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segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

10 Criaturas Mitológicas que existem ou existiram.


                            


        Olá, pessoal. Creio que todos os leitores já tenham ouvido falar em criaturas mitológicas, as quais povoam as lendas de diversas culturas há séculos. Sereias, gigantes, unicórnios, vampiros, dragões... São inúmeras criaturas mágicas que existem em nosso imaginário. Tais criaturas tornam qualquer enredo de livro de fantasia ou história de cinema mais atraente, fabuloso e fascinante. 
   O escritor gaúcho Mateus Ernani Heinzmann Bulow, autor de Taquarê -- Entre a Selva e o Mar (livro disponível para a venda no Site Amazon -- ver Link abaixo do texto), gentilmente preparou para o Blog uma lista com dez criaturas mitológicas. O texto está rico e há diversas informações surpreendentes a respeito de cada criatura. Confira abaixo! Boa leitura!

10 Criaturas Mitológicas que existem ou existiram.


              

       

      Um dos aspectos mais reconhecíveis da literatura fantástica são as criaturas mágicas que compõem a fauna dos mundos/universos onde se passam as histórias. Embora diversas espécies sejam criações exclusivas dos autores, lendas e folclores costumam ser utilizados como base; em algumas ocasiões os nomes das criaturas são apenas trocados por outras denominações, geralmente criadas pelo autor, mas suas características essenciais estão lá, identificando elfos, anões, dragões e outras criaturas.
      No entanto, os mitos existem por uma razão simples, e talvez contraditória: tudo o que já foi considerado “real” no passado possui um fundo de verdade, e com essas criaturas fantásticas não seria diferente. Se um homem comum do passado acreditou em tais monstros, era porque havia algo o indicando da existência deles, mesmo se estas razões fossem absurdas aos nossos olhos.
      Lembremo-nos ainda que apenas uma em milhares de pessoas contava com acesso ao conhecimento nas eras mais antigas. Com a difusão do ensino, surgiria uma cultura nova, do questionamento, da dúvida e do ceticismo, diminuindo o espaço da imaginação em detrimento da razão. Mesmo assim, essas lendas ainda nos encantam e fascinam.
      A presente lista traz dez criaturas, e todas elas “existiram” ou “existem”, ou seja, as razões para as pessoas acreditarem nelas eram/são palpáveis, razoáveis para as mentes mais crédulas do passado. Sem mais delongas, começaremos nossa jornada, e cuidado com algumas criaturas, pois elas mordem!

1 – Kraken.

    


    No folclore Viking, o Kraken era uma terrível criatura marinha do tamanho de uma ilha, capaz de afundar navios com apenas um golpe. Embora existam descrições variadas do monstro, a forma mais comum dele é a de um molusco cefalópode, geralmente um polvo ou uma lula enorme. No livro “20.000 Léguas Submarinas”, de Júlio Verne, um animal desses ataca o submarino Nautilus, comandado pelo Capitão Nemo.
   Por muito tempo, a própria concepção de uma lula gigante foi considerada apenas lenda para os biólogos, porém tudo mudaria com a exploração submarina em escafandros e submarinos mais avançados. Um novo mundo seria revelado aos marinheiros e cientistas, bem como novas criaturas, incluindo as temíveis lulas gigantes, que se escondem em profundidades inalcançáveis para diversas criaturas marítimas.

             


    Embora elas não sejam tão grandes quanto o Kraken da lenda, essas criaturas são imponentes: os maiores exemplares já encontrados possuíam entre doze a catorze metros de comprimento, e os pesquisadores descobriram que estas faziam parte de outra espécie, ainda maior, e lhe deram o nome de lula colossal. Diferentemente das suas primas gigantes mais “nanicas”, que raramente passam dos quatro metros, as lulas colossais possuem a nadadeira mais arredondada no topo da cabeça.
Apesar de viverem escondidas no fundo do oceano, diversas lulas gigantes e colossais já foram encontradas por pescadores ou marinheiros. Como o animal não sobrevive à pressão mais baixa das águas mais rasas, os espécimes encontrados quase sempre estão mortos ou destroçados por outros animais.


2 – Unicórnios.

    


    O mítico cavalo com um chifre na testa passou por muitas transformações até chegar ao formato mais popular. As primeiras lendas retratavam o unicórnio como um animal pequeno, pouco maior do que uma cabra, outras falam em uma criatura delicada e vulnerável aos encantos de uma donzela virgem; algumas histórias descrevem o unicórnio como um ser muito furioso, capaz de enfrentar um leão ou um elefante de igual para igual. Tudo parece indicar que vários animais serviram na concepção da lenda.
     Na Sibéria e no norte da Rússia, diversas histórias falam sobre um cavalo com um chifre na testa. Foram encontrados diversos fósseis na região, cuja descrição era bastante parecida com a do “unicórnio siberiano”. Tal animal foi denominado Elasmotério, e alguns dos seus fósseis eram impressionantes, com dois metros de altura e cinco metros de comprimento. Embora a aparência do Elasmotério esteja mais para um rinoceronte todo peludo, a imagem do cavalo com um chifre ficou no folclore.

          


      Na China, o unicórnio é chamado de Qilin, e os chineses tiveram seu próprio contato com essa criatura mística no início do Século XV: em uma das viagens do almirante Zheng He, sua frota voltou com tributos curiosos de cidades da costa africana, incluindo duas girafas. Os animais foram confundidos com Qilins e tratados como símbolo de boa fortuna, pois os Deuses abençoavam as viagens.
     O viajante veneziano Marco Polo também viu “unicórnios” em uma de suas andanças pela Índia, afirmando ter se decepcionado com o animal, não tão gracioso como o das lendas. Na verdade, Marco havia visto rinocerontes enquanto viajava pelo Oriente, e embora estes animais não se pareçam muito com cavalos, eles fazem parte da mesma linha evolucionária. Curiosamente, a palavra persa “Karkadann” é utilizada para descrever tanto rinocerontes como unicórnios.

3 – Boiuna.

     


    O representante brasileiro nesta lista também possui a existência mais fácil de ser provada. A Boiúna, também chamada Boiguaçu, é descrita como uma serpente gigante da mitologia amazônica, retratada ora como uma fera terrível devoradora de homens, ora como uma guardiã dos rios, capaz de poupar a vida de aventureiros e caçadores considerados dignos o bastante por ela.
     Relatos de cobras imensas datam desde o período colonial brasileiro, muitos deles obviamente exagerados. A maior serpente do continente sul-americano é a sucuri, também chamada de anaconda, e seu tamanho é realmente assustador, embora raramente passe dos cinco metros de comprimento. Em uma de suas explorações na Selva Amazônica, o marechal Cândido Rondon teria encontrado sucuris com onze metros de comprimento.

        


        O coronel britânico Percy Harrison Fawcett, explorador que realizou sete expedições na Amazônia de 1906 a 1925, foi outro que viu cobras gigantescas, e teve de matar uma dessas
criaturas a tiros. Embora não tivessem equipamentos para medições com ele, Fawcett estimou que a serpente tinha 19 metros de comprimento e 30 centímetros de diâmetro.
       Além das sucuris, é provável que a lenda da Boiúna tenha sido inspirada por outra criatura assustadora, porém já extinta: nas florestas da Colômbia foram encontrados fósseis de serpentes muito grandes, com quatorze metros de comprimento. Tais serpentes foram batizadas com o adequado (e intimidante) nome de Titanoboa, e provavelmente algumas delas chegaram a ser vistas pelos primeiros humanos que passaram pela região.

4 – Vampiros.

      


       Assim como os unicórnios, os vampiros passaram por diversas versões e nomes antes de chegarem à visão que conhecemos hoje, cortesia de obras como “Drácula” e “Carmilla”. Em várias regiões do globo existem lendas a respeito de criaturas sugadoras de sangue (até o saci brasileiro já foi descrito se alimentando de sangue de cavalo), mas para poupar tempo e esforço, ficaremos restritos às lendas do leste europeu, um caldeirão cultural com vários tipos de sanguessugas de nomes variados, como Strigoi, Mjertovjec, Nosferatu, entre outros.
      Antes de chegarmos aos vampiros galãs conhecidos do grande público, tais criaturas mais se pareciam com os zumbis dos filmes de terror, e algumas de suas versões eram até mesmo imunes ao sol. No Século XVIII, a crença em vampiros nessa região era tão forte que os austríacos baixaram leis proibindo seus súditos húngaros, croatas, eslovenos e romenos de abrirem covas para cravarem estacas nos defuntos. A verdadeira histeria que tomou a região faz crer que motivos não faltavam para os camponeses acreditarem nessas criaturas.

             


        Diversas doenças foram descritas como hipóteses para o surgimento das lendas. Em 1985, um estudo ficou famoso por apontar a Porfiria como fonte, pois seus portadores sofriam com pressão baixa no sangue, pele pálida e desmaios seguidos de coma, o que nas épocas mais antigas poderia ter resultado em vários enterros prematuros, com o pobre infeliz acordando em sua tumba e berrando desesperado. No entanto, nenhuma condição clínica possui tanta relação com o vampirismo do que a Síndrome de Reinfield: em resumo, essa síndrome trata da obsessão por beber sangue, muitas vezes associada ao vigor sexual. Em diversos casos a Síndrome de Reinfield está associada à esquizofrenia.
       A figura do vampiro está tão difundida na sociedade moderna que entusiastas fizeram dela um curioso “estilo de vida”: alguns góticos criaram uma subcultura onde o prazer sexual é acompanhado do consumo do sangue do parceiro. Apesar da aparente brutalidade de seus membros, esses grupos de “entusiastas vampíricos” costumam fazer campanhas para doação de sangue em países como a Alemanha e os Estados Unidos.



     Observação: existem muitas imagens de pacientes com Porfiria na internet, mas decidi deixá-las de fora para não chocar os frequentadores do blog.

5 – Lobisomens.

              


           Os primeiros relatos de homens se transformando em lobo surgiram na Grécia antiga, com o mito de Licaón, um assassino que foi castigado sendo transformado em um lobo por Zeus. A figura dos lobisomens surgiu lado a lado com os vampiros, e várias características dos mitos se confundem; outra semelhança está na origem de suas histórias, calcada em doenças raras e assustadoras, bem como em relatos estranhos.
       Existem duas doenças associadas à lenda do lobisomem. A mais comum é a chamada Hipertricose, onde a pessoa fica com o corpo coberto de pelos, atingindo áreas onde eles não deveriam crescer muito, como o rosto, a palma da mão e a planta do pé. A segunda é a chamada “Licantropia clínica”, uma espécie de delírio onde a pessoa afetada acredita ser um animal, geralmente um predador feroz, mas existem variações curiosas: o rei Nabonido da Babilônia, por exemplo, acreditava ser uma cabra, enquanto o folclore persa falava em um príncipe que abandonou o palácio por acreditar que era um boi.

                  


       Um dos casos mais conhecidos de Hipertricose foi justamente o primeiro a ser registrado: um dos cortesãos da corte de Henri II da França era um espanhol chamado Petrus Gonsalvus, e após se casar com uma dama chamada Catherine, ele e sua família se mudaram para a Itália, onde Gonsalvus ficaria até a velhice. A história desse homem todo peludo ao lado de uma mulher que o amava, apesar da condição física, poderia ser uma das inspirações para a história da Bela e a Fera, escrita por Gabrielle-Suzanne de Villeneuve.
        Esse não seria o último relato famoso de um “lobisomem” a aparecer na França: Entre 1764 a 1767, histórias horríveis sobre um lobo feroz do tamanho de um boi aterrorizavam os aldeões na cidade de Gévaudan, ao ponto de chamar a atenção da coroa francesa. O monstro foi abatido por um caçador chamado Jean Chastel, com balas de prata. Embora existam lobos muito grandes, dificilmente um deles teria alcançado o tamanho de um boi, o que leva a crer que mais uma vez a histeria coletiva contribuiu para a difusão da história.

6 – Anões.

   


     Saindo do terror e voltando à fantasia, trataremos agora de uma das criaturas mais conhecidas e versáteis da mitologia. Diversas culturas falam em um “povo pequeno”, com algumas variações no tema: ora são criaturinhas travessas, ora são detentores da sabedoria e do conhecimento. A fonte mais provável desses mitos provavelmente se deve aos indivíduos com nanismo, pois o termo inglês para nominar essa síndrome, “Dwarfism”, é baseado na palavra “Dwarf”, que indica os anões da mitologia nórdica.
    O primeiro indivíduo com nanismo registrado pela história foi um egípcio chamado Seneb, um oficial da corte do faraó Khufu. No Antigo Egito, o nanismo não era visto como uma deficiência, e até alguns deuses eram retratados como anões. Diversas esculturas e pinturas retratam anões fazendo tarefas ao lado de pessoas de estatura normal e cumprindo com tarefas exclusivas dos sacerdotes e oficiais de níveis mais elevados. Entre os egípcios, o nanismo era visto como um presente dos deuses, e esta visão contribuiria para as lendas europeias sobre criaturas baixinhas com poderes místicos.

      


       Ironicamente, a origem dos anões não se deve apenas às pessoas com nanismo, pois ainda existem povos cuja estatura é baixa. Os mais conhecidos entre eles sem dúvida são as
tribos de pigmeus da África central, que continuam vivendo como seus antepassados, em parte devido ao forte preconceito das populações urbanas. No Brasil, algumas tribos indígenas também são conhecidas por sua estatura baixa.
      E os indícios dos anões não param por aí: na Ilha de Flores, pertencente à Indonésia, foi encontrada uma nova espécie de hominídeo (gênero dos primatas da qual o homem atual faz parte), denominado Homo Floresiensis, porém apelidado de “Hobbit” pela comunidade científica. Os Hobbits eram criaturas baixinhas criadas por J. R. R. Tolkien, para as histórias do Senhor dos Anéis, e os descendentes do escritor britânico, detentores dos direitos da obra, por pouco não processaram os cientistas pelo apelido dado a eles.

7 – Pássaro Trovão.

     


    Talvez o integrante menos conhecido da lista, o pássaro trovão está presente em mitos de diversas tribos dos atuais Estados Unidos e Canadá, descrito como uma ave de rapina enorme, responsável por criar relâmpagos e proteger o mundo escondido nos céus. Essas criaturas são vistas com frequência no topo dos totens construídos pelos nativos, e um dele apareceu no filme Animais Fantásticos e Onde Habitam.
    O maior pássaro que existe hoje em dia é o condor andino, conhecido por aproveitar os ventos para planar sobre as montanhas. No entanto, esse animal não existe na América do Norte, o que leva a crer que outra criatura possa ter inspirado os nativos dessa região. Os urubus e gaviões são os candidatos mais prováveis, ao menos entre os animais ainda existentes, e algumas criaturas extintas também contribuíram para os mitos.

      


    
      No passado existiu um grupo de aves muito grandes, chamados Teratornis, e muitos de seus exemplares viviam nas Américas; alguns desses possuíam nada menos que 6 a 7 metros de envergadura. Uma anedota popular dos Estados Unidos do final do Século XIX falava em dois vaqueiros que avistaram um animal voador, parecido com “um morcego, mas com a cabeça de um crocodilo”. Alguns chegaram a teorizar que se tratava de um pterodátilo, enquanto outros afirmaram que os dois vaqueiros apenas viram um urubu muito grande e inventaram a história.
     O pássaro trovão não é a única ave gigante da mitologia: na África e no Oriente Médio são comuns os relatos de águias gigantes chamadas de Roc ou Rukh (traduzido como “Roca” ao português). Esses animais eram tão grandes que conseguiam carregar elefantes até o seu ninho, além de guardarem tesouros místicos. Na primeira viagem de Simbad, o marinheiro encontrou um desses pássaros, possivelmente inspirados em uma ave já extinta que vagou pela região no passado.

8 – Dragões.

        


      A figura do dragão é mais antiga do que a escrita, e praticamente todas as mitologias ao redor do planeta possuem sua própria criatura reptiliana devoradora de gente ou cuspidora de fogo, embora as duas versões mais conhecidas sejam a europeia e a oriental. Até no Brasil possuímos um dragão-serpente, chamado de boitatá, capaz de se defender ao cobrir o corpo com chamas. Algumas versões do boitatá são retratada combinando traços de uma serpente
aos de um boi, cortesia do engano dos portugueses ao ouvirem essa palavra: “m’boi” em tupi significa cobra, enquanto “tata” é fogo.
    Um monstro tão popular sem dúvida possui uma base forte para alimentar sua crença, e podemos encontrar uma delas na própria Bíblia: é dito que a Serpente que entregou a maçã para Eva, causando a expulsão da humanidade, foi castigada com a perda das patas e obrigada a rastejar por toda a eternidade. Outro exemplo disponível na fé cristã está nas primeiras versões da história do São Jorge, o santo guerreiro: em algumas delas o monstro aterrorizando a cidade na Líbia era descrito como um crocodilo imenso.

              


        Crocodilos e serpentes sem dúvida foram as principais inspirações para esses animais versáteis, e muitas lendas retratam os dragões como serpentes ou “minhocas” (em inglês, o termo “worm” era utilizado para todo tipo de criatura que rastejasse, fossem cobras, minhocas ou lesmas), ganhando patas ao atingir a vida adulta. Esqueletos de animais pré-históricos também poderiam ter inspirado as lendas, especialmente na China, onde foram realizadas algumas das primeiras escavações da história. As lendas envolvendo o bafo de fogo, por sua vez, parecem ter sido inspiradas por serpentes que cospem seu veneno.
     Em 2000, um livro chamado “An Instinct for Dragons” (“Instinto de Dragões” – sem tradução para o português), escrito por David E. Jones, causou furor ao relacionar as lendas dessas criaturas com a própria evolução da humanidade. Jones argumenta que muitas das características dos dragões da mitologia combinam traços de felinos, serpentes e aves de rapina, três grupos de animais que os primeiros hominídeos logo aprenderam a temer e evitar. Entretanto, nem todos os membros da comunidade científica se convenceram dessa hipótese evolutiva, afinal em muitas culturas do extremo Oriente os dragões são representados como entidades benéficas.


9 – Gigantes.

              


        Relatos de pessoas muito altas são bem difundidos ao redor do globo. A Bíblia falava em criaturas denominadas Nefilins, filhos do próprio Criador com mulheres humanas, e algumas traduções os chamam de “gigantes”. Alguns povos dos relatos bíblicos também são muito altos, como os Amoritas, os Emim, os Refaítas ou os Filisteus. Um dos trechos mais conhecidos da história do Israel Antigo é a luta entre Davi e o gigante Golias, considerado alto até mesmo entre seu próprio povo.
     Algumas das evidências da existência dos gigantes para os povos antigos eram ruínas deixadas por outras civilizações mais antigas e prósperas. Os nórdicos acreditavam que as ruínas majestosas deixadas pelos romanos foram construídas pelos gigantes, enquanto os astecas acreditavam que as pirâmides da cidade de Teotihuacan eram obras de criaturas chamadas Quinametzin, parecidas com humanos imensos. O termo “ciclópico” para se referir a algo majestoso e imenso veio dos ciclopes, os gigantes de um olho só na testa, pois algumas muralhas construídas pelos povos micênicos eram atribuídas a eles.

                


            Um dos relatos de gigantes reais mais curiosos ocorreu em 1520, na Patagônia. Fernão de Magalhães estava em sua navegação do globo, e antes de cruzar o estreito que hoje leva seu nome, encontrou uma tribo de pessoas muito altas, ao ponto das cabeças dos europeus baterem em suas cinturas. Apesar de seu tamanho intimidante, Magalhães e sua tripulação foram bem recebidos por esses gigantes, usando de gestos para se comunicar com eles. O pirata britânico Francis Drake encontrou esse mesmo povo quando passou pela região, mas os gigantes vistos por ele eram menores, com “apenas” dois metros de altura.
          Assim como o nanismo, o gigantismo também é uma anomalia hormonal capaz de afetar tanto humanos como outros animais. Com o avanço da ciência e da medicina, pessoas com gigantismo conseguem viver mais tempo e melhor, um destino mais feliz do que a pessoa mais alta que já existiu: um americano chamado Robert Pershing Wadlow. Esse homem de 2,72 metros de altura nasceu em uma cidadezinha chamada Alton (um nome irônico, devo dizer...), e morreu com apenas 22 anos, devido a várias complicações de saúde causadas por seu gigantismo. Apesar de sua condição, Wadlow era um homem gentil e alegre, e a cidade de Alton foi conhecida como a “terra do gigante gentil” durante algum tempo.

10 – Sereias.

           


     E chegamos ao fim dessa lista monstruosa com uma criatura mais atraente, e talvez uma das mais difundidas e reconhecidas da mitologia global. As primeiras lendas de mulheres aquáticas datam da antiguidade, envolvendo a deusa assíria Atagartis, castigada ao se envolver com um homem e matá-lo em um acidente; os outros deuses a expulsaram do mundo celestial e a transformaram em um peixe. Seria apenas a primeira lenda envolvendo essa criatura, cujo temperamento poderia ser o de uma predadora insaciável ou uma divindade benevolente.
     Alguns animais marinhos bem reais contribuíram para a difusão das lendas, e talvez o melhor exemplo seja a ordem Sirenia, da qual fazem parte os peixes-boi, os manatins e os dugongos. Colombo chegou a confundir alguns desses animais com sereias em sua primeira viagem à América, afirmando ainda que “elas não eram tão bonitas como falavam as lendas” (hahahaha!). Outro animal confundido com frequência com sereias são as arraias marinhas, ou ao menos os cadáveres delas, que ao secarem lembram muito uma criatura humanoide. Vez ou outra algum programa sensacionalista apresenta uma arraia seca como se fossem “provas inequívocas da existência de sereias”.

                 


    Não são apenas os animais aquáticos a servirem de fonte para os mitos, pois duas condições clínicas também são associadas a essas criaturas. A primeira delas é uma doença cutânea chamada ictiose, que deixa a pele recoberta de “escamas” parecidas com as de um peixe. A segunda é muito mais grave, chamada sirenomelia: as pernas do bebê nascem unidas, parecendo a cauda de uma sereia. Hoje é possível corrigir ambos os problemas, mas no passado era comum as pessoas que sofriam de ambas as condições aparecerem em shows de curiosidades, apresentando-se como sereias ou homens peixes.
      Sem dúvida a sereia é uma figura bastante popular entre fãs de fantasia e misticismo, especialmente entre as mulheres, fascinadas pela combinação entre o selvagem e o delicado dessas criaturas. Uma das vertentes do punk é chamada de Seapunk, e os entusiastas utilizam acessórios emulando conchas, estrelas-do-mar, caranguejos e outros animais marinhos, além de roupas imitando cores de peixes ou escamas. Outra prova da fama das sereias está na venda crescente de roupas de mergulho imitando a cauda de peixe dessas criaturas, que mantém as duas pernas unidas. Existem até mesmo escolas para as “aspirantes a sereias” treinarem o nado e ficarem mais tempo sob a água.

Texto escrito por Mateus Ernani Heinzmann Bulow 

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Observação

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Sobre o Livro publicado pelo autor do texto

           



    O ano é de 1839 DGI (Depois do Grito do Ipiranga) em um futuro distante onde Taquarê, um dos únicos humanos em sua aldeia, está prestes a fazer quinze anos, indicando que agora será um homem adulto. Seu presente de aniversário é um arcabuz de pederneira, uma arma considerada obsoleta e inútil em uma época onde todos no Terceiro Império do Brasil usam espingardas de percussão...
    Isso até o rapaz descobrir que sua arma pode disparar raios! E neste dia também terá informações surpreendentes sobre o seu nascimento.
Decidido a obter o seu lugar no mundo, Taquarê decide seguir até o litoral, onde estão as maiores oportunidades de trabalho, embora o temperamento do rapaz de olhos puxados seja talhado para a carreira militar... E o chamado da guerra não demora a ecoar, onde diversos reinos e cidades são ameaçados pelos ataques constantes de piratas, monstros e impérios expansionistas vindos de terras distantes e exóticas de além mar.

     Entre em uma era onde impérios surgem e somem na velocidade do vento, e criaturas estranhas pululam nas florestas, vales, montanhas, oceanos e no seio da própria civilização. Nesse novo mundo de pólvora, monstros e magia, andar armado não é uma opção, é a própria sobrevivência.


               

                                  *Mateus Ernani Heinzmann Bulow é Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Santa Maria (FADISMA), poeta e escritor. 




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