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domingo, 15 de julho de 2018

10 Curiosas Iconografias Cristãs.

                



        Olá, pessoal! Hoje eu trago mais uma postagem do meu amigo escritor Mateus Ernani Heinzmann Bulow repleta de conteúdo histórico e cultural. O texto abaixo fala a respeito do universo cristão e os seus símbolos, emblemas e ícones. 
     Como sou católica, sempre fico encantada diante da História Cristã e todas as suas curiosas iconografias. Conhecia o famoso símbolo do peixinho, as gárgulas e os cefalóforos (embora eu não soubesse a denominação dos santos decapitados) e sempre gostei da Crux Gemmata e do Globus Cruciger (quem escreve histórias de princesas ou gosta de ler sobre reis, rainhas e princesas deve saber desse último). Todavia, não tinha conhecimento de muitos outros ícones. Através deste texto do Mateus, fiquei sabendo muito mais a respeito da cultura e da história do cristianismo. 
     Os Anjos Arcabuzeiros foram os que mais me surpreenderam, tendo em vista que nunca ouvi falar de Anjos com armas de fogo. Contudo, conhecia os anjos portadores de espadas e lanças além de sempre ter sido devota de santos guerreiros (como São Jorge) e anjos guerreiros -- como São Miguel Arcanjo. É possível fazer uma comparação entre os anjos guerreiros e os anjos arcabuzeiros. 
     A beleza da defesa e da proteção divina também está estampada nesses anjos armados. Afinal, nem sempre as armas são símbolos do mal, da morte, da destruição e do pecado, já que elas podem ser usadas justamente para livrar os seus protegidos do mal e dos perigos. 

***Que o bem triunfe! Deus seja louvado!

***Está imperdível o texto! Confiram: 



10 Curiosas Iconografias Cristãs.

             


        Se o leitor já visitou uma igreja, independente de sua ramificação, certamente ficou maravilhado com os vitrais, as esculturas e os rituais religiosos. No entanto, a fé cristã não é algo monolítico, imutável, e se hoje mais de 1/3 da população terrestre acredita em Jesus e em Seu Pai, o Deus todo poderoso, foi porque essa fé soube se adaptar às particularidades regionais que já existiam ali, incluindo religiões anteriores.
        Foi pensando nessas diferenças regionais que fiz essa lista de iconografias, muitas delas estranhas ou mesmo assustadoras aos olhos de hoje. Aqui nós veremos desenhos, pinturas, esculturas, entalhes, obras de joalheria e ourivesaria, todas criadas com o objetivo de promover a fé cristã. Boa leitura!

1 – Anjos Arcabuzeiros.

               


          Uma das imagens mais conhecidas da iconografia cristã são os guerreiros arcanjos armados de espadas com as lâminas em chamas; mas o que dizer de anjos empunhando armas de fogo? Os chamados “anjos arcabuzeiros” eram comuns no Vice-Reinado do Peru, uma colônia espanhola que comprimia o atual país de mesmo nome e a Bolívia, chamada de Alto Peru na época.

        Como o nome já diz, a marca registrada desses anjos eram essas armas parecidas com espingardas, porém disparadas com ajuda de um pavio. Na segunda metade do Século XVII, várias imagens de anjos empunhando arcabuzes foram realizadas nessa região, muitas delas por autores anônimos. Esses anjos eram típicos da Escola Cusquenha de Pintura, a primeira faculdade de artes a ser fundada pelos espanhóis nas Américas.


              


       Na época em que estas imagens se tornaram moda na região, os arcabuzes já eram considerados obsoletos frente aos mosquetes de pederneira, que se tornariam os armamentos mais comuns disponíveis aos soldados europeus e coloniais. Além dos arcabuzes, esses anjos também eram reconhecidos por usarem roupas típicas do Real Exército do Vice-Reinado do Peru, com suas mangas avantajadas e chapéus de couro de aba larga.
        É possível que esses curiosos atiradores alados tivessem inspiração parcial em heróis míticos indígenas, adorados antes da chegada dos europeus. De qualquer forma, essas figuras contavam com grande estima entre a população nativa e mestiça do Vice-Reinado do Peru, e muitos nobres que encomendaram essas pinturas tinham sangue indígena. Os retratos de anjos arcabuzeiros podem ser encontrados hoje em museus do Peru, na Bolívia, no noroeste da Argentina e na Espanha.

2 – Cefalóforos.




           A palavra “cefalóforo” significa literalmente “aquele que carrega a própria cabeça”, e alguns santos martirizados ou decapitados costumavam ser retratados assim no passado. A intenção dos artistas que faziam tais imagens era enfatizar o sacrifício desses mártires, como se estes fossem guerreiros apresentando suas feridas em sinal de coragem.

        Representar um santo sem cabeça costumava ser um desafio para escultores, pintores e artistas em geral: era difícil fazer o halo dourado, comum em imagens de santos. Para driblar essa inconveniência, alguns artistas colocavam a auréola sobre o pescoço, como se a cabeça ainda estivesse ali, ou então deixavam ela sobre a cabeça decapitada; outros simplesmente deixavam a auréola de lado.

      


           Além de reforçar o significado do martírio em nome da fé, a imagem de um santo decapitado possuía outro papel mais prático, e um tanto sinistro: o furto de relíquias cristãs era comum no passado, e muitas igrejas e basílicas eram construídas em lugares onde santos foram enterrados (só na França são reconhecidos 143 santos cefalóforos). Essas imagens assustadoras também dissuadiam ladrões e profanadores de tumbas.
        O mais conhecido santo cefalóforo sem dúvida é São Dinis, padroeiro de Paris e da França: segundo a lenda, Dinis foi decapitado pelos romanos e ainda teve o corpo atirado no rio, mas seus seguidores conseguiram recuperá-lo. O corpo então se levantou, apanhou a cabeça e caminhou até parar em um local afastado da cidade; uma basílica em honra ao mártir foi construída nesse lugar durante a Idade Média, e esta continua em pé até hoje.

3 – Tumba Cadáver.





        Achou os santos decapitados assustadores? Pois espere até ver uma tumba retratando um cadáver. Essa variação curiosa e macabra das efígies utilizadas em túmulos de monarcas era conhecida como “transi”, e como o próprio nome já diz, elas retratam um morto em avançado estado de decomposição. Algumas versões apresentam até os vermes roendo o cadáver, enquanto outras possuem duas efígies: uma do morto pouco antes do sepultamento, com uma efígie de cadáver logo abaixo.
        O significado dessas esculturas macabras não poderia ser outro senão enfatizar a transitoriedade da vida, e como toda glória terrena é passageira. Não à toa, muitos monarcas derrotados em guerras encomendavam essas obras, como um aviso às gerações futuras de que eles vieram do pó, e a ele retornariam. A presença dessas imagens sinistras também causava um efeito de choque nos ambientes suntuosos das igrejas, por ser um incômodo lembrete da frágil existência humana.

     


          Existem também versões mais “simplificadas” dessas tumbas, ostentando apenas um esqueleto ou uma caveira, às vezes acompanhada das costelas. Alguns artistas mais criativos (e mórbidos) escreviam mensagens usando os próprios ossos, dispostos como letras sobre a superfície das tumbas.
        As mais antigas tumbas com efígies de cadáveres e esqueletos estão localizadas na Inglaterra, e datam de 1370. Outros países onde essas imagens são comuns são a França, a Holanda, a Itália e a Alemanha, com suas respectivas variações regionais: enquanto na Itália essas imagens costumavam ficar dentro das igrejas, nem sempre contendo um corpo abaixo, na Alemanha era comum retratar os defuntos usando mortalhas rotas.

4 – Homem Verde.

        


        Diversas lendas europeias falam a respeito de homens selvagens vivendo entre as árvores e os animais, muitas vezes se misturando com tanta eficiência que era impossível vê-los nas folhagens. Inspiradas nessas lendas, algumas religiões pré-cristãs retratavam deuses da natureza e das florestas como homens rudes cujas barbas eram feitas de folhas; quando o cristianismo se tornou a religião mais importante na Europa, essas figuras foram trazidas para os entalhes de igrejas e catedrais, bem como pergaminhos e textos religiosos.
        A presença dessas misteriosas figuras em templos cristãos ainda é motivo de discussão entre historiadores, mas o mais provável é que se tratam apenas do reaproveitamento de um estilo artístico já existente. Outra explicação seria a necessidade de espantar maus espíritos, assim como as carrancas no nordeste brasileiro. Aparentemente os homens verdes não eram exclusividade da arte católica, pois igrejas ortodoxas na Grécia e na Bulgária também apresentavam esses entalhes.





        Após a Renascença, novas versões do Homem Verde surgiriam na arte, alguns com cabeças ou patas de animais. A partir dessa era, essas figuras perderam parte do significado religioso embutido no passado, servindo apenas como enfeites requintados em casas mais abastadas. Em países de colonização britânica, como a Austrália, os Estados Unidos e o Canadá, enfeites de homens verdes são comuns em construções públicas como estações de trens, tribunais de justiça e bibliotecas.
        Os homens verdes estão novamente em voga durante os tempos atuais, e o mais curioso é que isto se deve, em parte, ao chamado “neo-paganismo moderno”: no leste europeu e na Irlanda, diversos cultos baseados em religiões pagãs ancestrais ao cristianismo estão trazendo à tona essa figura. Autores modernos de fantasia e ficção também estão trazendo de volta o estilo medieval na escrita, ao decorar as bordas dos livros com figuras similares aos homens verdes.

5 – Crux Gemmata.




       Em latim, Crux Gemmata significa simplesmente “cruz gemada”, ou seja, uma cruz revestida de pedras preciosas. Na Antiguidade Tardia e na Alta Idade Média, muitos objetos de grande importância eram ricamente decorados com joias, num estilo restrito a coroas e outras regalias, e também a pequenas peças de joalheria.
        A cruz gemada mais antiga que se tem notícia data do Século IV depois de Cristo, em um túmulo romano. Muitas dessas cruzes possuem pontas mais largas, devido ao peso extra das pedras incrustadas, enquanto outras ostentam as joias apenas em uma faca, enquanto do outro lado pende a figura de Cristo crucificado.



       Algumas cruzes gemadas podiam ser vistas em mosaicos ou em moedas do Império Bizantino, um dos maiores baluartes da fé cristã durante a Idade Média. Nos países que compunham a atual Rússia, como o Principado de Kiev, a República de Novgorov e a Moscóvia, algumas cruzes douradas ostentavam pingentes em seus braços laterais, parecidos com grandes “brincos”.
        Uma lenda urbana popularizada pelo livro “O Código Da Vinci” afirma que era comum as cruzes gemadas terem treze pedras, cada uma representando Jesus e os apóstolos. Apesar de algumas delas efetivamente conterem treze gemas preciosas, não existem provas da intenção de representar os apóstolos junto de Cristo. Um dos exemplos de cruzes gemadas com treze pedras está na Basílica de São Pedro Extramuros, localizada no Vaticano.

6 – Globus Cruciger.




        A tradução literal de Globus Cruciger do latim para o português é “Globo e Cruz”. E é a melhor descrição para este símbolo de autoridade, muito utilizado pelos reis do passado. O orbe simboliza o domínio absoluto de Cristo (a cruz) sobre o mundo (o orbe), literalmente sujeito por um governante terreno (ou, por vezes, de um ser celestial como um anjo). Quando é seguro pela própria figura de Cristo, o objeto é conhecido na iconografia ocidental como Salvator Mundi (Salvador do Mundo).
        Curiosamente, este símbolo se originou fora do cristianismo: O primeiro uso conhecido de iconografia semelhante ao orbe remonta ao Antigo Egito, em um hieróglifo representado em um anel que tinha o nome de trono Neb-Jeperu-Ra, nos cofres e caixas de joias de Tuiu. Alguns imperadores romanos também utilizavam iconografias similares, mas a passagem definitiva para a representação cristã ocorreria durante o reinado de Constantino I, o primeiro imperador romano cristão.

                


      Durante as cerimônias de coroação do passado, os reis e imperadores carregavam os globos com cruzes para simbolizar tanto sua autoridade sobre a terra como a submissão aos desígnios de Cristo. De certa forma, esse símbolo ajudou a espalhar o cristianismo entre os povos pagãos, pois estes já estavam acostumados com símbolos redondos representando o sol, a lua ou mesmo a terra.
        Um dos globos com cruzes mais conhecidos da heráldica europeia era o do Sacro Império Romano Germânico, uma nação cujo núcleo ficava na atual Alemanha e abrangia parte da Itália. Devido aos frequentes conflitos e rusgas entre o Sacro Imperador Germânico e o papado, uma iconografia comum durante os conflitos envolvia o globo com a cruz e a tiara papal se chocando, um contra o outro.

7 – Bíblia do Homem Pobre.

    


          Durante a Idade Média, poucos sabiam ler e escrever, e mesmo monarcas e nobres eram analfabetos. Ensinar passagens bíblicas era um desafio para os religiosos, e eles tiveram de usar ilustrações, como se fossem histórias em quadrinhos sem palavras. As pinturas, gravuras, vitrais e entalhes que se prestassem a ensinar religião para os mais humildes que frequentassem igrejas ficariam conhecidos como a “Bíblia do homem pobre”.
        Essa curiosa iconografia não se limitava a uma forma de arte, tornando-a bem difícil de categorizar. Havia, ainda, diferenças quanto à disposição da “história em quadrinhos”: poderia ser em um único vitral, ou então em vários; ou ela ocupava apenas uma das paredes da igreja, ou então ambas. O único ponto de convergência estava em sua função de instruir e apresentar a Bíblia quem não sabia ler.

         


       Assim como era variada a forma de arte utilizada na concepção, essas Bíblias de gravuras tratavam de diversos episódios da Bíblia: a crucificação de Jesus, a vida dos Apóstolos, façanhas de santos, histórias do Antigo Testamento... Havia também uma preocupação em deixar bem nítidas as consequências de seguir os ensinamentos do Senhor, por meio de representações do Céu; em contrapartida, havia imagens grotescas de almas pecaminosas sofrendo horrores no inferno, que costumava ser representado como a bocarra de um monstro mastigando os pecadores e blasfemadores.
        As “Bíblias dos homens pobres” possuíam outra função, além de instruir: guardar o conhecimento para o futuro. Em uma época marcada por guerras, invasões bárbaras, pestes, crises sucessórias e desastres naturais, a perda de uma pessoa com tais conhecimentos era terrível. Buscava-se ao menos deixar rudimentos para a população mais humilde e numerosa, como forma de contornar ou ao menos reduzir os danos desses acontecimentos.

8 – Mão de Deus.



        Também chamada de “Manos Dei” e “Dextera Domini” em latim, a Mão de Deus é um ícone frequente na arte cristã e judaica, especialmente durante o fim da Antiguidade e a Alta Idade Média. A representação de Deus em forma humana era considerada uma grave violação ao Segundo Mandamento (“Não tomarás o nome de Deus em vão”), e os artistas ilustravam apenas sua mão para representar a intervenção direta Dele em trechos da Bíblia, muitas vezes parando no pulso ou no meio do braço.
        Como é comum na arte cristã, houve influência de religiões politeístas mais antigas, notadamente a egípcia: as bênçãos do Sol sobre os faraós eram representadas na forma de mãos surgindo entre os raios. Na iconografia cristã, a Mão de Deus geralmente aparecia fazendo sinal de benção, embora algumas vezes fizesse alguma ação importante no contexto da cena, tais como ajudar Cristo a alcançar os céus, ou impedindo Abraão de matar Isaac segurando seu punho com a adaga.


                    


        A Mão de Deus continuaria sendo representada até hoje na arte sacra, especialmente na fé Ortodoxa e na arte judaica. Durante a Reforma Protestante, diversos artistas romperam com a tradição ao representar Deus como um homem idoso, porém musculoso, uma clara influência do Zeus grego, que desempenhava um papel similar como rei dos deuses olímpicos. Outros artistas prefeririam representar a atuação direta de Deus na forma de anjos assumindo como “representantes” Dele, a fim de não desrespeitar o Segundo Mandamento.
        Embora existissem variações no tema, os artistas costumavam respeitar algumas “regras” ao retratar a Mão de Deus: na sua variação mais comum, ela “brotava” de uma pequena nuvem no canto superior do cenário, ou então na borda da pintura ou escultura, sem um limite claro de onde saía. Como o lado esquerdo era associado ao mal, quase todas as Mãos de Deus na arte são destras, aparecendo-lhe o dorso quando à esquerda na imagem, ou a palma quando à direita.

9 – Gárgulas.




             Em francês antigo, “Gargouille” era uma palavra utilizada para designar uma garganta alongada, e em sentido figurado designava um monstro cuspidor. Essa palavra seria usada para descrever as figuras assustadoras utilizadas para escorrer o excesso de água nas épocas chuvosas. Como forma de aumentar o escoamento, diversas construções ostentavam muitas gárgulas de formatos variados, indo de animais mundanos até feras mitológicas.
        Embora a arte das gárgulas tivesse surgido na Idade Média, elas continuaram sendo esculpidas até o início do Século XX, não apenas para igrejas como também para edificações particulares. Não havia restrições aos formatos das esculturas, tanto que algumas delas até representavam monges; a única condição para uma escultura ser denominada “gárgula” era o seu uso no escoamento da chuva.

             


     Nas igrejas católicas, as gárgulas possuíam outras funções, além do escoamento da água: ilustrar o mal e espantar maus espíritos. Ambas as funções parecem opostas entre si, mas era uma mentalidade típica do início da era medieval, onde o grotesco servia tanto como advertência como proteção diante do mal. Um abade francês chamado Bernardo de Clairvaux chegou até a protestar contra a existência de figuras tão monstruosas em sua abadia, alegando que as mesmas eram um desrespeito à obra de Deus, ao combinarem partes de diversos animais em um só corpo.

        A arte das gárgulas cairia em declínio na segunda metade do Século XX, coincidindo com o declínio na construção de igrejas, e hoje as gerações mais novas conhecem essas figuras graças a desenhos animados, como o Corcunda de Notre Dame e Gárgulas – Defensores da Noite. Entretanto, a cultura pop moderna não apenas foi inspirada pelas gárgulas como também teve sua influência sobre essas esculturas: uma gárgula arruinada da abadia medieval de Paisley, na Escócia, foi restaurada até ficar parecida com o monstro do filme Alien – O Oitavo Passageiro.

10 – Ichtys.




            Talvez o mais antigo e também o mais simples dos símbolos dessa lista, o Ichtys surgiu durante os primórdios do cristianismo, como um sinal secreto para não chamar a atenção das autoridades romanas, que perseguiam cristãos na época. Ichtys significa “peixe” em grego, mas a palavra também funcionava como uma abreviação de "Iēsous Christos Theou Yios Sōtēr", que em grego significa “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”.
        Assim como a maior parte dos símbolos cristãos, o Ichtys possui forte influência das religiões politeístas do passado: os peixes eram animais sagrados da deusa Atagartis, que teria sido a primeira sereia (para saber mais sobre ela, leia a lista “10 Criaturas Mitológicas que existem ou existiram”, do mesmo autor). Outras hipóteses afirmam que o peixe se tornou símbolo cristão com o apelido “pescador de homens”, dado a Cristo, ou então devido ao episódio bíblico da multiplicação dos pães e peixes.




        Durante a época da perseguição romana aos cristãos, as catacumbas da fé perseguida eram marcadas com o Ichtys, por não ser um símbolo tão chamativo como as cruzes. Outra utilidade envolvia comunicação: um cristão marcava um lugar com uma meia-lua para baixo, se o outro também fosse cristão, marcava a meia lua para cima, formando o símbolo. O Ichtys também era desenhado por crianças nas portas de casa para que mostrasse aos outros cristãos que aquela era uma casa de família cristã.

        Por ter um formato simples, o Ichtys é utilizado por diversas entidades. No Brasil, o exemplo mais conhecido é o PSC – Partido Social Cristão, que usa o peixinho em seu símbolo. O Ichtys também é utilizado em paródias feitas por grupos anticristãos: um caso especialmente grave ocorreu no Egito, com muçulmanos colando adesivos de tubarões prestes a devorar os símbolos dos peixes em carros cristãos. No entanto, existem paródias mais bem humoradas, fazendo referências a pratos envolvendo peixes, tais como fish n’chips ou sushi.

Texto escrito por Mateus Ernani Heinzmann Bulow





***O autor da postagem é Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Santa Maria (FADISMA), escritor, poeta e autor do Livro "Taquarê -- Entre a Selva e o Mar". Em Santa Maria/RS, o Livro do autor está disponível para compra em: Athena, CESMA e CAPOSM. 

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**Saiba mais sobre o Livro do autor:


**Lista de todos os textos que o Mateus já escreveu para o blog da Taty:


**Texto 10 Criaturas Mitológicas que existem ou existiram (texto do Mateus citado na postagem de hoje): 

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