O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Poeminha doído



Dói saber que viver
não é como brincar de boneca.
Dói saber que os homens
não são príncipes encantados.

Dóis saber que as mulheres
não são princesas.
Dói saber que as crianças
não estão na realeza do mundo.

Dói saber que as crianças passam fome
e que há infinitas doenças.
Dói saber que a morte chega.
Dói saber que os dias passam,
e que a saudade cresce mais.

Dói perder entes queridos,
dói abandonar um amor,
dói ter dor, dói ficar doente,
dói ter limites dentro da gente.

Dói perder um sentido,
dói perder a sanidade,
dói perder a ilusão de santidade.

Dói quebrar um braço,
dói quando nasce o siso,
dói quando é perdido o riso.

Dói quando a mulher menstrua,
dói quando a mulher tem filho,
dói dar à luz (em todos os sentidos).

Dói ser pró ativo, dói ser reativo,
dói ter medo, dói ter coragem.
Dor ser traído, dói não ter amigos,
dói também ter amigos e sofrer por eles.

Dói vencer a preguiça,
dói vencer um vício,
dói amar, dói odiar.

Dói ver um mendigo na rua,
dói ver um órfão,
dói ver uma mãe sem filhos.

Dói, dói, dói,
não é à toa que viver
sempre rima com doer.

E quem viveu sem dor sentir
não foi um ser humano vívido,
mas um morto, enterrado vivo
na terra dos cinco sentidos.

Tatyana Casarino

Poema escrito por Tatyana Casarino
Ilustração encontrada na internet do artista Loui Jover

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