O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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sábado, 25 de novembro de 2023

*Curiosidades das minhas experiências em Londres na Inglaterra – Parte 1

 

*Curiosidades das minhas experiências em Londres na Inglaterra – Parte 1

 

Olá, pessoal! Passei dezoito dias em Londres e vou contar a minha experiência no blog. Boa leitura!

 




*Pessoas: personalidade e estética

 

 Costumam dizer que os ingleses são frios, mas eles são afetuosos e sensíveis. Durante uma conversa com um estrangeiro, há abertura e acolhimento. Conversei com um inglês que chegou a chorar com algumas histórias sobre famílias, perdas e lutos. Na igreja dos templários, quando eu disse que estava realizando o meu sonho ao conhecer a igreja, uma atendente chegou a se emocionar comigo.

 Na verdade, eles são introspectivos, bem como a minha verdadeira natureza. Ser introspectivo não é ser frio, mas sentir tudo profundamente por dentro em vez de gritar por fora. As temperaturas mais frescas e a estética do inverno são convidativas para o silêncio, a introspecção e o temperamento melancólico.

 Eles gostam de falar pouco, preferem ficar sozinhos e somente socializam o necessário, características que eu carrego também no meu jeito de ser e que me deixam confortável. Os ingleses, por exemplo, ficavam quietos no ônibus, admirando a paisagem (assim como eu) e concentrados nos seus próprios pensamentos em vez de tentarem socializar com qualquer pessoa sem motivo. Quem gostava de falar ao telefone ou conversar durante o trajeto era brasileiro (risos).

  No Brasil, não encontramos tantas pessoas introspectivas e com o comportamento mais delicado e silencioso. A maioria das pessoas é extrovertida ao máximo e considera esquisitas as pessoas quietas por aqui. Quanto à delicadeza, o brasileiro admira quem é delicado como se fosse um príncipe (ou uma princesa) ou acha (por puro preconceito) que quem é assim pode ser metido, fresco ou um extraterrestre (risos). Lá, eu me senti à vontade por ver que a delicadeza, a elegância e a boa educação são virtudes naturais.

   A estética é bem o que vemos nos contos de fadas tradicionais (nunca vi tantos homens parecidos com os príncipes dos livros infantis e tantas mulheres parecidas com a Rapunzel hehehe) e a filosofia é bem o que encontramos nos livros. Muitos homens usam cabelos compridos e são parecidos com os meus personagens literários. Somente agora entendo as fontes literárias de inspiração que formaram a estética e a essência das lendas medievais, românticas e góticas da Europa.

  Vi muitos ruivos em Londres (ruivos são raros no Brasil) e pessoas com o mesmo contraste que eu: cabelos escuros sobre a pele clara. Aliás, engana-se quem pensa que só vai encontrar indivíduos loiros com olhos azuis. Por sorte, há todos os tipos de beleza por lá (e a beleza brasileira faz sucesso). Diferentemente do Brasil, onde as loiras chamam mais a atenção, percebi que as pessoas com cabelos castanhos chamam mais a atenção por lá. As indianas com os seus brilhantes cabelos negros também são bonitas e admiradas. 

  A Inglaterra não é um país preconceituoso ou que coloca a Europa acima dos outros lugares do mundo. Não há uma intenção de espalhar a dominação “europeizada” pelo mundo nem xenofobia explícita. Muito pelo contrário, pelos traumas da tirania dos reis do passado e do racismo da Segunda Guerra, eles são bem liberais e cheios de respeito com outras culturas. Penso que a Inglaterra é um país sofrido pelas marcas de tantas guerras e que procura viver em paz com diferentes povos.

 Consideram a todos igualmente e recebem povos diferentes de braços abertos. Observei todos os tipos de belezas, estéticas e culturas, especialmente a africana, a indiana e a muçulmana. Vi muitos muçulmanos em Londres, por exemplo. Cada povo expressa a sua beleza e a sua identidade. Gostei da aura de cidade grande de Londres que sabe receber cada povo com respeito.

 

*Moda




 

  As calçadas de Londres pareciam passarelas de moda. Nunca vi tanta gente bonita e maravilhosamente vestida em toda a minha vida. Era emocionante olhar as pessoas andando elegantemente pelas ruas através da janela do ônibus. Vi um homem de Smoking dentro do ônibus e me perguntei se eu não estava num universo paralelo.

 Percebi que havia homens com o estilo dos personagens dos contos de fadas (descobri a provável origem da minha influência literária), e eu me senti dentro de um livro. E as mulheres? Eram tantas mulheres belas e charmosas! Eu me perguntava qual delas poderia ser uma princesa ou uma Top Model.

 Os homens costumam usar casacos longos, calças com estampa xadrez e boinas. As mulheres gostam de usar vestido (mesmo no inverno), meia-calça e bota. A meia-calça é um acessório sexy e charmoso da moda de lá (sem ser vulgar). Também vi muitas mulheres com saias finas, longas e coloridas por cima de meias-calças com tecidos escuros e grossos.

 O frio não assusta o povo londrino. Diferente do brasileiro que usa dezenas de roupas e muita lã para se aquecer, eles usam poucas roupas (mas roupas térmicas e especiais para o frio) e não passam frio. Eles gostam de usar roupas finas e térmicas por baixo de longos casacos ou jaquetas térmicas.

Eu me agasalhei bem e não sofri com o frio. Por incrível que pareça, eu sentia mais frio na cabeça e no rosto (o nariz e os lábios ficavam gelados) do que no corpo. Por isso, eu gostava de usar gorro e cachecol. Quanto aos lábios, usei batom todos os dias (para ficar bonita e também para me proteger do frio hehehe).  

 

*Liberdade de expressão




 

 Engana-se quem pensa que a moda londrina é formada apenas pela beleza tradicional, pelos rigores da alta costura e pelas tradições da etiqueta. Muito embora a beleza clássica e a elegância com aura retrô chamem a atenção, grande parte do charme londrino está na liberdade de expressão.

 Vi muitos góticos pelas ruas, roqueiros, pessoas tatuadas, pessoas com cabelos coloridos e moças que usavam peças de roupas que não combinavam entre si. O lado excêntrico e alternativo da moda tem o seu charme, o seu lugar, a sua voz, a sua expressão e o seu respeito em Londres.

 Cada pessoa pode usar o que quiser e criar a sua própria moda também. E sabe o que é mais legal de tudo isso? É que ninguém é zombado, apontado ou encarado com mil olhares curiosos nas ruas por causa disso.

 Por alguns dias, eu me libertei de certo grau de fobia social que adquiri nos meus tempos escolares no Brasil. Ainda que o meu tipo de vestimenta seja clássico, sempre tive medo dos olhares de julgamento por causa das cores diferentes que eu gosto de usar e do meu estilo romântico, autêntico e criativo. 

 Lá em Londres, eu me sentia à vontade para ousar na moda sem medo do julgamento dos outros. Essa sensação de liberdade foi muito divertida e trouxe paz ao meu coração. Amei esta sensação de libertação do medo do julgamento. Definitivamente, ninguém julga o seu jeito de se vestir por lá.

Se você quiser se vestir bem e de forma clássica, ninguém vai achar que você é metido por causa disso (eu me sinto irritada quando escuto julgamentos sobre quem gosta de ser elegante no Brasil). E, se você quiser se vestir de forma criativa e alternativa, ninguém vai achar que você é estranho por causa disso.

  Essa liberdade não é maravilhosa? No Brasil, quando eu saio bem vestida, posso ser julgada como metida (mesmo carregando humildade, amor pela moda e criatividade no coração). Os brasileiros costumam se arrumar para os outros e competir atenção, falhando em compreender quem gosta de se vestir bem para si mesmo e quem tem paixão genuína pela moda.

  Na Inglaterra (especialmente em Londres), posso ser apenas mais uma mulher bem vestida e apaixonada por moda passeando tranquilamente pelas ruas. Cada pessoa se veste para apresentar o próprio estilo e ninguém quer julgar os outros.

 Eis um paradoxo belíssimo de Londres: apreço pela beleza e pela tradição com grande espaço para a ousadia e para a liberdade de expressão. Um equilíbrio perfeito entre o clássico e o moderno que o Brasil ainda está muito distante de alcançar enquanto alimenta briguinhas políticas entre a direita e a esquerda.

 



*Água aquecida para lavar as mãos em espaços públicos

 

 Lavar as mãos na água quentinha dentro do banheiro do Shopping ou na Estação de trem parece um sonho bem louco, mas é a realidade mais luxuosa que eu encontrei em Londres (supera até mesmo a moda hehehe). Todas as torneiras são elétricas e apresentam a água quente como opção nos bares, nos restaurantes, nas lojas, nos ambientes privados e nos espaços públicos.




 

*Transporte público seguro e confortável

 

 O tradicional ônibus vermelhinho com dois andares, além de ser lindo por fora, é muito lindo e confortável por dentro. Parece um sonho que qualquer pessoa possa ter acesso a um transporte público de qualidade, mas esta é a realidade de centenas de pessoas em Londres. Vemos pessoas de todas as classes sociais dentro do ônibus, e há um incentivo para usar transporte público em vez de carro por lá.

 Há uma política contra abuso e roubo dentro do ônibus, câmeras de segurança e botões de emergência espalhados por dentro. Já ouvi histórias de pessoas que dormiram dentro do ônibus com relógios e objetos de valor e que não foram furtadas. Vale a pena cuidar da sua própria segurança mesmo assim, pois há ladrões em todas as partes do mundo. Mas, a sensação de segurança pública recebe bem mais qualidade e confiança em Londres.





*Para inspirar mais:


Escute a minha Playlist de Londres no Spotify:


Playlist da Taty em Londres

 

Texto escrito por Tatyana Casarino.

 

*Obs: O texto tem caráter pessoal e retrata as experiências da autora, os seus próprios pensamentos, sensações psicológicas, percepções e emoções.

*Obs 2: A autora ama ser brasileira e ama morar no Brasil. As leves críticas sociais ao Brasil foram feitas com o intuito amoroso de inspirar o crescimento cultural do seu país. 

 *TAG (palavra-chave do blog): Viagem para Londres.