do livro de Amos e Obadia. Ressalta-se que as últimas palavras que Tatyana Romanov escreveu no seu diário em Ecaterinburgo foram uma transcrição das palavras do padre Loann de Kronstadt: "A vossa dor é indescritível, a dor do Salvador nos jardins de Getsêmani pelos pecados do mundo não tem medida, juntem a vossa dor à Dele, nisto encontrarão conforto." O diário de Tatyana mostra o seu profundo misticismo, introspecção e fé, características que sustentaram sua postura firme e equilibrada nos últimos instantes tensos de vida. 
                         Com apenas 21 anos, Tatyana Romanov foi assassinada junto com a sua família no dia 17 de julho de 1918. Ela foi sepultada na Fortaleza de São Pedro e São Paulo, São Petesburgo na Rússia. Por fim, sabe-se que Tatyana Romanov e os outros membros cruelmente executados de sua família foram canonizados como Portadores da Paixão pela Igreja Ortodoxa russa. 

Texto escrito por Tatyana Casarino. 

**Confiram os outros textos acerca do tema:

Tatyana Romanov -- A princesa misteriosa morta na Revolução Russa. -- Parte I

https://tatycasarino.blogspot.com/2018/05/tatyana-romanov-princesa-misteriosa.html

Tatyana Romanov -- A princesa misteriosa morta na Revolução Russa. -- Parte II

https://tatycasarino.blogspot.com/2018/08/tatyana-romanov-princesa-misteriosa.html

**As fontes das informações citadas nos textos:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tatiana_Nikolaevna_da_R%C3%BAssia

https://epoca.globo.com/vida/noticia/2016/02/livro-conta-historia-das-princesas-da-ultima-dinastia-russa.html

https://br.rbth.com/historia/80904-ultimos-dias-romanov-diario-nikolai

https://www.theromanovfamily.com/diary-of-tatiana-romanov-sevastopol/

https://br.rbth.com/historia/79948-animais-estimacao-romanov-executados

*Livro citado na postagem de hoje:


As irmãs Romanov de Helen Rappaport.



*Outros livros que tratam do tema:







Texto escrito por Tatyana Casarino. Tatyana é Especialista em Direito Constitucional, Advogada, poetisa e blogueira. Ela adora estudar História, especialmente os seguintes temas: As duas grandes Guerras Mundiais, a História da Rússia e a da França. Apaixonada pelas Ciências Humanas, Tatyana aprofundou-se no estudo do Direito além de amar Literatura e História. 

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