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sábado, 14 de outubro de 2023

Maria Antonieta não era soberba

 

Maria Antonieta não era soberba




 

Por trás de cada mulher julgada,

existe uma história mal contada.

Maria Antonieta não era soberba,

mas apenas uma mulher na realeza.

 

Uma estrangeira solitária na França,

vítima de xenofobia e de uma aliança.

Triste pela falta de carinho do rei,

ela tinha tudo e não tinha o absoluto.

 

Escrava da coroa cravada em sua cabeça,

entregou os seus pensamentos ao protocolo

e a sua cabeça para uma cruel e triste guilhotina.

Tantas humilhações jamais abateriam uma rainha!

 

Tediosa pela falta de liberdade e de autonomia,

ela nunca gostou de, em excesso, ser servida.

Mesmo com todo ouro, prata e riquezas,

ela não conseguiria escapar da tristeza.

 

A falta de liberdade e de uma grande paixão

sufocou a sua alma selvagem desde então.

O excesso de formalidade fria da França

oprimia a sua personalidade sem esperança.


Julgada como esquisita pelos nobres,

ela se vingou com a sua elegância excêntrica.

Passou a usar perucas altas e joias opulentas

para mostrar que ela jamais perderia a sua essência.

 

Com sapatinhos delicados e cheios de laços,

vestidos rodados, moda chique, jogos e cavalos,

Maria Antonieta não exibia o seu ouro, mas a identidade!

Era revanche! Era revanche chique! Não era a sua vaidade!

 

Vítima da frase do seu escritor favorito, o Rousseau,

ela nunca mandou dar brioches ao povo em vez de pão.

Ela não podia salvar a fome e a sede da raivosa França,

pois também tinha fome de amor e sede de esperança.

 

Lendo Rousseau, ela mandou tudo ir embora!

Refugiando-se em sua doce fazendinha,

brincava de camponesa ao lado das ovelhinhas.

No meio da natureza, uma alma pobre, feliz e selvagem.

 

Maria Antonieta não era soberba! Não era soberba!

A sua maior riqueza era uma menina, a Maria Theresa,

a sua filha querida, que era mais dela do que da realeza!

Ela não colocava o status acima da sua real beleza.

 

Quando Mozart tropeçou no seu palácio,

ela socorreu o músico, dando-lhe um abraço.

E, diante da morte, não hesitou em pedir desculpas

quando tropeçou nos pés do seu próprio carrasco.

 

Uma mulher soberba não teria gentilezas,

mas Maria Antonieta era uma alma gentil.

Na sua última carta antes dos carrascos,

ela pede perdão pelos seus pecados.

 

Que alma nobre a da rainha!

Mesmo perdendo a própria cabeça,

nunca perdeu a realeza e a gentileza.

Somente uma alma humilde tem essa beleza!

 

Poesia escrita por Tatyana Casarino.


  



Tenho paixão pela história da França desde os tempos do colégio. Após assistir ao famoso filme dirigido por Sofia Coppola "Maria Antonieta" cuja vida da rainha da França é interpretada por Kirsten Dunst, resolvi escrever a trajetória dessa personagem histórica em formato de poesia. 

Maria Antônia Josefa Joana de Habsburgo-Lorena, foi uma arquiduquesa da Áustria, a esposa do rei Luís XVI e Rainha Consorte da França e Navarra de 1774 até a Revolução Francesa em 1792.

 Infelizmente, ela somente é retratada por sua suposta soberba e luxúria. Vítima de um mal-entendido histórico, atribuíram, equivocadamente, a autoria de uma frase infeliz à rainha: "se o povo não tem pão, deem brioches a ele". Esta frase nunca foi dita por ela e era apenas uma expressão irônica e poética dentro de um livro filosófico de Rousseau. 


          


 Maria Antonieta foi vítima de xenofobia (aversão ao estrangeiro e preconceito com pessoas de países diferentes) na França por causa da sua origem austríaca. Segundo os relatos históricos, quando ela se casou com o rei Luís XVI, ele demonstrava ser tímido e frio, demorando para consumar o casamento. Ela era julgada pelos nobres franceses por não conseguir ficar grávida de um herdeiro e, apesar da vida de luxo, vivia grandes privações em seus prazeres emocionais. 

  Revoltada diante do tédio, do preconceito e da falta de prazeres, ela mergulhou na gula e na luxúria para compensar o seu vazio emocional e psicológico. A rainha passou a promover grandes festas, a investir em moda, a comprar grandes bolos e a trair o rei com outros nobres da França. 


         


  Toda a sua opulência, em verdade, escondia os seus medos e as suas provações emocionais dentro de uma nobreza fria e estranha. O seu temperamento apaixonado não combinava com o frio protocolo dos franceses. 

 Quando os seus filhos nasceram, ela ficou mais simples e apegada à natureza. O seu passatempo predileto era interpretar uma camponesa numa pequena fazenda. Certamente, ela foi inspirada por Rousseau, um filósofo famoso que afirmava que o homem é bom por natureza. Conforme o filósofo, o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. 

     





  Maria Antonieta gostava de esquecer do protocolo de vez em quando e libertar a sua essência em momentos de lazer regados por natureza e simplicidade. Apesar do lado opulento e do excesso dos prazeres, ela também sabia ser "espiritualizada" e valorizar o essencial. 

  Na sua última carta, ela lamentou o fato de não poder conversar com um sacerdote católico e pediu perdão pelos seus pecados, revelando um aspecto piedoso e religioso da sua personalidade. Ela foi guilhotinada em decorrência da Revolução Francesa. 

   Apesar da fama de infiel em razão dos rumores dos seus casos amorosos, ela não fugiu da Revolução e quis permanecer ao lado do rei até a morte de guilhotina, demonstrando uma lealdade fora do comum. 


Tatyana Casarino. 

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