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terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Como cada gênero musical trata a mulher

Olá, pessoal! Confiram abaixo como cada gênero musical trata a mulher!

1) A Ópera - Trata a mulher como princesa
👑



Nessun Dorma interpretada por Pavarotti

Ninguém durma! Ninguém durma!
Tu também, ó princesa
Na tua fria alcova
Olhas as estrelas
Que tremulam de amor
E de esperança!
Mas o meu mistério está fechado comigo,
O meu nome ninguém saberá!
Não, não, sobre a tua boca o direi,
Quando a luz resplandecer!
E o meu beijo destruirá o silêncio
Que te faz minha!
2 - O POP trata a mulher como a musa inesquecível e impactante 
She - Elvis Costello


Pode ser o rosto que não consigo esquecer
O caminho para o prazer ou para o desgosto
Pode ser meu tesouro ou o preço que tenho que pagar
Ela pode ser a música que o verão canta
Pode ser o frio que o outono traz
Pode ser cem coisas diferentes
No decorrer de um dia

Ela
Pode ser a bela ou a fera
Pode ser a fome ou a abundância
Pode transformar cada dia em um paraíso ou em um inferno
Ela pode ser o espelho dos meus sonhos
Um sorriso refletido em um rio
Ela pode não ser o que ela parece
Dentro da sua concha







3-O Rock trata a mulher como a rainha doce e acolhedora


 
Sweet Child O’Mine - Guns N’ Roses 



Ela tem um sorriso que parece
Lembrar-me de memórias de infância
Onde tudo era fresco
Como o brilhante céu azul
De vez em quando eu vejo seu rosto
Ela me leva para aquele lugar especial
E se eu olhasse por muito tempo
Provavelmente perderia o controle e choraria 
Oh, oh! Minha doce criança
Oh, oh, oh, oh! Meu doce amor
Ela tem olhos dos céus mais azuis
Como se eles pensassem na chuva
Odeio olhar para dentro daqueles olhos
E ver um pingo de dor
O cabelo dela me lembra um lugar quente e seguro
Onde como uma criança eu me esconderia
E rezaria para que o trovão e a chuva
Passassem quietos por mim

4- A Música Popular Brasileira trata a mulher como uma deusa iluminada 

Linda - Caetano Veloso 
Fonte de mel
Nos olhos de gueixa
Kabuki, máscara
Choque entre o azul
E o cacho de acácias
Luz das acácias
Você é mãe do sol
A sua coisa é toda tão certa
Beleza esperta
Você me deixa a rua deserta
Quando atravessa
E não olha pra trás
Linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você é linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim


Você é forte
Dentes e músculos
Peitos e lábios
Você é forte
Letras e músicas
Todas as músicas
Que ainda hei de ouvir


5 - A Bossa Nova trata a mulher como uma musa cheia de graça e esplendor 
Garota de Ipanema - Tom Jobim


Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela, menina
Que vem e que passa
Num doce balanço
A caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar
Ah, por que estou tão sozinho?
Ah, por que tudo é tão triste?
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha

Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor
6- Funk - Trata a mulher como um objeto que você usa e depois joga na rua

Só surubinha de leve - Mc Diguinho

Trecho abaixo:

Hoje vai rolar s********
Só s******** de leve
Só de leve com essas filhas da p****
Taca bebida depois taca p***
E abandona na rua



*Reflexões sobre a decadência da música no Brasil e sobre a queda dos valores nobres e conservadores. Críticas ao feminismo atual que não critica músicas como essa que desvalorizam a mulher, porque o feminismo está vinculado à esquerda política, a qual insiste em destruir o valor estético e moral da música, da arte e da cultura. 

*Observação: Se você é feminista e esquerdista, não se sinta ofendido. Fiz críticas fortes no texto a esses movimentos, mas não quis atacar ninguém pessoalmente. Cada um tem o direito de pertencer ao movimento que quiser, assim como eu também tenho liberdade de expressão para criticar o movimento que eu quiser e defender valores mais conservadores. 
*Observação 2: Você pode não concordar comigo, mas você sempre pode aprender com aquele texto que discorda. 

    Considerando que a última "música" (não a considero arte musical, pois não há qualidade instrumental nem composição poética) foi a mais ouvida no Brasil, acredito que a Poesia esteja gravemente doente em território nacional. Mas eu não quero acreditar que a poesia morreu... Gosto de pensar que,  dentro de seus quartos, existem garotos e garotas geniais escrevendo músicas e poesias decentes, profundas e de qualidade por aí...
 Talvez até algum compositor e músico do porte de Renato Russo esteja trancado no quarto estudando violão e rabiscando umas poesias... Vamos aguardar uma nova geração de gênios. Eu sou otimista. Eu tenho esperança. Nosso povo é tão criativo. Sei que um dia direcionaremos bem a nossa criatividade e potencial artístico.
  Antigamente, para um poeta escrever uma composição que retratasse a mulher, ele precisaria estar apaixonado para que a sua mente genial traduzisse o que se passava em seu coração. O que mais me encanta na poesia e no mundo musical é a união entre a cabeça e o coração, propiciando empatia, identificação, catarse e arrepios em outros corações (os de leitores e ouvintes) que estão passando pelos mesmos sentimentos.
     A poesia e a música nasceram para trazer beleza ao mundo, fantasia e alegria. A arte sempre teve a missão transcendente de levar o ser humano para além de seus problemas mundanos, fazendo com que ele sorrisse, dançasse, se emocionasse....
   Ocorre que "músicas" como o Funk citado não foram escritas com o coração nem com a cabeça (talvez com a cabeça masculina de baixo e não a genial de cima), mas com os instintos mais baixos. Parece que a arte perdeu a sua virtude e a sua nobre missão transcendente para afundar mais ainda o ser humano em seus piores instintos.
   Se antes a arte significava esperança,  hoje ela de modo cínico expressa as piores experiências mundanas e faz apologia amarga à libertinagem. Se antes a arte era doce e levava o ser humano para além do mundano, hoje ela o afunda no que há de pior nele. Por isso, quando os autores de funk são contestados, eles apenas respondem: "Estou retratando a minha realidade." Será que eles acham bonito retratar o que há de mais grotesco em suas realidades? Será que eles nunca almejaram uma realidade melhor?
  Talvez não seja culpa deles. Não os recrimino. A arte também é espelho da realidade. O que mais me preocupa é que a realidade do Brasil está cada dia pior. Cada dia mais criminosa. Cada dia mais sem escrúpulos. Cada dia mais sem moral. Cada dia mais hipócrita. Cada dia mais corrupta. Cada dia mais ignorante. Cada vez mais imbecil.
    Depois, as feministas aparecem dizendo que o funk é machista, "misógino" (sempre achei que essa palavra é usada de forma exagerada e esquizofrênica pelas feministas radicais) e que retrata a "cultura do estupro" (outra expressão hiperbólica). Na realidade, muitas das próprias feministas contribuíram com a degradação da arte e da decência quando começaram a fazer escândalos com os peitos de fora, xingar padres, policiais, pichar igrejas e introduzir crucifixos em certos orifícios... Também existem aquelas feministas que defendem o Funk (essas eu nunca vou entender). Eu defendo a mulher com generosidade feminina e critico músicas assim... 
    Além do mais, a maioria das feministas é de grupos de esquerda, ou seja, os mesmos grupos que saíram por aí defendendo as exposições "artísticas" que atacavam a moral, a igreja, os bons costumes e a tradição.

   
 
        Era evidente que a degradação artística chegaria no mundo da música também e atacaria a mulher. A hipocrisia feminista também se encontra no escândalo diante do palavrão p**** inserido na música para se referir à mulher. As mesmas feministas que protestam diante dessa música hoje promovem marchas com denominações peculiares, como "marcha das vad***" e fazem comerciais alegando ser "opressor" o apelido de princesa.
     Como advogada e mulher, sempre defenderei os direitos da mulher e a sua dignidade humana. Mas não sou feminista. O feminismo se perdeu em teorias filosóficas e políticas que não levam a lugar algum. O feminismo é suicida. E essa música citada é a prova que ele falhou. Talvez eu seja feminista "raiz" do tempo em que ser feminista era lutar por liberdade e igualdade. Esse feminismo esquizofrênico e "nutella" de hoje não causa qualquer identificação em mim.
   Sempre gostei de ser chamada de princesa. Mil vezes ser chamada de princesa e ter uma poesia enaltecendo a feminilidade (característica tão atacada pela ideologia de gênero) do que ser chamada de p*** e ter uma música me rebaixando à objeto. Não acho que preciso abrir mão do feminino em mim para ser respeitada. Posso ser princesa e guerreira ao mesmo tempo. Posso ser versátil. Posso ter mais de uma face e fase como a lua. Aliás, nada representa melhor a mulher do que a lua. Que saudade do tempo em que os poetas nos comparavam com ela...

*Observação:



    Quanto ao Direito, a música de Funk citada apresenta graves problemas jurídicos. Primeiramente, há um choque entre direitos constitucionais, como o direito à liberdade de expressão e o direito à igualdade entre o homem e a mulher no nosso ordenamento jurídico.
 Além do mais, a música viola o princípio de Dignidade da Pessoa Humana, o qual sustenta a Carta Magna. Quando há um conflito de Direitos, cabe a ponderação de acordo com o caso. Em Jurisprudência, o Supremo Tribunal Federal já afirmou que o direito à liberdade de expressão não tem o condão de ferir a dignidade humana.          
     Sendo assim, considerando que a música viola a dignidade da mulher, a liberdade de expressão da música pode receber limites. Diferentemente do que muitos pensam, o direito à liberdade de expressão não é absoluto e se limita diante de outros direitos.    Jamais podemos olhar para um direito de forma separada e isoladamente, como se não existisse uma "teia" de direitos que formasse o ordenamento jurídico como um todo.
  Para o Estado Democrático de Direito ter vigor e a Constituição ser efetivada, precisamos que todos os direitos sejam respeitados e saibam conviver de forma harmônica e equilibrada. Logo, a partir do momento que a expressão de um direito começa a invadir e a ferir o outro, o âmbito normativo fica caótico.
     É evidente que o direito à liberdade de expressão seja importante para a manutenção do Estado Democrático de direito e para o o ordenamento jurídico. Mas ele não pode ser usado para invocar aberrações e impedir o exercício de outros direitos. O Direito à liberdade de expressão não está acima de outros direitos. Ele é tão importante quanto os outros direitos e deve obediência à Constituição.
     E a Constituição não se sustenta sem os princípios, sendo a Dignidade humana o mais importante deles. Se antes os princípios serviam apenas para preencher lacunas, hoje eles comandam o ordenamento jurídico praticamente, visto que o neoconstitucionalismo é formado por um sistema axiológico. Não podemos esquecer o conjunto de valores que sustenta a Carta Magna. Se a liberdade de expressão é usada de maneira equivocada e ataca esses valores, ela pode receber admoestação e limites. Não é preciso rigor, mas apenas harmonia e bom senso.
       Citar limites para a liberdade de expressão pode assustar, pois muitos associam à censura. Não se trata de censura, mas de bom senso. Tudo na vida tem limites, e a liberdade de expressão também têm os seus freios. Uma liberdade de expressão desgovernada pode colocar em risco os outros direitos igualmente valiosos para o ordenamento jurídico.
        Nesse caso, a música coloca em risco o direito à igualdade,  o princípio da dignidade humana e os direitos da personalidade da mulher. Os direitos da personalidade são compostos por direito à integridade física, direito à integridade psicológica e direito à integridade moral. É evidente que a música citada ataca os três tipos de integridade expostos. Caso a música seja passe desapercebida pelo ordenamento jurídico, a sociedade passará a considerar normais as agressões sofridas pelas mulheres e as violações das integridades. Desse modo, será muito mais difícil reprimir a violência e as manifestações criminosas.
            Sabe-se que a arte imita a vida e se relaciona diretamente com ela. Se a letra de uma música que atenta contra a dignidade humana da mulher for aplaudida pela sociedade, as atitudes que atentam contra a dignidade também serão aplaudidas equivocadamente. Desse modo, é possível repreender a arte para ordenar a vida em sociedade.


Tatyana Casarino.

Especialista em Direito Constitucional. Advogada. Poetisa.






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