*Curiosidades das minhas
experiências em Londres na Inglaterra – Parte 1
Olá, pessoal! Passei dezoito
dias em Londres e vou contar a minha experiência no blog. Boa leitura!
*Pessoas: personalidade e estética
Costumam dizer que os ingleses
são frios, mas eles são afetuosos e sensíveis. Durante uma conversa com um
estrangeiro, há abertura e acolhimento. Conversei com um inglês que chegou a
chorar com algumas histórias sobre famílias, perdas e lutos. Na igreja dos
templários, quando eu disse que estava realizando o meu sonho ao conhecer a
igreja, uma atendente chegou a se emocionar comigo.
Na verdade, eles são introspectivos, bem como
a minha verdadeira natureza. Ser introspectivo não é ser frio, mas sentir tudo
profundamente por dentro em vez de gritar por fora. As temperaturas mais frescas
e a estética do inverno são convidativas para o silêncio, a introspecção e o
temperamento melancólico.
Eles gostam de falar pouco, preferem ficar sozinhos e somente socializam o necessário, características que eu carrego também no meu jeito de ser e que me deixam confortável. Os ingleses, por exemplo, ficavam quietos no ônibus, admirando a paisagem (assim como eu) e concentrados nos seus próprios pensamentos em vez de tentarem socializar com qualquer pessoa sem motivo. Quem gostava de falar ao telefone ou conversar durante o trajeto era brasileiro (risos).
No Brasil, não encontramos tantas pessoas introspectivas e com o comportamento mais delicado e silencioso. A maioria das pessoas é extrovertida ao máximo e considera esquisitas as pessoas quietas por aqui. Quanto à delicadeza, o brasileiro admira quem é delicado como se fosse um príncipe (ou uma princesa) ou acha (por puro preconceito) que quem é assim pode ser metido, fresco ou um extraterrestre (risos). Lá, eu me senti à vontade por ver que a delicadeza, a elegância e a boa educação são virtudes naturais.
A estética é bem o que vemos nos contos de
fadas tradicionais (nunca vi tantos homens parecidos com os príncipes dos
livros infantis e tantas mulheres parecidas com a Rapunzel hehehe) e a
filosofia é bem o que encontramos nos livros. Muitos homens usam cabelos
compridos e são parecidos com os meus personagens literários. Somente agora
entendo as fontes literárias de inspiração que formaram a estética e a essência
das lendas medievais, românticas e góticas da Europa.
Vi muitos ruivos em Londres (ruivos são raros
no Brasil) e pessoas com o mesmo contraste que eu: cabelos escuros sobre a pele
clara. Aliás, engana-se quem pensa que só vai encontrar indivíduos loiros com
olhos azuis. Por sorte, há todos os tipos de beleza por lá (e a beleza
brasileira faz sucesso). Diferentemente do Brasil, onde as loiras chamam mais a
atenção, percebi que as pessoas com cabelos castanhos chamam mais a atenção por
lá. As indianas com os seus brilhantes cabelos negros também são bonitas e admiradas.
A Inglaterra não é um país preconceituoso ou
que coloca a Europa acima dos outros lugares do mundo. Não há uma intenção de
espalhar a dominação “europeizada” pelo mundo nem xenofobia explícita. Muito
pelo contrário, pelos traumas da tirania dos reis do passado e do racismo da
Segunda Guerra, eles são bem liberais e cheios de respeito com outras culturas.
Penso que a Inglaterra é um país sofrido pelas marcas de tantas guerras e que
procura viver em paz com diferentes povos.
Consideram a todos igualmente e recebem povos
diferentes de braços abertos. Observei todos os tipos de belezas, estéticas e
culturas, especialmente a africana, a indiana e a muçulmana. Vi muitos
muçulmanos em Londres, por exemplo. Cada povo expressa a sua beleza e a sua
identidade. Gostei da aura de cidade grande de Londres que sabe receber cada
povo com respeito.
*Moda
As calçadas de Londres
pareciam passarelas de moda. Nunca vi tanta gente bonita e maravilhosamente vestida
em toda a minha vida. Era emocionante olhar as pessoas andando elegantemente pelas
ruas através da janela do ônibus. Vi um homem de Smoking dentro do ônibus e me
perguntei se eu não estava num universo paralelo.
Percebi que havia homens com o estilo dos personagens dos contos de fadas (descobri a provável origem da minha influência literária), e eu me senti dentro de um livro. E as mulheres? Eram tantas mulheres belas e
charmosas! Eu me perguntava qual delas poderia ser uma princesa ou uma Top
Model.
Os homens costumam usar casacos longos, calças
com estampa xadrez e boinas. As mulheres gostam de usar vestido (mesmo no
inverno), meia-calça e bota. A meia-calça é um acessório sexy e charmoso da
moda de lá (sem ser vulgar). Também vi muitas mulheres com saias finas, longas
e coloridas por cima de meias-calças com tecidos escuros e grossos.
O frio não assusta o povo
londrino. Diferente do brasileiro que usa dezenas de roupas e muita lã para se
aquecer, eles usam poucas roupas (mas roupas térmicas e especiais para o frio)
e não passam frio. Eles gostam de usar roupas finas e térmicas por baixo de longos
casacos ou jaquetas térmicas.
Eu me agasalhei bem e não sofri com o frio. Por incrível que pareça, eu sentia mais frio na cabeça e
no rosto (o nariz e os lábios ficavam gelados) do que no corpo. Por isso, eu gostava de usar gorro e cachecol. Quanto aos lábios, usei
batom todos os dias (para ficar bonita e também para me proteger do frio
hehehe).
*Liberdade de expressão
Engana-se quem pensa que a
moda londrina é formada apenas pela beleza tradicional, pelos rigores da alta
costura e pelas tradições da etiqueta. Muito embora a beleza clássica e a
elegância com aura retrô chamem a atenção, grande parte do charme londrino está
na liberdade de expressão.
Vi muitos góticos pelas ruas, roqueiros,
pessoas tatuadas, pessoas com cabelos coloridos e moças que usavam peças de
roupas que não combinavam entre si. O lado excêntrico e alternativo da moda tem
o seu charme, o seu lugar, a sua voz, a sua expressão e o seu respeito em
Londres.
Cada pessoa pode usar o que
quiser e criar a sua própria moda também. E sabe o que é mais legal de tudo
isso? É que ninguém é zombado, apontado ou encarado com mil olhares curiosos
nas ruas por causa disso.
Por alguns dias, eu me libertei de certo grau
de fobia social que adquiri nos meus tempos escolares no Brasil. Ainda que o meu tipo de vestimenta seja
clássico, sempre tive medo dos olhares de julgamento por causa das cores diferentes
que eu gosto de usar e do meu estilo
romântico, autêntico e criativo.
Lá em Londres, eu me sentia à vontade para
ousar na moda sem medo do julgamento dos outros. Essa sensação de liberdade foi
muito divertida e trouxe paz ao meu coração. Amei esta sensação de libertação
do medo do julgamento. Definitivamente, ninguém julga o seu jeito de se vestir
por lá.
Se você quiser se vestir bem e
de forma clássica, ninguém vai achar que você é metido por causa disso (eu me
sinto irritada quando escuto julgamentos sobre quem gosta de ser elegante no
Brasil). E, se você quiser se vestir de forma criativa e alternativa, ninguém
vai achar que você é estranho por causa disso.
Essa liberdade não é maravilhosa? No Brasil,
quando eu saio bem vestida, posso ser julgada como metida (mesmo carregando
humildade, amor pela moda e criatividade no coração). Os brasileiros costumam
se arrumar para os outros e competir atenção, falhando em compreender quem
gosta de se vestir bem para si mesmo e quem tem paixão genuína pela moda.
Na Inglaterra (especialmente em Londres), posso
ser apenas mais uma mulher bem vestida e apaixonada por moda passeando
tranquilamente pelas ruas. Cada pessoa se veste para apresentar o próprio
estilo e ninguém quer julgar os outros.
Eis um paradoxo belíssimo de Londres: apreço
pela beleza e pela tradição com grande espaço para a ousadia e para a liberdade
de expressão. Um equilíbrio perfeito entre o clássico e o moderno que o Brasil
ainda está muito distante de alcançar enquanto alimenta briguinhas políticas
entre a direita e a esquerda.
*Água aquecida para lavar as
mãos em espaços públicos
Lavar as mãos na água
quentinha dentro do banheiro do Shopping ou na Estação de trem parece um sonho
bem louco, mas é a realidade mais luxuosa que eu encontrei em Londres (supera
até mesmo a moda hehehe). Todas as torneiras são elétricas e apresentam a água
quente como opção nos bares, nos restaurantes, nas lojas, nos ambientes
privados e nos espaços públicos.
*Transporte público seguro e
confortável
O tradicional ônibus vermelhinho com dois
andares, além de ser lindo por fora, é muito lindo e confortável por dentro.
Parece um sonho que qualquer pessoa possa ter acesso a um transporte público de
qualidade, mas esta é a realidade de centenas de pessoas em Londres. Vemos
pessoas de todas as classes sociais dentro do ônibus, e há um incentivo para
usar transporte público em vez de carro por lá.
Há uma política contra abuso e
roubo dentro do ônibus, câmeras de segurança e botões de emergência espalhados
por dentro. Já ouvi histórias de pessoas que dormiram dentro do ônibus com
relógios e objetos de valor e que não foram furtadas. Vale a pena cuidar da sua
própria segurança mesmo assim, pois há ladrões em todas as partes do mundo. Mas,
a sensação de segurança pública recebe bem mais qualidade e confiança em
Londres.
*Para inspirar mais:
Escute a minha Playlist de Londres no Spotify:
Texto escrito por Tatyana
Casarino.
*Obs: O texto tem caráter
pessoal e retrata as experiências da autora, os seus próprios pensamentos,
sensações psicológicas, percepções e emoções.
*Obs 2: A autora ama ser brasileira e ama morar no Brasil. As leves críticas sociais ao Brasil foram feitas com o intuito amoroso de inspirar o crescimento cultural do seu país.