Cair e levantar
A cura nunca é plena,
mas é a certeza serena
de que somos infinitamente falíveis
e de que o levantar nos torna incríveis.
Cair e levantar são eternos
como a roda da fortuna.
Se procura a iluminação pura,
nunca será curada e fecunda.
A cura vem da humildade
de saber quem somos de verdade.
A cura vem ao soltar o ego
no vento de um chapéu discreto.
Procura a cura na senda obscura
dos olhos que veem a sua fuga.
Abraça o que costuma dar medo,
solta o véu dos bárbaros sentimentos.
Desde criança, a angústia,
essa infernal megera dos açoites!
Ela marca as densas noites
que até os nobres assustam.
Já me disseram para mudar,
mas não sabem nada do luar.
Sou como a lua crua de fases,
mudo e caio ao me esquecer de lutar.
Não queiram que eu seja perfeita,
pois sou eterna lutadora eleita.
Arrancaria os fios de minha cabeça
se me cobrassem alguma certeza.
Tive tanto medo do mundo
que cheguei a criar o meu.
Meu próprio mundo me traiu,
e eu saí da casca por Deus.
Prendi o mal em minha realeza,
sufoquei pequenas irritações.
Na busca por pura nobreza,
caí em cruéis explosões.
Aceita teu lado obscuro,
leva a luz à escuridão.
Quem foge dos seus defeitos
é vítima de Pandora e seus efeitos.
Já morri mil vezes nessa vida,
já renasci mil vezes também.
Superação é para os combatentes,
desistir é covardia doente.
A busca por transmutação é eterna,
a busca por iluminação não tem fim.
Aceita o teu destino de combates,
vigilância, oração e serendipidade.
Poesia escrita por Tatyana Casarino.
Tatyana Casarino é advogada, especialista em Direito Constitucional, escritora e poetisa. Suas poesias retratam o autoconhecimento, as batalhas espirituais, o misticismo, o romantismo e o psiquismo.
*Fonte das imagens:
Gravuras de "Pandora" no Pinterest.
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