O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









Contador Grátis





segunda-feira, 13 de março de 2017

Analisando Hilda Furacão

                         

   

     Olá, pessoal! A postagem de hoje será a respeito da telenovela brasileira Hilda Furacão que foi produzida e exibida pela Rede Globo entre 27 de Maio e 23 de Julho de 1998. Considerada uma "novela das onze" e escrita por Glória Perez, sabe-se que o seu enredo foi inspirado no romance homônimo de Roberto Drummond.
   Trata-se basicamente da história de amor entre o frei Malthus (Rodrigo Santoro) e a prostituta Hilda Furacão (Ana Paula Arósio). No início da história, vemos que Malthus resolve sair do município de Santana dos Ferros ao lado de Aramel (Thiago Lacerda) e Roberto (Danton Mello). Nascidos e criados juntos, os "três mosqueteiros" (como são chamados em Santana dos Ferros) vão para Belo Horizonte em busca de seus sonhos. Malthus queria ser santo e ir para o Convento dos Dominicanos, Aramel desejava ser artista de cinema em Hollywood e Roberto almejava fazer uma "Revolução".



Malthus


Aramel 


Roberto


             Hilda Furacão, por sua vez, é uma moça sonhadora da "High Society" (Alta Sociedade) de Belo Horizonte. Romântica, ela não admite o seu casamento arranjado e abandona o seu noivo, chamado Juca, no altar. Desesperado, ele sai da igreja para "resgatar"a noiva na casa dela. Chegando na casa de Hilda, ele se depara com ela confusa e triste. Ela, então, admite que tem medo de se casar sem ter certeza de seus sentimentos e que havia pensado em quase tudo acerca do casamento: no bolo, no vestido, na festa, exceto no afeto (o mais importante).

                                  

Hilda e o seu noivo Juca

             

                Ele não acredita que ela está refletindo sobre seus sentimentos justamente no dia do casamento e desconfia que ela tem outro homem. Afirma também que as "amigas" dela alertaram que, por trás de sua cara de "santinha", ela era "tenebrosa". Em verdade, as amigas inventaram que Hilda era "danada" movidas pela inveja que nutriam por ela, pois Hilda não tinha ninguém no coração mesmo (ao menos por enquanto, já que Malthus aparecerá um pouquinho depois na vida dela). Diante disso, o noivo ameaça se suicidar e até propõe um casamento de "fachada", permitindo que ela tivesse amantes. Tudo para não ser abandonado no altar e humilhado perante a "High Society". 
                  Perturbado com a ideia de ser humilhado, Hilda tenta consolar o noivo que chorava, dizendo a ele que logo viria uma moça boa na vida dele e que o problema estava com ela mesma que tinha um temperamento difícil e sentimental. Destaque para a brilhante atuação de Ana Paula Arósio quando elevou a voz e disse num momento: "Que Deus me cegue se eu estiver mentindo, eu não tenho ninguém!"  Mas ele não cede ao consolo persuasivo de Hilda e continua a insistir que o problema dela seria a "saudade dos supostos amantes". Sentindo-se constrangida e humilhada, ela fica brava e expulsa o noivo de sua casa, o qual dá um tapa na cara dela antes de sair e revela um temperamento agressivo não revelado antes. 

                                 

                    
                     A mãe de Hilda (interpretada pela atriz Eliane Giardini) briga com ela quando vê o Juca indo embora da casa. Ao invés de se preocupar com os sentimentos da filha, a mãe não se cansa de repetir que "ele era um rapaz bem colocado na sociedade" e que "ninguém casa morrendo de paixão, exceto em cinema e em fotonovela". A filha argumenta que já andava calada e reflexiva, mas a mãe diz que sempre teve medo de seu comportamento "vaporoso" e de seu "romantismo exagerado"... 
                  Ela afirma para a filha: "A rua da amargura está cheia de cabeças feito a sua." Hilda tenta alertar a sua mãe da loucura de Juca ao propor um casamento de fachada, permitindo que ela tivesse amantes. Mas, tudo o que a mãe consegue dizer naquele momento é a respeito dos presentes... "Como ficaremos perante a sociedade?" "Usa a cabeça, na vida a gente tem é que ser prática." "Oh! Meu Deus, o que a gente faz com os presentes?" "Oh! O jogo de cristais tcheco puríssimo..." "E as baixelas de prata que os Magalhães Lins mandaram?"--- Algumas frases de sua mãe. 

                                   


                    

                   Inconformada diante da frieza e do materialismo da mãe, Hilda foge de casa e vai para um prostíbulo na Zona Boêmia em Belo Horizonte, um local cercado por prostitutas, travestis, cafetões, "vagabundos"... Hilda Muller, a moça da High Society, passa a ser Hilda Furacão a partir deste momento. Sua fama começa a brotar pela cidade e logo todos ficam sabendo da mulher belíssima e exuberante que seduz todos os homens de Belo Horizonte, inclusive os casados.

                                 


                 
                  Diante disso, ocorre uma grande manifestação popular para acabar com os prostíbulos em defesa da moral e dos bons costumes. Nesta manifestação, frei Malthus é convocado para "exorcizar" Hilda Furacão. Na noite da manifestação, acontece uma grande discussão entre os "defensores da moral e dos bons costumes" presentes na passeata contra os prostíbulos e os moradores da Vila Boêmia. Durante o confronto, ocorre uma tempestade e todos começam a correr para todos os lados.
                  Nessa confusão, Hilda perde um dos seus sapatos (justamente um de seus sapatos favoritos) e volta para o seu quarto 304 do "Hotel Maravilhoso" furiosa e triste. Nesse ínterim, Malthus, ao caminhar pelas ruas, acaba se deparando com um sapato preto bonito que estava prestes a ir direto ao esgoto. Prontamente, ele apanha o sapato antes de voltar ao Convento. [Minha gente, isto está me lembrando um certo Conto de Fadas hehehe... Eu sei que Cinderela passou pela cabeça do leitor neste exato momento também hehehe.]

                                        

                   
                     No dia seguinte, Hilda vai até a rádio de Belo Horizonte pedindo o sapato de volta. Ela promete cobrir de abraços e beijos como recompensa a quem tiver achado e guardado o seu sapato ou ainda o valor de 10.000 dólares (eita que sapato caro, Hilda!). Ela explica que o seu sapato é praticamente "de estimação". Malthus fica perturbado ao descobrir que Hilda é a dona do sapato, chegando a cobrir os ouvidos quando ela promete "cobrir de beijos" quem estivesse com o seu "sapato de estimação". A partir daí, ele fica imaginando como seriam os beijos de Hilda e passa a "acariciar" o sapato ao pensar nela. Sente-se culpado ao se sentir atraído por Hilda Furacão, a pecadora de Belo Horizonte, nascendo todo o seu drama. Há também toda uma "mística" em volta daquele sapato. 
                      Depois, ele decide se comunicar com ela através da Rádio também. Quando ela ouviu o recado dele na rádio a respeito de seu sapato, ela chegou a quebrar o aparelho de rádio de tanta raiva dele. Jamais poderia imaginar que o homem que almejava "exorcizar" a sua alma estava com o seu sapato. Ela não suportava o discurso dele e detestava quando ele dizia: "venha conversar comigo, eu posso lhe dar palavras de conforto e lhe mostrar o caminho certo." No entanto, os dois passaram a se encontrar e o "ódio" de Hilda foi naturalmente sendo transformado em amor ao conhecer Malthus melhor. 

                                                

                                                         
                                             Roberto, amigo de Malthus, indo devolver o sapato de Hilda. [Ele segura o sapato embrulhado como se fosse um bebê, mais uma vez a "mística" do sapato que não acaba hahaha, e olha que este sapatinho nem era de cristal pra receber tanto cuidado...].

                    Entretanto, Malthus demora para entregar o sapato de Hilda mesmo após alguns encontros com ela. Ele não tem coragem de devolver o sapato e, ao mesmo tempo, sente-se culpado de ter em mãos o sapato (uma confusão que só, minha gente!). Ele chega até a pensar em jogar fora o sapato dela! Tudo por causa das suas crises de identidade. "Afinal, eu sou um santo ou homem apaixonado?"-- Ele indagava a si mesmo. Ele também tinha muito medo de seu guia superior, o Padre Nelson. Mas, chega um dia em que ele decide entregar o sapato a ela através de um amigo, o Roberto (até que enfim!). 

                                             

                   

                      Depois de alguns encontros apaixonados, Malthus e Hilda descobrem o amor verdadeiro. Mas, para realizarem os seus sonhos de amor, eles deverão enfrentar múltiplos obstáculos. Há cenas extremamente românticas como a da noite em que eles ficam juntos e Hilda se encanta ao ver Malthus com trajes "normais" e sem a vestimenta de frei. Hilda também vai diversas vezes à Igreja de Malthus e chama a atenção quando caminha de salto alto em direção ao Confessionário. Chegando lá, ela confessa que ama o santo... Uma confissão de amor literalmente. Padre Nelson, ao perceber que o Frei Malthus está apaixonado por Hilda, tenta impedir de todas as maneiras o romance, mas não consegue. Como um bom "Conto de Fadas" de uma Cinderela diferenciada (mas ainda Cinderela), eles ficam juntos e felizes no final. 


Pontos Positivos:


1) Personalidade de Hilda Furacão


                            


   Sem dúvidas, o que mais chama a atenção na telenovela é a personalidade de Hilda Furacão. Em razão disso, a frequência com que Hilda aparece é mais intensa nos capítulos. Afirma-se, inclusive, que Hilda Furacão tem mais destaque na telenovela do que no livro. No livro, Roberto Drummond dá um destaque histórico aos acontecimentos de Belo Horizonte no período do Regime Militar. Sabe-se que Roberto Drummond era jornalista e fazia parte da Juventude Comunista. Santo (Malthus) e Belo (Aramel) foram inspirados em amigos do autor. Muito embora ele escreva sobre Hilda de maneira nebulosa, misteriosa e repleta de "mitos" e "boatos", a personagem que alavancou a sua obra ao patamar de sucesso foi Hilda Furacão sem sombra de dúvidas. 
     Por ser uma jovem doce e, ao mesmo tempo, brava e temperamental, Hilda pode ser considerada, dentre inúmeros adjetivos, incrivelmente fascinante. Fascínio é uma palavra que serve muito bem para Hilda Furacão, a qual exerce um magnetismo inigualável sobre as pessoas de sua história (e sobre os leitores e telespectadores também). Hilda, então, confirma o mito de que "personagens femininas são perigosas, pois cativam os leitores/telespectadores e roubam a atenção da história..."
        Sobre a personalidade cativante da Hilda, sabemos algumas características como, por exemplo:

*"Ela era dada a súbitas tristezas -- em geral, seu riso italiano, que na alegria saiu à mãe, convertia-se em tristeza -- e chorava".


*"Nas missas dançantes, escolhia só os rapazes feios para par, e dizia: --Eu amo os deserdados do mundo."


*"A garota do Maiô Dourado que trocou o Minas Tênis Clube pelo Maravilhoso Hotel."


*"Desde que foi para o Maravilhoso Hotel passou a ser a paixão coletiva de Belo Horizonte."


***Destaque para atuação brilhante de Ana Paula Arósio que tornou Hilda Furacão um personagem ainda mais interessante!




2) Excelentes críticas ao materialismo da High Society


                         


      Hilda Furacão acabou sendo castigada pelas próprias virtudes (fazendo uma leitura baseada na filosofia de Nietzsche), por isso, sua personalidade caiu nos vícios do prostíbulo e do mal caminho. O que levou a moça rica que tinha tudo na vida a virar prostituta? A inadequação diante de uma sociedade materialista de casamentos arranjados, onde baixelas de prata valem mais do que o afeto... Seu temperamento romântico e visceral simplesmente não suportou o formalismo e a frieza das convenções sociais de seu contexto social. 
       Hilda Furacão é um excelente emblema contra a cultura da aparência. O que seria a cultura da aparência? Seria aquela onde o contrato de casamento importa mais que o amor, o funeral mais que o morto, as roupas mais do que o corpo e a missa mais do que Deus, consoante Eduardo Galeno. 
        Hilda faz com que todos reflitam a respeito de seus desejos, vontades e afetos que vão além das meras convenções e aparências. Ela faz indagações profundas: O que realmente move a sua vida? A convenção ou a paixão? Você tem coragem de ser quem você realmente é? Você tem coragem de expor seu lado visceral? Você tem coragem de perseguir os próprios sonhos?



  3) Excelentes reflexões sobre a verdadeira virtude


                         


     Ao longo da história, surge uma indagação: quem é mais virtuoso? Hilda ou Malthus? Então, somos convidados a penetrar em um terreno que vai além das aparências... Muito embora Malthus parecesse ser mais virtuoso do que Hilda, ele era muito confuso e queria ser "santo" mais por questões de seu ego do que por verdadeira vocação. 
       Na briga do Alto do Monte, há um diálogo interessantíssimo entre Hilda e Malthus:

--Você se acha melhor do que todo mundo. Mais perfeito do que todo mundo. (Hilda)

--Você acha pouco o sacrifício que eu faço? Desde que eu me entendo por gente, eu me sacrifico. (Malthus)
--Por quem? Por quem você se sacrificou? Se você fez algum sacrifício foi por vaidade, mais nada. Para ser admirado e reconhecido por todo mundo. Para ser apontado na rua! Para eles te chamarem de santo!
--Você não sabe o que está dizendo. Mas eu te perdoo. 
--Vaidade! Você é um poço de orgulho e vaidade. Se eu me ajoelhasse ao seus pés, você me idolatrava, porque ia se sentir um deus. Mas, como eu lhe amo, você sente raiva, porque eu faço você se sentir humano como todo mundo. 

      Ao longo da história, percebemos as confusões de Malthus e suas crises de identidade. Hilda, apesar de parecer orgulhosa e ter perfil temperamental de ser segura de si (ser uma pessoa segura é qualidade e não defeito), era gentil, humilde e bondosa. Já Malthus precisava ser "aplaudido" pela sociedade a fim de curar suas carências e satisfazer o seu ego. 

       Hilda fazia mais caridade e mostrava o coração repleto de compaixão. Malthus, no entanto, é mergulhado nas próprias questões internas e no desejo de ser mais do que humano...         
       Afinal, quem é mais virtuoso? A prostituta ou o frei? Ao que tudo indica, por incrível que pareça, a prostituta. O seu coração não havia sido "contaminado" pelo orgulho de sua beleza ou admiração de Belo Horizonte. Ela fazia sempre o que queria fazer e não se importava com o reconhecimento alheio.
       Todavia, Malthus tinha medo de críticas e de perder a admiração das pessoas ao revelar seu caráter humano. Ele era mais "apegado" ao que as pessoas pensavam dele. Hilda era mais virtuosa e autêntica. 
      Claro que Hilda estava longe de ser perfeita, já que o seu ego era "espinhoso" e temperamental também. Mas, ao que tudo indica, ela tinha o ego mais "bem resolvido" e era mais bondosa naturalmente sem necessidade de ser apontada como bondosa. Ela tinha mais "desprendimento" em relação ao reconhecimento. Isto me lembra uma célebre frase: "Seja uma boa pessoa, mas não gaste tempo tentando provar isto." O que é melhor: ser apontada como prostituta e pecadora mesmo com a alma bondosa ou ser apontado como santo e ser um homem pecador?

4) Excelente Trilha Sonora


                     


    
      As músicas que fazem parte da Trilha Sonora de Hilda Furacão são absolutamente fantásticas! Para quem gosta de música "retrô" como eu é ainda mais fascinante! Sabe aquelas músicas que tocavam na rádio no tempo das suas avós? Então, você vai viajar no tempo ao ouvir estas músicas. Eu amo ouvir essas músicas! Dá até para imaginar vestidos de bolinhas, laços na cabeça hehehe, roupa pin up nas moças e os rapazes com gel no cabelo, suspensório e casaco de couro hehehe. Eu adoro histórias de época!!! 
     Eu amo cantar as músicas de Hilda Furacão com as minhas avós. Sim, eu até tenho o CD original da Trilha Sonora de Hilda Furacão hehehe. Sou fã!




*Resposta ao tempo -- Nana Caymmi
*You are my destiny -- Paul Anka
*Que Será Será -- Doris Day
*Sonhar Contigo -- Adilson Ramos
*Boneca Cobiçada -- Palmeira e Biá
*Balada Triste -- Agostinho dos Santos
*Que queres tu de mim -- Altemar Dutra
*Nossos momentos -- Elizeth Cardoso
*Quem é -- Silvinho
*Molambo -- Roberto Luna
*Meditação -- Maysa
*C'est si Bon -- Eartha Kitt 
*Kalú -- Ângela Maria
*Só Danço Samba -- Tamba Trio
*Túnel do Amor-- Celly Campelo
*Chega de Saudade - Tom Jobim

5) Excelente Elenco


              

O inesquecível personagem "Cintura Fina"


   Eu não poderia deixar de elogiar o elenco dessa minissérie! Que elenco maravilhoso! É raro um elenco tão harmonioso e fabuloso assim! Todos os atores trabalharam muito bem e passaram veracidade na telinha. A expressividade da Ana Paula Arósio já demonstrava o seu talento mais do que especial. Rodrigo Santoro, Danton Mello, Thiago Lacerda, Arlete Salles (a cartomante Madame Janete), Paulo Autran (o Padre Nelson), Rosi Campos (a Maria Tomba-Homem) e Matheus Nacthergaele (o Cintura Fina) são alguns destaques brilhantes! Um dos melhores elencos de telenovela que eu já vi!


Pontos Negativos:


  1) Romantização da prostituição


                   


  
    Hilda Furacão é uma excelente história sem dúvidas, mas não podemos nos esquecer de que, na vida real, a vida de uma prostituta não é glamourosa. No submundo da Vila Boêmia, Hilda encontra amigos verdadeiros e exala empolgação, entusiasmo e alegrias. No entanto, os "submundos" reais de prostituição estão repletos de drogas, doenças, intrigas, violência, falsidade e sofrimento. 
    Não há nada charmoso na vida da prostituta. Muito embora a vida de Hilda Furacão tenha sido repleta de cor e brilho, a prostituição é cinzenta, sombria e apagada. Ao contrário de Hilda que conquistou a admiração de Belo Horizonte na ficção, as prostitutas sempre são alvos de depreciação e discriminação. Não há qualquer reconhecimento social ou "aplausos" para elas. 

  2) Romantização dos socialistas/comunistas


             


     Hilda Furacão é uma história politicamente tendenciosa, já que induz, de certa forma, o telespectador a acreditar que os Movimentos Estudantis Revolucionários e os Movimentos Comunistas eram charmosos, idealistas e virtuosos. Os personagens comunistas são bonitos, bem intencionados e cheios de charme... Um dos personagens comunistas, interpretado por Daniel Boaventura (um ator que eu sou fã e adoro o trabalho dele como cantor também) diz aos seus "camaradas" durante uma reunião do Partido Comunista: "Sabemos que é possível construir o paraíso na terra". Ele também afirma: "Porque o comunista, antes de pensar em si, pensa na humanidade". 
       Eu acredito que são válidas as críticas ao materialismo da High Society. Mas eu não levo tal discussão para a política. Sei separar o joio do trigo. As críticas ao o materialismo e à cultura de aparência não precisam atacar o capitalismo propriamente dito. Afinal, posso viver em uma sociedade capitalista sem me contaminar por ela. Posso me elevar acima do sistema e não me revoltar contra ele. 

                         

Roberto: Personagem bonito, inteligente, bom moço, carismático e... comunista. 

     
                   Também não acredito que seja válido o intuito de defender as ideologias comunistas ou utópicas a partir de tais críticas. Existe uma cena irritante onde uma "camarada" loura falsa que, em verdade, era uma espiã ou agente dupla diz ao Roberto: "Por que você me trocou por aquela burguesinha?" Quem entende de política e sabe a respeito dos males do comunismo se irrita diante da romantização deste. 
               Algumas críticas às hipocrisias sociais são importantes, bem como o olhar atento às pessoas menos favorecidas da sociedade como os pobres da Vila Boêmia, as prostitutas, os travestis e os "deserdados". A própria Hilda Furacão é uma defensora dos oprimidos e deserdados. Contudo, não acredito que tal discussão necessite de política e do "ideal socialista". 
                 Quando vejo um filme ou telenovela, gosto de refletir acerca de virtudes e questões humanas profundas e acho irritante o fato de tudo ser discutido sob lentes políticas. Podemos muito bem discutir sobre amor, virtude, ego, orgulho, humildade, tolerância e respeito sem tocar a Política... 
                Gosto de discutir a respeito da diferença entre Ter X Ser, mas não acredito que tal dicotomia seja necessariamente política. O Ter sempre existirá. Precisamos apenas nos lembrar que o Ser é mais importante. Viva a nossa essência... Mas vivam os valores e o nosso pão de cada dia que nos sustenta também! 


Texto escrito por Tatyana Casarino.



*Curiosidades


*O meu poema "Das Chamas do Santuário" faz referência à Hilda Furacão nos versos: "Ela entra de véu negro na igreja, posso ouvir o barulho do salto alto... Hilda Furacão não foi a minha única fonte de inspiração, mas foi uma das minhas inspirações (minhas poesias nascem de múltiplas inspirações). 


Confira o Poema Das Chamas do Santuário:





http://tatycasarino.blogspot.com.br/2016/07/das-chamas-do-santuario.html (clique aqui)


*Eu disse que Hilda foi uma personagem castigada pelas próprias virtudes. Diante disso, é interessante ler um poema que escrevi a respeito da filosofia de Nietzsche. O poema não foi inspirado em Hilda Furacão, mas pode muito bem servir para ela e até para Malthus, o qual se acha muito virtuoso e acaba pecando justamente por isso. O poema se chama "Quando as virtudes castigam". 


http://tatycasarino.blogspot.com.br/2016/11/quando-as-virtudes-castigam.html (clique aqui)



Você gostou do texto? Então, siga o Blogue. Colabore com o Blogue indicando para os seus amigos também.


Abraços,


Tatyana Casarino. 








Nenhum comentário:

Postar um comentário