Fadiga por Compaixão.
Estava tão cansada, tão dormente,
tão doente e tão descrente.
A escuridão de vocês venceu
os meus conselhos mais
esperançosos.
Uma amizade tóxica é flagelo,
grande flagelo psicológico e
espiritual.
Um amigo dramático, tolo e
carente
jamais será grato, bondoso e
contente.
Vocês reclamavam de falta de amor,
mas ninguém foi grato nem se
contentou
com o cuidado amoroso que eu
lhes dei.
Nunca fui tão sugada quanto
fui por vocês.
Sobrecarregada pelos seus
problemas,
ouvindo o dia inteiro os seus
dilemas,
eu fiquei doente e perdi a noção
de tempo.
Também são valorosos os meus
sentimentos!
Pisando em ovos para não lhe
ofender,
raciocinando as melhores
palavras para você.
Sempre fui tão doce, gentil e
diplomática,
mas só recebia a sua fala
armada e dramática.
Um amigo tóxico é cruel como
um vampiro,
ele suga o seu tempo, o seu
coração e o seu espírito.
E nada que você faça nunca lhe
agradará,
porque a essência do amigo
tóxico é reclamar.
Com a desculpa que confia em
você,
ele despejará todo o lixo
psíquico.
Um amigo tóxico é pior que um
vampiro,
um flagelo sem juízo,
mal-estar no espírito.
E, quando você se afasta dele,
para cuidar da sua própria
mente,
O amigo tóxico se faz de
vítima
e ainda pode chamá-lo de
egoísta.
Não se sinta responsável por
ninguém.
Nem toda a sua doçura cura a
carência tóxica,
nem toda a sua sabedoria cura
a alma mórbida.
Cada um deve carregar sua cruz
como lhe convém!
Cada passo que eu dava na
generosidade,
era um tropeço nas trevas sem
juízo,
que atraía mais um amigo louco
e tóxico
e que provocava mais um
abismo.
Até quem faz o bem passa mal,
até a generosidade traz trevas
indizíveis.
Esse mundo é cheio de
armadilhas
para almas bondosas, doces e
femininas.
Cansada de absorver problemas
alheios,
acumular pressão em mim e
explodir,
eu decidi viver na solidão e no
silêncio,
descobrir quem eu sou e meus
sentimentos.
Eu estava jovem e bonita
demais
para me sentir cansada e sem
paz.
Meus ombros doíam, minha pele
arranhada,
coração incompreendido, alma
despedaçada.
A síndrome da boazinha me
devorou,
a fadiga por compaixão quase
me matou.
Mas, eu superei e dei a volta
por cima,
decidindo ser mais forte e
egoísta.
Meu telefone tocava o dia
todo,
chamadas com pedido de ajuda,
áudios longos, desabafos insanos.
Decidi parar com toda essa
loucura!
Ajudar demais quem não merece:
eis a pior de todas as
loucuras.
Querer ser sempre perfeita e
boazinha
é doença e não generosidade
pura.
Desliguei meu celular por um
tempo,
interrompi todas as redes
sociais.
Disse que não posso ajudar
mais ninguém,
e fui tocar a minha vida em paz
com me convém.
Que cada um toque a sua vida,
que cada um carregue a sua
cruz.
Ninguém pode salvar ninguém,
só quem salva é mesmo Jesus!
Para uma pessoa boa
sobreviver,
ela deve matar cinquenta por
cento
da empatia que vive por
dentro.
O bom egoísmo salvará o seu
viver!
Para uma pessoa boa
sobreviver,
ela deve matar metade da sua
bondade
e transformá-la não em
maldade,
mas em instinto de
sobrevivência e verdade.
Enfiei um punhal em minh’alma,
matando a empatia que sentia
por você.
Abracei a mim mesma, vi o meu
próprio lado,
construí autocompaixão para
sobreviver de fato.
Sensibilidade demais é
fraqueza,
e chorar demais nos torna
fardos.
É preciso ser um pouco
insensível,
racional, egoísta, duro e
sensato.
O mundo está tão caótico e
estúpido,
porque os maus não têm escrúpulos,
e os bondosos têm escrúpulos
demais.
Essa matemática não gera luz a
mais.
Se as pessoas boas fossem mais
egoístas,
tivessem menos escrúpulos e
menos feridas,
elas seriam lindas e bem mais
ousadas na virtude,
e o mundo seria uma explosão
de bondade criativa.
Perdoe-me, meu Deus, pelas
lágrimas
que descem de rancor dentro da
alma.
Perdoe-me se não sei perdoar
setenta vezes sete,
perdoe-me se fiquei mais
selvagem e menos inerte.
Mas, o Senhor sabe quem eu
sou,
o quanto minh’alma, no fundo,
é generosa
por trás dessas feridas
rancorosas.
Salva-me de mim mesma, Senhor!
Não é pecado querer se afastar
de todo aquele que nos causa
mal.
Não é pecado deixar de ajudar
quem começou a nos prejudicar.
De noite, perdi o sono, perdi a
hora,
e, com insônia, aos pés de
Nossa Senhora,
pedi que Ela me ajudasse a me
afastar de pessoas,
e, então, eu ajudaria a sua Santa
Igreja em troca.
Sei que todos são filhos de
Deus,
que todos os amigos são irmãos
em espírito.
Mas, há amigos que nos fazem
mal,
e há irmãos que não podem
conviver comigo.
Sofrendo a fadiga por
compaixão,
sofrendo a dor da
incompreensão,
pedi que a Santa Mãe me
salvasse sem demora
e levasse certos irmãos, da
minha vida, para fora.
Se a Senhora levar essas pessoas
embora,
e elas saírem em paz da minha
vida,
eu ajudarei a Sua Santa Igreja,
e voltarei a ser uma alma
altruísta.
Pessoas tóxicas saíram da
minha vida
e foram viver a vida delas em
paz.
Enquanto isso, mato a
generosidade
que eu gastava no campo das
amizades.
Matando a empatia exagerada em
mim,
resolvi virar filantropa em
outros campos.
Há muitos modos de exercer a
solidariedade,
modos santos que não ouvem
amizades.
Talvez ouvir pessoas
insensatas
não seja o meu modo de ser
solidária.
Obras sociais, mãos criativas
e caridade prática
serão minhas novas formas de
doação laica.
Se um tipo de generosidade
devorou você,
se um tipo de pessoa
decepcionou você,
ainda não desista totalmente
de ser bom.
Há outras formas de
solidariedade de bom-tom.
A fadiga por compaixão quase devora
o coração,
pois envolve a culpa por ter o
espírito bom.
Liberte-se já dessa grande dor,
do grande rancor,
e aprenda a doar da forma mais
certa o seu amor.
Quando o mundo pesar os seus
ombros,
e você perceber que não salva
ninguém,
simplesmente seja mais duro e
egoísta
e tire um grande tempo só para
você.
Não se sinta culpado se a sua
vida é boa
em um mundo tão cheio de
sofredores.
Eles sabem tocar a vida apesar
das dores,
e você precisa aproveitar a
vida sem rancores.
Ser mais uma sofredora no mundo
não diminuirá a dor de ninguém.
Portanto, agrade o próprio
espírito,
e o seu bom humor será bálsamo
divino.
A primeira generosidade é com
você mesmo,
aprendendo a salvar o próprio
espírito.
Se você for uma alma bem doce
e feliz,
boa parte do mundo vai olhar
você e sorrir.
Quando os anjos descem à Terra
a fim da nossa experiência
humana,
eles sofrem, em algum lugar,
de burnout
e são esmagados pela fadiga
profana.
A cura para os anjos humanos
é se preocupar menos com os
outros
e bem mais com as próprias
asas.
Só assim voltarão a voar a
beleza rara!
Essa poesia é o grito do bom
egoísmo,
mas também um suspiro de
generosidade.
Se, algum dia, uma alma
cansada ler,
essa poesia pode ajudá-la a
sobreviver.
Poesia escrita por Tatyana
Casarino.
Essa poesia é uma demonstração de superação em busca de novas formas saudáveis de caridade para quem já sofreu por ter sido "bonzinho" demais em amizades disfuncionais e relacionamentos tóxicos.
Demonstrar o coração bom e a disposição para ajudar pode atrair grandes armadilhas, pessoas tóxicas e aproveitadoras que decepcionam o coração de quem é bom. Por isso, devemos ser discretos até quando praticamos a caridade.
Jesus ordenou de forma certa e sábia que não devemos praticar a nossa justiça na frente dos homens e que a doação deve ser praticada de forma oculta apenas para o Nosso Pai ver (Mateus 6:3). Esse versículo, além de ensinar a verdadeira generosidade e evitar o orgulho, também nos protege das armadilhas que o mundo oferece para quem ostenta ser bom.
Quando mostramos que somos pessoas boas e que gostamos de ajudar as outras, muitas pessoas se aproveitam de nós e ultrapassam os nossos limites emocionais e psíquicos. Pessoas boas têm dificuldade em dizer "não" geralmente, o que propicia várias "brechas" para pessoas tóxicas, dependentes, negativas e aproveitadoras.
Para viver bem no mundo e conservar a saúde mental, é preciso aprender a ser firme, a impor limites, a dizer "não" e a ser um pouco mais egoísta sem perder a essência do coração bom.
Querer conservar a aparência de bonzinho, ter medo de dizer "não" e ter receio de desagradar os outros apenas para sustentar a imagem de pessoa boazinha e perfeita: tudo isso é uma armadilha do ego de quem é bom e não caridade autêntica.
É preferível que os outros não saibam que o nosso espírito é generoso e que façam até uma má ideia de nós, considerando-nos duros, chatos e indisponíveis. Nesse sentido, sentiremos mais liberdade para dizer "sim" e "não" em cada distinto momento sem cairmos no orgulho de querer ser a pessoa perfeita aos olhos dos outros.
Quanto à caridade, essa deve ser praticada no oculto e no silêncio. Ninguém precisa ver a nossa essência generosa nem aplaudir o nosso lado bom. Além do mais, as formas mais saudáveis de caridade são leves, simples, práticas e discretas.
Devemos encontrar a nossa medida, a nossa vocação e o nosso jeito de praticar o bem. Há pessoas que são impressionáveis demais para ajudar pessoas negativas, por exemplo, sendo mais vocacionadas para doações práticas e trabalhos voluntários de caráter mais social e menos psicológico.
Querer abraçar o mundo, trabalhar o máximo, ajudar a todos e esquecer de si mesmo pode acarretar a Síndrome de Bournout, uma síndrome tão falada nos dias atuais, ou ainda um distúrbio pouco falado: a fadiga por compaixão.
A Fadiga por Compaixão também conhecida como estresse traumático secundário (ETS) pode ser confundida com a Síndrome do Pânico e com a Síndrome de Bournout. Trata-se de uma condição que traz desesperança, diminuição do prazer de viver, cansaço extremo (físico, emocional e mental), insônia, pesadelos, ansiedade, angústia e sentimentos de incompetência e insegurança.
A Fadiga por Compaixão foi diagnosticada em enfermeiras na década de 1960 e voltou ao debate na área da saúde desde que os profissionais de saúde da linha de frente da COVID-19 se mostraram exaustos nos últimos anos.
Além dos profissionais da área da saúde como médicos, psicólogos e enfermeiros, a Fadiga por Compaixão é encontrada em outros profissionais como advogados, assistentes sociais, trabalhadores de serviços voluntários e religiosos.
Pessoas muito generosas que ajudam pessoas negativas demais ou que sofreram desastres desenvolvem Fadiga por Compaixão quando gastam toda a sua energia para tentar "salvar" as pessoas e produzir bons frutos no mundo.
Ocorre que, muitas vezes, a generosidade não dá frutos. E, por mais que a pessoa generosa seja abnegada e não queira frutos para ela mesma nem recompensa, ela sempre deseja ver que o bem já feito trouxe algum fruto proveitoso para a pessoa ajudada ou um legado no mundo. Ao perceber que os seus conselhos e ajuda não adiantam nada, a pessoa generosa se sente "enxugando gelo", o que acarreta sensações de "derrota" e incompetência.
Médicos que perdem pacientes desenganados pela medicina, psicólogos que descobrem o suicídio de um paciente após anos de terapia e pessoas conselheiras que sofrem com as atitudes tóxicas de seus amigos acabam se tornando traumatizados. Tudo isso é terreno para a Fadiga por Compaixão.
Advogados que não conseguem realizar os seus ideais de justiça, médicos que atendem vítimas de desastres, políticos bons que são vencidos pelos corruptos, veterinários que atendem a animais vítimas de crueldade humana e religiosos que ouvem confissões impressionantes são outros tipos de pessoas propensas a desenvolver a Fadiga por Compaixão.
O efeito rebote é o grande perigo da Fadiga por Compaixão: tornar-se "frio" e diminuir a compaixão em si são os meios que muitos encontram para driblar o sofrimento do excesso de compaixão. Vocês já ouviram dizer que muitos médicos são "frios" e até deixam de acreditar em Deus no exercício da Medicina? Antes de julgá-los, devemos entender que a frieza e o ceticismo foram os métodos de sobrevivência desses médicos.
O caminho para a cura e prevenção da Fadiga por Compaixão não é matar totalmente a compaixão em si, mas aprender a ser mais racional e pragmático quando preciso, canalizando a generosidade para obras leves que dão verdadeiros frutos sociais.
Aprender a se afastar de pessoas negativas e a praticar o autocuidado também são bons caminhos. Não podemos ajudar pessoas tóxicas (essas devem procurar ajuda profissional de pessoas racionais) nem querer abraçar o mundo e bancar o eterno "bonzinho". Mas podemos conservar o bom coração e a fé em Deus, conciliando essa essência cheia de ternura com razão, firmeza e autoamor.
O remédio é acolher a si mesmo, sendo generoso com o próprio espírito e aprendendo a ser feliz e a ter prazer de viver sem culpa. Por mais que existam sofredores no mundo, tornar-se mais um sofredor não é o caminho. Devemos sentir prazer no espírito e, através da nossa leveza e do nosso bom humor, levar um pouco mais de sorrisos e luz para o mundo.
"Venham a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso (Mateus 11:28-29)".
*Essa poesia transformou sofrimento em pérola.
*Essa poesia pretende ser um carinho no espírito de todo aquele que está cansado e abatido. Que todos possam encontrar Jesus Cristo!
*Se quiser saber mais sobre o assunto, digite "Fadiga por Compaixão" no Google e faça pesquisas. Descubra por si mesmo o que tudo isso significa.
*Do ponto de vista religioso, a Fadiga por Compaixão pode ser uma provação para quem é bom. Longe de ser um motivo para desistir de ser uma pessoa boa, é o momento de mirar a luz mais alta e encontrar formas alegres e saudáveis de caridade. Muitas vezes, podemos ajudar com a leveza da nossa alegria em vez do peso do sacrifício e do cansaço.
"Servi ao Senhor com alegria; e entrai diante dele com canto (Salmo 100:2)".
Tatyana Casarino. Especialista em Direito Constitucional, advogada, escritora e poetisa.
*Sugestão de música:
Rock - Hole - Violet
"Você deveria saber quando ir,
você deveria saber dizer "não".
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