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domingo, 2 de dezembro de 2012

A revolta da alma

  Essa postagem vai filosofar a respeito da angútia e do vazio existencial inexplicável. Se levar paz de espírito a algum leitor angustiado, já vou ficar feliz :) ....Não há nada melhor que um abraço de compreensão quando estamos angustiados ou palavras que nos iluminam! Então, vou compartilhar mais uma de minhas reflexões do meu caderninho filosófico.... Não há nada melhor que um dia calmo, uma boa música e as ideias voando dentro da mente a fim de refletir sobre o mundo e sobre a alma.
  Quem nunca sentiu uma pressão no peito? Quem nunca sentiu uma angústia emocional forte sem saber explicar o seu real motivo? Quem nunca se sentiu, inclusive, culpado por sentir-se agonizado interiormente mesmo com uma vida exterior relativamente boa?
   As raízes dessa dor emocional estão profundamente ligadas com a tarefa espiritual de nossa alma: lutar por um mundo mais fraterno. A parte mais sensível, pura e espiritual de nossa alma etérea ao se deparar com a insensibilidade, violência, caos e dor, os elementos sobrios e kármicos há milênios perpetuados em Malkut(nosso mundo terreno), se sente mutilada, presa e fragilizada diante dos obstáculos do mundo material que fazem com que sua missão etérea pareça algo impossível de ser cumprido.
   Daí nasce a angústia, a pressão no peito e o sentimento doloroso de sufoco emocional, pois inconscientemente nos autosssabotamos, sufocamos nossa alma em prol do medo de lutarmos pela fraternidade iluminada em pleno caos sombrio.
    É como se o fracasso fosse evidente, pois como a parte mais frágil da alma poderá vencer a parte mais violenta do mundo? Anulamos a nós mesmos, consideramo-nos fracos e sem valor, entramos em depressões profundas, fugimos para ilusões, tornamo-nos ateístas amargurados ou transformamo-nos em religiosos fanáticos e cegos e negamos a dor existencial. Todas essas formas são meios de negar a dor existencial.
    A ligação estreita entre a dor existencial e religião tem a ver com a simples questão: Seria essa dor falta de Deus? A forma como respondemos essa questão direcionará nossa filosofia de vida Se considerarmos que o mundo é absurdo e caótico e que Deus é apenas um sonho, nos tornamos céticos e tentaremos apagar a dor com meios cientifícos ou nos conformamos "estoicamente" com ela e tentamos negar a sede do transcendental através de um materialismo obsessivou ou fugimos para as inúteis drogas lícitas e ilícitas a fim de sentir algo que a vida real não dá.
      Se considermos que a dor é um castigo manifesto por sermos pecadores, tenderemos a nos culpar, nos tornaremos fanáticos religiosos e buscaremos freneticamente uma determinada religião para curar a dor. Dessa forma, acharemos que o mundo é dominado pelo maligno, julgaremos os semelhantes como pecadores e ficaremos cegos pela nossa própria religião dogmática. Diremos de modo simplista que a dor é fruto do pecado. Então seriam apenas essas as alternativas diante da questão crucial?
     Não. Podemos escolher um outro caminho filosófico para esta questão. Se é melhor ou não, cabe ao juízo de valor de cada um decidir. Devemos respeitar todos os caminhos e todas as opções filosóficas e/ou religiosas de cada um. O importante é que há outra escolha além do ateísmo "amargo" e do fanatismo religioso. Há uma terceira teoria.
     E, para esse terceiro caminho, o mundo é absuro e ilógico como consideram os ateus, e a dor, de certa forma, é fruto de um "pecado" original, da queda primordial como afirmam religiosos até "fanáticos".
   Para esse raciocínio diferente, o homem é um anjo caído cuja queda foi propiciada por sua sede de luz. Sua ambição desenfreada em produzir luz como o próprio Pai o levou de modo inevitável e paradoxal às sombras. A dor nada tem a ver com um pecado diabólico, mas um pecado "divino", uma vontade de ter a luz, de ser a luz como Deus é ou de se apoderar dela.
    Deus, em sua infinita bondade, concedeu-nos o presente mais valiosos e difícil: a oportunidade de sermos "deuses", de produzirmos luz como ele sem sem sua "ajuda". Ele nos ampara, mas não nos fornce mais luz gratuitamente como fornecia no "paraíso". Agora, é necessário que o homem trabalhe para acender a própria luz. Para tanto, é preciso muito trabalho para subismos os degraus da ascensão espiritual até chegarmos a luz. O trabalho e o suor são tudo o que nos resta. A recompensa após o trabalho é a luz.
   A luz se acende quando trabalhamos para o bem dignamente. Então, a célula de Deus, a centelha divina, se acende dentro de nós. Deus não está acima das nuvens ou inserido em templos e dogmas. Deus está aqui e agora dentro de nós.
   Porém, a angústia, o medo e a insegurança nos impedem de acender a luz dentro de nós e de nos conectarmos com Deus. Daí nasce a dor e o vazio. O vazio da alma nada mais é do que saudade de Deus. E por que sentimos vazio? Porque já fomos preenchidos pela totalidade Dele. Não sentimos falta daquilo que não tivemos. A dor é só o outro lado do prazer. A sombra é só o outro lado da luz. Se não houvesse prazer, não haveria dor. Se não houvesse luz, não haveria sombra. A dor nada mais é que o desejo de luz. Isso me lembra uma música do Renato Russo: "Quando o sol bater na janela do teu quarto." Um trecho dela diz assim: "Tudo é dor, e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor."
       Nossa alma é um poço de emoções, desejos e sonhos. Enquanto houver esse fogo esperançoso de desejos e sonhos, haverá, de certa forma, dor. A dor não é a vilã. Ela é apenas um sinal de sua alma para lembrar a você do que ela quer ou precisa. A dor é o lembrete do desejo de luz, da nossa busca incessante por luz. Se não houvesse dor, nos acomodaríamos. É ela que nos alerta e nos lembra de que ainda falta luz para alcançar.
   A dor até pode ser, em muitos casos, fruto da sombras e da queda, mas nada mais é do que nosso desejo pulsante por luz, prazer e alegria. A linha entre luz e sombra é tênue demias. E a dor está nessa linha. É a revolta da alma por ter caído e estar presa à Terra. É o desejo por retornar ao paraíso original onde´só havia luz nos preenchendo.
  E como faremos para preencher nossa alma de luz? Trabalhando dignamente em prol dos nossos sonhospara acendermos a centelha divina. Mas, mesmo assim, nunca nos sentiremos totalmente preenchidos. Inevitavelmente, necessitamos de um elemento etéreo que a vida material, por si só, nunca nos dará.
    A transcendência etérea para a sensação metafísico/surreal de preenchimento na alma pode ser buscada através de práticas espirituais(conexão metafísica com o Divino) e/ou artísticas(conexão com  o surreal).
   Infelizmente, a sede por um momento surreal é buscada em objetos ilícitos ao invés das artes. Se todo mundo que sentisse vontade de um momento surreal, buscasse as artes ao invés das drogas, o mundo certamente estaria bem melhor: mais colorido, mais doce, mais fraterno e sem os crimes que a droga propicia e financia.
   A arte alimenta a alma e pode nos levar ao êxtase surreal sem nos prejudicar. A arte acalma a revolta da alma por sede de étereo e surreal. A arte pode até "salvar o mundo" de certa forma.
    Já a droga é uma ilusão, uma cilada. Essa postagem deve alertar os jovens de que a droga não apaga a angústia, só aumenta a angústia e traz mais males emocionais, psíquicos e físicos. Se você sente sede de surreal, busque uma canalização artística(pintura, literatura, teatro e etc). É normal se sentir insatisfetio com a vida puramente material. Nós necessitamos do sentimento de surreal. Busque-o em meios saudáveis.
     Então, vamos torcer para um mundo mais transcendental, mais conectado com o Divino e também mais conectado com a doçura das artes e com menos dor e menos crimes. Que tenhamos mais paz e menos angústia em nossos corações.

Texto escrito por: Tatyana A. F Casarino


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