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sexta-feira, 6 de março de 2015

Apologia ao útero


Da mulher, a vida emana
num pórtico divino e inspirado.
Doce choro, doce vida,
doce criatura nascida do útero.

Nesta terra, somos pequemos,
mas a transcendência é grandiosa
como o tamanho dos céus,
como as lágrimas de Deus.

Quando a chuva desce,
abrigamos vossos anjos celestes,
sete pequeninas criaturas
a chorar de fome e medo.

Chuva da graça, fetos com vida,
alimentos como o amor e o leite.
Deusas que são intermediárias
entre o céu e a Terra.

O que faz a mulher ser Divina,
o que eleva doces humanas
à condição de Deusas
é a presença do útero que abriga
a vida e os seus segredos.

E, mesmo quando o útero está vazio,
ele ainda é cheio de vida,
repleto de graça e sensibilidade.

A mulher quer ser mãe do outro,
a mulher se coloca no lugar do outro,
a mulher sente a dor do outro.

O homem nunca entenderá plenamente a vida,
eis que ele não tem útero.
O homem nunca poderá atingir a sensibilidade,
eis que ele não tem útero.

Das minhas entranhas, o sangue imaculado
chora todos os meses pela vida.
Dos meus seios, o leite que nutre
a sobrevivência da natureza.

Sangue, leite, água e amor,
doce bebê que ainda dorme dentro do útero.
E, quando o bebê nasce,
sua primeira reação à vida é a lágrima.

Lágrimas de saudade do útero,
lágrimas de dor perante o primeiro respirar,
a vida dói, e isto é tudo.

A mulher tem o poder
da graça da vida, do nascer.
Reverenciamos a mulher.
eis que nenhuma semente é fértil sem a terra.

A mulher é terra, é água,
doce fruta do amor.
Todos nós viemos de um útero,
reverenciamos a Deus, por favor.

Cálice divino, Santo Graal,
pórtico da vida e da morte,
eis o útero como a resposta
de todos os mais profundos mistérios.

Taty Casarino.

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