Quem nunca sentiu uma pressão no peito? Quem nunca sentiu uma angústia emocional forte sem saber explicar o seu real motivo? Quem nunca se sentiu, inclusive, culpado por sentir-se agonizado interiormente mesmo com uma vida exterior relativamente boa?
As raízes dessa dor emocional estão profundamente ligadas com a tarefa espiritual de nossa alma: lutar por um mundo mais fraterno. A parte mais sensível, pura e espiritual de nossa alma etérea ao se deparar com a insensibilidade, violência, caos e dor, os elementos sobrios e kármicos há milênios perpetuados em Malkut(nosso mundo terreno), se sente mutilada, presa e fragilizada diante dos obstáculos do mundo material que fazem com que sua missão etérea pareça algo impossível de ser cumprido.
Daí nasce a angústia, a pressão no peito e o sentimento doloroso de sufoco emocional, pois inconscientemente nos autosssabotamos, sufocamos nossa alma em prol do medo de lutarmos pela fraternidade iluminada em pleno caos sombrio.
É como se o fracasso fosse evidente, pois como a parte mais frágil da alma poderá vencer a parte mais violenta do mundo? Anulamos a nós mesmos, consideramo-nos fracos e sem valor, entramos em depressões profundas, fugimos para ilusões, tornamo-nos ateístas amargurados ou transformamo-nos em religiosos fanáticos e cegos e negamos a dor existencial. Todas essas formas são meios de negar a dor existencial.
A ligação estreita entre a dor existencial e religião tem a ver com a simples questão: Seria essa dor falta de Deus? A forma como respondemos essa questão direcionará nossa filosofia de vida Se considerarmos que o mundo é absurdo e caótico e que Deus é apenas um sonho, nos tornamos céticos e tentaremos apagar a dor com meios cientifícos ou nos conformamos "estoicamente" com ela e tentamos negar a sede do transcendental através de um materialismo obsessivou ou fugimos para as inúteis drogas lícitas e ilícitas a fim de sentir algo que a vida real não dá.
Se considermos que a dor é um castigo manifesto por sermos pecadores, tenderemos a nos culpar, nos tornaremos fanáticos religiosos e buscaremos freneticamente uma determinada religião para curar a dor. Dessa forma, acharemos que o mundo é dominado pelo maligno, julgaremos os semelhantes como pecadores e ficaremos cegos pela nossa própria religião dogmática. Diremos de modo simplista que a dor é fruto do pecado. Então seriam apenas essas as alternativas diante da questão crucial?
Não. Podemos escolher um outro caminho filosófico para esta questão. Se é melhor ou não, cabe ao juízo de valor de cada um decidir. Devemos respeitar todos os caminhos e todas as opções filosóficas e/ou religiosas de cada um. O importante é que há outra escolha além do ateísmo "amargo" e do fanatismo religioso. Há uma terceira teoria.
E, para esse terceiro caminho, o mundo é absuro e ilógico como consideram os ateus, e a dor, de certa forma, é fruto de um "pecado" original, da queda primordial como afirmam religiosos até "fanáticos".
Para esse raciocínio diferente, o homem é um anjo caído cuja queda foi propiciada por sua sede de luz. Sua ambição desenfreada em produzir luz como o próprio Pai o levou de modo inevitável e paradoxal às sombras. A dor nada tem a ver com um pecado diabólico, mas um pecado "divino", uma vontade de ter a luz, de ser a luz como Deus é ou de se apoderar dela.
Deus, em sua infinita bondade, concedeu-nos o presente mais valiosos e difícil: a oportunidade de sermos "deuses", de produzirmos luz como ele sem sem sua "ajuda". Ele nos ampara, mas não nos fornce mais luz gratuitamente como fornecia no "paraíso". Agora, é necessário que o homem trabalhe para acender a própria luz. Para tanto, é preciso muito trabalho para subismos os degraus da ascensão espiritual até chegarmos a luz. O trabalho e o suor são tudo o que nos resta. A recompensa após o trabalho é a luz.
A luz se acende quando trabalhamos para o bem dignamente. Então, a célula de Deus, a centelha divina, se acende dentro de nós. Deus não está acima das nuvens ou inserido em templos e dogmas. Deus está aqui e agora dentro de nós.
Porém, a angústia, o medo e a insegurança nos impedem de acender a luz dentro de nós e de nos conectarmos com Deus. Daí nasce a dor e o vazio. O vazio da alma nada mais é do que saudade de Deus. E por que sentimos vazio? Porque já fomos preenchidos pela totalidade Dele. Não sentimos falta daquilo que não tivemos. A dor é só o outro lado do prazer. A sombra é só o outro lado da luz. Se não houvesse prazer, não haveria dor. Se não houvesse luz, não haveria sombra. A dor nada mais é que o desejo de luz. Isso me lembra uma música do Renato Russo: "Quando o sol bater na janela do teu quarto." Um trecho dela diz assim: "Tudo é dor, e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor."
Nossa alma é um poço de emoções, desejos e sonhos. Enquanto houver esse fogo esperançoso de desejos e sonhos, haverá, de certa forma, dor. A dor não é a vilã. Ela é apenas um sinal de sua alma para lembrar a você do que ela quer ou precisa. A dor é o lembrete do desejo de luz, da nossa busca incessante por luz. Se não houvesse dor, nos acomodaríamos. É ela que nos alerta e nos lembra de que ainda falta luz para alcançar.
A dor até pode ser, em muitos casos, fruto da sombras e da queda, mas nada mais é do que nosso desejo pulsante por luz, prazer e alegria. A linha entre luz e sombra é tênue demias. E a dor está nessa linha. É a revolta da alma por ter caído e estar presa à Terra. É o desejo por retornar ao paraíso original onde´só havia luz nos preenchendo.
E como faremos para preencher nossa alma de luz? Trabalhando dignamente em prol dos nossos sonhospara acendermos a centelha divina. Mas, mesmo assim, nunca nos sentiremos totalmente preenchidos. Inevitavelmente, necessitamos de um elemento etéreo que a vida material, por si só, nunca nos dará.
A transcendência etérea para a sensação metafísico/surreal de preenchimento na alma pode ser buscada através de práticas espirituais(conexão metafísica com o Divino) e/ou artísticas(conexão com o surreal).
Infelizmente, a sede por um momento surreal é buscada em objetos ilícitos ao invés das artes. Se todo mundo que sentisse vontade de um momento surreal, buscasse as artes ao invés das drogas, o mundo certamente estaria bem melhor: mais colorido, mais doce, mais fraterno e sem os crimes que a droga propicia e financia.
A arte alimenta a alma e pode nos levar ao êxtase surreal sem nos prejudicar. A arte acalma a revolta da alma por sede de étereo e surreal. A arte pode até "salvar o mundo" de certa forma.
Já a droga é uma ilusão, uma cilada. Essa postagem deve alertar os jovens de que a droga não apaga a angústia, só aumenta a angústia e traz mais males emocionais, psíquicos e físicos. Se você sente sede de surreal, busque uma canalização artística(pintura, literatura, teatro e etc). É normal se sentir insatisfetio com a vida puramente material. Nós necessitamos do sentimento de surreal. Busque-o em meios saudáveis.
Então, vamos torcer para um mundo mais transcendental, mais conectado com o Divino e também mais conectado com a doçura das artes e com menos dor e menos crimes. Que tenhamos mais paz e menos angústia em nossos corações.
Texto escrito por: Tatyana A. F Casarino
Nenhum comentário:
Postar um comentário