O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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sexta-feira, 6 de março de 2015

Reflexos obscuros


Talvez eu não exista,
talvez eu seja um barco
navegando sem rumo pela vida.

Talvez as outras pessoas não existam,
talvez elas sejam meros reflexos
das minhas virtudes e dos meus vícios.

Mergulho no meu íntimo,
busco as minhas dores e meus tesouros.
Entro no espelho e reconheço:
há um anjo e um demônio.

Para quê atirar pedras nos outros
se dentro de mim também há tanta lama?
Uma rainha, um anjo e uma dama
também podem conviver ao lado de uma profana.

Até o mais santo dos homens,
o próprio Deus encarnado chamado Cristo
impediu que apedrejassem uma prostituta.

Então, por que há todo esse moralismo
caindo sobre as nossas cabeças?
Os seios das damas da noite
ostentam os pecados da vitoriana corte.

Ao lado do rei, os bobos da corte,
ao lado da imaculada, as prostitutas.
O circo da vida sorri com seus açoites
que varrem a noite com falsas glórias.

Nos tempos mais antigos,
a magia era ensinada.
Mil dúzias de flores eram colhidas
para fazer sorrir a vida!

E hoje quem somos nós
senão meros reflexos obscuros dos nossos vícios?
Um brinde a todas as almas cegas e profanas
que não se veem diante do espelho!

Mas, eu me vejo diante do espelho,
sem medo, eu me enfrento.
Esta alma complexa e dual
me olha e depois chora.

Há aqui dentro um oceano oculto
tão santo quanto à luz
e tão sujo como os ladrões.

Até mesmo o próprio Cristo
que é Santo, Divino, Puro e sem mácula
fora crucificado entre dois ladrões.

Então, quem somos nós?
Quem somo nós para atirar as pedras
sobre os pobres erros profanos?

Somos todos mais pecadores
do que pensamos ser.
Tudo o que nos resta é a humildade
para alcançarmos a misericórdia e benevolência.

Oh! paradoxos de minh'alma,
por que a minha benevolência,
a qual doa tanta luz,
tem de nascer dos reflexos obscuros?

Ao admitir o meus pecados,
faço com que a luz desperte em minh'alma,
sendo docemente solidária,
compreensiva e benevolente
com os erros alheiros.

Envolventes são as luzes
que não nos deixam ver
a realidade da vida,
o ser ou não ser.

Taty Casarino.

Esse poema retrata a jornada do autoconhecimento e o reconhecimento dos próprios vícios e virtudes em busca do equilíbrio da alma e da compreensão em relação aos comportamentos humanos.



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