O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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quarta-feira, 14 de maio de 2025

Ternura da queda

 



A sina é cair sempre,

de tempos em tempos,

em lamentos e lamentos,

sem as tréguas dos anjos.

 

Eu escolhi vir aqui,

e não foi por acaso a queda.

Quero ser a justiceira brava

e não uma santa de fé cega.

 

Meu destino é sentir o amargo,

minha sina é tomar as minhas lágrimas

tão salgadas quanto azedas

para, depois, brindar a bílis negra.

 

Eu amo demais a vida

para desistir dela tão bela.

A beleza não combina com a morte,

agarro-me à ternura da queda.

 

Eu sou a filha da revolta,

forjada no fogo do caos.

Eu sou filha da lágrima

que quer ser vista e ouvida.


Assim como Zaqueu sobe na árvore,

eu subo na copa florida mais bela.

Fujo das agressões da vida incerta,

olho para o semblante do Mestre dela.

 

Eu sou filha da revolta,

e admiro o seu sangue quente.

Queria ser um guerreiro na guerra,

mas sou sua filha melancólica e terna.

 

Meu temperamento está no meio.

Não é fleumático para se resignar

nem colérico para rir e brigar.

Sou melancólica e devo chorar.

 

Por que a vida nos prende

em correntes pesadas e invisíveis?

Por que a vida está estagnada?

Por que o romance não rende?

 

Não me exija, Pai, o sacrifício.

Amo o Seu Filho e a Sua Palavra,

mas nunca serei uma santa passiva.

Corre, em mim, o veneno da ira.

 

Nosso destino não deve ser

só chorar, suportar e sofrer.

Ser cristão também é sorrir,

tomar vinho milagroso e florescer.

 

Onde está o prazer de viver?

Eu sei que ser feliz não é pecado.

Mas, o demônio da grande tristeza

está disfarçado, no deserto, de ser alado.

 

Eu sei que o Senhor me fez diferente,

fez meu corpo, modelou minh’alma.

O Mestre das almas é muito sábio

e não quer os filhos iguais e doentes.

 

Por que não é permitido ser grande

nem pretender o ouro da criatividade?

Ao menos, recebi a permissão celeste

de ir à Igreja com os sapatos vermelhos.

 

A divindade não erra, não erra,

Eu danço livremente na Igreja,

danço, danço, e sou aceita.

Meus sapatos foram feitos à mão.

 

Mas, quando saio da Igreja,

conheço o abismo e a queda.

Uma queda cheia de ternura,

uma queda de sombra e loucura.

 

Se o Senhor me ama, Pai,

então, me console nessa queda.

Eu não quero mais dançar no abismo,

eu não quero mais oscilar entre o choro e o riso.


Assim como Perséfone enfrenta o submundo,

passo metade do tempo na luz mais forte,

e a outra metade mergulhada no sono profundo. 

Na primavera, sou flor e, na queda, beijo noturno. 


Amo a luz, mas amo a escuridão.

Amo a queda e amo a elevação.

Sou apaixonada pela iluminação,

mas Hades vive no meu coração.


Na queda, ganho sabedoria e beleza,

graça, maturidade e asas de borboleta.

Na queda, lágrimas viram diamantes.

Na queda, sou terna e deslumbrante.


Poesia escrita por Tatyana Casarino. 




Essa poesia retrata as oscilações espirituais entre a iluminação e a queda. Com o estilo romântico e repleto de metáforas místicas e mitológicas, a poesia expressa o lado bom dos desafios e das "quedas" espirituais: o aumento da sabedoria, a busca pela justiça, a profundidade emocional e a ternura da melancolia. 

A poesia também faz referência à Perséfone, deusa da mitologia grega cuja história poderia explicar a origem das estações do ano de forma simbólica. Filha de Deméter, a deusa da agricultura, Perséfone passou a ser a amante de Hades, deus do submundo. 

Dessa forma, ela sabe viver tanto na luz da sua querida mãe quanto nas sombras do reino de Hades. Os seus períodos iluminados representariam a primavera, o verão e o outono enquanto o seu mergulho no submundo representaria o inverno. 

Assim como Perséfone se apaixonou por Hades depois de um longo inverno ao lado dele, conforme uma interpretação profunda do mito (ainda que o seu primeiro contato com o submundo não tenha sido agradável após o rapto), podemos fazer as pazes com as nossas sombras e aprender a amá-las. Muito embora o mergulho nas sombras emocionais não seja confortável, aprendemos a enxergar a ternura da queda ao longo do tempo. 


Tatyana Casarino. 

terça-feira, 29 de abril de 2025

Alma selvagem

 



 

Busco a loba interior

nos campos inóspitos do ser

e nos bailes da existência.

Flor intrínseca da minha vida.

 

O fogo selvagem que se afirma,

a lágrima quente que desce

como lava de vulcão ardente.

A revolta é a mãe dos mundos.

 

A beleza que chama a atenção

é a mesma que se esconde na caverna.

Sou a loba selvagem que uiva

para a lua cheia na noite terna.

 

O mundo material é denso,

a realidade é um poço hostil,

e o trabalho um fardo mortal.

Gosto da fantasia feérica* e do irreal.

 

A alma selvagem se esconde

atrás das árvores e da lua cheia.

Ela está no oceano profundo e belo

e na mais vívida e bela clareira.


A estrela do horizonte é bela,

o mar se agita, o pássaro grita,

o lobo uiva, o cão protege a prole,

o urso hiberna e a águia levita.

 

Ah! Os animais são felizes,

porque seguem a sua natureza.

Enquanto isso, humanos racionais

são doentes de gravata borboleta.

 

Sigo buscando a loba interior,

sigo buscando o meu amor,

porque, um dia, matarei a dor

e renascerei das cinzas com esplendor.

 

A alma selvagem se esconde

atrás do civilizado papel e da caneta.

Lobas que uivam, poetisas que escrevem,

as mulheres vão ressuscitar o selvagem do planeta.

 

Busco a loba interior

nos templos e nas bibliotecas.

Há letras com aroma de essência,

há uivos que viram poesia.


Poesia escrita por Tatyana Casarino. 

 

 *Feérica é uma palavra que significa o que é próprio do mundo da fantasia (mágico, maravilhoso ou relativo ao mundo das fadas). 








Essa poesia foi inspirada nos mitos e nas histórias da Mulher Selvagem contados no livro "Mulheres que correm com os lobos" da autora Clarissa Pinkola Estés. Conforme os ensinamentos do livro, a alma selvagem significa a essência feminina no seu estado mais puro, livre das opressões psíquicas e sociais. 

O livro fala sobre a preservação da essência e da criatividade numa sociedade que, muitas vezes, desvaloriza o mundo do instinto e da intuição. Ele também trabalha com processos de cura psicológica através das interpretações dos símbolos femininos contidos nos mitos e nos contos de fadas. 

A autora de "Mulheres que correm com os lobos" é uma psicóloga Junguiana, poeta e escritora norte-americana especializada em traumas pós-guerra. No seu trabalho, ela defende que a mulher precisa se reconectar à essência mais profunda que vive em si e expressar a própria criatividade com coragem, autenticidade e liberdade. 


Tatyana Casarino. 

 

 

domingo, 27 de abril de 2025

Versos de Madalena

 


 

Diga-me o porquê

do feminino ser apagado.

Eu fui tão boa e devota,

por que fui esquecida desta forma?

 

À noite, a lua obscura

solta os seus demônios.

Sete tormentos enfileirados,

um espírito enfeitiçado.

 

Chamavam-me de Lilith

quando eu chorava.

Chamavam-me de Lilith

quando eu sangrava.

 

Mas, Tu me chamaste pelo nome.

E só de ouvir “Maria, minha filha”,

pela sua boca santa e divina,

fui exorcizada da mágoa e da ira.

 

Tu sempre serás meu melhor amigo,

há algo bem divino entre nós.

Eu sou a prova da Tua divindade,

eu sou a prova da Tua eternidade.


Nem o fariseu mais sábio

conseguiu me exorcizar.

Só a Tua luz em minh’alma

é capaz de me salvar.

 

Na Tua simplicidade, a cura.

A simples pronúncia de um nome,

a simples transmissão de amor,

a simples divindade é pura.

 

Com amor, Tu te sentaste à mesa

numa noite de sexta-feira.

No lugar de Elias, eu Te vi

disfarçado, emocionado e transfigurado.

 

Diga-me o porquê

do meu nome ter sido apagado.

Nós sempre seremos melhores amigos,

e eles não podem mais me esconder.

 

Os homens fracos apagam os nomes

das mulheres mais fortes da terra.

Mas, Deus e o Filho do Homem

vão nos salvar e nos chamar pelo nome.

 

Nós sempre seremos melhores amigos,

a chama divina nunca se apagará.

Tu acendeste a minha centelha divina,

e eu retornei à luz e à vida.

 

Quando eu estava lunática,

corrompida por sete espíritos,

o lado obscuro da lua me separou

de Deus, das pessoas e mim mesma.

 

Mas, agora, vejo a luz em mim,

sabendo que pertenço só a Ti.

Salva, bela e sem lágrimas,

sinto-me reintegrada à vida.

 

A Tua luz divina me devolveu

a Deus, às pessoas e a mim mesma.

No centro de mim mesma de novo,

sou grata, amada e Te louvo.

 

Não sou mais a mesma,

não sou uma mulher pequena.

Minha história é simples e gloriosa,

sempre serei a forte Madalena.


Poesia escrita por Tatyana Casarino.






Esta poesia faz referência à história de Maria Madalena, uma das seguidoras mais importantes de Jesus Cristo. Segundo o Evangelho, Madalena teve de passar por um exorcismo. Por razões misteriosas (provavelmente, um grande trauma emocional), ela era atormentada por sete demônios antes de conhecer o Mestre Jesus. 

Na série "The Chosen", Madalena é chamada de "Lilith", pela comunidade onde vive, antes de ser abençoada por Jesus. Conforme os estudos de algumas linhas espirituais, o nome "Lilith" teria sido o da primeira mulher de Adão. Essa figura feminina foi expulsa do paraíso pela sua sede de liberdade. 

Portanto, Lilith tem associações com a noite, com a busca pela liberdade e com a escuridão que atormenta a alma. Curiosamente, na Astrologia, Lilith é a "Lua Obscura" e representa um ponto de frustração e de expansão da consciência dentro do Mapa Astral. 

Na série, ao chamar Madalena de Lilith, o autor fez uma forte referência à tradição judaica e entrelaçou as identidades de duas mulheres incompreendidas pelas religiões. 

Num período de escuridão espiritual, a pessoa sob a influência de Lilith se sentiria atormentada espiritualmente, separada de Deus, de si mesma e dos outros. Na série, Madalena somente se liberta dos seus tormentos mentais, emocionais e espirituais quando escuta Jesus Cristo chamá-la pelo seu verdadeiro nome: "Maria". 

Sendo assim, ela se liberta da influência da escuridão e reencontra a libertação divina ao se lembrar da sua essência e do seu verdadeiro nome. Quantas vezes buscamos milhares de caminhos para salvar a alma enquanto o verdadeiro caminho é simples e consiste em acolher a própria essência?

Na série, muitos religiosos importantes e até doutores da lei tentaram exorcizar Madalena, mas nenhum deles obteve sucesso. O excesso de ritos e teorias não funcionava com a mulher, a qual precisava do amor e do acolhimento de Deus. Uma simples Palavra de Jesus, no entanto, salvou completamente a mulher, porque Ele era o próprio Deus oferecendo amor para ela. 

Logo, o exorcismo de Madalena era a maior prova de que Jesus era o Filho de Deus, porque foi um verdadeiro milagre. E a história dela mostra que os verdadeiros milagres são simples: muitas vezes, a pronúncia amorosa de um nome é o suficiente para libertar alguém. 

A poesia também faz referências ao Sagrado Feminino e questiona o fato de que muitas mulheres importantes são esquecidas ou subestimadas dentro das religiões. Contudo, o final da poesia traz uma promessa: os nomes das mulheres importantes serão lembrados de forma justa. 


Tatyana Casarino. 

 

sábado, 1 de fevereiro de 2025

Seja uma estrela





Vir ao mundo para brilhar,

ser a luz que guia,

ser o sal que falta,

ser o farol a pulsar.

 

Caí com as asas quebradas,

caí com o peito pulsando.

Quis fazer a própria luz,

e acabei me machucando.

 

É verdade que eu vivia no paraíso,

mas não seduzi Adão de forma alguma.

A história da queda não é tão má assim,

minh’alma era bem mais rica e pura.

 

Puríssima e plena no universo,

eu recebia toda a luz divina.

Até que um dia eu enjoei de receber,

e quis ser a luz da minha própria vida.

 

O Pai me amou tanto

que me expulsou do Paraíso.

O Amor do Pai se prova

na liberdade do filho.


“Vá e seja como eu,

seja uma luz no mundo,

conheça o bem e o mal,

viva o amor profundo”.

 

Eu estou com a luz,

eu faço a minha luz,

eu trabalho pela luz,

eu suo e sangro pela luz.  

 

A luz não é mais gratuita,

a paz não é a mais bonita,

a vida não é mais paradisíaca,

a ilusão terrena cobre a divina.

 

Quero ser como Abel ou Davi,

mas enfrento Caim e Golias.

Quero ser mais do que pacífica,

mas sou tentada pela guerra da vida.

 

Quem sou eu?

De onde eu vim?

Para onde eu vou?

Por que estou aqui?

 

Eu sou luz,

eu vim da luz,

eu vou para a luz,

estou aqui para brilhar.

 

“Brilhe a vossa luz

diante dos homens.”

Foi o Mestre que ordenou,

foi o Mestre que me revelou.


Poesia escrita por Tatyana Casarino.







Essa poesia revela uma reflexão esotérica sobre a origem da vida que foi influenciada pela Cabala: a de que a nossa missão é ser uma pequena fonte de luz espiritual no mundo. 


A poesia também carrega a seguinte mensagem bíblica (São Mateus 5,16):

"Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus."

 

Amar como o mar




Teu amor é como o mar,

sabe me amar com encantos,

sabe me esperar como as ondas.

Oceano límpido é teu amar.

 

Cada onda que passa,

cada peixe que aparece,

tudo é faísca do divino

e do amor do espírito.

 

Teu amor é como o mar,

que sabe a hora da lua,

que sabe mudar a maré,

que beija a areia quando Deus quer.

 

Teu amor é como a água,

que corre para o mar.

O amor se adapta

como a água a pulsar.

 

Teu amor é como o oceano,

profundo e cheio de encantos.

Beija o mar gelado e a areia quente

esfria, ama e aquece a alma da gente.


Teu amar é amor,

teu amor é amar,

amar o mar,

mar do amar.

 

Poesia escrita por Tatyana Casarino.





Esta poesia revela o poder do amor que sabe se adaptar às circunstâncias da vida. Assim como o mar, o amor pode ser profundo e estável como o oceano e, ao mesmo tempo, ganhar novos ritmos como as ondas. O oceano é um símbolo de mistério e fidelidade enquanto as ondas representam as mudanças ultrapassadas pelo amor. 

Nem sempre o amor será uma linha reta, pois ele "esfria", "esquenta" e sabe viver entre a "água" (símbolo do sentimento) e a "areia" (símbolo da realidade e da estabilidade ligada ao elemento terra). Saber "navegar" com lealdade, maturidade e perseverança entre as oscilações da vida é o segredo do amor.


Tatyana Casarino. 


Fonte das imagens: Pinterest. 

 

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

10 Elementos Comuns na Fantasia

 

O nosso colunista Mateus Ernani Heinzmann Bülow preparou um texto sobre os elementos comuns da Fantasia. Se você gosta de ler livros com enredos fantasiosos, descubra os elementos que compõem as melhores histórias do gênero. E, se você for um autor de livros de Fantasia, o artigo servirá como base para as suas inspirações de escrita criativa e ficção. Boa leitura! 


10 Elementos Comuns na Fantasia.


  



              O ser humano sonha com o impossível desde o início dos tempos. De certa forma, a capacidade de fantasiar levou nossa espécie adiante no progresso, permitindo descobertas e invenções outrora inimagináveis, com um simples questionamento: “E se?”. Essa mesma pergunta pode ser desmembrada em inúmeras outras:

               “E se for possível voar?”

               “E se existirem mais terras além do oceano?”

               “E se a vida fora da terra for possível?”

               “E se essa doença tiver uma cura, ou ao menos um alívio temporário?”

               “E se esse metal puder fazer liga com outro?”

               Nem sempre o que foi tentado foi devidamente comprovado, mas isto não significa uma derrota para a humanidade, e sim uma vitória para a Fantasia, um gênero tão amplo que hoje existem subdivisões para quase todas as classificações existentes. O que não existe em nosso mundo sempre terá lugar naquele espaço minúsculo e ao mesmo tempo infindável conhecido como a mente humana.

               Visitar todos os aspectos do gênero da Fantasia seria uma viagem incrível, então vamos começar com algo pequeno e condizente em nosso espaço limitado. Na presente lista apresentaremos dez aspectos e elementos que costumam aparecer com frequência em histórias fantásticas, seja em livros, filmes, desenhos animados, videogames e outras mídias. Sem mais delongas, chegou a hora de viajar!

 

1-Exércitos de Esqueletos.





               O chão está branco? Não se preocupe com isso, são apenas alguns ossos espalhados por aí... Ou será que você deveria fazer algo a respeito? Que interessante, eles estão se mexendo... Opa, melhor puxar a espada da bainha, amigo, pois eles estão sorrindo para você, mas não são nada amistosos...

               Esqueletos capazes de se mover e lutar talvez sejam as criaturas mais comuns nas histórias de fantasia, ao menos como “soldado raso” padrão servindo aos exércitos malignos. Geralmente os guerreiros ossudos carregam espadas enferrujadas e armaduras antigas em combate, e não possuem vontade própria, pois alguém os controla com magia. Esqueletos vivos dotados de vontade própria são mais comuns em histórias leves, onde eles podem servir de alívio cômico.





                     A presença de esqueletos não torna a história necessariamente do gênero terror, até porque os ossudos não costumam ser resistentes. O principal trunfo desses mortos-vivos em combate costuma ser o número de efetivos em batalha. São raras as histórias onde eles não atacam em verdadeiras hordas repletas de maldade (e cálcio).

               Uma explicação possível para a presença de tantos esqueletos vivos na fantasia está na necessidade de mostrar os heróis lutando contra adversários numerosos, sem retratá-los como assassinos. Afinal de contas, os inimigos já estão mortos... Variações no tema incluem criaturas maldosas como goblins e duendes, além de exércitos de zumbis, ou então de armaduras que se movem sozinhas.

               É digno de nota que esqueletos vivos também aparecem na Bíblia, servindo como demonstração do poder de Deus. Em Ezequiel 37, os esqueletos no Vale dos Ossos Secos retornam à vida, e logo em seguida são providos de músculos e pele. Esse trecho fantástico atua como alegoria ao ressurgimento da nação judaica, e à ressurreição de todo indivíduo crente no poder de Deus.

 

2-Aranhas Gigantes.





            Como se diz em Itu, “lá as coisas são desse tamanho”, e o mesmo é válido na ficção fantástica, onde animais comuns alcançam tamanhos inesperados. Por razões mais do que óbvias, as aranhas são os animais preferidos dos autores da fantasia, ao menos para servirem de inimigos aos heróis. No mundo moderno, a Aracnofobia (medo de aranhas) é a segunda fobia mais comum entre humanos, perdendo apenas para a Coulrofobia (medo de palhaços), o que pode explicar a “predileção” pelos bichinhos de oito patas.

               Aranhas aparecem nas mitologias de quase todos os povos ao redor do mundo, geralmente representadas como entidades ambivalentes ou interesseiras. O exemplar mais famoso provavelmente é Anansi, o Deus-Aranha nas culturas de diversos povos da África Ocidental, representado às vezes como um aracnídeo do tamanho de um humano. Outro exemplar benigno aparece na mitologia Tupi-Guarani, na lenda do Reino dos Urubus: uma aranha gigante ajuda o protagonista a se esconder em sua toca.

             Na ficção fantástica, aranhas gigantes costumam ter poucas motivações, exceto suprir seus imensos apetites com tudo o que estiver no caminho, podendo servir aos propósitos dos vilões ou apenas como obstáculo aos heróis. Na fantasia, é comum ver aracnídeos crescidinhos caçando em equipe, como se fossem leões ou lobos. Esse comportamento é raro nas aranhas reais, geralmente solitárias; apenas na época do acasalamento elas se permitem aproximar de outros membros da espécie.

 

3-Árvores Falantes.





                  Sabe quando você precisa falar com alguém, mas ele está “plantado” e não pode sair do lugar? Essa regra se aplica às árvores falantes, outro derivado mitológico que foi parar no meio da ficção, e não será desenraizado tão cedo. Podemos descrever uma verdadeira “floresta falante” na fantasia, com tantas árvores capazes de se comunicar com os humanos e outras espécies.

               No passado longínquo, árvores muito antigas eram consideradas a personificação da sabedoria acumulada pelos ancestrais. Gregos e celtas faziam cerimônias ao pé dos carvalhos, buscando ouvir recados dos Deuses no vento balançando as folhagens, ou batucando os troncos e galhos. De certa forma, uma árvore pode “falar” ao demonstrar sinais de doenças nas folhas ou na casca.

               Em histórias fantásticas, as árvores falantes costumam oferecer informações aos heróis, preferindo manter distância de conflitos, ao menos até o vilão ameaçar a floresta onde se encontram. São raras as ocasiões onde árvores falantes compõem uma ameaça aos protagonistas, e a motivação nesses casos costuma ser um mal-entendido, onde os heróis são erroneamente associados à destruição da natureza.

 

4-Ferreiros importantes à História.





                Se o leitor passou pela análise do filme Conan – O Bárbaro, do mesmo autor, deve se lembrar do destaque oferecido a uma cena inicial, onde uma espada é forjada. Nas histórias de fantasia, o Ferreiro costuma ser um dos primeiros personagens a aparecer na trama, podendo ser parente do protagonista (pai, avô, às vezes tio), ou então um mentor, tanto na vida prática como nos conselhos emocionais.

               Em sociedades pré-industriais, o trabalho com metal cabia aos ferreiros, tornando-os uma profissão respeitada, embora não necessariamente abastada. No gênero da fantasia, esse profissional pode ser tanto um sujeito “normal”, ou então um poderoso usuário de magia, responsável pela forja de equipamentos úteis aos heróis.





         O ofício com metais na fantasia raramente possui fidelidade ao correspondente no mundo real, para fins de compreensão ao leitor/espectador/jogador. Um exemplo é quando o ferreiro aparece martelando a lâmina de uma espada que já possui seu cabo; no cumprimento do ofício, o cabo apenas é colocado após as batidas.

               Apesar das dificuldades da vida prática de ferreiro, é inegável que existe uma “mística” sobre a profissão. Um prova disso é a existência de muitos deuses relacionados ao trabalho nas forjas: Hefesto na Grécia; Ogum entre os Iorubás; Ptah no Egito antigo; Ilmarinen para os finlandeses, antes da chegada do Cristianismo. Até mesmo os Tupis possuíam uma Deusa da Forja, chamada Angra: Depois de aprenderem os segredos da metalurgia com os portugueses, os Tupis passaram a associar a Deusa do Fogo Angra à atividade com ferro e aço.

               Durante o período medieval, o trabalho em metal era considerado uma das Artes Mecânicas, junto da Alfaiataria, Agricultura, Arquitetura, Comércio, Culinária, Caça e Combate. Até hoje os ferreiros que sobreviveram ao advento da Era Industrial seguem rituais curiosos: no Japão, os forjadores de espadas ficam sem beber durante uma semana, antes de iniciar o trabalho em uma lâmina.

 

5-Busca pelos Quatro Elementos.





                   Água, Ar, Fogo, Terra. Às vezes Gelo, Trovão, Luz, Trevas... Entre todas as teorias pseudocientíficas consideradas obsoletas, nenhuma aparece com mais frequência na fantasia do que os Elementos Clássicos. Dependendo da história, os Elementos podem estar envolvidos com o principal objetivo dos protagonistas (e vilões), ou então uma parcela marginal na aventura, influindo com menor intensidade.

               Às vezes o enredo trata de uma grande jornada em busca de relíquias associadas aos Quatro Elementos. Em outras situações, os próprios heróis são representações dos Elementos, com suas personalidades e características pessoais definidas neles: o herói do Fogo é valente e “nervosinho”; o detentor da Água é calmo e ponderado; o representante da Terra é firme, rígido e esforçado; o possuidor do Ar/Vento é “avoado” e etéreo.

               Se a história envolver a procura pelas relíquias dos Elementos, você pode ter certeza que encontraremos “áreas temáticas” para cada um deles: uma cachoeira ou o oceano para a Água; uma ilha voadora para o Ar/Vento; um vulcão onde se oculta o Fogo; uma fenda profunda ou a maior montanha do mundo para a Terra. Basta ao autor escolher o que ele achar melhor para o âmbito de sua história.


 



              Quase todas as aventuras fantásticas envolvendo Elementos se baseiam na concepção grega antiga, resumida ao Ar/Vento, Água, Terra e Fogo. No caso de histórias orientais, os Elementos podem ser bem diferentes da visão ocidental: entre os chineses adeptos da filosofia Wuxing, existem cinco Elementos: Fogo; Água; Terra; Madeira; Metal. Na mitologia japonesa, por sua vez, existe um elemento extra, chamado Espaço ou Voide.

               É digno de nota que a Maçonaria também possui sua teoria envolvendo os Quatro Elementos, relacionando o crescimento humano com o trabalho de um pedreiro. A Terra é de onde vieram os humanos, enquanto o Fogo é o impulso natural que encoraja o indivíduo a buscar seu lugar no mundo. O Ar trata do intelecto e discernimento, dois valores apreciados pelos maçons, e a Água descreve os sentimentos e emoções.

 

6-Romance entre um Humano e uma Elfa.





                  Na mitologia nórdica, os elfos são descritos como criaturas de luz ou de trevas, sem meio termo. Apesar de seus poderes extraordinários e longevidade inigualável, os elfos são parecidos com os seres humanos, ao menos em sua estrutura física. Por essa razão os seres místicos costumam aparecer com frequência nos romances de fantasia como interesses amorosos dos humanos.

               A combinação mais comum desses romances trata de um humano (geralmente o herói, ou um amigo do protagonista), ao lado de uma garota élfica, identificada pelas orelhas pontudas e aparência quase divina. Homens élficos ao lado de garotas humanas apaixonadas são mais raros, e suas aparições ocorrem com maior frequência em obras de fantasia mirando o público feminino.

               Talvez uma das razões da popularidade dos casais humanos e élficos seja o contraste entre a perfeição excessiva destes seres místicos com o exato oposto do outro lado da relação. Imagine ser capaz de conquistar o coração de uma criatura absolutamente incrível em todos os sentidos, mesmo com todos os seus defeitos. No fim, o que realmente importa numa relação é o afeto entre as partes.

 

7-Membro da Realeza disfarçado de Gente Comum.





                  Sabe aquele viajante envolto numa capa grosseira? Observe-o com mais atenção, e veja se não lembra “alguém familiar”, ou ao menos alguém que aparece nas moedas, talvez nos quadros espalhados pelos edifícios públicos do reino... Nobres vestidos em roupas comuns para não chamar a atenção são personagens mais antigos que a própria ficção, e exemplos não faltam na história e na mitologia.

               O exemplo mais comum na ficção é o rei disfarçado de mendigo, desejoso de ver como os cidadãos do país (ou ao menos os moradores nos entornos da capital) estão levando suas vidas, e quais dificuldades os afligem no dia a dia. Na ficção fantástica, é muito raro ver um monarca mal-intencionado realizando atos incógnitos entre os governados, e quando eles o fazem é para descobrir possíveis focos de rebelião.





                 Uma variação no tema é a princesa que deixa a segurança do palácio por simples curiosidade, após se cansar da vigilância constante. Por serem mais inexperientes que os seus pais, as jovens donzelas costumam se meter em altas confusões ao deixarem os muros do castelo pela primeira vez, tornando-se a deixa para ocorrer uma aproximação entre as mocinhas e os heróis.

               Desde a antiguidade são conhecidas histórias reais de nobres que se misturaram aos homens comuns, fosse por diversão ou a serviço. Um país onde isso ocorreu com frequência no passado é a Suécia, onde foram relatadas muitas aventuras de monarcas vivendo entre os civis. É possível que a lenda de Odin tenha inspirado os reis suecos; o rei dos deuses nórdicos viajava disfarçado pela terra.

               Um exemplo de monarca disfarçado familiar aos brasileiros é ninguém menos que Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, o nosso Imperador Dom Pedro I. Acostumado com o povo simples do Rio de Janeiro, Pedro muitas vezes fingia ser outra pessoa, envolvendo-se com os assuntos e afazeres dos cariocas.

 

8-Tecnologia Misteriosa descoberta em Mundos Medievais.





                     Nos mundos fantásticos, a tecnologia raramente passa do período medieval, e quase todas as máquinas disponíveis aos personagens são alimentadas pela força manual, pelos elementos ou por mecanismos simples de relógio. Ao menos este é o cenário inicial, quando uma novidade surge no horizonte, ou em meio às ruínas... Após séculos de abandono, o passado se revela aos personagens, na forma de máquinas inimagináveis, tais como robôs, ou então aeronaves, talvez armamento de pólvora.

               A presença de tecnologia perdida em obras que até então parecem “tradicionais” é mais comum em histórias criadas depois da década de 1960, recaindo nos gêneros Steampunk, Dieselpunk ou Clockpunk (mais informações estão disponíveis no texto sobre os Gêneros da Ficção Retrofuturística, do mesmo autor). Em ocasiões ainda mais raras existem máquinas capazes de viajar pelo espaço, e até simulacros de internet.

               É inegável a presença de um teor “pós-apocalíptico” com a presença das tecnologias redescobertas no meio da jornada dos heróis, salpicando a aventura com melancolia e questionamentos sobre como seria aquele mundo fantástico se a história seguisse outro rumo. Em alguns casos, a volta do conhecimento perdido traz grandes benefícios à humanidade, enquanto em outras ocasiões seria melhor deixar o passado enterrado, e os heróis necessitam combater a ameaça.





                  O correspondente histórico real desse elemento comum na fantasia possui influência histórica óbvia. De certa forma, o período medieval foi acompanhado de muito retrocesso, ao menos na Europa, pois diversas técnicas e avanços se perderam com a queda do Império Romano, e levariam muito tempo até retornarem ao cenário europeu.

               Não é correto, entretanto, afirmar que toda a Idade Média foi uma época de trevas: as primeiras universidades modernas surgiram nesse período, e no século XV, tecnologias novas também apareceram no cenário europeu, tais como moinhos de vento, mecanismos de relógio, guindastes movidos por meio de rodas e até mesmo bússolas. Essa última invenção seria a responsável pela Era dos Descobrimentos, que mudaria o mundo para sempre.

 

9-Lorde das Trevas.





                   Agora as coisas vão ficar sombrias, pois aí vem a bandidagem mais tradicional da Fantasia! A descrição de um Lorde das Trevas é inconfundível: O Grande Mal Supremo, personificado em uma figura de poder e autoridade, quase sempre vestido de preto e liderando um exército terrível, composto de criaturas malignas tão irrecuperáveis quanto seu demoníaco líder.

               O objetivo desses malvadões quase sempre é o domínio completo de tudo o que suas vistas alcançam no horizonte, indo desde os reinos mais fracos até a superfície de todo o mundo conhecido. Mesmo com todo o poderio formidável à disposição, os Lordes das Trevas ainda são vulneráveis aos heróis, ao menos quando descobrem as fraquezas de seu sinistro adversário, ou simplesmente porque eles são os Escolhidos da Profecia.

               Considera-se que os primeiros Lordes das Trevas “oficiais” foram Morgoth e Sauron, criados por John Ronald Reuel Tolkien na concepção da Terra-Média, o cenário do Senhor dos Anéis. No entanto, podemos identificar inúmeros “ancestrais” dos Lordes das Trevas nas lendas dos povos ao redor do mundo, como é o caso de Set no Egito antigo, Ravana na mitologia hindu, Zahhak entre os persas, e Koschei no folclore russo (mais informações sobre Koschei no texto das 10 Lendas da Rússia, do mesmo autor).





             Phillip Pullman, autor da série Fronteiras do Universo, apresentou uma teoria curiosa para a utilização frequente do arquétipo dos Lordes das Trevas: para Pullman, o ser humano traz consigo uma desconfiança natural à autoridade, e essa mesma repulsa se confunde com a associação ao Mal. De fato, inúmeros ditadores parecem réplicas do arquétipo (neste blog temos a lista dos 10 Tiranos que Poderiam ser Vilões da Fantasia, do mesmo autor), mas nem sempre o Poder se traduz em vilania imediata.

               O Lorde das Trevas sempre foi arraigado na escrita fantástica tradicional, e hoje quase todos os autores modernos querem fugir dele, colocando ameaças mais plausíveis em suas histórias, tais como organizações secretas ou políticos corruptos que desejam apenas dinheiro. A repulsa exagerada ao arquétipo de certa forma aproxima esses mesmos autores dos personagens que precisam lidar com ameaças similares; afinal de contas, um Lorde das Trevas não é uma companhia agradável...

 

10-Estranho numa Terra Estranha.





             Para terminar a nossa “aventura” pelos elementos da fantasia, falaremos de um gênero que surgiu no passado longínquo e hoje atravessa uma curiosa ressurgência. Basicamente, o Estranho numa Terra Estranha é um protagonista que acaba em um mundo bem diferente de onde ele nasceu. Não se trata apenas de visitar um país diferente, ou outro continente; o herói foi parar num lugar que não pode ser acessado por meios normais.

       O modelo mais comum de viajante entre os mundos costuma ser o sujeito que vive em “nossa” realidade, ou ao menos uma realidade parecida com a nossa, para logo em seguida ser levado a outro universo, muitas vezes contra a própria vontade; o protagonista agora necessita encontrar um método para retornar. Esse arquétipo às vezes é chamado de “Fantasia de Portal”, a despeito de nem sempre existir um portal mágico/tecnológico, e o personagem simplesmente aparece no outro mundo, sem explicações maiores.





      Diversas mitologias falam sobre mundos inacessíveis aos humanos, alcançados apenas por heróis em suas jornadas. Geralmente esses lugares imaginários são habitados por criaturas singulares e poderosas, como fadas, anões, elfos, espíritos místicos ou os próprios deuses dos respectivos panteões. Dependendo do protagonista da lenda, a entrada no outro mundo pode tanto ser uma invasão como um convite.




 

               Na literatura ocidental, os exemplares mais conhecidos do Estranho numa Terra Estranha são obras como Um Ianque na Corte do Rei Artur, de Mark Twain, Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol, O Mágico de Oz, de Lyman Frank Baum, As Crônicas de Nárnia, de Clive Staples Lewis, e A História sem Fim, de Michael Ende. Os filmes baseados nessas obras sempre focam no aspecto “forasteiro” de seus protagonistas.





                   O arquétipo do Estranho numa Terra Estranha teve uma sobrevida no Japão, graças ao gênero Isekai (literalmente, “Outro Mundo”, ou “Mundo Diferente” em japonês), comum nos mangás e Light Novels. O gênero Isekai costuma trazer muitas referências de videogames na escrita, quase todos RPGs de aventura, e tornou-se tão lugar-comum que as editoras de mangás e Light Novels buscam reverter a saturação em busca de novos gêneros; a editora Kadokawa até abriu um “Museu do Isekai” em 2017.

               Uma explicação para a popularidade do Estranho numa Terra Estranha se encontra na facilidade em criar empatia do personagem com o leitor, pois ambos dividem as mesmas dúvidas quanto ao novo mundo. Em teoria, tudo o que o protagonista aprende também é uma informação nova entregue diretamente ao leitor, dispensando maior esforço do autor ao apresentar seu universo ficcional.


Texto escrito por Mateus Ernani Heinzmann Bülow.


Confira a coluna do Mateus no blog "Recanto da Escritora", o blog de poesias e textos da Taty Casarino:


Coluna do Mateus no blog


Mateus é Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Santa Maria (FADISMA), escritor e colunista do blog "Recanto da Escritora". Ele é o autor de dois livros de fantasia (disponíveis para compra na Amazon):




 

Taquarê - Entre a Selva e o Mar




 

Taquarê - Entre um Império e um Reino







Mateus e Tatyana se conheceram na Faculdade de Direito de Santa Maria (FADISMA). Eles passaram a conversar sobre literatura após o Sarau "Entardecer Poético" da saudosa poetisa gaúcha Ruth Larré. Na divulgação do livro "Receita de Homem e outros poemas" da Ruth, os jovens poetas puderam recitar poesias de sua autoria. 

Mateus e Taty também tiveram um Podcast juntos: o "Literatura em Ação". Nesse programa, eles compartilhavam dicas de escrita com jovens escritores. O Podcast ainda está disponível no YouTube e no Spotify. 


Confira um vídeo do Mateus no canal do YouTube da Taty Casarino:





         https://www.youtube.com/watch?v=Iq-tl6AgYnQ