Ser bom de verdade

 

O mundo me ensinou

a dar pequenas mentiras.

Velhas, novas, sofridas.

Cadê a verdade da sacerdotisa?

 

Naveguei na ilusão,

mergulhei na inocência,

e acordei mais sincera,

brutal, brutalmente honesta.

 

Eu nasci sincera, Deus.

Sim, eu nasci sincera.

Minha primeira palavra

foi uma verdade estampada.

 

Meus primeiros passos

foram genuínos, verdadeiros.

Nada foi inventado, calculado,

nem medido para ser agradável.

 

Eu caí, eu chorei, tropecei,

incomodei, mamei e falei.

Nada para agradar alguém,

mas tudo para me tornar alguém.

Aí eu cresci e não pude cair,

nem chorar, nem tropeçar,

nem incomodar, nem falar.

Cresci querendo só agradar.

 

Confundi bondade com perfeição,

mas nada do que é bom será perfeito.

Ser bom envolve ser bem sincero

com todos os nossos nobres defeitos.

 

Ser bonzinho demais não é santidade,

ser bonzinho demais é sinal de pecado.

O pecado da nossa soberba, pura vaidade,

o querer ser aceito sem aceitar a verdade.

 

Amar o próximo e ser amado

significa ser sincero e imperfeito.

Quem ama entende os nossos limites,

e, quando amamos, deixamos o outro livre.

 

Ser bom de verdade é mérito,

mérito grandioso e não diminutivo.

Ser bom é ser magnífico, é ser real,

ser bravo, ser justo e não ser bonzinho.

 

Ser bom é ser de verdade,

porque Deus é verdadeiro.

Não é fingir qualquer perfeição

nem cair numa doce ilusão.

 

Ser bom de verdade

é ser de verdade.

Ser de verdade é bom,

bom mesmo é ser de verdade.

Poesia escrita por Tatyana Casarino. 

Essa poesia destaca a diferença entre a bondade genuína e o mito do "ser bonzinho". O medo de desagradar não vem da bondade, mas do orgulho. Enquanto o ego quer manter uma imagem perfeita, o espírito verdadeiramente bom é íntegro ainda que tenha defeitos e enfrente conflitos.