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sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Misticismo X Supersitição


               


  Olá, pessoal! Hoje a postagem vai tratar de um assunto delicado e que pouca gente sabe a respeito: a diferença entre Misticismo e Superstição. Muita gente atribui a superstição ao misticismo e acaba confundindo os dois. Muitas vezes, os místicos são chamados de supersticiosos, o que não é verdade. Vamos aprender sobre a diferença entre Misticismo e Superstição? Opa, vamos lá!


*Misticismo

        


 Ser um místico é ser um iniciado em uma religião de mistérios e buscar a comunhão com Deus. O misticismo acredita que a realidade está vinculada à verdade espiritual, a qual pode ser acessada através da experiência direta ou da intuição. 
  No livro "O Príncipe dos Filósofos Divinos", Jakob Bohme traz a seguinte definição de misticismo: espécie de religião que dá ênfase à relação direta e íntima com Deus. Além disso, o místico seria aquele que se conecta à espiritualidade e à consciência da Divina Presença. Sendo assim, o misticismo é a religião em seu mais apurado e intenso estágio de vida

                      

    
       Salienta-se que é chamado de místico aquele iniciado nos mistérios que alcançou o "segredo". Como se alcança o segredo? Através da intuição, da contemplação e do "sexto sentido" (algo muito além dos cinco sentidos clássicos e que supera a lógica e o materialmente processado). A experiência mística exigia a contemplação para os antigos cristãos, por exemplo. 
      Consoante o famoso escritor místico da Rosacruz chamado Lewis, o místico é aquele que aspira a uma união pessoal com o Absoluto ou até mesmo a unidade com o Absoluto. Quem é o Absoluto? Deus, Cósmico, Mente Universal, Ser Supremo e etc. 
        Ocorre que, no mundo ocidental, a palavra "místico" foi empregada para expressar uma espécie de "Teologia" ao invés de designar a experiência com o divino ou o conhecimento intuitivo da verdade espiritual. Para muitos intérpretes ocidentais, o misticismo está vinculado às teorias religiosas e aos seus sistemas que concebem Deus como transcendente absolutamente. Desde então, os intérpretes ocidentais separaram o mundo místico do mundo "racional". Este último seria formado pela Razão, pelo pensamento, pelo intelecto e seus processos mentais. 
         Contudo, ao separar misticismo de conhecimento (este último ficou restrito à razão filosófica e à ciência), foi perdida a relação do ser humano com a grande riqueza de fontes esotéricas e teosóficas de conhecimento. Tais fontes deixaram de ser reconhecidas como saberes tão necessários quanto quaisquer outros. Ao meu ver, o místico contemporâneo tem o dever de reconectar a sociedade aos saberes místicos perdidos ao longo do tempo. 
           Muitos pensam que o misticismo é a revelação do "sobrenatural" quando na verdade o misticismo nada mais é do que a união entre o ser humano e a natureza. Em sua definição original, o misticismo é a crença do vínculo entre o ser humano e a natureza. O místico não busca uma "sobrenatureza" ou algo "fantástico", mas a si mesmo. 

                      

           
          Sendo assim, o místico está em busca de sua verdadeira natureza, a qual está além do barulho de seus pensamentos. A verdadeira natureza humana está no absoluto silêncio dentro de seu ser. Por isso, as práticas contemplativas e meditativas são tão importantes para o encontro da Grande Essência contida no silêncio. O segredo não está no sobrenatural, mas no silêncio. Enquanto a supervalorização da razão levou a uma sociedade doente, depressiva, ansiosa e cheia de transtornos psiquiátricos, o misticismo defende o alcance da lucidez através da comunhão com a verdadeira identidade humana e a sabedoria trazida pela consciência do divino. 
           Para o misticismo, a salvação das angústias humanas não está nas farmácias psiquiátricas, nas teorias de Freud, no Prozac ou no Rivotril, mas na sabedoria. O ser humano sábio é aquele que sabe lutar contra as suas angústias, as suas perturbações, defeitos e vícios através da luz de seu saber. O místico é o iniciado nos grandes mistérios por saber mergulhar dentro de si mesmo e travar batalhas psíquicas entre as suas virtudes e vícios. 
           Dentre essas batalhas, como um bom guerreiro da luz, o místico eleva a luz acima das sombras dele (mesmo reconhecendo sua parte obscura), eleva as suas virtudes e cava túmulos para os seus vícios. Eis o grande mistério da vida e a chave para a felicidade: saber dominar a si mesmo. O sábio não é aquele que governa reinos e terras extensas, mas aquele que governa a si mesmo. 
            Muitos podem me perguntar o que há de místico no que eu escrevo quando eu digo que a minha literatura é mística. O misticismo do que escrevo está justamente no psiquismo e na exposição das batalhas emocionais que travamos dentro de nós mesmos. Engana-se quem pensa que vai achar algo de "sobrenatural" em minhas Poesias, Contos de Fadas ou Análises de Contos de Fadas. Quem não consegue enxergar o quanto a luta emocional dentro de nós é fantástica, mágica e espiritual, ao meu ver, não consegue enxergar nada...

                      

           
               Eu comecei a escrever literatura mística depois de tantas decepções nas idas às livrarias. Para mim, ir à livraria sempre foi mágico e eu gosto de ler desde criança. Eu me sentia muito bem rodeada pelos livros e sempre fui fascinada pelo conhecimento. Ocorre que eu cansei de ver a literatura nas mãos de homens chatos, metidos a intelectuais, céticos, racionalistas, contraditórios, paradoxais, trágicos, pessimistas e "realistas". Eu sentia falta de uma literatura feminina, mística, clara, espiritual e otimista que levasse esperança para os leitores. Não encontrei o que eu queria. Decidi que eu mesma escreveria essa literatura feminina, mística e doce. Eu quero ser essa voz feminina e mística que leva esperança ao coração angustiado. E nada vai me calar. Nenhum intelectual ateu metido à academicista vai me calar. 
              A minha decepção com o mundo intelectual se deu quando eu comecei a ver a arrogância das pessoas consideradas "inteligentes". Os intelectuais se acham melhores do que os outros por terem lido mais livros e vivem num mundinho fechado, abstrato, teórico e alienado. A minha maturidade me levou a admirar cada vez mais o cotidiano, a simplicidade, os lações familiares e sociais e passar a ficar cada vez menos encantada com o mundo das teorias e ideologias. 
                Eu sinto falta do tempo em que o conhecimento fazia bem ao ser humano e o deixava mais sábio. Hoje a diferença entre o mundo intelectual e o da sabedoria chega a ser gritante. Conheci pessoas com doutorado que são tremendamente babacas e sábios que não têm sequer a oitava série do ensino fundamental... Um desses sábios tem o dom de fazer esculturas em pedras e ensina a respeito do encontro com o saber divino através da meditação. 
               Para muitos, pode ser curioso escutar um discurso tão sábio de uma pessoa que tropeça no português, fala errado e não tem qualquer diploma. Para mim, discursos sábios valem mais do que discursos "engomadinhos", repletos de palavras difíceis e que expressa um português perfeito, mas vazio de moral e de virtude. 

                         

               O ser humano precisa da união entre o mágico e o cotidiano e entre o místico e o racional para ser sábio, feliz, pleno e equilibrado mental e emocionalmente. A supervalorização da razão e a supressão do místico e do emocional levou a uma sociedade doente, depressiva, hipocondríaca e cada vez mais dependente de remédios psiquiátricos e viciada em drogas (lícitas, ilícitas, farmacêuticas e tenebrosas). 
                Reflita e responda com sinceridade se você já viu alguém sair curado do psiquiatra ou do psicólogo. Com todo o respeito a estes profissionais, vejo que a resposta é "Não". Quando bem intencionados e competentes, esses profissionais auxiliam as pessoas a terem mais qualidade de vida e a reencontrarem a saúde mental. Contudo, a ciência sempre falha quando se trata de psique humana. 
                  Muitos transtornos psiquiátricos realmente necessitam de tratamento farmacêutico como a esquizofrenia, por exemplo. Não estou tirando o mérito da ciência e da ajuda da medicina na harmonia, qualidade de vida e saúde do ser humano. Ocorre que, muitas vezes, a medicina tradicional não dá conta das doenças mentais muito embora seja maravilhosa para tratar dos males físicos. Isso se deve ao fato de que a medicina trata a doença e não o paciente como um todo. E, ao meu ver, as doenças mentais são doenças da alma e precisam de uma ajuda mais holística e de uma visão mais sensível ou mística. 
                   Há muitas pessoas que ficam piores após o tratamento bioquímico e farmacêutico da psiquiatria além de ficarem hipocondríacas e tomando remédios sem necessidade. Em uma pesquisa, foi divulgado que muitas pessoas que tomam antidepressivos não sofrem de depressão em verdade. As pessoas se tornaram muito viciadas em fármacos e dependentes de respostas imediatas para as suas dores emocionais. Elas acham que serão os remédios que irão curar seus males quando na verdade somente elas mesmas podem se curar.  
Além do mais, qualquer sentimento de tristeza ou melancolia hoje em dia já é taxado de depressão.
                  Esperem um pouco... tristeza e alegria apenas são dois lados da mesma moeda... Como no filme Divertidamente da Disney conta de forma lúdica e divertida ao transformar sentimentos em personagens dentro da mente, a tristeza é tão necessária quanto à alegria para o nosso desenvolvimento e equilíbrio emocional. 
                 É fácil achar que o Prozac ou o Rivotril vão apagar os seus males e trazer algum tipo de alegria. Todo efeito bioquímico não deixa de ser falso e a verdadeira felicidade somente é experimentada nas vitórias silenciosas que travamos entre nossas virtudes e vícios. Quando reconhecemos que estamos errados em nossas atitudes e jeitos de pensar, "arregaçamos as mangas" para lapidar o nosso interior e evoluirmos em pessoas melhoras. Encontraremos no nosso interior muitas sombras, fantasmas e males psíquicos que estão nos esperando para ganharem luz. 

                               

              
                 Mas, apenas os humildes e os fortes se iluminam, pois é impactante reconhecer as nossas sombras no espelho. Muitos fogem desse processo de purificação interior e preferem dizer que são doentes, escondem-se atrás de um transtorno qualquer inventado pela classificação científica e passam a ser vítimas de seus problemas.
                É mais cômodo para o ego ser vítima e colocar a culpa nos outros e nos traumas de infância do que admitir que está errado e que precisa mudar. Contudo, como afirma o respeitado psiquiatra e autor de livros de autoajuda Augusto Cury, todos nós precisamos sair da condição de vítimas para subirmos no palco da vida e sermos autores de nossas histórias. Somos inteiramente responsáveis por nosso processo de mudança e ninguém pode fazer esse processo por nós.
                 Quem é carente e se faz de vítima dizendo que age de uma maneira por não ter sido amado ou por ter traumas precisa saber qual a sua parcela de responsabilidade no que ocorre em sua vida. Muitas vezes, as pessoas que reclamam de falta de amor e de abandono são aquelas que não deram para os outros o amor que elas almejam receber. Ou se deram amor não foi do jeito certo e, por isso, não receberam de volta. As pessoas carentes costumam ser possessivas e sufocantes, e o amor só se desenvolve na liberdade e na confiança.
                 O amor jamais nasceria ao lado da possessão, do ciúme ou da chantagem emocional. Quanto mais gritamos, menos somos ouvidos. Quanto mais reclamamos por amor, menos recebemos esta bênção. É no silêncio que o amor cresce. Quem reclama de solidão não é aquele que é abandonado pelo outro, mas quem abandona a si mesma e deixa de se amar. Quem ama a si mesmo e tem uma rica vida interior repleta de sonhos, fé, esperança, sentimentos bons e criatividade jamais padecerá de solidão.
                Tenho um mundo interior tão colorido e criativo que me sinto bem em minha própria companhia e sinto até certo prazer em minha solidão criativa. Não me sinto solitária, pois sempre estou acompanhada por Deus, pela minha imaginação, poesias, contos e sonhos. Não consigo compreender o porquê a solidão assusta tanto as pessoas. É claro que o sentido da vida é amar e ser amado, mas, antes de me relacionar bem com os outros, eu preciso me relacionar bem comigo mesma.

                          

                 
                    O amor, a alegria e o contentamento não estão no mundo exterior, em suas conquistas, na prosperidade e nas realizações futuras (embora tudo isso também traga um certo prazer), mas no aqui e no agora, dentro de nós, como afirma o autor de "O Poder do Agora", Eckhart Tolle.
                   Mas, para driblar os pensamentos e a ilusão do tempo (a ilusão infeliz do tempo dá a entender que somos o nosso passado ou de que só seremos felizes no futuro), precisamos superar o ego, a razão e ir para um nível acima dos pensamentos. Nesse sentido, para sermos mais presentes no Agora e conseguirmos encontrar o nosso sol interior que brilha atrás das "nuvens" de pensamentos, precisamos da ajuda daquilo que os outros chamam de "místico".  Não há nada sobrenatural no místico, pois ele apenas representa a sua presença no aqui e no agora. Ouça o infinito silêncio que há em você. Isso é o misticismo.
                       
                             


                    
                     Saber ser feliz sem motivo, sentindo apenas a luz da essência brilhando silenciosa e infinitamente em nós... Isso é maravilhoso! Só que essa maravilha se perdeu quando a nossa sociedade passou a supervalorizar os resultados, as competências e as ações do mundo exterior. As pessoas se tornaram ansiosas e ávidas por resultados, ações e barulhos. Elas não sabem mais ouvir o silêncio. E, por esse motivo, estão cada vez mais ansiosas, depressivas, angustiadas e tagarelas. As pessoas falam demais por não terem nada a dizer como cantava Renato Russo.
                    Hoje, com as redes sociais, o fanatismo por resultados tornou-se doença quando as pessoas comparam os seus resultados com os dos outros e ficam invejosas ou amargas. Precisamos entender que a essência vale mais que resultados e que estes só serão bons se trouxerem paz e bem. Necessitamos entender que cada um tem a sua jornada e que ninguém é obrigado a seguir o mesmo caminho do outro ou a ter os mesmos bens materiais que os demais. 
                      Contudo, a razão adora dados, análises, resultados, comparações e números. A supervalorização da razão trouxe uma sociedade chata, invejosa e cada vez mais doente mentalmente. Precisamos recuperar o místico, o essencial, o silêncio, a emoção e o mágico. Quem enxerga a riqueza interior que existe dentro de si mesmo não inveja a riqueza exterior do próximo. Há um mundo tão rico dentro de nós que não pode ser mensurado por números ou medido por moedas. Somente pessoas vazias ou infelizes sentem inveja ou se incomodam com a vida do próximo. 
                     Precisamos resgatar o interior, o místico e a fé. Para quem acha que a fé, o místico e o mágico são perigosos por serem "irracionais" e que só o que é explicado pela razão merece confiança, eu digo que é preciso confiar mais em nossas paixões e anseios místicos (e um pouco menos no que é puramente lógico).
                     Em minha opinião, acho que confiar demais na frieza da razão pode ser muito mais perigoso. A razão fria e calculista suprime sentimentos morais e a compaixão, os quais são fundamentais para pautar ações virtuosas. Não foram os nossos sentimentos que produziram guerras, disputas de poder e genocídios, mas o nosso ego aliado à razão fria e calculista. Um ego sem freios de sentimentos morais, fé e compaixão é um ego psicopata. Nesse sentido, vale citar Karl Kraus que dizia que é preciso tomar cuidado para não dar rédeas soltas à tua razão.
                      Muitos falam que é necessário controlar as paixões (eu acredito que tudo merece equilíbrio e controle mesmo), mas poucos alertam a necessidade de controlar a razão e não dar crédito apenas ao que é lógico. Nesse sentido, salienta-se que Chesterton dizia que louco não é aquele que perdeu a razão, mas aquele que perdeu tudo menos a razão.
                      E acrescento as minhas opiniões sobre a loucura. Para mim, louco é quem perde a compaixão e o respeito pelo próximo, mas não perde a razão. Louco é quem perde o amor. Louco é quem perde a ternura. Louco é quem perde a poesia. Louco é quem perde a confiança no invisível. Louco é quem perde a fé em Deus. Louco é quem confia demais nos números e deixa de acreditar nos sentimentos. Louco é quem se perde nas abstrações da mente e deixa de sentir o sabor da vida real. Louco é quem esquece o seu coração de criança. Louco é quem tem vergonha da mágica dança. Louco é quem tem medo de dizer "eu te amo". Louco é quem abandona a graça da paixão e o sabor das sensações. 

                                              

                  
                      Nesse sentido, o misticismo seria fundamental para ajudar a nossa sociedade a reencontrar a lucidez. Isso mesmo! A lucidez! Quem pensa que aqueles que creem no invisível são loucos estão enganados. Em verdade, os loucos são aqueles que supervalorizam a razão e desprezam equivocadamente o que não faz parte da parte fria dela. A inteligência sem virtude, sem humildade e sem sabedoria jamais será iluminada. 
                    Afinal, a inteligência sem virtude e sem a moral mística levou o homem às piores destruições, como guerras, bombas, industrialização sem consciência ambiental, crimes diversos, corrupção e mau uso tecnológico. 
                    E, por falar em destruição, há quem diga que o terrorismo é um exemplo dos males da religião. Eu discordo. O terrorismo é um exemplo do quanto o ego e as paixões políticas unidos podem ser devastadores. Não há religiosidade pura ou qualquer sentimento místico por trás do horrendo terrorismo, mas uma grande razão fria e calculista aliada a certos psicopatas. 

                                     

                    
                O misticismo nunca buscou mudar o mundo lá fora baseado em dogmas ou modelos teológicos e políticos. O misticismo nunca incentivou guerras externas ou opressões políticas. Isso quem faz é o ego de alguns religiosos que se perderam nas trevas da megalomania. Tudo o que quer suprimir o livre-arbítrio em nome de algum poder demonstra uma forma falsa de religião. A verdadeira religiosidade é aquela que busca a conexão interna com Deus e que quer deixar o ser humano livre. 
                A única batalha que o misticismo prega é a batalha interior, aquela que ocorre entre as virtudes e os vícios dentro de nós mesmos. O misticismo legítimo sempre alertou que querer mudar o mundo lá fora é ilusão, pois o único mundo que pode ser mudado é o de dentro. 
                 O misticismo legítimo é lindo, pois significa retomada de consciência, despertar espiritual, controle do ego, aumento da sabedoria, da humildade, da lucidez... Quando tomamos consciência de quem somos e de nossas virtudes e limites, o mundo se ilumina e passamos a ser mais felizes. 
                 Num mundo contemporâneo cada vez mais depressivo e suicida, o misticismo poderia ajudar a trazer uma nova forma de felicidade interior, baseada nas mais simples e silenciosas sensações e não nas falsas euforias de drogas ilícitas e farmacêuticas. Enquanto a nossa sociedade basear a sua felicidade nas conquistas materiais e barulhentas do ego, ela só terá frustrações, pois a verdadeira felicidade vem de dentro e é incondicional, pura e silenciosa. 

                       

                  

                  Infelizmente, ao invés de ouvirem o que o misticismo tem a dizer, tudo o que os intelectuais céticos e "engomadinhos" fazem é jogar pedras nele, zombar dos místicos, chamar o nosso trabalho de charlatanismo e cobrir os ouvidos todas as vezes em que alguém fala de "misticismo", como se fosse pecaminoso tudo aquilo que não vem da razão lógica, da ciência tradicional ou da filosofia. Mal sabem eles que tanto a matemática e a filosofia nasceram grudadinhas com as escolas esotéricas e místicas do passado... 
                 Ao meu ver, o verdadeiro intelectual deve ser humilde e apto para ouvir tudo aquilo que os outros ramos do saber têm a dizer sobre a vida ainda que ele não acredite... O verdadeiro intelectual é apaixonado pelo conhecimento em todas as suas formas e não apresenta preconceito em relação a qualquer forma de conhecimento seja ela mística ou não. Se você acabou se fechando somente dentro daquilo que sabe e tem medo de ouvir o desconhecido, você não é um intelectual legítimo e sim um egocêntrico. 
                 Misticismo é o saber que vem de dentro. É o autoconhecimento puro. É a luz que vem da intuição. É a eterna batalha entre o bem e o mal. É o esforço para fazer a Virtude vencer dentro de si mesmo. Ah! Se as pessoas soubessem o quanto o misticismo traz um saber rico... 
                 O misticismo não é baseado em crenças ilógicas, mas em crenças intuitivas e em saberes milenares que foram conquistados de maneira silenciosa. As crenças místicas não vieram do lado oposto da razão, mas em algum lugar acima dessa. Eis a grande diferença. Ocorre que, há muito tempo, os outros dizem que o misticismo é "superstição". 

                                 

                 
                   O misticismo não tem nada a ver com superstição. Este vínculo equivocado que fizeram entre misticismo e superstição é o grande problema que trava a entrada do misticismo no meio intelectual e gera grandes preconceitos em relação aos místicos. O misticismo está vinculado à sabedoria, ao autoconhecimento e ao processo interior de evolução espiritual. Quem aponta crenças ilógicas é a Superstição. O misticismo não tem nada a ver com crenças ilógicas. Misticismo é saber intuitivo. 
                     Vamos agora saber mais um pouquinho sobre a Superstição...


          



*Superstição 


  A Superstição é formada por um conjunto de crenças ilógicas baseadas em lendas urbanas ou em contos populares passados de geração em geração. As superstições são crendices populares e raros místicos dão importância para elas (com exceção das que envolvem espelhos). Muitas superstições estão ligadas aos conceitos de "sorte" e "azar". Vale salientar que quase nunca ocorre as comprovações científicas e empíricas delas. 
    Ao invés de ajudarem, de modo útil e sábio, as pessoas no processo de autoconhecimento (como faz o legítimo misticismo), as superstições, muitas vezes, são inúteis ou atrapalham a vida das pessoas, gerando medos, fobias, manias e atos desnecessários. O exemplo disso seria uma pessoa que tem medo de gato preto ou que até mesmo acaba maltratando o animal por crer que ele traz azar. Grande ignorância! 
    O gato preto, ao invés de trazer azar, é um animal de muita sorte mística, pois os gatos são capazes de transitar pelos dois mundos (o espiritual e o físico) e acabam muitas vezes absorvendo energias negativas do ambiente e purificando lares e ruas. 
      A absorção de energias negativas feita pelos gatos não causa mal a eles nem a qualquer pessoa que se aproxima deles, porque elas acabam se dissolvendo na pureza deles (os animais, por vezes, são mais puros que os seres humanos hehehe). 

                     

     
        Ele não transmite azar, mas ajuda o ser humano ao absorver energias que poderiam afetar a aura humana. Da próxima vez que você ver um gato preto, não tenha medo! Sorria! Você acabou de ver um lindo animal. E nada de maltratar gatos pretos! Maltratar animas, além de ser um dos crimes mais feios e covardes que existem, gera muito Karma negativo ao ser humano. Respeite todos os animais! Respeite o gato preto!
       Para o misticismo, não existe sorte e azar como na superstição. O que chamam de "sorte" na verdade é merecimento espiritual e o que chamam de "azar" nada mais é do que "karma" ou lição. Portanto, qualquer crença em sorte ou azar não tem raiz no misticismo legítimo. O misticismo não ensina a ter "sorte na vida", mas a saber manejar as energias ao seu favor de modo que a sua vida possa fluir sem os bloqueios kármicos. O misticismo ensina que, por meio da virtude e da retidão, podemos superar ciclos viciosos e vencer na vida.
         Enquanto o misticismo é iluminado, a superstição é ignorante. A superstição é muito diferente do misticismo, e eu espero que este texto possa esclarecer essa diferença entre eles. 

                        

           
             Há outra superstição ignorante baseada na crendice de que corujas trazem azar. Segundo essa crendice, o pio da coruja traz mau agouro. Por causa dessa superstição, muitas pessoas matam corujas (como se matar corujas trouxesse sorte alguma...). Meu Deus, quanta ignorância! 
            Longe de ser mau agouro, a coruja é um animal misterioso e sagrado para o misticismo. Ela é o símbolo da sabedoria desde a Grécia Antiga! Na mitologia grega, a deusa da sabedoria, a Atena, está sempre acompanhada da coruja. No Antigo Egito, Tot, o deus da sabedoria, gostava de estar acompanhado por corujas também. 
             Este animal é símbolo da sabedoria, do conhecimento, da perspicácia, da erudição e da iluminação. Por terem vida noturna, as corujas são associadas à capacidade de enxergar as trevas e levar luz à escuridão. Ela é o símbolo da vitória da sabedoria iluminada sobre as trevas da ignorância. Na próxima vez que você ver uma coruja, sorria! Você acabou de ver um animal lindo! Eu particularmente adoro corujas e acho que são bichos muito fofos.

     Para elucidar o assunto, darei o exemplo de algumas superstições famosas (a maior parte delas é ignorante no meu ponto de vista).



*Cruzar na rua com um gato preto dá azar
*Quebrar um espelho gera sete anos de azar para quem quebrou
*Achar trevo de quatro folhas traz sorte
*Se uma pessoa apontar uma estrela, nascerá uma verruga em seu dedo
*Pé de coelho traz sorte
*Deixar um chinelo ou sapato de cabeça para baixo pode provocar a morte da mãe
*Abrir guarda-chuva dentro de casa pode atrair morte
*A sexta-feira quando cai no dia 13 do mês é um dia perigoso que atrai tragédias
*Comer manga com leite pode fazer mal para a saúde
*Colocar uma vassoura de cabeça para baixo atrás de uma porta espanta uma visita
*Jogar ovo no telhado faz parar de chover
*Deixar a bolsa no chão faz perder dinheiro
*Vestir uma roupa do lado avesso dá azar
*Comer carne de animais que ciscam para trás (exemplo galinha), no primeiro dia do ano, gera pobreza o ano todo
*Usar ferraduras sobre a porta traz sorte


*Lavar os cabelos durante a menstruação faz com que os fios de cabelos se tornem cobras, a mulher morra ou fique doente
*Sentar-se em uma cadeira quente que estava sendo ocupada por um homem faz a mulher engravidar
*Nadar junto com um boto cor-de-rosa pode deixar a mulher grávida

      



     Estes são alguns exemplos de superstições. Eu não acredito em nenhuma delas, exceto na do espelho. Sabe-se que o espelho é um grande portal espiritual onde fica registrada a nossa imagem. Quebrar um espelho pode não gerar azar, mas problemas de autoimagem e algumas más energias em minha opinião. 
    O espelho é um centro energético. É o lugar por onde você vê a própria imagem e semelhança refletida do outro lado. Há um mistério no espelho. Toda as vezes em que você se vê em um espelho você está deixando um pouco da sua energia. Então, quebrar um espelho realmente não faz bem energeticamente falando. 
    Mas também não é o fim do mundo, não significa que você será acometido por uma tragédia ou terá sete péssimos anos pela frente. Nada disso. Apenas vá cuidar da sua energia, da sua autoimagem e autoestima, porque espelho é o símbolo da autoestima e da forma como enxergamos a nós mesmos (externa e internamente). Uma rachadura no espelho pode indicar uma rachadura na autoestima também. Agora se a sua autoimagem não for perturbada e a sua autoestima continuar a mesma, está tudo certo!
     Nunca acreditei em superstição, assim como nunca tive medo de lendas urbanas. Também nunca fui deslumbrada com crendices. Apesar de mística e sonhadora, sempre fui uma criança realista. Tenho orgulho de dizer que nunca acreditei em Papai Noel ou Coelhinho da Páscoa. Sempre soube que quem comprava os meus presentes era o suor do trabalho do meu pai e que o verdadeiro significado do Natal não estava em ganhar brinquedos, mas em amar a Jesus Cristo. 
     Acredito que muitas superstições são irritantes e desnecessárias, especialmente a de não deixar a bolsa sobre o chão e a de não lavar o cabelo durante a menstruação. 

                 

      

        Eu costumo deixar as minhas bolsas sobre o chão (se o chão estiver limpo é claro) e não tenho frescuras em deixar a minha pasta sobre o chão ao lado da cadeira quando estou estudando. Nunca fiquei pobre por causa disso! O único perigo é deixar sobre um chão sujo e pegar sujeira, bactérias ou poeira. Mas eu sou higiênica e sempre verifico se o ambiente é limpo antes de eu colocar a minha bolsa sobre o chão. 
       Não importa se a minha bolsa é Calvin Klein ou se eu comprei na feira, eu a deixo sobre o chão quando não há outro espaço (sem frescura alguma). Se há outra cadeira sobrando, eu a deixo sobre a cadeira. Se a bolsa for pequena, eu a deixo sobre o meu colo. Mas, se não houver cadeiras sobrando, eu a deixo no chão mesmo. Jamais impediria alguém de sentar ao meu lado por causa da minha bolsa. 
      Tem gente por aí que acha que bolsa vale mais que gente e deixa outros de pé apenas para ter uma cadeira especial para a bolsa. Seres humanos valem muito mais que qualquer bolsa de marca. Deixe o espaço para outra pessoa sentar (ainda mais se for uma amiga especial ou aquele colega intelectual bonitão)!

                       

       Outra superstição que eu não sigo é essa de deixar de lavar os cabelos durante a menstruação. Meus cabelos são lisos e oleosos e eu devo lavar os cabelos com bastante frequência (praticamente todos os dias eu lavo os cabelos e o máximo que eu posso deixar de lavar os cabelos é um ou dois dias). Considerando que a menstruação dura de 3 a 7 dias (a minha dura 5 dias em geral), seria praticamente impossível ficar sem lavar o cabelo por uma semana! O cabelo ficaria tão oleoso que daria para fritar um ovo. Tudo bem, a mulher pode tomar banho com os cabelos presos e cobertos por uma touca plástica e seguir fazendo penteados para disfarçar a oleosidade, mas eu me sentiria muito mal sem lavar os cabelos. 
          Eu já lavei os cabelos nesse período e estou viva! Não fiquei doente, não fiquei com serpentes nos cabelos tipo a Medusa nem morri. Sempre lavo os cabelos nesse período. A única questão que eu tomo cuidado é quanto a temperatura da água. Tomo banho mais quente nesses dias para não ter cólicas. A água gelada contrai os vasos sanguíneos e pode provocar mais cólicas menstruais. Eu também sempre seco os cabelos para não sair por aí de cabelos molhados e pegar um resfriado ou ficar com cólicas. Tomo cuidado com questões básicas de saúde apenas. 


                          


      Explicadas as diferenças entre Misticismo e Superstição, elucidarei agora a respeito de Astrologia e Tarô. Diante do exposto, a Astrologia e o Tarô, pertencem ao misticismo e não à superstição. Isso se deve pelo fato de que a Astrologia e o Tarô não estão vinculadas às questões simplórias e equivocadas de "sorte" e "azar" nem às crendices supersticiosas. A Astrologia e o Tarô são ferramentas de autoconhecimento que auxiliam o ser humano na jornada das Virtudes e na superação de seus vícios na batalha entre o bem e o mal dentro de si mesmo.
      A Astrologia e o Tarô estão vinculados ao psiquismo, ao autoconhecimento e a busca da sabedoria. Na psicologia junguiana e arquetípica, os arquétipos astrológicos servem para apontar o que devemos reformar dentro de nós mesmos. Como nem todo mundo consegue fazer a jornada do autoconhecimento de maneira pura e exclusivamente intuitiva, os sábios místicos do passado deixaram ferramentas para nos auxiliar no processo de conhecimento interior. 
       Dentre essas ferramentas, estão a Astrologia e o Tarô. Sabe-se que a Astrologia sempre foi buscada desde tempos remotos até mesmo por reis e rainhas, grandes políticos e guerreiros. A elite costumava se consultar com Astrólogos antes de tomadas de decisões. Antigamente, no entanto, a Astrologia estava vinculada às previsões do futuro. Os místicos buscavam saber se era possível prever o futuro de acordo com os movimentos do céu. Só que o futuro é um conceito muito externo e os sábios místicos resolverem focar os seus estudos no momento presente e no mundo interior do ser humano.

                  

           Sendo assim, a Astrologia evoluiu muito e está longe de ser adivinhatória. Ela busca na verdade revelar a sua personalidade, ajudando o ser humano a elevar as suas virtudes e cavar túmulos aos seus vícios. Ela é nobre e mística por causa disso. Ela não é uma superstição e nem deve ser confundida com qualquer crendice maluca do âmbito supersticioso. Ela é do âmbito alquímico, místico e verdadeiramente espiritual. 
           De acordo com a Astrologia, a data, o horário e o local de seu nascimento determinam traços psíquicos seus por causa das energias astrológicas que irradiavam dos planetas naquele instante. A partir disso, você pode fazer um mapa astral para descobrir como estavam as posições planetárias no momento de seu nascimento e quais virtudes e vícios que elas poderão causar em sua personalidade. A primeira respiração de um bebê é o seu primeiro contato com as energias cósmicas fora do útero materno. É um momento de muita luz (por isso dizemos que a mãe dá a luz ao filho) e muito poderoso espiritualmente. O nascimento tem muito poder e força e a data de seu aniversário é sim muito mística e especial. 
               Exemplo> Uma pessoa do signo de áries tem a tendência a ter a virtude da liderança e o vício da impaciência. Buscando a astrologia, a pessoa de áries buscará como expressar essa virtude da liderança latente nela e trabalhar a impaciência para se tornar mais calma e paciente quando for preciso. Eis a missão nobre da astrologia> Ajudar as pessoas a evoluírem e serem pessoas melhores. 

                 


             Eu sou canceriana. Uma pessoa de câncer tem a tendência a ser muito imaginativa e maternal, mas também pode ter o vício da mágoa e do rancor. Há anos trabalho o meu lado imaginativo, lapidando essa virtude e canalizando na literatura para não me perder em imaginação hehehe. Além disso, busco ser maternal para aqueles que precisam (essa é a missão da canceriana) e trabalho muito o perdão para não me tornar magoável ou rancorosa (ainda que a memória de algum acontecimento ruim bata em minha mente hehehe). 
                 Todavia, o signo não é tudo para a Astrologia. Esqueça o horóscopo de jornal. O signo é só a ponta do iceberg num mundo infinito como o da Astrologia. Não é só o signo que determina traços psíquicos, mas todas as posições planetárias do momento do nascimento. Não colocamos a culpa nas estrelas por nossos vícios, mas apenas observamos as suas influências para driblar os nossos vícios. Encaramos toda a responsabilidade em sermos pessoas melhores. A astrologia busca o equilibro dos signos e dos quatro elementos primordiais dentro de nós (fogo, água, ar e terra). A astrologia busca unir o masculino e o feminino, a luz e a sombra, o Yang e o Yin...


                          
                  O tarô, por sua vez, reúne arquétipos e símbolos em formato de cartas ou arcanos que contam a trajetória do herói ou da heroína na senda da virtude. Os arcanos do tarô revelam as encruzilhadas que encontramos em nosso caminho, as tentações e as provações até alcançarmos a luz plenas e revelarmos a nossa verdadeira essência. Infelizmente, o tarô só é visto como um jogo adivinhatório, mas ele é muito mais que isso. O tarô guarda segredos dos místicos do passado num tempo onde magos eram queimados junto com seus livros. O tarô reúne toda a simbologia dos saberes místicos em desenhos, metáforas e analogias. 
                   Por ajudar o ser humano na senda da virtude e elucidar o autoconhecimento, o tarô é místico e não supersticioso. As pessoas se enganam por acreditar que o tarô reflete o futuro. Quem faz o futuro é você. E o tarô reflete você. Conheça-te a ti mesmo e conhecerás o teu futuro! Essa é a regra mística. Decifra a tua alma para não ser devorado por ela... Tudo a ver com o grande óraculo de Delfos considerado o primeiro oráculo de todos os tempos...

                            
                    Por exemplo, numa questão profissional, o tarô pode te ajudar a encontrar a tua própria intuição na escolha de uma carreira. O tarô não mostra qual emprego o futuro fará cair do céu, mas a carreira que a tua alma tem vocação. É claro que você para chegar até ela deve desenvolver as suas habilidades, estudar... O tarô é uma ferramenta que te auxilia no autoconhecimento e a ouvir a voz de dentro, da intuição. Numa questão amorosa, o tarô não revela o que futuro trará, mas as possibilidades energéticas de um encontro ocorrer ou o que a outra pessoa sente por você. O que se passa dentro do outro e dentro de você é mais importante do o que se passa lá fora. O futuro é o seu interior que faz ou atrai. A responsabilidade é sempre sua. 


                      


               Feitas essas observações, se você crê em Astrologia e Tarô, você é um místico e não um supersticioso. Há um rapaz na internet que faz muito sucesso no Youtube que criticou duramente a Astrologia ano passado. Eu até sou inscrita no canal desse rapaz e admiro a forma como ele evoluiu ao longo dos anos e a sua humildade em se transformar e reparar os seus erros ou palavras equivocadas do passado. Isso é Alquimia pura, mesmo que ele não saiba. Ele se transmutou e se tornou mais virtuoso. Se ele não precisou de ferramentas místicas no processo de autoconhecimento dele, ótimo para ele. Mas ele poderia ao menos respeitar quem faz uso dessas ferramentas para se tornar uma pessoa melhor. 
                 Ser ateu não é mérito nem demérito, assim como crer em Astrologia não faz de você pior ou melhor do que ninguém. Se o rapaz é ateu ou tem uma espiritualidade diferente, nós respeitamos. Nunca vi um astrólogo apedrejar uma pessoa que não crê em astrologia. Mas quem não crê em astrologia seguidamente apedreja os astrólogos. Ele quis dizer em seu vídeo que quem crê na influência dos astros sobre a personalidade é "imbecil", "burro" e retrógrado. Ele acha absurdo alguém continuar a crer em Astrologia nos anos 2000. Ele diz que ela não faz qualquer sentido. Em minha opinião, para um conhecimento (sim, conhecimento!) durar milênios e alcançar os dias de hoje, algum sentido ele faz. 
        O que não faz sentido para mim é o preconceito. Nós somos livres para crer no que quisermos e fazermos uso das ferramentas místicas. Quem se considera cético e "racional" adora fazer pose de inteligentinho como se crer em algo que supera a razão fria e calculista fizesse você burro ou trouxesse demérito. Para essa galera inteligentinha, academicista e caviar, quanto mais cartesiano, lógico, materialista e calculista melhor. Mas ninguém disse que ceticismo faz alguém mais inteligente. Ninguém disse que a fé e o misticismo são inimigos da inteligência. Muito pelo contrário. Há céticos inteligentes e geniais, mas também há muitos gênios do lado místico da força (parafraseando Star Wars). 

                          


             Dizer que todo aquele que crê é burro é ser generalista. O único burro aqui seria o cético preconceituoso. A mente que abrange o invisível e o inexplicável, ao meu ver, é muito mais aberta, dinâmica, ousada e inteligente. O próprio filósofo Pondé que é ateu admite que considera a ideia de Deus a mais genial que existe. E ainda afirma que não crer é muito mais fácil que crer. Deixar de crer por falta de explicação é covardia. Há muito mais coragem e ousadia por optar pela crença na história da filosofia. E o próprio Pondé, ateu assumido, admite isso. O Pondé tem gabarito, sabedoria e fala com discernimento e propriedade. Nunca vi o Pondé xingando histericamente os místicos como esse rapaz do Youtube. A diferença é muito simples. O Pondé é um ateu bem resolvido. É feliz com a vida dele. Não é um garoto revoltado e impulsivo como esses ateus toddynho (que ainda estão na idade de tomar toddynho, mas se acham os reis do universo). Só ateus mal resolvidos, infelizes e rancorosos apedrejam as religiões ou o misticismo. 
               Dizem que o rapaz do Youtube interpreta um personagem e que não se expressa daquela forma grosseira e revoltada em verdade. Contudo, o fato é que ele ofendeu toda a comunidade astrológica ao chamar os astrólogos de charlatões de modo ríspido e sem educação (o desrespeito dele não combina em nada com a sua essência virtuosa, sempre vi uma luz virtuosa por trás daquele garoto revoltado, mas eu sou suspeita por sempre ver Príncipes por trás de Feras...). 

                         

                         
            Ora, charlatanismo existe em todo lugar (e o misticismo é o lugar com o menor número de charlatões eu garanto). Há muito mais charlatões vestidos de terna e gravata nos congressos, nas instituições, nas Academias e nos laboratórios de ciência do que de turbantes lendo mãos, tarô ou mapas astrais... Se há pessoas que usam o misticismo para enganar, ludibriar e ganhar dinheiro, elas são a minoria. A maioria dos astrólogos e dos místicos são bem intencionados e estudam Astrologia e misticismo por amor a fim de evoluírem como seres humanos e ajudarem outras pessoas na jornada das Virtudes e do Autoconhecimento. 
               Nem todos os Astrólogos cobram pelos mapas astrais. Eu, por exemplo, nunca cobrei um centavo por qualquer mapa astral que eu tenha feito para amigos, orientações astrológicas ou conselhos. Entretanto, não acredito que seja errado cobrar por uma orientação astrológica. Por trás de uma orientação, existem estudos, dinheiro gasto com livros, tinta de impressora e horas debruçadas sobre uma escrivaninha. É um estudo fora das ciências tradicionais e das faculdades, mas nem por isso deixa de ser um estudo. A Astrologia é um estudo que toma tempo. E tempo é dinheiro. Como diz o ditado "se conselho fosse bom, a gente vendia e não dava". Conselhos baseados em astrologia e tarô podem ser remunerados. Claro que por um preço razoável de acordo com o bom senso. Não vejo nada de errado em cobrar por algo que levou tempo, dinheiro e estudo, desde que você seja honesto e realmente tenha a intenção de ajudar o consulente a ser mais evoluído, virtuoso e feliz. 

                                      
                  Quando aconselhamos uma pessoa com orientações de origem astrológica, somos espécies de "psicólogos místicos". Ao meu ver, o astrólogo tem tanto mérito quanto um psicólogo e deveria receber o mesmo valor de uma sessão psicológica, por exemplo. Já percebi que, muitas vezes, uma orientação de base mística funciona muito mais do que uma freudiana ou psicológica. Os psicólogos não são melhores do que os astrólogos por saberem teorias. Tudo dentro da psicologia não passa de teorias. A psicologia chega a ser mais abstrata do que o próprio misticismo. Um mapa astral pode revelar mais sobre a sua personalidade do que anos de terapia psicológica ou psiquiátrica. Ao invés de colocar a culpa em seu passado, remoer seus traumas e passar fármacos, o astrólogo vai impulsionar a sua transformação interna e te ajudar na batalha que há entre as suas virtudes e vícios. 
                  Por salvar vidas, ajudar pessoas a evoluírem e curar a depressão mais do que qualquer outro ramo da ciência, o saber místico e astrológico merece ser respeitado. Não precisamos do "aval" materialista e científico para fazermos o bem. 
                  O mais curioso é que o rapaz que criticou Astrologia comparou a mesma com Superstição. Como ele tem grande influência dentre os adolescentes (os jovens não são autênticos e geralmente se influenciam por personalidades da mídia), ele disse que não havia nada demais em continuar a crer em Astrologia, porque era uma espécie de superstição boba que não fazia mal a ninguém. Devido à repercussão do seu vídeo criticando a Astrologia, ele resolveu gravar outro comparando a Astrologia e a Superstição. Ele disse para os seguidores dele que eles não eram obrigados a deixar de crer na Astrologia por causa dele (como se os seguidores dele só acreditassem naquilo que ele acredita...). Ainda falou de forma bem humorada e mais calma dessa vez com os seguidores que ele tinha uma superstição em relação ao futebol. Ele costuma colocar a mesma camisa quando o time dele joga ou algo do tipo. 
                  Ora, ateu supersticioso é uma criatura muito curiosa! Não crê na força regente universal, mas crê que a cor da sua camiseta ou cueca tem alguma relevância para o universo ou influencia o desempenho dos jogadores de futebol. Não crê no Grande Arquiteto do Universo (Deus), mas crê na sorte da cor da sua cueca ou camiseta. É muito egocentrismo. É muito contraditório. Não crê na influência psíquica das estrelas, mas crê firmemente que o seu time vai ganhar por ele estar sentado no mesmo lugar do sofá e com a mesma camiseta ao assistir o jogo de futebol na televisão... 

                          
                     A única relevância que a torcida tem para o desempenho dos jogadores de um determinado time é o seu afeto. Não é a cor da camiseta nem da cueca. Quando assistimos a um jogo de futebol no estádio (não no sofá da casa), formamos uma egrégora (conjunto de energias afins) com outros torcedores. Essa egrégora sim traz alguma força... Assim como emanamos energia quando cantamos o mesmo hino com várias pessoas... Uma torcida é um conjunto de pessoas que pensam de forma semelhante e sentem carinho pelo mesmo time. É essa paixão que faz mover energias, as quais podem elevar as energias dos jogadores, incentivar o seu desempenho e elevar a autoestima do time. Devo dizer que a egrégora corinthiana é a mais passional e enérgica de todas hehehe (sou suspeita por ser corinthiana). Por isso, ela é a mais odiada e amada também. Energias fortes são assim> Amadas ou odiadas. Não há meio-termo. 

                  

Felicidade consiste em dar e servir aos outros. 
Henry Drummond


         Por fim, acredito que deixei bem clara a diferença entre Misticismo e Superstição. O texto ficou longo, mas senti necessidade de explicar essa diferença como mística a aprendiz de Astrologia. Para aqueles que ainda acreditam em superstição ou sorte, eu digo> A sorte é você que faz a partir das boas energias dentro de seu coração. Ame a vida e a vida amará você de volta. Acima de qualquer teoria mística, está o Amor, Dom Supremo. Recomendo o livro Dom Supremo de Henry Drummond para todos aqueles que se interessam pelo misticismo. O discurso de Drummond sobre a Carta de Paulo aos Coríntios da Bíblia foi traduzido por Paulo Coelho. O misticismo não é uma superstição tola ou um charlatanismo retrógrado, mas um encontro com a essência humana perdida. O misticismo é o encontro com o Amor. O Amor é a nossa essência. Todo resto é ilusão. Havendo ciências, elas passarão. Mas o Amor é eterno. Acreditem menos no cientificamente comprovado e mais no coração de vocês. A sua intuição vale ouro. Escute o que ela tem a dizer. Não existe sorte maior do que a de ter nascido com o coração amoroso. 


Tatyana Casarino 

                







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