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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Sabedoricídio



A profana que sabe demais
arromba a porta do templo,
maculando a sacralidade
dos tesouros templários.

Dê a mim o livre-arbítrio,
dê a mim o conhecimento.
A paz do glorioso paraíso
não supre a minha sede de saber.

Qual o sabor do saber?
Doce como o néctar da flor,
sutil como a textura da dor
ao morder a maçã imaculada.

Quem leva o pecado a quem?
A maçã levou o homem ao pecado
ou o homem maculou a maçã?

O conhecimento leva à luz,
mas não nos deixa em paz.
O preço de uma alma grandiosa
é viver em guerra interna.

As vestes azuis de Eva
na expulsão do paraíso
eram bordadas de saber,
doce sabedoricídio.

Toda a nossa luta
é pelo retorno à inocência.
Doces feras, bem e mal,
paraíso, masmorra e sarjeta.

A sensualidade de Eva,
o cajado e o lampião de Adão,
a oferta da serpente, a queda,
a morte da inocência desde então.

O saber matou a inocência,
cruel sabedoricídio original,
que nos deixou no abismo
dessa senda dolorida e marginal.

Toda a nossa luta
é por poder interno.
Qual o poder é mais caro?
O poder sobre os outros
ou sobre as nações?

Nenhum poder a mim interessa
senão o poder de estar em mim mesma,
consciente, equilibrada e fiel a Deus.

Tatyana Casarino



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