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sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Tatyana Romanov -- A princesa misteriosa morta na Revolução Russa. -- Parte II


                                   

        Na adolescência, a princesa Tatyana Romanov recebeu o título de Coronel (uau!) em um regimento de soldados. Além do título de superior hierárquico militar, a princesa e sua irmã Olga tinham um regimento especial, onde deveriam inspecionar os soldados regularmente (lembrando que os anos de sua juventude foram na época da Primeira Guerra Mundial). 
   Muito embora o trabalho fosse exigente para uma princesa, ela gostava de ser útil naquele período tão turbulento de seu país. Ela não gostava de receber qualquer tipo de dispensa -- mesmo quando estava doente -- nem gostava de ser tratada diferente nos seus serviços militares por ser mulher e princesa.
   Quando Tatyana ficou doente, ela implorava para ir trabalhar. Sabe-se que, além de seu comportamento disciplinado e disposto ao serviço, havia um oficial militar que fazia o coração de Tatyana bater mais forte no ambiente de trabalho (ele era mais uma razão para Tatyana trabalhar na inspeção de soldados). 

                          

Alexandra Feodorovna (Darmstad, 6 de Junho de 1872 -- Ectarimburgo, 17 de Julho de 1918) foi a esposa de Czar Nicolau II e última Imperatriz Consorte do Império Russo de 1894 até a abolição da monarquia em 1917. 

   

     Tatyana Romanov, a Grã-duquesa da Rússia, escreveu à mãe Alexandra Feodorovna, Imperatriz da Rússia, o seguinte: "Gostaria muito de ir à inspeção da segunda divisão, uma vez que sou a segunda filha e a Olga já foi, portanto é a minha vez. E, na segunda divisão, irei ver quem devo ver... tu sabes quem." O misterioso amante de Tatyana provavelmente era o oficial da cavalaria Dimitri.  

                

Dimitri e Tatyana (a imagem acima possui controvérsia histórica: não há provas de que esse rapaz seja Dimitri. Entretanto, confio na probabilidade ainda mais com a proximidade e a intimidade exaladas pela foto).  

       
         Antes de abordar o romance entre Tatyana e Dimitri quando a princesa trabalhou como enfermeira na Primeira Guerra Mundial, é interessante elucidar alguns detalhes da vida da princesa na breve juventude. 

                                    

Olga e Tatyana: o par grande Romanov, as irmãs inseparáveis. 

        

         Muitas pessoas culpam a realeza por desperdiçar dinheiro, viver luxuosamente e demonstrar ostentação e extravagância, porém muitos indivíduos na realeza -- especialmente as mulheres jovens -- não sabiam sequer lidar com dinheiro. A princesa Tatyana, por ser uma Romanov, era super protegida (ou melhor, hiper-ultra-mega-power protegida hehehe, gíria da Floribella, hehehe). Sendo assim, ela não tinha permissão nem sequer para ir à uma loja. 
       As princesas Romanov não sabiam como comprar mantimentos, tendo em vista que tudo chegava até o palácio de modo empacotado. Certa vez, Tatyana e Olga Romanov, sua irmã mais velha e confidente, decidiram aprontar uma "aventura": fugir para ir às compras. A "aventura" simplesmente fracassou, porque nenhuma das duas sabia como funcionava o comércio ou como comprar alguma coisa. 
         Além do mais, a vida das princesas e da imperatriz nada tinha de ociosa ou egoísta: Tatyana, Olga e Alexandra eram generosas e trabalhavam como enfermeiras da Cruz Vermelha durante a Primeira Guerra Mundial. A solidariedade delas inspirou outras moças nobres a prestarem diversos serviços ao país naquele momento politicamente tenso. Tatyana, muitas vezes, ficava brava quando as enfermeiras veteranas hesitavam em deixá-la fazer alguns dos trabalhos mais pesados. 

                        

Dimitri Malama 

           

        Nesse período, havia muitos rumores sobre o futuro casamento de Tatyana Romanov. O rei sérvio tentou convencer o pai de Tatyana, o Czar Nicolau II, que Tatyana deveria se casar aos 16 anos. Entretanto, o Czar não concordou com a ideia, já que considerava cedo ainda para um casamento real. Não obstante, não demoraria para o coração de Tatyana encantar-se com alguém. Durante sua temporada como enfermeira, ela conheceu Dimitri Malama. 
        O misterioso Dimitri era um oficial de cavalaria ferido, o qual havia recebido um prêmio por sua bravura. Tatyana era enfermeira de Dimitri, e eles se apaixonaram enquanto ela tratava de seus ferimentos. O início do romance ocorreu quando Dimitri se recuperava de seus ferimentos e se estendeu na jornada de trabalho de Dimitri para o Czar no palácio de Tsarskoye Selo. Tatyana e Dimitri escreveram um ao outro todo tipo de cartas. 

                          

Tatyana e o Bulldog francês, seu animal de estimação.

       

        Certo dia, o gentil Dimitri entregou à Tatyana um animal de estimação a fim de proporcionar felicidade à princesa. Tratava-se de um cachorrinho, um Bulldog francês. A princesa adorava o filhote e chamava o cachorrinho de Ortino. Os pais de Tatyana Romanov, a imperatriz Alexandra e o Czar Nicolau II, gostavam de Dimitri apesar de nunca confirmarem a permissão ou a possibilidade de casamento entre os adoráveis namorados. 
        Sabe-se que Tatyana precisava se casar com um príncipe estrangeiro para que a Rússia ganhasse alianças políticas -- ainda mais naquele período delicado do país cuja guerra exigia novos acordos políticos. Todavia, a família de Tatyana adorava Dimitri, e ele era convidado para jantar com a família real além de frequentemente visitar Tatyana. 

                     

Tatyana (no meio dos irmãos) e os animais de estimação da família. 

           

         Quando o cachorrinho morreu, Dimitri deu outro filhote de Bulldog francês para Tatyana (há rumores de que presentear a princesa com um animal de estimação foi o ápice da conquista amorosa hehehe, e ele investiu bem nessa "estratégia"). Basicamente, a dica de Dimitri para os casais de hoje seria: se o crush está difícil, dê um Bulldog francês para ele (brincadeirinha, gente). O romance foi doce, adorável e típico de um Conto de Fadas, exceto pelo final infeliz. 
          Ressalta-se que a Revolução Russa ceifaria a vida de ambos. Tatyana terminou a sua vida em um porão em Ekaterinberg enquanto Dimitri liderava uma batalha na Ucrânia. Durante a batalha, Dimitri morreu. Tatyana, por sua vez, foi assassinada na noite de 17 de julho de 1918 aos 21 anos com toda a sua família (escreverei sobre o exílio e a execução de Tatyana em futura postagem do blogue). 

                           

Tatyana e Olga vestidas com os uniformes de seus regimentos militares. 

           

              Quanto à breve juventude de Tatyana, é importante salientar que ela testemunhou um ato de violência aos 14 anos -- tratava-se do assassinato do primeiro-ministro Pyotr Stolypin em um espetáculo da ópera de Kiev (Capital da Ucrânia). Ela e Olga viram o disparo contra o Pyotr Stolypin, pois tinham seguido o pai para sua tribuna no local. 
             O Czar disse à imperatriz que as filhas estavam em choque emocional por causa disso, visto que causava-lhes grande perturbação a cena do crime. Tatyana entrou em pânico após a terrível cena sangrenta, passando a ter dificuldades para dormir. 

                                      

              

              As dificuldades da vida de Tatyana estavam apenas começando -- na primavera de 1913, a princesa Romanov, conhecida por sua beleza e por seus longos cabelos castanhos escuros, perdeu todo o cabelo após sofrer de febre tifoide. 
              Em 1914, quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial, Tatyana tornou-se enfermeira pela Cruz Vermelha, conforme foi mencionado na presente postagem. Tatyana e Olga cuidavam dos soldados feridos em um hospital privado em Tsarskoye Selo. 
              A princesa Tatyana era tão competente e empenhada quanto a mãe, a imperatriz Alexandra, e somente se queixava do fato de ser poupada de casos mais exigentes na enfermaria devido à pouca idade. Seu cabelo cresceu um pouco com o passar do tempo e, no período que trabalhava na enfermaria, viveu um doce romance com Dimitri (consoante as linhas anteriores desta postagem). 

                           

Tatyana e Olga na enfermaria 

               

                Por ser muito patriótica e diplomática, a bela Grã-duquesa russa escreveu uma carta pedindo desculpas pelos comentários negativos feitos aos alemães na presença de sua mãe, a qual era nascida nesse país (precisamente em Darmstadt). Ela explicou que se esqueceu da origem alemã da mãe, já que a via somente como russa. 
              A Czarina também se manifestou em defesa da filha, afirmando que se considerava russa e que não se sentia desrespeitada pelas palavras afiadas de Tatyana contra os alemães na Primeira Guerra. Por outro lado, a imperatriz admitia as suas mágoas em relação aos rumores que circulavam entre o povo russo de que ela era uma espiã alemã. 

                          

              
                Em agosto de 1915, a princesa Tatyana escreveu outra carta à mãe. Nessa carta, ela expressava o seu desejo de ajudar a carregar os fardos trazidos pela Guerra. Eis aqui as palavras de Tatyana Romanov: "Simplesmente não consigo te dizer como estou triste por ti e por todos. Tenho tanta pena que não posso te ajudar ou ser útil. Em momentos assim, tenho pena de não ser um homem."
            Apesar de ser uma referência de feminilidade e elegância, Tatyana Romanov lamentava a sua condição feminina quanto esta impedia algum serviço patriótico, social ou familiar. Entretanto, ela ultrapassou diversos obstáculos e participou de várias ocasiões públicas. 

Texto escrito por Tatyana Casarino





Gravura da princesa Tatyana Romanov no filme "Anastasia" da Fox. Essa Animação de 1997 inspirou muitas pessoas a estudar a História da Família Imperial Russa. 



 *Aguardem as próximas postagem sobre a vida de Tatyana Romanov, queridos leitores!

*Confiram a primeira postagem sobre a vida de Tatyana Romanov:

Tatyana Romanov -- A princesa misteriosa morta na Revolução Russa -- Parte I 

https://tatycasarino.blogspot.com/2018/05/tatyana-romanov-princesa-misteriosa.html

*Para quem quiser ler a postagem acompanhado por uma bela música instrumental (a música que eu estava escutando a escrever este texto):





*Para quem quiser sonhar mais um pouco, sair da História e mergulhar na fantasia da Animação Anastasia (Anastasia Romanov, a irmã mais nova de Tatyana, inspirou livros e filmes com o mito de sua sobrevivência durante a Revolução Russa):









Tatyana Casarino 

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