O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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domingo, 6 de dezembro de 2015

Eclipse



O amor costuma brilhar incessantemente
entre o sol ardente e as estrelas.
O amor nasceu para ser exibido
como uma joia rara de mil brilhos.

Mas, o nosso já nasceu escondido
como se houvesse um véu sobre nós,
um véu a cobrir o nosso sol.
Celestial ternura e madita libido!

Seria um beija-flor sedento por néctar
ou um vampiro ávido por sangue?
Em teus olhos, saem faíscas de fogo,
diante do cordeiro, brilham os olhos do lobo.

Nos teus olhos, eu vejo fogo.
Nos teus olhos, eu vejo um lobo
prestes a devorar uma flor
com a ternura de um beija-flor.

Se eu fosse um anjo, dar-te-ia asas,
asas de cristal para a tua felicidade.
Mas, como sou humana e profana,
dei a ti apenas minha metade.

Metade de mim sonha contigo,
a outra metade teme a tua presença.
Metade de mim é a tua flor,
a outra metade sangra de dor.

Não culpes a minha covardia,
eis que metade de mim é coragem,
mas a outra metade prudência e sabedoria.
Tu incitaste em mim uma doce ilusão lívida.

Se eu fosse um anjo, dar-te-ia asas,
minhas costas sangrariam mutiladas
enquanto tu sorririas docemente embriagado
sem compreenderes o porquê do meu sofrer amargo.

E é por essa razão tão dolorosa
que os anjos se recusam a descer.
A matéria ainda é tão saturnina*,
densa, pesada, limitada e oprimida.

Toda essa dor, toda essa fascinação,
tudo é tão diferente para a natureza divina.
Tu és o rio, eu sou o mar,
tu és o querer, eu sou o amar.

Minha devoção por ti é celestial ardor.
Querido, os nossos pés tocam o inferno,
onde vivem as raízes do nosso amor.
Qual véu diabólico cobre esse cantar tão terno?

Nossas almas alcançam o topo,
no lugar mais alto está o paraíso.
Somos uma árvore cujas raízes são infernais,
mas as folhas são divinas, iluminadas, celestiais.

Tu incendeias as minhas pétalas,
tu rasgas as minhas asas,
tu choras sobre o meu peito,
tu transformas nosso leito em brasas.

Depois, tu escondes teu sentir
enquanto eu fico a disfarçar.
Eterno sonho de asas mutiladas
desse nobre e oprimido amar.

Triste eclipse dramático
cujo sol sempre fica oculto sob o véu.
Amor doce e, ao mesmo tempo, trágico,
amarga dor silente sob o mel.

O nosso amor sempre será eclipse.
Grande e quente luz sob o véu de Ísis,
doce estrela oculta por um véu infernal,
metade luz divina, metade escuridão e caos.

Poesia escrita por Taty Casarino.

*Satunina = Referente ao planeta Saturno. Taty Casarino, por estudar astrologia, seguidamente faz metáforas astrológicas em seus poemas. O planeta saturno simboliza limitação, densidade, karma, provas, expiação, mas também sabedoria, maestria, ponto de aprendizado e superação dentro de um mapa astral.

Esta poesia retrata a angústia dos amores proibidos.



"Vivemos num mundo onde nos escondemos para fazer amor! Enquanto a violência é praticada em plena luz do dia." John Lennon


O Recanto da Escritora é a favor de mais Amor e menos violência, pois toda forma de amor é bonita e toda forma de violência é injustificável! Taty Casarino

Abaixo o vídeo da cena The Point of no Return do Musical O Fantasma da Ópera, onde o amor oculto de Christine Daae e Erik (o Fantasma da ópera) culmina na revelação à sociedade em pleno palco e na tragédia da queda do lustre.

Confiram a cena:


                               https://www.youtube.com/watch?v=mJzvf9iO_k8

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