O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Princesa da Lua

 



 

Era uma vez uma princesa

que morava isolada na floresta.

Ela dançou numa noite de primavera

e passou a participar de um grupo sagrado.

 

Pediram para ela servir o ouro dos deuses,

mas ela não se sentia a princesa mais digna.

Uma fada da lua só conhece a prata e a alma,

não conhece a etiqueta nem as regras da mata.

 

Ela aceitou o convite com alegria e leveza,

sem pensar na sua origem de noturna beleza.

Ela acreditava nas estrelas mais puras,

e, da noite, era a suprema herdeira.

 

Foi ela que formou a lua no céu

e cada pedra mística na estrada.

Mas, ela era apaixonada pelo sol,

pela sua luz pura, perfeita e imaculada.

 

Certa noite, em volta da fogueira,

ela viu o grupo brigar com o fogo.

Silenciosa, ela não entrou na briga,

pois já tinha a postura de sacerdotisa.


Eles lavavam as frutas e as mãos,

mas não purificavam o coração.

Eram soberbos, bélicos e puritanos,

não sabiam nada sobre a lua em prantos.

 

Ela saiu a correr pela noite sem lua,

sem servir o banquete dos deuses.

Entrando na floresta mais escura,

viu a sua alma mais pura que a deles.

 

Há tantas tristezas no coração

como estrelas perdidas pela noite.

Ela é uma fada sem céu nem clã,

perdida na incerteza do amanhã.

 

A fada da lua se sente perdida,

pois não se identifica com ninguém.

Nenhum grupo combina com o seu espírito,

porque a sua alma é um oceano de labirintos.

 

Como um unicórnio na floresta escura,

assim é a doce fada noturna da lua:

criatura bela, rara, excêntrica e deslocada.

Ninguém entende o valor das suas asas.

 

Ela ama o sagrado,

ela ama o sagrado,

mas se sente sozinha

quando as luzes se apagam.

 

Eles fingem que são puras luzes,

mas ela conhece a natureza da noite.

Na profundidade noturna do espírito,

há sombra, luxúria, medo e instinto.

 

O único elfo sincero

mora nas terras do ouro.

Atrás dos campos de trigo,

ele esconde o seu maior tesouro.

 

Correndo com os cabelos louros,

ele guia a luz do sol dia após dia.

Sem a sombra da noite densa e fria,

quem valorizaria as estrelas da vida?

 

Se o sagrado, no mundo das fadas,

representa o supremo bem e a paz,

por que há tantas brigas intensas

que apagam, com rivalidade, a beleza?

 

Ela sonha com a paz perfeita,

uma coroa de ouro e beleza.

Mas, acorda na floresta escura,

dançando entre lágrimas puras.

 

Mergulhando no profundo abismo,

a noite chora como uma criança

enquanto se despede das estrelas.

Um dia, sol e lua serão uma só realeza.




 

Poesia escrita por Tatyana Casarino.


Essa poesia foi inspirada nas lendas celtas sobre as fadas e nos arquétipos místicos. A poesia conta a história de uma fada que se sente diferente do seu grupo e que se compara ao unicórnio, criatura fantástica que representa autenticidade e excentricidade. 

Apesar dos elementos de ficção e das lendas fantasiosas acerca dessas criaturas mitológicas, a poesia retrata sentimentos comuns da realidade: a sensação de ser diferente, a aspiração pela paz e o sonho da boa convivência. 


Tatyana Casarino. 

 

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