O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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sábado, 15 de dezembro de 2018

O Fantasma da Ópera -- O Figurino de Christine Daaé

                                       


       Olá, pessoal! Como quem acompanha o blogue há algum tempo sabe, eu sou fã do Musical "O Fantasma da Ópera", o qual foi baseado no romance literário (ficção gótica francesa de 1910) de Gaston Leroux e desenvolvido pelo compositor, diretor de teatro, empresário e escritor Andrew Lloyd Weber. Dentre as versões mais famosas da história, destacam-se o Teatro Musical da Broadway (estreado em 1988) e o filme da Warner Bros lançado em 2004. Hoje eu vou falar acerca do figurino usado pela atriz Emmy Rossum no filme citado. 
    Há várias versões teatrais e cinematográficas da novela "O Fantasma da Ópera" escrita originalmente pelo advogado e jornalista francês Gaston Leroux. Tais versões adaptaram o enredo e tornaram a história mais cativante, suave (a novela original é mais excêntrica e intensa) e romântica ao longo do tempo. 
      Entretanto, confesso que o filme de 2004 é a minha versão preferida. Dentre os motivos pelos quais essa versão é a minha favorita, destacam-se o enredo, os cenários, as músicas, o elenco, a Fotografia, a Direção de Arte e, é claro, o figurino. Este filme tem influência estadunidense e britânica, sendo classificado como "drama musical". Ele foi dirigido por Joel Schumacher, o qual escreveu o roteiro junto com o mestre dos musicais, o Andrew Lloyd Weber. 

                            



      
        Nessa postagem, vamos entrar no barco do Fantasma da Ópera, navegar no lago subterrâneo da Ópera de Paris, cantar no porão do teatro e contemplar o belíssimo figurino da musa do misterioso Fantasma da Ópera. Mostrarei os figurinos de Christine Daaé usados pela atriz Emmy Rossum no filme "O Fantasma da Ópera" lançado em 2004 pela Warner Bros (clássicos não envelhecem). De alguma forma, o figurino de época pode ser inspirador. Bom divertimento! 






***Contextualização - A história do Fantasma da Ópera ocorre no século XIX em Paris. Sendo assim, o figurino recebe a influência da moda vitoriana (o estilo da rainha Vitória do Reino Unido influenciou toda a elite européia), a qual era repleta de volumes, vestidos com a parte inferior em formato de "balão", mangas fofas, babados e muitas rendas. 
     Assim como a beleza de Christine Daaé, o ideal estético da época exigia cabelos volumosos e cacheados, olhos grandes e escuros para contrastar a face delicada e pálida (curiosamente, a palidez era considerada bela por evidenciar a fragilidade da mulher angelical) e ombros bonitos e delicados (sim, os ombros eram visados hehehe). 

                   

    
        Consoante Lurie no livro "A Linguagem das Roupas", a mulher vitoriana usava corpetes, armação de saia e um longo vestido (muitos vestidos continham até vinte metros de lã grossa ou seda) repleto de barbatanas e adornado com tecido e fitas. Ao sair de casa, a mulher vitoriana complementava o figurino com um xale e um chapéu decorado com penas, flores, fitas e véu. Além do mais, as luvas eram acessórios usuais no cotidiano da mulher nessa época. 

                             


Por duas vezes, Christine Daaé desmaia na presença do Fantasma da Ópera: ao levar um susto diante da boneca vestida de noiva e parecida com ela no porão do teatro e ao ser surpreendida por Erik (o Fantasma) em Love Never Dies (espécie de Fantasma da Ópera 2). Desmaiar facilmente era uma característica da mulher vitoriana. O desmaio de moças românticas diante de figuras assustadoras ou homens sombrios e apaixonados é um dos destaques da literatura gótica também (lembrando que Catherine do Morro dos Ventos Uivantes chega a adoecer por Heathcliff). 

        

           Curiosamente, além da moral rígida dessa época (final do século XIX), o comportamento ideal feminino abrangia desde a elegância e o luxuoso requinte até a fragilidade angelical. Para a época vitoriana, a imagem da mulher estava vinculada às qualidades das crianças e dos anjos: timidez, inocência, fragilidade e sensibilidade. Para as mulheres da elite, desmaiar facilmente era sinônimo de charme, bem como a palidez indicava delicadeza e demonstrava o caráter sublime e distante do feminino.

                      

Corset da Era Vitoriana 


Lingerie da Era Vitoriana 

           

              Quanto ao corpo feminino, a cintura bem marcada era valorizada, tendo em vista o uso exigente de espartilhos (muitos desses espartilhos inclusive faziam mal à saúde) e eram mais admiradas as mulheres com mãos e pés delicados e pequenos. 
             Muito embora a cintura fina fosse emblemática na estética desse período, a magreza não era exigida, visto que as imagens de mulheres vitorianas revelam corpos cheio de curvas, com busto grande e pernas fortes. Salienta-se que os corpos bem proporcionados e equilibrados eram valorizados (a mulher não era muito magra nem muito gorda). Nesse sentido, é bom estudar o passado e ver que nem toda referência de beleza aponta para a magreza do mundo da moda atual. 
              Feita esta contextualização da moda na época vitoriana, vamos analisar o figurino de Christine Daaé! 

                    




   1) Roupa de bailarina 

      Na primeira cena onde aparece Christine Daaé no filme, nota-se que ela veste uma roupa bem ousada para a época vitoriana: uma saia longa e colorida com um cinto de couro cheio de adornos brilhantes e um bustiê dourado e enfeitado com lantejoulas (ou pedrinhas costuradas no tecido).
      A roupa parece leve e a barriga está à mostra (contrariando o figurino moralista e pesado da época). Vale ressaltar que o figurino usado no teatro para esta cena é diferente do exposto no filme -- mais comportado e composto por um corset colorido ao invés de um bustiê, de modo que a barriga da atriz não fica à mostra. Destaca-se a alça do bustiê usado por Christine no filme em formato de colar "tribal". 

               

      
           Muito embora os padrões morais da época fossem rígidos, o teatro parecia um ambiente mais liberal e "bon vivant". Nessa cena, Christine aparece no ensaio de balé ao lado da melhor amiga Meg Giry. As moças estão recebendo aulas da mãe de Meg, a Madame Giry, a qual é professora de balé e tutora de Christine desde que ela ficou órfã (sabe-se que o pai da protagonista era um grande violinista). 

                                

Raoul estava destinado a se apaixonar por Christine assim que ouvisse a donzela cantar. Obs: O figurino masculino também é lindo e o Raoul parece um príncipe. Apesar da impopularidade de Raoul, ele tem muitas fãs dentre as telespectadoras (inclusive eu hehehe). Havia até uma comunidade no Orkut (eita memória) chamada "Raoul é como um príncipe encantado." Minha admiração por Raoul não diminui a minha admiração pelo Fantasma da Ópera, pois considero ambos os personagens bonitos e interessantes (embora o Fantasma exerça aquele fascínio especial). Realmente, não seria fácil para Christine escolher entre esses dois homens encantadores hehehe. 

          

              Esta é uma cena muito importante, pois mostra os bastidores da Ópera de Paris, a disciplina por trás da montagem de uma peça e a apresentação dos novos donos do teatro e do novo patrocinador -- o Visconde de Chagny, Raoul. Ressalta-se que Raoul foi melhor amigo de infância de Christine e sua primeira paixão. 


                                   

O Fantasma da Ópera manipulava os rumos do teatro através de suas misteriosas cartas. Quando os comandos escritos nas cartas não eram obedecidos, as tragédias e as perseguições aconteciam no teatro. 


                               

La Carlotta 

             

          Além do mais, nessa cena inicial, o Fantasma da Ópera age de maneira assustadora para obrigar o diretor teatral a colocar Christine no papel principal da próxima peça musical -- ele puxa uma das cordas dos bastidores e derruba um painel que recai sobre La Carlotta, a arrogante Prima Donna e líder soprano da ópera de Paris. Após o acidente, a Prima Donna de sotaque italiano fica zangada e desiste do papel principal para sabotar a peça teatral. Entretanto, sua saída do papel dará a oportunidade para Christine mostrar todo o seu talento vocal. 
         Inicialmente, os diretores ficam relutantes diante da possibilidade de colocar uma simples bailarina no papel principal. Mas, basta Christine começar a cantar a música da peça no ensaio para eles sanarem todas as dúvidas diante do talento da moça. O que eles não sabiam era que a moça recebia aulas de música de um professor misterioso, o qual era considerado o seu "anjo da música". 
          Anjo para uns e demônio para outros -- assim era visto o Fantasma da Ópera. Ele gostava de escrever peças teatrais e lutava para que a sua amada Christine fosse a protagonista de todas as suas peças -- inclusive usando métodos que não eram "éticos" ou apropriados, como atacar a Prima Donna ou matar funcionários do teatro. 



                                         


              





2) Vestido do "Think Of Me"

    Nesta cena, Christine brilha cantando Think Of Me e arranca suspiros não somente da platéia, mas também de seus admiradores -- Raoul e Erik. Vemos aqui um vestido bem vitoriano -- longo, rodado (com volume na parte inferior estilo "princesa") e adornado com tecidos, camadas e brilho. É um vestido que, a despeito de ser "pomposo", conserva a delicadeza. 
   As mangas levemente inclinadas para baixo valorizam o busto e os ombros delicados (características femininas apreciadas nesse período). Além disso, a cintura está bem marcada, realçando toda a feminilidade das curvas da cantora e de seu sortudo corpo em formato de "violão". 

             

     
         Nessa época, era comum o uso de anáguas e até mesmo de armações sob os vestido e saias a fim de conferir volume na parte inferior da peça de roupa. Quanto à cintura bem marcada e definida, era costume usar espartilho para desenvolvê-la. 
      No cenário dessa música, há uma lua pendurada e cavalos brancos usando plumas sobre as cabeças. O vestido de Christine remete à lua, bem como a sua pureza angelical. Na parte de trás do vestido, vemos uma cauda que evidencia seu luxo e feminilidade. Na barra do vestido, vemos adornos dourados cujos raios remetem ao sol. O vestido, porém, emite um brilho prateado que combina com as suas joias, brincos e enfeites no cabelo. Os cabelos estão semi presos em um penteado que valoriza os cachos bem definidos e o volume da imensa quantidade de fios. 

             


3) Camisola de "The Phantom Of The Opera"

  Curiosamente, a roupa mais famosa e emblemática de Christine Daaé em Fantasma da Ópera é uma camisola hehehe. Mas, não é qualquer camisola, meu bem, é aquela Camisola com "C" maiúsculo hehehe. Não é um simples pijama para dormir, mas uma roupa luxuosa para honrar a música da noite de seu mestre. 
    Nesta cena, Erik aparece para Christine Daaé quando ela se preparava para dormir e conduz a moça até o subterrâneo do teatro, onde vive o seu recanto mágico e noturno. De cabelos soltos e sem joias, Christine conservava apenas a maquiagem usada na apresentação de "Think Of Me" -- notamos, porém, que a maquiagem dos olhos parece um pouco mais forte e os lábios parecem mais sensuais. 

               

    

      Após empurrar o espelho da donzela e mostrar a passagem secreta que levava até o subterrâneo do teatro, Erik coloca Christine sobre um cavalo preto e conduz a amada até seu barco. Se os cavalos brancos com plumas da cena anterior elucidavam a ingenuidade de Christine, o cavalo preto revela todo o mistério da noite representado pelo Fantasma da Ópera. 
    De barco, eles vão até o recinto do gênio da música. Essa camisola é emblemática, pois é a vestimenta usada por Christine nas principais cenas ao lado do Fantasma da Ópera. Com essa camisola, ela canta "The Phantom Of The Opera" junto de Erik, ouve o Fantasma cantar "The Music Of The Nigh, canta "I Remember" e ouve o Fantasma cantar "Stranger than you dream it". 
       Sobre a camisola, podemos dizer que ela é composta por um corset branco, uma liseuse (tipo de capinha usada antigamente sobre a camisola), uma longa saia com rendas românticas e uma fenda sensual em uma das pernas para mostrar a cinta-liga. 

                       

       

          A cinta-liga é uma peça sensual da lingerie feminina que valoriza as coxas e as pernas por ser usada junto a uma meia-calça sete oitavos, a qual é ligada através de sua barra por colchetes. A meia-calça de Christine Daaé é branca, transparente e cobre até a metade das coxas. 
         A liseuse, seu casaco por cima do corset, é estreito na altura dos ombros e vai se alargando até chegar aos pulsos de modo esvoaçante e romântico. Nos braços, vemos babados enfeitando as mangas e rendas delicadas na altura dos pulsos e das mãos. Uma longa cauda acompanha a camisola, realçando a pureza de Christine. 
           A personagem aqui se revela bastante sensual sem ser vulgar, pois conserva o charme do romantismo e do estilo vitoriano. Os cabelos soltos evidenciam liberdade, sensualidade e intimidade, já que as mulheres da época costumavam usar coques, penteados, chapéus e toucas nos cabelos em eventos formais. Destaque para os longos cabelos castanhos cacheados e volumosos que também são o emblema estético dessa personagem. 

                              



                     

4) Vestido do "All I Ask Of You"

   Vamos pular a roupa que Christine Daaé usa na peça onde interpreta uma criada de La Carlotta, pois essa roupa pertencia ao figurino masculino da época (calça, camisa branca de mangas esvoaçantes e colete) e vamos falar do vestido usado na canção "All I Ask Of You" (eu gosto de falar de roupas femininas hehehe). Esta é uma cena muito importante e este vestido é muito emblemático também, lembrando que no teatro as roupas são diferentes das usadas no filme (e eu, particularmente, prefiro as do filme). 
    Após os diretores terem desobedecido os comandos das cartas misteriosas do Fantasma da Ópera, ele resolve se vingar. Erik tinha pedido o seu camarote favorito e Christine Daaé no papel principal da nova peça, mas os diretores colocaram La Carlotta como a protagonista da peça, Christine no papel secundário de uma personagem serviçal cômica e o Raoul no camarote preferido do Fantasma (pensa na irritação do Fantasma da Ópera...). 
     Tendo em vista a desobediência dos organizadores teatrais, Erik mata um funcionário do teatro que vivia zombando dele e inventando histórias de terror sobre ele para as bailarinas da companhia teatral. Nada justifica um assassinato, e Erik errou ao enforcar esse funcionário e jogar o corpo do mesmo sobre a platéia, aterrorizando todos os presentes. Além disso, La Carlotta perde a voz após o Fantasma ter adulterado o líquido que ela esborrifava na boca para revigorar a voz e as cortinas são fechadas. 
       Todos sabiam que essas mortes misteriosas e todo esse terror vinham de um mestre da música oculto, um roteirista exigente que não mostrava o rosto e vivia mascarado e escondido no subterrâneo do teatro sob a alcunha de "O Fantasma da Ópera". 
       Espantada com essa morte e se sentindo culpada pela paixão que Erik nutria por ela e que o impulsionava a querer sempre a sua presença no papel principal, Christine troca de figurino e coloca o vestido do papel principal. Vale salientar que, realmente, Christine era mais talentosa que La Carlotta e suas atuações eram sensacionais, justificando o comando do Fantasma -- não era apenas um capricho sentimental, mas um profundo anseio de justiça. 
       Ocorre que Christine foge para a parte superior do teatro (podemos chamar de laje de luxo hehehe) ao lado de Raoul. Ela confessa, de modo assustado, que tem medo de tudo que o Fantasma da Ópera é capaz de fazer. Ela também segura uma rosa vermelha nas mãos (rosa dada a ela pelo Fantasma). Era costume de Christine receber centenas de flores e buquês de flores luxuosos, mas o que ela mais gostava de receber era a singela rosa vermelha amarrada em uma fita preta dada pelo Fantasma da Ópera. 

                     



        Para acalmar a sua amada, Raoul começa a cantar a música "All I Ask Of You" e logo Christine complementa seus versos e canta também. Quando Raoul conduz a moça por aquele pátio luxuoso com várias estátuas (inclusive estátua de cavalo) na parte superior do teatro, a moça deixa cair a rosa vermelha sobre a neve no chão, entristecendo e enfurecendo Erik (o Fantasma da Ópera) que espiava toda a cena. 
          Christine revela o seu amor pelo Fantasma quando confessa que via nos olhos dele não apenas a revolta e o ódio internos, mas também amor e adoração (ela se emociona ao lembrar de como os olhos dele a adoravam). Todavia, Raoul convence a moça a esquecer tudo que o mistério do Fantasma representa e diz que tudo não passa de um sonho dela. Para convencer a moça a esquecer do Fantasma e a ficar com ele, Raoul canta de forma romântica:

"Chega de falar de escuridão,
Esqueça todos esses temores, 
Eu estou aqui, nada pode machucá-la, 
As minhas palavras acalentarão e acalmarão você.
Deixa que eu seja a sua liberdade,
Deixe a luz do sol secar as suas lágrimas..."

             Muitas pessoas têm raiva de Raoul por ele ter "roubado" a mocinha do Fantasma da Ópera hehehe e causado tanto sofrimento para Erik nesta cena, mas eu me simpatizo com Raoul e acredito que ele oferece um amor verdadeiro e mais saudável para Christine do que a obsessão do Fantasma. Nessa cena, fica claro que Raoul e Christine se amam de forma autêntica, protetora e romântica. 
              Quanto à roupa usada por Christine nessa cena, vemos um corset branco mais elaborado na parte de cima e uma longa saia cor-de-rosa que vai até os pés. O charme deste figurino fica por conta da longa capa vermelha de veludo que arrasta até o chão e oferece um capuz para Christine (a versão sensual e teatral de Chapeuzinho Vermelho hehehe) colocar no inverno. A capa termina com uma laço amarrado sobre o busto. Vale lembrar que a era vitoriana amava tecidos grossos e capas longas. 

          




5) Vestido do Baile "Masquerade" 

   Na festa de ano novo, os administradores do teatro resolvem fazer um baile de máscaras para comemorar o "sossego" que o Fantasma da Ópera tinha dado a eles por alguns meses. Logo após sofrer a decepção amorosa e ver a traição de Christine -- que beijou Raoul na canção "All I Ask Of You" -- Erik ficou silencioso e deixou de mandar cartas com comandos misteriosos para os diretores teatrais.
    Embora Erik não aterrorizasse mais o teatro, ele planejava silenciosamente tragédias futuras piores e uma luta não somente contra Raoul, mas contra a própria Christine. No início do baile, porém, os convidados parecem felizes: dançam, cantam, bebem e comemoram a aparente vitória sobre o Fantasma.

             

     Raoul e Christine estão comemorando essa festa por outro motivo: o noivado deles. Raoul a pediu em casamento, mas Christine preferiu ser discreta e não colocar a aliança no dedo com medo de despertar a fúria do apaixonado e obsessivo Fantasma da Ópera. Criativa, Christine faz do anel de noivado uma espécie de "pingente" de seu colar prateado. Curiosidade: esse anel de cristal é Swarovski (a Swarovski patrocinou o Fantasma da Ópera).  
      Nessa cena, vemos Christine usando um longo e volumoso vestido cor-de-rosa adornado com uma cauda em camadas de tecidos e fitas (volume e adornos típicos da era vitoriana). Novamente, sua cintura aparece bem valorizada e o formato do decote é romântico.
        Uma renda fina e clara complementa de forma muito charmosa a parte superior do vestido. Assim como as mulheres vitorianas, Christine usa um par de luvas nessa cena -- luvas médias e brancas com enfeites dourados. Ela leva rosas da cor do vestido que completam o visual e dimensionam o romantismo.            
                      


      No final do baile, o Fantasma da Ópera aparece mascarado e com roupas vermelhas vívidas e luxuosas (o figurino masculino também é espetacular, e eu posso criar uma postagem futuramente sobre a roupa dele). O Fantasma assusta os convidados, zomba dos funcionários do teatro, dá ordens aos diretores teatrais e diz a Christine que ela precisa aperfeiçoar a sua voz com o seu professor (ele mesmo é o professor dela). Por fim, ele arranca o anel de Christine e diz que ela pertence a ele. Após seu encontro com Christine, uma parte do chão se abre e o Fantasma desaparece sob uma envolvente e misteriosa bruma para espanto de todos. 

                              

        
         Observação: Nessa cena, há a técnica da utilização de vestimentas com cores diferenciadas para os personagens principais. Enquanto a maioria dos personagens usa branco, preto, prata e dourado no baile, Christine é a única que veste cor-de-rosa e Erik é o único personagem de vermelho. Essa é uma técnica antiga de figurino vista em outros filmes, novelas e até desenhos animados. Em A Bela e a Fera, por exemplo, Animação da Disney de 1991, Bela é a única personagem em sua aldeia a usar azul. Tal técnica destaca o personagem principal, ressaltando seu caráter especial e suas virtudes diferenciadas. 

                               



          

         Enquanto o azul de Bela remetia ao desejo de ascensão, a sua pureza e intelectualidade (virtudes que a diferenciavam do resto da aldeia), o cor-de-rosa no vestido de Christine denota sua doçura, ingenuidade e romantismo (virtudes que a diferenciam dos outros personagens do teatro, os quais são mais preconceituosos e ambiciosos). 

                     





6) Vestido do Cemitério

  Acalme-se, leitor, Christine não está "vestida para matar" literalmente hehehe muito embora ela arrase nessa cena. Trata-se da cena onde ela visita o túmulo do pai e canta "Wishing You Were Somewoh Here Again" (Desejando que você estivesse de algum modo aqui novamente). Como é um Musical, há músicas para todas as cenas -- inclusive para as cenas tristes (muitas pessoas não têm paciência para cenas cantadas, mas o charme dos musicais está especialmente nisso, e eu adoro). 
   Nesta cena, vemos toda a estética gótica do Fantasma da Ópera: estátuas gigantescas de anjos e guardiões, túmulos ornamentados e um cemitério amplo. Nunca pensei que beleza e morbidez pudessem se entrelaçar -- eis a arte gótica. É inverno, a neve está esparramada pelo cemitério e o tempo nublado evidencia toda a melancolia de Christine, a qual perdeu o seu pai, sua maior referência solar, acolhedora e masculina. Está tão frio que é possível ver o ar saindo da boca de Christine enquanto ela canta, e uma espécie de "bruma" ou "fumaça" permeia o local. 

                      

      
          Ficam claras as características góticas do Musical: cemitério como cenário, personagens melodramáticos, segredos do passado, imaginário sobrenatural, reflexões sobre a loucura (evidenciadas pelo personagem Erik), expressões de sentimentos intensos, belas donzelas se envolvendo com homens sombrios (estilo "A Bela e a Fera"), a dor do luto (acompanhada pela orfandade), cavaleiros românticos (como o Raoul) e concepções estéticas (dentre elas, o sublime, o vitoriano, o neoclássico, o barroco e o romantismo). 
       Antes de ir ao cemitério, Christine adquire rosas vermelhas e pega uma carruagem. Ela deixa Raoul dormindo e sai de forma escondida para o cemitério (Raoul não queria deixá-la sozinha, pois queria proteger a moça do Fantasma da Ópera). Ela não sabe que o cocheiro que conduz a sua carruagem é o próprio Fantasma da Ópera. Quando ela chega ao cemitério, o Fantasma se esconde no mausoléu do pai de Christine enquanto Raoul monta em seu cavalo branco e cavalga rumo ao cemitério. 

                                 



         
           Devemos salientar que o luto é um ponto marcante na moda vitoriana -- desde que o príncipe Albert morreu, a Rainha Vitória passou a usar muitos vestidos pretos, influenciando toda a Europa e parte da América. A cor preta passou a ser mais aceita no vestuário feminino e até mesmo no infantil -- viúvas usavam vestidos pretos durante o luto e crianças poderiam usar roupas pretas por um ano após a morte de um familiar. A morte era um tema visto com espanto e fascínio tanto pela sociedade vitoriana quanto pela literatura gótica. 
         Na cena do cemitério, Christine usa um vestido preto longo, uma capa preta densa e um véu (um véu de tule provavelmente). As flores vermelhas contrastam com a vestimenta preta, já que as cores das rosas representam calorosamente a vida e o preto evidencia a sobriedade e a frieza da morte.  
                            
                                       


               Apesar da vestimenta densa, a leveza e a sensualidade ficam por conta do decote generoso que mostra parte de sua pele do busto de uma forma charmosa e elegante (nunca de modo vulgar). O decote leva uma renda fina ao redor das alças do vestido para elevar o romantismo e complementar a sensualidade. 

                            




            Vale salientar que, nesta cena do filme, o Fantasma da Ópera e o Raoul passam por um impactante duelo de espadas. Raoul leva vantagem, mas Christine não permite que Raoul machuque Erik, o qual se encontrava numa posição vulnerável. Constrangido por sua vulnerabilidade, Erik promete vingança contra o casal mais uma vez (reparem que os figurinos masculinos também são caprichados e espetaculares).

         






7) Vestido do "The Point Of No Return"

"Past the point of no return -
no backward glances:
our games of make-believe are at the end...
Past all thought of "if" or "when".

No use resisting:
Abandon thought,
and let the dream descend...

What raging fire shall flood the soul?
What rich desire unlocks its door?
What sweet seduction lies before us?" 

Trecho da música "The Point Of No Return".

                      


   Esta cena é a mais sensual do Musical, pois podemos ver o Fantasma da Ópera seduzindo Christine enquanto bailarinos seduzem e abraçam bailarinas numa grande coreografia dramática e sensual ao fundo do palco. As cores quentes prevalecem no palco, bem como as fogueiras. Nessa música, tudo retrata a sensualidade do casal. 
     Trata-se de uma peça escrita pelo Fantasma da Ópera e protagonizada por Christine (tudo do jeito que ele quis). Nessa cena, os integrantes do teatro aparentemente obedecem os comandos do Fantasma da Ópera (ele controla o teatro a partir do subterrâneo ao escrever cartas), mas planejam capturá-lo ao final da peça teatral. Eles fazem a peça escrita pelo Fantasma, colocam Christine no papel principal e seguem as orientações de Erik, porém chamam guardas para fazer rondas no teatro. Tudo é uma grande armadilha (como diz o ditado, quando a esmola é muita, o santo desconfia). 
       Raoul inclusive vai ao seu camarote acompanhado por um guarda e todos os integrantes do teatro estão mais espertos e vigilantes em relação a uma possível invasão do Fantasma da Ópera no teatro novamente (lembrando que o Fantasma é um homem de carne e osso, o qual recebe essa denominação por viver escondido e sumir misteriosamente após as suas aparições aterrorizantes e manipuladoras). Desde a aparição do Fantasma no baile de máscaras (Masquerade), todos estão muito desconfiados no teatro e resolvem tomar medidas de segurança contra Erik. 
        Não obstante, o Fantasma da Ópera é mais esperto que todos eles e, driblando as medidas de segurança, usurpa o papel principal (o personagem "Don Juan" seria interpretado por outro ator, companheiro de La Carlotta) e contracena mascarado ao lado de sua amada Christine no palco.


                                             


                        

       

           Todos parecem perceber que o ator é o Fantasma da Ópera, exceto Christine que reconhece a identidade dele apenas ao final da música (não acredito que ela somente reconheceu Erik ao final, pois ela parecia bem absorta de amor e sua sensualidade era autêntica). 
             Quanto ao figurino de Christine, ela veste uma roupa de estilo hispânico embora seja francesa -- uma blusa rendada branca sob um corpete cor de vinho (parece vermelho escuro ou marrom escuro) com uma saia longa em tons de dourado além de usar uma grande rosa vermelha na cabeça. A sensualidade fica por conta do corpete que cobre da região abaixo dos seios até o final da cintura, deixando os seios cobertos apenas pela blusa branca de renda.
              Tal figurino também remete à moda cigana de certa forma devido à saia longa circundada por lantejoulas douradas (é a cigana Sandra Rosa Madalena do Sidney Magal hehehehe...). Além de Christine ser parecida com a Bela de A Bela e a Fera, seu estilo nessa cena remete ao estilo da cigana Esmeralda do Corcunda de Notre Dame. Bela, Christine e Esmeralda: três mulheres fortes e autênticas que foram capazes de amar homens rejeitados pela sociedade. 

                          

               

             No final dessa cena, quando Christine reconhece a identidade de Erik (na verdade, acredito que ela sempre soube da identidade do ator que contracenava desde o primeiro instante, mas demorou para acordar do estado de letargia provocado pelo magnetismo do amor dele hehehe), ela retira a máscara dele sobre o palco na frente de todos, revelando o seu rosto deformado ao público de forma traidora. Ela chora e suas feições parecem pedir perdão a ele, porem ela teve de tomar esta atitude para evitar que ele continuasse a perseguir o teatro e o amor dela. 

                    

             

            A partir deste instante, os guardas armados se movimentam para capturar o Fantasma da Ópera enquanto o público chocado grita. Cheio de raiva e mágoa, o Fantasma toma a atitude mais emblemática do Musical: derruba o grande lustre de cristal antes de sumir misteriosamente para o subterrâneo com Christine (o chão sempre se abre para o Fantasma da Ópera hehehe). Devido ao lustre derrubado, um incêndio se alastra pelo teatro, matando funcionários, atores e espectadores.  
            Esse icônico lustre foi patrocinado pela loja de joias e cristais Swarovski, a qual também é responsável pelo manequim (aquele manequim que o Fantasma da Ópera supostamente criou com a aparência de Christine vestida de noiva em seu subterrâneo) e pelo anel de noivado de Christine dado por Raoul. Curiosamente, uma loja fictícia dessa companhia aparece no filme quando o personagem Raoul (ele já é um senhor nessa cena, pois as cenas do Fantasma da Ópera são ativadas pelas lembranças da juventude do Raoul) admira um anel de noivado enquanto pensa em Christine. 


                                            








8) Vestido do Final     


     Raivoso, o Fantasma da Ópera resolve capturar Christine para que ela vivesse com ele no subterrâneo do teatro. Ele tira o vestido de noiva que estava no manequim com a aparência dela (sim, a obsessão dele por ela era nesse nível...) e diz que Christine deve colocá-lo para se casar com ele ali mesmo (o casamento ocorreria de forma simbólica). 
      Então, considerando essa cena, sabemos que o figurino dela aqui é o vestido de noiva que estava no subterrâneo do teatro (o Fantasma planejava se casar com ela há muito tempo). Trata-se de um vestido de noiva simples apesar da armação na parte inferior no vestido e os detalhes de luxo e elegância. A simplicidade do vestido está no fato de que ele é liso, isento de pedrarias, estampas e ornamentos. Sendo assim, ele realça a beleza natural da personagem que está sem joias e com uma maquiagem leve (adoro esse estilo natural dela).  
       Caso ela fosse se casar oficialmente numa igreja, certamente teríamos mais acessórios no figurino: joias, véu e sapatos de salto alto. Além do mais, o cabelo dela provavelmente estaria preso em um penteado ou coque, considerando a moda vitoriana. Entretanto, ela está com os cabelos soltos na cena, evidenciando a sensualidade, a informalidade e a intimidade dela com o Fantasma. Paradoxalmente, o maior luxo da cena reside na simplicidade do romantismo do vestido e a ausência de joias realça o busto de Christine e deixa a personagem mais sensual. 

                             

        
            O vestido é branco em um tom pérola clássico, liso e armado na parte inferior. Na parte superior, ele lembra o formato dos corpetes e realça o busto de forma sensual além de valorizar a cintura e o corpo em formato "violão" da personagem. A parte superior do decote apresenta uma renda branca leve, bem como as mangas levemente caídas que deixam os ombros à mostra, destacando o romantismo do vestido. 
           O Fantasma diz para Christine que ela está condenada a encarar o rosto dele pela eternidade, mas ela responde que não tem medo da deformidade de sua face e sim da sua verdadeira deformidade que está na alma. Indignada, ela diz que ele quer a presença dela para satisfazer os desejos da carne após ter realizado desejos de sangue (referindo-se às mortes ocorridas no teatro). O Fantasma responde que o destino dele nunca permitiu usufruir os desejos da carne e que sua primeira vestimenta foi uma máscara seguida da rejeição materna. 
           Depois dessa discussão entre eles, surge Raoul para resgatar Christine. O Fantasma diz a Raoul que nunca quis machucar Christine, mas Raoul rebate a sua fala ao dizer que ela merece a liberdade. Raoul pede ao Fantasma para ele agir com compaixão, porém o Fantasma solta aquela frase icônica: "o mundo não mostrou compaixão por mim". 

                         



             O Fantasma pressiona Christine para ela escolher entre os seus dois amores: ele e o Raoul. Christine se mostra indecisa e irrita o Fantasma. Por fim, o Fantasma coloca uma corda no pescoço de Raoul e diz a Christine que vai enforcá-lo caso ela não permaneça no subterrâneo e não se case com ele ali mesmo. Raoul diz a Christine para ela não se entregar ao Fantasma por causa dele e que ele preferiria morrer a vê-la perder a liberdade. Disposta a acalmar o coração do Fantasma e a preservar a vida de Raoul, Christine escolhe o Fantasma da Ópera e beija os lábios do amado mascarado.  

                                 

             

            Todavia, após o beijo de Christine, o Fantasma começa a chorar e a mostrar sua sensibilidade e virtudes ocultas. Arrependido, ele não almeja mais forçar um casamento com Christine e resolve libertá-la no instante em que consegue o beijo carinhoso e sincero dela. Ele tira a corda do pescoço de Raoul e pede para os dois abandonarem o subterrâneo a fugirem sem olhar para trás. Raoul e Christine pegam um barco e cantam de forma sussurrada e melancólica "All I Ask Of You". 

                         

             

            Com o coração rompido pela decepção amorosa, Erik quebra todos os espelhos e foge do local antes dos guardas irem buscá-lo. Mergulhado na dor da solidão, sua única companhia passa a ser uma caixinha de música com um macaco de brinquedo que toca a parte instrumental de "Masquerade". A melhor amiga de Christine e os guardas descobrem o lar subterrâneo do Fantasma, mas ele já tinha fugido de lá antes do local ser revistado.
           Para a surpresa de todos, ressalta-se que Christine aparece ao final diante dele (muitos pensam que ela aparece para ficar com ele) e entrega em suas mãos o anel de noivado, simbolizando que ela não quer se casar com ele. Christine se casa com Raoul e tem uma vida livre e normal, realizando-se no amor, na profissão e na maternidade.
           Quando ela está bem velhinha, morre de causas naturais e Raoul vai visitar o seu túmulo. Raoul já está idoso e aparece em uma cadeira de rodas indo ao cemitério. Antes de ir ao cemitério, ele vai a um leilão que ocorre na antiga ópera de Paris, onde anunciam a venda do lustre, dos objetos marcados pela lenda do Fantasma da Ópera e da caixa de música. Nessa época, o período vitoriano já tinha acabado e dado lugar à modernidade: carros substituem as carruagens e a eletricidade substitui os lustres e os candelabros à moda antiga.

                         

           Raoul compra a caixa de música que era tão bonita como Christine costumava dizer (justamente a caixinha que era do Fantasma e tocava Maquerade) e coloca sobre o túmulo dela. Nesse instante, ele vê uma rosa vermelha sobre o túmulo dela amarrada em uma fita preta com o anel de noivado do Fantasma da Ópera. 
          Essa cena final simboliza que o Fantasma nunca se afastou dela e manteve o seu amor pela vida toda. Ele pode ter espiado a vida dela de longe ou ela pode ter traído Raoul com ele durante a vida (não sabemos sobre a fidelidade de Christine a Raoul embora ela tenha levado uma vida cotidiana feliz ao lado de seu marido). Sendo assim, o triângulo amoroso mais famoso da história do teatro musical permaneceu por toda a vida. 


Fim.

Reflexões sobre o filme:



           

       O Fantasma da Ópera é uma bela história de amor que mostra a força da doçura diante das amarguras e decepções da vida. Christine, com seu jeito doce e amável, foi capaz de lapidar o espírito duro e revoltado do Fantasma da Ópera. Erik não era um mocinho, tampouco um vilão -- ele é popular por revelar a complexidade humana e a alma passional que é capaz de ficar cruel por causa da carência. 
        Muitas vezes, por trás de um espírito rebelde, não existe maldade e sim carência. A falta de amor e a ausência de compaixão criam os nossos próprios monstros. Precisamos respeitar as dores humanas e levar compaixão, consolo e ternura por onde caminharmos. Nada é mais forte que o poder do amor -- ele tem o bálsamo para curar todas as feridas da alma humana. 
       Para ser um homem bom, Erik precisava ser amado. O amor melhora o caráter das pessoas e é capaz de lapidar as almas mais atormentadas. Nunca deixe de expressar o seu amor, pois ele pode ser a cura das pessoas que estão ao seu lado.  


Texto escrito por Tatyana Casarino.

         


     Tatyana Casarino é Advogada, Especialista em Direito Constitucional, Poetisa e Escritora. Paulista da cidade de Presidente Prudente/SP, ela já morou em Santa Maria/RS, Fortaleza/CE e atualmente vive em Brasília/DF. 
    Seus maiores interesses são: Direito, Literatura, Poesia, Arte, Música, Teatro, Musicais, Filosofia, Simbolismo e Espiritualidade. Suas poesias representam arquétipos dos sentimentos humanos e seus textos têm o intuito de incentivar o autoconhecimento e o autoaperfeiçoamento. 

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