O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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sexta-feira, 15 de março de 2019

Saudade do Éden


Quando a tarde cai e a noite vem,
contemplamos a tua lua.
Desapego está na força que tem, 
dentro da tua alma nua.

Às vezes, teu peito arde de brigar,
e o mundo parece te sufocar.
Não cale a tristeza no teu coração,
aprenda com a tua imaginação. 

Se fechar os olhos, poderá ver:
o Éden, as estrelas e o amanhecer.
As harpas tocando, os anjos a cantar,
tudo mais belo que o imaginar.

Tudo mais belo que o imaginar,
tudo mais belo que o imaginar.
Não trata de sonhos ou pura ilusão,
imagens reais que brotam no teu coração.

Tua memória translúcida guarda o amor
que um dia preencheu as estrelas de ardor,
O mundo antes da queda e e maçã,
os arcos barrocos e o riso de Iansã.

Eis a tua memória do Éden,
luzes, anjos, jardins e frutos.
Não havia morte, mal e luto,
nem havia inverno e neve.

Conhecemos a maçã, o pecado e a morte
por causa de um anjo vaidoso e prepotente.
Quem abriria mão do paraíso e da sorte
a não ser para ser como um Deus potente?

A ambição desmedida da criatura,
frutos proibidos do saber e da loucura.
Fontes inevitáveis de luz e sombra,
queda original é o pecado que te assombra.

Agora o mal te ronda como um leão,
que quer te devorar na calada da noite.
Consagra-te a Deus, oh! alma infinita,
se não quiseres provar do inferno o açoite. 

Consagra-te a Jesus, teu único redentor,
e a Nossa Senhora, tua doce advogada.
Assim, não conhecerás do mundo a dor,
nem da dor as terrenas desgraças.

A renovação da aliança com Deus
fortalecerá tua alma no paraíso.
O paraíso não é uma promessa distante,
a partir da comunhão é sensação constante.

Se tens saudade do Éden, ore,
se tens saudade de Deus, comungue.
Eis o rito da eterna aliança de amor:
o humano tocando de novo o criador. 

Poesia escrita por Tatyana Casarino. 

                


 A poesia foi escrita no mês passado em meu caderno de poesias e hoje está publicada neste espaço digital. Trata-se do anseio místico de toda alma sensitiva: a (re)conexão com o sagrado, com um mundo puro e iluminado, onde somente vibra a energia do bem, o belo, o bom e o justo. 
  Em um mundo terreno repleto de dualidade, notícias ruins, injustiças e atos de maldade, torna-se cada vez mais essencial o lapidar da alma em direção ao bem e ao transcendente. Não se trata de uma poesia ingênua em busca de um misticismo consolador, mas de uma poesia transcendente que demonstra a oculta origem da alma através da profunda intuição feminina. 
  Se a Religião representa a reconexão do ser humano com Deus, a poesia também pode assumir uma missão sagrada por ser o instrumento literário capaz de revelar esse profundo mistério de reconexão e a (quase) indizível saudade humana do Éden perdido. Se os mestres religiosos usam parábolas, os poetas usam metáforas. Tanto na religiosidade quanto na arte poética há o uso de alegorias para expressar os mistérios divinos e os segredos sentimentais humanos. 
    Nessa poesia, há a saudade do abrigo original e a certeza de que podemos acessá-lo sempre por meio da comunhão com Deus (na vida terrena, essa comunhão pode ser feita na igreja) e do amor em nossos corações. O paraíso pode ser acessado em vida, desde que estejamos prontos para arrancar as vendas do ego que prendem a alma nas ilusões da matéria. 

Tatyana Casarino.  

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