O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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domingo, 2 de dezembro de 2012

Queda



Caminhando pelo paraíso
de alegrias eternas e etéreas,
algo inexplicável apagou meu riso.

Vá até o Pai e pergunte a Ele,
por que há o mal no mundo,
sussurrou minh'alma lunática.

Responda por si mesma, filha,
disse o Pai entregando-me a bússola.
Saio de sua sala celestial
com um vigor sobrenatural.

Caminhando pelo paraíso,
um anjo guardião dá sua mão a mim
antes de sumir no vácuo sem fim.
Com uma trouxa nas costas,
caminho saltitante a meu destino desconhecid.

Há ao meu lado, um cachorro latindo,
e eu caminho sorrindo sem dar-lhe atenção.
De repente, eis que tropeço e caio
em um penhasco infinito.

O vento da gravidade açoitando minh'alma,
e eu caio gritando o nome de meu Pai.
Há o mal dentro de você também,
sussurram vozem em meus ouvidos.

Despencando, caindo, chorando,
a escuridão me abraça,
e o desespero me agoniza
quando a tempestade me beija.

Caio nas águas do oceano,
sinto minh'alma se afogando,
mas eis que surgem as estrelas,
meus faróis na escuridão.

Decifra-me ou te devoro,
decifra-me ou te devoro,
sussurra a noite para mim.

Oh! Quantos serão os pesadelos
nessa noite sem fim?
Decifrando-me, decodificando-me,
minha alma nada até a praia.

A lua me salva do afogamento,
e me cobre com seu manto azul.
Tu és um, tu és dois,
tu és bem, tu és mal,
tu és dia e também noite,
tu és Bela, tu és Fera,
tu és dual, sussurram a mim.

Com as asas mutiladas e auréola apagada,
caminho molhada até um castelo.
e uma Fera me assombra com seu olhar.
Nesse momento, a escuridão é o meu lar.

Decifra-me, decifra-me,
antes do amanhecer.
Salve-me, salve-me
nesse anoitecer sem fim.

Oh! Dor, até quando sufocarás minh'alma?
Oh! Escuridão, até quando ofuscarás meu sol?
Oh! Morte, até quando tu impedirás a vida?

Tatyana Casarino 

*Pintura de Victoria Frances

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